Mártir

Perguntas e Respostas

1) Qual a etimologia de mártir?

Do grego martys, "testemunha". Pode tratar-se de um testemunho no plano histórico, jurídico ou religioso.

2) O que se entende por mártir?

Um "mártir" é alguém que é morto injustamente por aquilo em que acredita. Por extensão, pessoa que sofre extremamente ou morre por uma causa. Figuradamente, todo e qualquer gênero de sofrimento corporal ou moral. 

3) E o martírio?

Sofrimento e morte suportados por fiéis à fé. Morte ou tormentos sofridos pela religião cristã: a palma do martírio; o martírio de Cristo.

4) O que é a "era dos Mártires"?

No governo do imperador Diocleciano, é a grande quantidade de vítimas ocorridas entre 303 e 313. 

5) Há diferença entre martirológico e martirológio?

Martirológico diz respeito à história dos mártires. Martirológio, ou seja, louvor dos mártires, significa a lista dos mártires com as datas das suas mortes. Por extensão, catálogo de vítimas.

6) Que passagem evangélica sublinha o testemunho do sangue?

"Mártir é aquele que dá sua vida por fidelidade ao testemunho de Jesus" (cf. At 7,55-60).

7) Por que Jesus é o protótipo do mártir?

Pela voluntariedade do seu sacrifício, deu o testemunho supremo da sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. "Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade" (cf. Ap 1,5; 3,14).

8) Como Lucas sublinha, na Paixão de Jesus, os traços definidores do mártir?

Conforto da graça divina na hora da angústia (Lc 22,43); silêncio e paciência diante das acusações e dos ultrajes (23,9); inocência reconhecida por Pilatos e Herodes (23,4); esquecimento dos próprios sofrimentos (23,28); acolhida prestada ao ladrão arrependido (23,43); perdão dado a Pedro (22,61) e aos próprios perseguidores (22,51; 23,34).

9) Como são representados os mártires?

De modo geral, são representados como instrumento de seu suplício: aureola, coroa e palma do martírio. 

10) A morte de Sócrates foi vista como um martírio?

Sim. Para a Igreja cristã, como Jesus era o Verbo, Sócrates fora uma espécie de cristão pré-cristianismo. 

11) Há mártires no Espiritismo? 

Na religião, o martírio liga-se ao derramamento de sangue. Como o Espiritismo não é uma religião, não há necessidade desse derramamento. Na Revista Espírita (abril de 1862), Allan Kardec diz que os mártires do Espiritismo encontram-se naqueles que lutam pela ideia nova; são chamados de loucos, insensatos, visionários. Acrescenta: "O progresso do tempo trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção e do parto cerebral das ideias que, filhas do passado, serão mães do futuro". 

(Reunião de 05/09/2015)

Fonte de Consulta

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

LEMAÎTRE, Nicole, QUINSON, Marie-Thérèse e SOT, Véronique. Dicionário Cultural do Cristianismo. Tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, Maria Stela Gonçalves e Yvone Maria de Campos Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1999.

LEON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/m%C3%A1rtir?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Mártir

Mártir. Do grego martys, "testemunha". Pode tratar-se de um testemunho no plano histórico, jurídico ou religioso. Um "mártir" é alguém que é morto injustamente por aquilo em que acredita. Por extensão, pessoa que sofre extremamente ou morre por uma causa. Figuradamente, todo e qualquer gênero de sofrimento corporal ou moral.

Martírio. Sofrimento e morte suportados por fiéis à fé. Morte ou tormentos sofridos pela religião cristã: a palma do martírio; o martírio de Cristo. Martirológico diz respeito à história dos mártires. Martirológio, ou seja, louvor dos mártires, significa a lista dos mártires com as datas das suas mortes. Por extensão, catálogo de vítimas.

Nos três primeiros séculos da era cristã, os martírios foram numerosos. Na época do imperador Diocleciano, por exemplo, havia a "era dos Mártires", mencionando a grande quantidade de vítimas ocorrida entre 303 e 313.

Jesus é o protótipo do mártir. Pela voluntariedade do seu sacrifício, deu o testemunho supremo da sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Dizia: "Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade" (cf. Ap 1,5; 3,14).

