Dúvida
Perguntas e Respostas
1) O que é a dúvida?
É um estado de ânimo que caracteriza a indecisão, a indeterminação, a incerteza entre duas ou mais responsabilidades.
2) Qual a dificuldade em conceituar a dúvida?
Esta palavra remete-nos a uma série de étimos, os quais podem significar: duplo, ambíguo, descrença, desconfiança, hesitação etc. Incluamos, também, o aspecto problemático, enigmático e misterioso da dúvida.
3) Qual a distinção entre a dúvida teórica e a duvida existencial?
Diante de uma verdade especulativa, a dúvida se torna teórica. Diante da impossibilidade de nos ligarmos a alguém confiantemente, a dúvida se torna existencial. A dúvida teórica impede a certeza; a duvida existencial, a fé.
4) De que maneira a dúvida pode se apresentar?
Podemos vê-la sob o aspecto positivo ou negativo. É negativa quando deixa a alma insegura e angustiosa. No sentido positivo, é o ponto de partida para as descobertas cientificas e filosóficas.
5) Como se especulava sobre a dúvida no pensamento antigo?
No pensamento antigo, confiava-se mais nas evidências imediatas oferecidas pelos sentidos e pela razão. Os primeiros filósofos apregoavam a admiração e o espanto pela harmonia do cosmos.
6) Há exemplos de dúvida no Velho Testamento?
Logo no começo, a Bíblia cita o pecado original, uma espécie de desconfiança do ser humano em relação a Deus. Adão e Eva tratam Deus como seu rival. Por isso, a tentação, a desobediência.
7) Os apóstolos duvidaram de Jesus?
No início, a dúvida era positiva, pois assim se expressavam em relação a Jesus: "Que homem é este que opera tantos milagres?" Depois, principalmente na Paixão de Cristo, duvidam de seus ensinamentos. Pedro o nega por três vezes.
8) Desde quando a dúvida é o norte da ciência e da filosofia?
Desde de Descartes (1596-1650), quando inaugurou a filosofia moderna: colocava entre parênteses todo o seu saber até encontrar bases sólidas sobre as quais assentá-lo.
9) Como a dúvida é posta por Marx, Nietzsche e Freud?
Marx (1818–1883) colocou em dúvida as ideologias existentes e propôs a luta de classes.
Nietzsche (1844-1900) suspeitava das "verdades morais": por detrás delas havia o medo da vida, a inveja pelos poderosos.
Freud (1856-1939) analisa a dúvida através dos processos libidinosos do subconsciente: nossas ações refletem um disfarce dos recalques ali armazenados.
10) Presentemente, o meio dificulta a fé religiosa?
Sim. O pragmatismo da vida moderna, a luta pela sobrevivência e anelo de posse afastam o ser humano da vivência plena do Evangelho de Jesus. Há, também, a influência dos maus exemplos dos cristãos mais velhos.
Para reflexão: Como a incerteza religiosa coexiste com a certeza moral?
(Reunião de 19/03/2016) (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/d%C3%BAvida?authuser=0 )
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Dúvida
Dúvida. É um estado de ânimo que caracteriza a indecisão, a indeterminação, a incerteza entre duas ou mais responsabilidades. Há grande dificuldade em conceituar a dúvida, pois esta palavra nos remete a uma série de étimos, os quais podem significar: duplo, ambíguo, descrença, desconfiança, hesitação etc. Há, também, o aspecto problemático, enigmático e misterioso da dúvida.
A dúvida pode ser teórica, existencial, positiva e negativa. Como distinguir a dúvida teórica da existencial? Diante de uma verdade especulativa, a dúvida se torna teórica. Diante da impossibilidade de nos ligarmos a alguém confiantemente, a dúvida se torna existencial. A dúvida teórica impede a certeza; a dúvida existencial, a fé. A dúvida é negativa quando deixa a alma insegura e angustiosa. É positiva, quando representa o ponto de partida para as descobertas cientificas e filosóficas.