O evangelista Lucas sublinha, na Paixão de Jesus, os traços definidores do mártir. Conforto da graça divina na hora da angústia (Lc 22,43); silêncio e paciência diante das acusações e dos ultrajes (23,9); inocência reconhecida por Pilatos e Herodes (23,4); esquecimento dos próprios sofrimentos (23,28); acolhida prestada ao ladrão arrependido (23,43); perdão dado a Pedro (22,61) e aos próprios perseguidores (22,51; 23,34).

Observe que não somente Cristo fora tratado como mártir. A morte de Sócrates também foi vista como um martírio. Por quê? Para a Igreja cristã, como Jesus era o Verbo, Sócrates fora uma espécie de cristão pré-cristianismo.

Os mártires do Espiritismo. Na religião, o martírio liga-se ao derramamento de sangue. Como o Espiritismo não é uma religião, não há necessidade desse derramamento. Na "Revista Espírita" (abril de 1862), Allan Kardec diz que os mártires do Espiritismo encontram-se naqueles que lutam pela ideia nova; são chamados de loucos, insensatos, visionários. Acrescenta: "O progresso do tempo trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção e do parto cerebral das ideias que, filhas do passado, serão mães do futuro". 

Fonte de Consulta

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

LEMAÎTRE, Nicole, QUINSON, Marie-Thérèse e SOT, Véronique. Dicionário Cultural do Cristianismo. Tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, Maria Stela Gonçalves e Yvone Maria de Campos Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1999.

LEON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2015/10/martir.html)


Em Forma de Palestra

Mártir, Martírio e Espiritismo

1. Introdução 

O que se entende por “mártir”? E martírio? O Espiritismo precisa de mártires? Como o mártir e o martírio podem ser vistos sob a ótica espírita? Na atualidade, há necessidade de derramamento de sangue como havia antigamente?  

2. Conceito 

Mártir. Do grego martys, "testemunha". Pode tratar-se de um testemunho no plano histórico, jurídico ou religioso. Um "mártir" é alguém que é morto injustamente por aquilo em que acredita. Por extensão, pessoa que sofre extremamente ou morre por uma causa. Figuradamente, todo e qualquer gênero de sofrimento corporal ou moral. 

Martírio. Sofrimento e morte suportados por fiéis à fé. Morte ou tormentos sofridos pela religião cristã: a palma do martírio; o martírio de Cristo.  

Martirológico. Diz respeito à história dos mártires.  

Martirológio. Louvor dos mártires. Significa a lista dos mártires com as datas das suas mortes. Por extensão, catálogo de vítimas. 

3. Considerações Iniciais  

Desde tempos remotos, mártir e martírio estão ligados predominantemente à religião.  

Cristo é o protótipo do mártir.  

Há, ao longo da história, catálogo de inúmeros mártires.  

Muitas vezes, para haver sangue o antagonismo era extremamente forte de ambos os lados da contenda.   

A morte de Sócrates também foi vista como um martírio. Por quê? Para a Igreja cristã, como Jesus era o Verbo, Sócrates fora uma espécie de cristão pré-cristianismo. 

Presentemente, o martírio deve ser visto como golpes de ideias e não de derramamento de sangue. 

4. Jesus, os Evangelistas e os Primeiros Cristãos 

4.1. Jesus 

Jesus é o protótipo do mártir. Pela voluntariedade do seu sacrifício, deu o testemunho supremo da sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Dizia: "Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade" (cf. Ap 1,5; 3,14). 

4.2. Os Evangelistas 

O evangelista Lucas sublinha, na Paixão de Jesus, os traços definidores do mártir. Conforto da graça divina na hora da angústia (Lc 22,43); silêncio e paciência diante das acusações e dos ultrajes (23,9); inocência reconhecida por Pilatos e Herodes (23,4); esquecimento dos próprios sofrimentos (23,28); acolhida prestada ao ladrão arrependido (23,43); perdão dado a Pedro (22,61) e aos próprios perseguidores (22,51; 23,34). 

4.3. Início da Era Cristã

Nos três primeiros séculos da era cristã, os martírios foram numerosos. Na época do imperador Diocleciano, por exemplo, houve a "era dos Mártires", mencionando a grande quantidade de vítimas ocorrida entre 303 e 313. 

5. Mártires da Ciência? 

5.1. Dez Mártires da Ciência  

Hoje a história faz referência a cientistas que por uma razão ou outra foram convertidos em mártires. Eis os seus nomes:  

Anaxágoras (500-428 a.C.), Hipátia de Alexandría (? - 415), Maimônides (1135-1204), Leonardo da Vinci (1452-1519), Nicolau Copérnico (1473-1543), Miguel Servet (1511-1553), Giordano Bruno (1548-1600), Galileo Galilei (1564-1641), Johannes Kepler (1571-1630) e Charles Darwin (1809-1882). 

Mencionemos dois deles: 

5.2. Giordano Bruno  

Entre as acusações feitas pela Inquisição, incluía-se a sua convicção de que a transubstanciação do pão em carne e do vinho em sangue era uma fraude, a de que o nascimento virginal era impossível e, talvez a mais temível, a de vivermos num Universo infinito, existindo um sem-número de mundos onde podem viver e prosperar criaturas semelhantes a nós que adorem seus próprios deuses.  

Na verdade, embora historiadores mais cautelosos considerem Bruno claramente um herege, muitos ligam igualmente a sua heresia a inovações importantes ocorridas na cosmologia científica. 

5.3. Galileu, Galilei  

Galileu nunca raciocinou a partir de dados experimentais, mas de construções matemáticas hipotéticas que depois ele legitimava com pseudo-experimentos puramente imaginários, jamais levados à prática, e usados sempre como meios de persuasão retórica, nunca de verificação.  

Jamais sofreu pressão ou intimidação de qualquer natureza. Sob recomendação pessoal do Papa Urbano VIII, aliás seu padrinho, ele foi tratado com o maior respeito e deferência pelos inquisidores. Ao longo de todo o processo, teve completa liberdade de movimentos e ficou hospedado na embaixada da Toscana, que seu amigo Benedetto.  

6. Mártires do Espiritismo 

Na Revista Espírita de abril de 1862, comunicações dos Espíritos Santo Agostinho, Lázaro, Lamennais e Erasto.  

6.1. Ontem Milagres. Hoje Mártires 

Os mártires do Espiritismo já existem: são todos os propagadores da ideia nova. Os mártires do Espiritismo são os que, a cada passo, escutam estas palavras insultuosas: louco, insensato, visionário. Para Santo Agostinho, os mártires do espiritismo não devem buscar nem aspirar à morte; devem sofrer tanto tempo quanto tempo praza a Deus deixá-los na Terra.   

6.2. Sobre o Fanatismo 

Em todos os tempos houve mártires. É preciso dizer que o fanatismo estava de ambos os lados e, por isso, o sangue corria. Hoje, graças aos moderados, aos filósofos e, principalmente, à filosofia espírita, o fanatismo embainhou a espada. Não mais forcas, não mais torturas, não mais fogueiras. “A gente se bate a golpes de ideias, a golpes de livros, a golpes de comentários, a golpes de ecletismo e a golpes de teologia, mas a São-Bartolomeu não se repetirá”.   

6.3. Perseguição 

Os sacerdotes, cientistas, jornalistas descem à arena empunhando a pena, para repelir a ideia nova: o progresso. Estas são as perseguições aos espíritas. Os Espíritos pedem para nos despojemos do homem velho, pois é ao homem velho que farão sofrer. "O progresso do tempo trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção e do parto cerebral das ideias que, filhas do passado, serão mães do futuro". 

7. Conclusão

Na religião, o martírio liga-se ao derramamento de sangue. Como o Espiritismo não é uma religião, não há necessidade de tal empreendimento. Os mártires do Espiritismo encontram-se naqueles que lutam pela ideia nova; são chamados de loucos, insensatos, visionários. O progresso trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção de ideias.

8. Bibliografia Consultada

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]. 

LEMAÎTRE, Nicole, QUINSON, Marie-Thérèse e SOT, Véronique. Dicionário Cultural do Cristianismo. Tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, Maria Stela Gonçalves e Yvone Maria de Campos Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1999. 

LEON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972. 

KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1862. 

http://professoralucenia.blogspot.com.br/2014/03/10-martires-da-ciencia-e-suas-injustas.html (em 31/10/2015) 

http://portalconservador.com/apologetica/giordano-bruno-foi-o-primeiro-martir-da-ciencia-moderna/ (em 31/10/2015) 

http://www.olavodecarvalho.org/semana/110413dc.html (em 31/10/2015)


Notas do Blog

Parábola dos Lavradores Maus

Jesus Cristo é o filho do proprietário. Acabou sofrendo martírio na cruz. E, de acordo com as previsões da Parábola, os tais sacerdotes se apossaram da herança com a qual se locupletam fartamente, deixando a Seara abandonada e a Vinha sem frutos para o Proprietário. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2012/05/parabola-dos-lavradores-maus.html)

Sofrimento

Tal como acontecera a Sócrates, que foi obrigado a beber cicuta, Jesus não podia ter se eximido do martírio na cruz? O problema que se coloca: devemos escolher a apatia (desvio do sofrimento) ou aceitá-lo com resignação? Nos dois casos, tanto Sócrates quanto Jesus preferiram enfrentá-lo com determinação, no sentido de mostrar à humanidade que existem valores que estão acima da própria vida. Resultado: passados mais de dois mil anos e ainda estamos nos lembrando de seus exemplos. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/10/sofrimento.html)

Pecado e Espiritismo

A confissão do pecador é bastante útil. Não, porém, da forma auricular, que acaba tornando-se um martírio para a religiosa católica, que imbuída da espiritualidade que lhe é própria, tem que se sujeitar a revelar os seus segredos íntimos aos padres solteiros. Vale lembrar que a confissão na antiguidade tinha outro móvel, pois quando se pronunciava publicamente os pecados era para não mais cometê-los. Na visão moderna, confessar-se uns aos outros é ir até o ofendido e pedir-lhe desculpas pelo agravo cometido. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/pecado-e-espiritismo.html)

O Processo de Sócrates

Defender ideias filosóficas, até o constrangimento no momento da morte anunciada, corrobora o estatuto de mártir e a grandeza de seu pensamento. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2011/08/o-processo-de-socrates.html)


Nota de Livros

Muitos hereges foram — deduzidos seus erros — grandes luminares da Igreja, como Tertuliano ou Orígenes; e alguns outros foram mártires da fé de Cristo, como são Hipólito. Saibamos, pois, detestar o erro, porém admirar seus fautores, quando merecedores. E ainda lembramo-nos das palavras do Apóstolo: Oportet haeresses esse, foi conveniente que houvesse hereges, porque da contradição saiu a luz. (Titãs da Religião. Tradução J. Coelho de Carvalho. Rio de Janeiro: Ateneo, item "O Cristo dos Heterodoxos")


 Revista Espírita

Revista Espírita 1862 ( Abril)  - Dissertações Espíritas: Os Mártires do Espiritismo

A propósito do questionamento sobre os milagres do Espiritismo que nos haviam proposto e de que tratamos no último número, também nos propuseram esta pergunta:

“Os mártires selaram com sangue a verdade do Cristianismo. Onde estão os mártires do Espiritismo?”

Tendes mesmo muito interesse em ver os espíritas sobre a fogueira ou lançados às feras! Isto leva a supor que não vos faltaria vontade, caso isso ainda fosse possível. Quereis à fina força pôr o Espiritismo no nível de uma religião! Notai, porém, que ele jamais pretendeu isso; que jamais se arvorou em rival do Cristianismo, do qual se declara filho; que ele combate os seus mais cruéis inimigos: o ateísmo e o materialismo.

 Afirmamos, uma vez mais, que ele é uma filosofia que repousa sobre as bases fundamentais de toda religião e sobre a moral do Cristo. Se renegasse o Cristianismo, ele se desmentiria, suicidar-se-ia. São os seus inimigos que o mostram como uma nova seita; que lhe deram sacerdotes e alto clero. Estes gritarão tantas e tantas vezes que é uma religião, que a gente poderia acabar acreditando.

É necessário existir uma religião para haver seus mártires? A Ciência, as Artes, o gênio, o trabalho, em todos os tempos não tiveram os seus mártires, assim como todas as ideias novas?

Não ajudam a fazer mártires os que apontam os espíritas como condenados, como párias a cujo contato se deve fugir; que açulam contra eles a população ignorante e que chegam até a lhes roubar os recursos do trabalho, esperando vencê-los pela fome, na falta de bons argumentos?

Bela vitória, se triunfassem, mas a semente está lançada e germina em toda a parte. Se é cortada num lugar, brota em cem outros.

Tentai então ceifar toda a Terra, mas deixai que falem os Espíritos que se encarregaram de responder à pergunta.