No pensamento antigo, confiava-se mais nas evidências imediatas oferecidas pelos sentidos e pela razão. Os primeiros filósofos apregoavam a admiração e o espanto pela harmonia do cosmos. Em se tratando do Velho Testamento, logo no começo, a Bíblia cita o pecado original, uma espécie de desconfiança do ser humano em relação a Deus. Adão e Eva tratam Deus como seu rival. Por isso, a tentação, a desobediência.
No Novo Testamento, há também muitas dúvidas dos apóstolos em relação a Jesus. No início, a dúvida era positiva, pois assim se expressavam em relação a Jesus: "Que homem é este que opera tantos milagres?" Depois, principalmente na Paixão de Cristo, duvidam de seus ensinamentos. Pedro o nega por três vezes.
A dúvida na ciência e na filosofia. Descartes (1596-1650) foi o precursor da dúvida metódica: colocava entre parênteses todo o seu saber até encontrar bases sólidas sobre as quais assentá-lo. Marx (1818–1883) colocou em dúvida as ideologias existentes e propôs a luta de classes. Nietzsche (1844-1900) suspeitava das "verdades morais": por detrás delas havia o medo da vida, a inveja pelos poderosos. Freud (1856-1939) analisa a dúvida através dos processos libidinosos do subconsciente: nossas ações refletem um disfarce dos recalques ali armazenados.
Presentemente, o meio dificulta a fé religiosa. O pragmatismo da vida moderna, a luta pela sobrevivência e anelo de posse afastam o ser humano da vivência plena do Evangelho de Jesus. Há, também, a influência dos maus exemplos dos cristãos mais velhos.
Lembremo-nos de que a fé cristã sempre foi uma luta contra a dúvida que nasce do coração. É por esta razão que Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, insiste para que todo o cristão faça uso da fé raciocinada, que é a única que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.
Fonte de Consulta
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.
(http://sbgespiritismo.blogspot.com/2015/11/duvida.html)
Em Forma de Palestra
Dúvida
"Sejamos como as crianças, isto é, sem defesas, sem preconceitos."
1. Introdução
O que é dúvida? Quais são os tipos de dúvida? Como ter convicção sem ser fanático? De que maneira exercitar o pensamento, a fim de deixá-lo livre e responsável?
2. Conceito
Dúvida. Apesar da ambiguidade conceitual, pode-se dizer que a dúvida é um estado de incerteza em que consiste na suspensão do julgamento, dada a ausência de razões para a afirmação ou negação.
3. Considerações Iniciais
No pensamento antigo, confiava-se mais nas evidências imediatas oferecidas pelos sentidos e pela razão. A crítica inexistia. Os primeiros filósofos apregoavam a admiração e o espanto pela harmonia do cosmos.
Em se tratando do Velho Testamento, logo no começo, a Bíblia cita o pecado original, uma espécie de desconfiança do ser humano em relação a Deus. Adão e Eva tratam Deus como seu rival. Por isso, a tentação, a desobediência.
No Novo Testamento, há também muitas dúvidas dos apóstolos em relação a Jesus. No início, a dúvida era positiva, pois assim se expressavam em relação a Jesus: "Que homem é este que opera tantos milagres?" Depois, principalmente na Paixão de Cristo, duvidam de seus ensinamentos. Pedro o nega por três vezes.
A dúvida moderna tem muito a ver com as lucubrações de Descartes.
Nietzsche havia proclamado a morte de Deus. Hoje, temos uma infinidade de deuses competindo pela atenção e lealdade das pessoas. O iluminismo advogava a vitória da razão e, com isso, o declínio da religião. Não foi o que ocorreu. Além de não haver o declínio, corremos o risco do fanatismo religioso, principalmente com a ascendência do islamismo.
4. Sobre a Dúvida
4.1. Alguns Tipos de Dúvida
Dúvida científica - é atitude do cientista que apresenta suas hipóteses à prova submetendo-as ao controle experimental.