I

Pedistes milagres. Hoje pedis mártires. Já existem os mártires do Espiritismo. Entrai nas casas e os vereis.

Pedis perseguidos. Abri o coração desses fervorosos adeptos da ideia nova que lutam contra os preconceitos, com o mundo, e frequentemente até com a família! Como seus corações sangram e se dilatam, quando seus braços se estendem para abraçar um pai, uma mãe, um irmão ou uma esposa e não recebem a paga do carinho e dos transportes, mas sarcasmos, desdém e desprezo.

Os mártires do Espiritismo são os que a cada passo escutam estas palavras insultuosas: louco, insensato, visionário!... e durante muito tempo terão que suportar essas afrontas da incredulidade e outros sofrimentos ainda mais amargos.

Entretanto, a sua recompensa será bela, porque se o Cristo mandou preparar um lugar soberbo aos mártires do Cristianismo, o que prepara aos mártires do Espiritismo será ainda mais brilhante. Os mártires da infância do Cristianismo marchavam para o suplício, corajosos e resignados, porque não contavam sofrer senão dias, horas ou o segundo do martírio, aspirando a morte como única barreira para viver a vida celeste.

Os mártires do Espiritismo não devem nem mesmo aspirar a morte. Devem sofrer tanto tempo quanto praza a Deus deixá-los na Terra e não ousam julgar-se dignos dos puros gozos celestes logo que deixem a vida. Oram e esperam, murmurando baixinho palavras de paz, de amor e de perdão aos que os torturam, esperando novas encarnações nas quais poderão resgatar passadas faltas.

O Espiritismo elevar-se-á como um templo soberbo. A princípio os degraus serão difíceis de subir. Mas, transpostos os primeiros degraus, bons Espíritos ajudarão a vencer os outros até o lugar simples e reto que conduz a Deus.

Ide, ide, filhos, pregar o Espiritismo!

Pedem mártires. Vós sois os primeiros que o Senhor marcou, pois sois apontados a dedo e sois tratados como loucos e insensatos, por causa da verdade! Eu vos digo, entretanto, que em breve chegará a hora da luz e então não mais haverá perseguidores nem perseguidos. Sereis todos irmãos e o mesmo banquete reunirá opressores e oprimidos!

SANTO AGOSTINHO

(Médium: Sr. E. Vézy)

II

O progresso do tempo substituiu as torturas físicas pelo martírio da concepção e do nascimento cerebral das ideias que, filhas do passado, serão as mães do futuro. Quando o Cristo veio destruir o costume bárbaro dos sacrifícios; quando veio proclamar a igualdade e a fraternidade entre o saiote proletário e a toga patrícia, os altares, ainda vermelhos, fumegavam o sangue das vítimas imoladas; os escravos tremiam ante os caprichos do senhor e os povos, ignorando sua grandeza, esqueciam a justiça de Deus.

Nesse estado de rebaixamento moral, as palavras do Cristo teriam sido impotentes e desprezadas pela multidão, se não tivessem sido gritadas pelas suas chagas e tornadas sensíveis pela carne palpitante dos mártires. Para ser cumprida, a misteriosa lei das semelhanças, exigia que o sangue derramado pela ideia resgatasse o sangue derramado pela brutalidade.

Hoje os homens pacíficos ignoram as torturas físicas. Só o seu ser intelectual sofre, porque se debate, comprimido pelas tradições do passado, enquanto aspira novos horizontes.

Quem poderá pintar as angústias da geração presente, suas dúvidas pungentes, suas incertezas, seus ardores impotentes e sua extrema lassitude?

Inquietos pressentimentos de mundos superiores, dores ignoradas pela antiguidade material, que só sofria quando não gozava; dores que são a tortura moderna e que transformarão em mártires aqueles que, inspirados pela revelação espírita, crerão e não serão acreditados; falarão e serão censurados; marcharão e serão repelidos.

Não percais a coragem. Vossos próprios inimigos vos preparam uma recompensa tanto mais bela quanto mais espinhos houverem eles semeado em vosso caminho.

LÁZARO

(Médium: Sra. Costel)

III

Como bem dizeis, em todos os tempos as crenças tiveram mártires. Porém, é preciso dizer que muitas vezes o fanatismo estava de ambos os lados e então, quase sempre o sangue corria. Hoje, graças aos moderadores das paixões, aos filósofos, ou antes, a essa filosofia que começou com os escritores do século dezoito, o fanatismo apagou o seu facho e embainhou a espada. Em nossa época quase se não imagina a cimitarra de Maomé; a forca e a roda da Idade Média; as fogueiras e as torturas de toda espécie, do mesmo modo que se não imaginam os magos e as feiticeiras.

Outros tempos, outros costumes, diz um sábio provérbio. O vocábulo costumes é aqui muito elástico, como vedes e, conforme a sua etimologia latina, significa hábitos, maneira de viver. Ora, em nosso século, nossa maneira de ser não é de cobrir-se com cilício, de ir às catacumbas nem de dissimular suas preces aos procônsules e aos magistrados da cidade de Paris.

O Espiritismo, pois, não verá erguer-se o machado e as fogueiras devorarem os seus adeptos. A gente se bate a golpes de ideias, a golpes de livros, a golpes de comentários, a golpes de ecletismo e a golpes de teologia, mas a São Bartolomeu não se repetirá.

Certamente poderá haver algumas vítimas nas nações atrasadas, mas nos centros civilizados só a ideia será combatida e ridicularizada.

Assim, pois, não mais os machados, o feixe de varas, o óleo fervente, mas ficai atentos com o espírito voltairiano mal compreendido. Ele é o carrasco. É preciso preveni-lo, mas não desafiá-lo. Ele ri, em vez de ameaçar; lança o ridículo em vez da blasfêmia e seus suplícios são as torturas do espírito que sucumbe ao abraço do sarcasmo moderno.

Mas, sem desagradar aos pequenos Voltaires de nossa época, a juventude compreenderá facilmente estas três palavras mágicas: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

Quanto aos sectários, estes são mais temíveis porque são sempre os mesmos, malgrado o tempo, malgrado tudo. Eles por vezes podem fazer o mal, mas são coxos, mascarados, velhos e rabugentos. Ora, vós que passais pela fonte de Juventa e cuja alma reverdece e remoça, não os temais, porque o seu fanatismo os perderá.

LAMENNAIS

(Médium: Sr. A. Didier)


Dicionário

Mártir. (Gr. martys) significa etimologicamente "testemunha", seja que se trate dum testemunho no plano histórico, jurídico ou religioso. 

Rel. Dá-se por excelência o nome de mártires (= testemunhas) aos cristãos que sacrificaram a vida para atestar a verdade de sua fé. Pode-se dizer que o martírio, como a santidade e o apostolado, é atualidade permanente na história da Igreja, pois em todos os séculos tem havido mártires. Oferece, todavia, especial interesse apologético os testemunho dos mártires dos três primeiros séculos do Cristianismo. No tempo do imperador Diocleciano (entre 303 e 313), pelo número de vítimas , ficou a chamar-se a "era dos Mártires".

Martírio. Morte ou tormentos sofridos pela religião cristã: a palma do martírio; o martírio de Cristo. P. ext. Padecimentos, tormentos sofridos por qualquer causa. Fig. Todo e qualquer gênero de sofrimento corporal ou moral. 

Martinização. Ação ou efeito de martinizar. 

Martinizador. Aquele que martiriza; algoz.

Martirizar. Fazer padecer martírio a; tornar mártir: Os Fariseus martirizaram Cristo. 

Martirológico. Relativo à história dos mártires. 

Martirológio. (louvor dos mártires) Lista dos mártires com as datas das suas mortes. P. ext. Catálogo de vítimas. Rel. Livro litúrgico em que se registram, para cada dia, os nomes dos santos venerados na Igreja, com breves indicações a respeito do lugar e circunstâncias da sua morte (1)

Mártir. Na linguagem usual fixada pela tradição cristã, o nome de mártir se aplica exclusivamente àquele que dá o testemunho do sangue. Tal uso já é atestado no NT (At 22,20; Ap 2,13; 6,9; 17,6): mártir é aquele que dá sua vida por fidelidade ao testemunho de Jesus (cf. At 7,55-60). 