Dúvida cética - pretende-se definitiva e radical e conclui a impossibilidade de se alcançar a menor verdade.
Loucura da dúvida - patológica, de natureza obsessiva, manifesta-se por um sentimento penoso de incerteza com relação aos fatos da vida cotidiana e por fim pela incapacidade de se tomar uma decisão.
Dúvida metódica ou hiperbólica - devido a Descartes, procedimento que consiste em duvidar de tudo o que se admitiu anteriormente com o intuito de estabelecer a verdade em bases inabaláveis graças ao critério da evidência.
4.2. Mais Tipos de Dúvida
Dúvida teórica - indecisão diante dos acontecimentos ou diante da verdade especulativa.
Dúvida existencial - é a impossibilidade de nos ligarmos com confiança a uma pessoa.
A dúvida é negativa quando deixa a alma insegura e angustiosa.
É positiva, quando representa o ponto de partida para as descobertas cientificas e filosóficas.
4.3. Dúvida Teórica Versus Dúvida Existencial
Diante de uma verdade especulativa, a dúvida se torna teórica. Diante da impossibilidade de nos ligarmos a alguém confiantemente, a dúvida se torna existencial. A dúvida teórica impede a certeza; a duvida existencial, a fé.
5. Filósofos da Era Moderna, Relativismo e Fundamentalismo
5.1. Filósofos da Era Moderna
Descartes (1596-1650) inaugurou a filosofia moderna. A partir daí, a dúvida tornou-se o norte da ciência e da filosofia.
Marx (1818–1883) colocou em dúvida as ideologias existentes e propôs a luta de classes.
Nietzsche (1844-1900) suspeitava das "verdades morais": por detrás delas havia o medo da vida, a inveja pelos poderosos.
Freud (1856-1939) analisa a dúvida através dos processos libidinosos do subconsciente: nossas ações refletem um disfarce dos recalques ali armazenados.
5.2. Relativismo
A relativização é o processo no qual o status absoluto de alguma coisa é enfraquecido ou, em caso extremo, destruído.
O maior problema do relativismo é sua falsa epistemologia. Dito de forma simples, todas as versões do relativismo expressam as dificuldades da busca da verdade. Existem fatos neste mundo e, ao buscar determinar os fatos, a objetividade é possível.
Todas as formas de relativismo contradizem a experiência da vida comum, fundamentada no bom-senso.
O relativismo, com sua moralidade individual, e não coletiva, é um convite ao niilismo.
5.3. Fundamentalismo
O fundamentalismo é uma tentativa de recuperar o não questionamento.
O requisito mais básico: não deve haver uma comunicação significativa com outsiders.
O segundo requisito: não deve haver dúvida.
Os fundamentalistas enfatizam a "conversão" (não importa se essa conversão for súbita ou gradual, voluntária ou coagida).
O relativista adota a dinâmica relativizante da modernidade; o fundamentalista a rejeita.
Se o perigo imposto pelo relativismo a uma sociedade estável for o excesso de dúvida, o perigo do fundamentalismo é uma insuficiência de dúvida.
6. O Meio, a Fé e o Espiritismo
6.1. O Meio Dificulta a Fé Religiosa
O pragmatismo da vida moderna, a luta pela sobrevivência e o anelo de posse afastam o ser humano da vivência plena do Evangelho de Jesus. Há, também, a influência dos maus exemplos dos cristãos mais velhos.
6.2. A Fé Espírita
Lembremo-nos de que a fé cristã sempre foi uma luta contra a dúvida que nasce do coração. É por esta razão que Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, insiste para que todo o cristão faça uso da fé raciocinada, que é a única que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.
6.3. A Construção Doutrinária do Espiritismo
Allan Kardec, através do método teórico-experimental, deu ênfase à dúvida como atitude de trabalho para a codificação do Espiritismo. Ele dizia que era preferível rejeitar nove verdades a aceitar uma única como erro.
Observe a sua postura diante das manifestações das mesas girantes: “Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto da carochinha.”