1. Cristo Mártir. O próprio Jesus é, a título eminente, o mártir de Deus, e, por conseguinte, o protótipo do mártir. No seu sacrifício voluntariamente aceito, ele dá efetivamente o testemunho supremo da sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Segundo São João, Jesus não só conheceu de antemão como também livremente aceitou sua morte como a perfeita homenagem prestada ao Pai (Jo 10,18); e, na hora de sua condenação, ele proclama: "Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade" (18,37; cf. Ap 1,5; 3,14).

São Lucas sublinha, na Paixão de Jesus, os traços que de então em diante definirão o mártir: conforto da graça divina na hora da angústia (Lc 22,43); silêncio e paciência diante das acusações e dos ultrajes (23,9); inocência reconhecida por Pilatos e Herodes (23,4); esquecimento dos próprios sofrimentos (23,28); acolhida prestada ao ladrão arrependido (23,43); perdão dado a Pedro (22,61) e aos próprios perseguidores (22,51; 23,34).

Essa Paixão faz de Jesus a vítima expiatória que substitui todas as vítimas antigas (He 9,12ss). O crente aí descobre a lei do martírio: "Sem efusão de sangue não pode haver redenção" (He 9,22).

2. O mártir cristão. O glorioso martírio de Cristo fundou a Igreja: "Quando eu tiver sido elevado da terra, tinha dito Jesus, eu atrairei todos os homens a mim" (Jo 12,32). A Igreja, Corpo de Cristo, é chamada por sua vez a dar a Deus o testemunho do sangue para a salvação dos homens. (2)

Mártir. (Do gr., "testemunha"). Cristão que sofreu até a morte por sua fé. Quarenta e oito cristãos foram martirizados assim em 177, no anfiteatro de Lião. Entre eles estavam Pothino, primeiro bispo de Lião e Blandina, que são os primeiros mártires da Gália. Frequentemente, os mártires são representados como instrumento de seu suplício, uma aureola, uma coroa e a palma do martírio: assim Sebastião (?-288) varado de flechas, Ágata (?-251) trazendo seus seios numa bandeja e Lourenço (?-258) segurando a grelha sobre a qual foi queimado. 

Frase: Por extensão, pessoa que sofre extremamente ou morre por uma causa. Ter ares de mártir, brincar de mártir, simular grande sofrimento. 

Martírio. Sofrimento e morte suportados por fiéis à fé. O modelo literário do relato de martírio, retomado pela hagiografia cristã ulterior, é o do segundo Livro dos Macabeus (6,18 e 7,42): judeus piedosos recusaram infringir a Lei e resistem às pressões do tirano (Antíoco Epífanes) até a morte. 

Frase: Sofrer o martírio: estar em uma situação que é verdadeira tortura. 

Martirológio. Livro indicando o dia e o lugar da morte dos mártires e dos santos celebrados na liturgia. 

Por extensão, toda lista de mártires. (3)

(1) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

(2) LEON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.

(3) LEMAÎTRE, Nicole, QUINSON, Marie-Thérèse e SOT, Véronique. Dicionário Cultural do Cristianismo. Tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, Maria Stela Gonçalves e Yvone Maria de Campos Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1999.


Pensamentos

"Não há sangue de mártir que não produza um cristão corajoso!" (D. Paulo Evaristo Arns)

"Não é o suplício que faz o mártir, mas a causa." (Santo Agostinho)

"Não quero ser mártir, mas a vida e os meus problemas me impelem a isso." (Marzo Deutsch)

"O ciumento é um mártir que martiriza." (Condessa Diane)

"Diante de uma tentação, um cristão se tornará um mártir ou um idólatra." (Origenes de Alexandria)

"A diferença entre o tirano e o mártir. O tirano morre e seu reino acaba. O mártir morre e seu reino começa." (Alexsandra Zulpo)


Frases de Emmanuel

O martírio do Cristo ultrapassou os limites de nossa imaginação. Como tronco sublime da vida, sofreu por desejar transmitir-nos sua seiva fecundante. (Caminho, Verdade e Vida, capítulo 82 — "Madeiros Secos")

"Nesse gesto de inolvidável beleza espiritual, ensinou-nos Jesus que é preciso oferecer portas ao bem, até à última hora das experiências terrestres, ainda que, ao término da derradeira oportunidade, nada mais reste além do caminho para o martírio ou para a cruz dos supremos testemunhos." (Caminho, Verdade e Vida, capítulo 90 — "Ensejo ao Bem")