7. Conclusão
Saibamos usar a dúvida com moderação. Há situações em que a fé deve sobrepujar as incertezas do cotidiano. Numa dificuldade aparente, pensemos em Deus primeiro.
8. Bibliografia Consultada
BERGER, Peter e ZIJDERVELD, Anton. Em Favor da Dúvida: Como Ter Convicções sem se Tornar um Fanático. Tradução de Cristina Yamagami. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.
São Paulo, janeiro de 2016.
Notas do Blog
Ceticismo e Espiritismo
Ceticismo. Do grego skeptikos, aquele que investiga. Concepção segundo a qual algum ou todo conhecimento é duvidoso ou mesmo falso. O ceticismo pode ser sistemático ou moderado. O ceticismo sistemático, total ou radical, é duvidar de tudo; o ceticismo moderado utiliza a dúvida como modo de propor novas ideias. O ceticismo sistemático é impossível porque toda ideia é avaliada contra outras ideias. O ceticismo moderado deveria ser a norma de todo o aprendiz. Ele é sinônimo de mente aberta, que é a disposição para aprender novos itens e revisar crenças. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2011/07/ceticismo-e-espiritismo.html)
Fé: Notas Extraídas da Revista Espírita
Em todos os tempos tem-se reconhecido a influência salutar da música para o abrandamento dos costumes. Sua introdução entre os criminosos seria um progresso incontestável e só poderia dar resultados satisfatórios; ela move as fibras entorpecidas da sensibilidade e as predispõe a receber as impressões morais. Mas é suficiente? Não; é um labor em terra inculta, que necessita de semeadura de idéias próprias, capazes de causar uma profunda impressão sobre essas naturezas extraviadas. É preciso falar à alma, depois de haver amolecido o coração. O que lhes falta é a fé em Deus, em sua alma e no futuro; não uma fé vaga, incerta, incessantemente combatida pela dúvida, mas uma fé baseada na certeza, a única que pode torná-la inabalável. Sem dúvida a música pode predispor a isto, mas não a dá. Nem por isto deixa de ser um auxiliar, que não se pode negligenciar. (p.261 - R.E. 1864) (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2015/07/fe-notas-extraidas-da-revista-espirita.html)
Iluminismo e Espiritismo
Allan kardec era um cientista e, como tal, tinha muito apreço pela relação causa-efeito. Não resta dúvida que recebera influência do iluminismo, pois não vivia à margem do acontecia na França. Observe a sua posição com relação aos fenômenos das mesas girantes. Enquanto o seu amigo falava que as mesas se moviam, ele aceitava tranquilamente. Foi só relatar que, além de se mover, as mesas também falavam, ele colocou em dúvida tal afirmação e foi procurar a causa, ou seja, de onde vinha aquela voz, já que uma mesa não tem cérebro para pensar. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/12/iluminismo-e-espiritismo.html)
Evangelhos Apócrifos
Apócrifo, que vem do grego apokryphos, significa oculto, aquele que não explorado. Diz-se de uma obra que não tenha sua autenticidade comprovada. Em religião, heresia. Evangelhos Apócrifos. Para a Igreja católica, são todos os livros cuja Inspiração Divina é posta em dúvida. Muitos os denominam de "pseudo-canônicos". (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2018/06/evangelhos-apocrifos.html)
"Em Favor da Dúvida": Algumas Notas
A filosofia ocidental moderna teve início com René Descartes elevando a dúvida a um princípio metodológico básico no século XVII. Para Descartes, a única coisa que não pode ter dúvida é o "eu" que duvida. Dai, "a grande virada na direção do subjetivo". (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2015/11/em-favor-da-duvida-algumas-notas.html)
Ceticismo e Termos Correlatos
O ceticismo é a doutrina filosófica que tem a dúvida como carro-chefe. Apregoa que o conhecimento do real é impossível à razão humana. Nesse caso, devemos renunciar à certeza, suspender o juízo e submeter toda afirmação a uma dúvida constante. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2011/09/ceticismo-e-termos-correlatos.html)