"Se os cristãos de todos os tempos encontraram dolorosas situações de perplexidade nas estradas do mundo, é que, depois dos apóstolos e dos mártires, a maioria tem cooperado na divulgação de falsos sentimentos, com respeito ao Senhor a que devem servir." (Caminho, Verdade e Vida, capítulo  142 — "Um Só Senhor")

"Sentenciado ao martírio, soube perdoar." (Fonte Viva, capítulo  127 — "Humanidade Real")

"Operários existem que reclamam salários devidos a ministros, sem cogitarem das graves responsabilidades que, não raro, convertem os administradores do mundo em vítimas da inquietação e da insônia, quando não seja em mártires de representações e banquetes." (Pão Nosso, capítulo  5 —  "Salários")

"Diziam-se devotadas ao culto do Supremo Senhor; entretanto, alçavam fogueiras e postes de martírio, perseguindo ou exterminando pessoas sensíveis e afetuosas em seu nome." (Palavras de Vida Eterna, capítulo  122 — "Convite ao Estudo")


Mensagem Espírita

Espiritismo na Fé

“E estes sinais seguirão aos que crerem; em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas.” – Jesus. (Marcos, 16:17.)

Permanecem as manifestações da vida espiritual em todos os fundamentos da Revelação Divina, nos mais variados círculos da fé.

Espiritismo em si, portanto, deixa de ser novidade, dos tempos que correm, para figurar na raiz de todas as escolas religiosas.

Moisés estabelece contacto com o plano espiritual no Sinai.

Jesus é visto pelos discípulos, no Tabor, ladeado por mortos ilustres.

O colégio apostólico relaciona-se com o Espírito do Mestre, após a morte dele, e consolida no mundo o Cristianismo redentor.

Os mártires dos circos abandonam a carne flagelada, contemplando visões sublimes.

Maomé inicia a tarefa religiosa, ouvindo um mensageiro invisível.

Francisco de Assis percebe emissários do Céu que o exortam à renovação da Igreja.

Lutero registra a presença de seres de outro mundo.

Teresa d’Ávila recebe a visita de amigos desencarnados e chega a inspecionar regiões purgatoriais, por meio do fenômeno mediúnico do desdobramento.

Sinais do reino dos Espíritos seguirão os que crerem, afirma o Cristo. Em todas as instituições da fé, há os que gozam, que aproveitam, que calculam, que criticam, que fiscalizam... Esses são, ainda, candidatos à iluminação definitiva e renovadora. Os que creem, contudo, e aceitam as determinações de serviço que fluem do Alto, serão seguidos pelas notas reveladoras da imortalidade, onde estiverem. Em nome do Senhor, emitindo vibrações santificantes, expulsarão a treva e a maldade, e serão facilmente conhecidos, entre os homens espantados, porque falarão sempre na linguagem nova do sacrifício e da paz, da renúncia e do amor. (XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 174)

No Estudo da Salvação

“E todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se encontravam em salvação.” (Atos, 2:47.)

A expressão fraseológica do texto varia por vezes, acentuando que o Senhor acrescentava à comunidade apostólica todos aqueles “que estavam se salvando” ou “que se iam salvar”.

De qualquer modo, porém, a notícia serve de base a importante estudo da salvação.

Muita gente acredita que salvar-se será livrar-se de todos os riscos, na conquista da suprema tranquilidade.

Entretanto, vemos o Cristo apartando as almas em processo de salvação para testemunho incessante no sacrifício.

Muitos daqueles que foram acrescentados, ao serviço da Igreja nascente, conheceram aflição e martírio, lapidação e morte.

Designados por Jesus para a Obra Divina, não se forraram à dor.

Mãos calejadas em duro trabalho, conheceram sarcasmos soezes e vigílias atrozes.

Encontraram no Excelso Amigo não apenas o Benfeitor que lhes garantia a segurança, mas também o Mestre ativo que lhes oferecia a lição em troca do conhecimento e a luta como preço da paz.

É que salvar não será situar alguém na redoma da preguiça, à distância do suor na marcha evolutiva; tanto quanto triunfar não significa deserção do combate.

Consoante o ensinamento do próprio Cristo, que não isentou a si mesmo do selo

infamante da cruz, salvar é, sobretudo, regenerar, instruir, educar e aperfeiçoar para a Vida Eterna. (XAVIER, Francisco Cândido. Palavras da Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 29)