Método: Anotações de Dicionários
8) Metódica (ou Hiperbólica), Dúvida. Do grego hyperbolé, exagero, excesso. Qualificação dada por Descartes à dúvida radical, também chamada de metafísica e “fingida”, geral e universal, pela qual, uma vez em sua vida, de modo teórico e provisório, o homem precisa desfazer-se de todas as suas opiniões anteriores a fim de ter condições de “estabelecer algo de firme e de certo nas ciências”. Descartes a chama de “hiperbólica” porque trata como absolutamente falso tudo aquilo que é duvidoso e porque rejeita universalmente, como sempre enganador, aquilo pelo qual ele foi algumas vezes enganado. Os graus dessa dúvida vão do conhecimento sensível às matemáticas, ao sonho e, enfim, à ação do gênio maligno. (1) (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2011/12/metodo-anotacoes-de-dicionarios.html)
Mensagem Espírita
Heresias
“E até importa que haja entre vós heresia, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” - Paulo. (I Coríntios, 11:19)
Recebamos os hereges com simpatia, falem livremente os materialistas, ninguém se insurja contra os que duvidam, que os descrentes possuam tribunais e vozes.
Isso é justo.
Paulo de Tarso escreveu este versículo sob profunda inspiração.
Os que condenam os desesperados da sorte não ajuízam sobre o amor divino, com a necessária compreensão. Que dizer-se do pai que amaldiçoa o filho por haver regressado a casa enfermo e sem esperança?
Quem não consegue crer em Deus está doente. Nessa condição, a palavra dos desesperados é sincera, por partir de almas vazias, em gritos de socorro, por mais dissimulados que esses gritos pareçam, sob a capa brilhante dos conceitos filosóficos ou científicos do mundo. Ainda que os infelizes dessa ordem nos ataquem, seus esforços inúteis redundam a benefício de todos, possibilitando a seleção dos valores legítimos na obra iniciada.
Quanto à suposta necessidade de ministrarmos fé aos negadores, esqueçamos a presunção de satisfazê-los, guardando conosco a certeza de que Deus tem muito a dar-lhes. Recebamo-los como irmãos e estejamos convictos de que o Pai fará o resto. (XAVIER, Francisco Cândido. Caminho Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 36)
Amas o Bastante?
“Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me?” - (João, 21:17).
Aos aprendizes menos avisados é estranhável que Jesus houvesse indagado do apóstolo, por três vezes, quanto à segurança de seu amor. O próprio Simão Pedro, ouvindo a interrogação repetida, entristecera-se, supondo que o Mestre suspeitasse de seus sentimentos mais íntimos.
Contudo, o ensinamento é mais profundo.
Naquele instante, confiava-lhe Jesus o ministério da cooperação nos serviços redentores. O pescador de Cafarnaum ia contribuir na elevação de seus tutelados do mundo, ia apostolizar, alcançando valores novos para a vida eterna.
Muito significativa, portanto, a pergunta do Senhor nesse particular. Jesus não pede informação ao discípulo, com respeito aos raciocínios que lhe eram peculiares, não deseja inteirar-se dos conhecimentos do colaborador, relativamente a Ele, não reclama compromisso formal. Pretende saber apenas se Pedro o ama, deixando perceber que, com o amor, as demais dificuldades se resolvem. Se o discípulo possui suficiente provisão dessa essência divina, a tarefa mais dura converte-se em apostolado de bênçãos promissoras.
É imperioso, desse modo, reconhecer que as tuas conquistas intelectuais valem muito, que tuas indagações são louváveis, mas em verdade somente serás efetivo e eficiente cooperador do Cristo se tiveres amor. (XAVIER, Francisco Cândido. Caminho Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 97)
Não Duvides
"O que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte." — Tiago. (Tiago, 1:6).
Em teus atos de fé e esperança, não permitas que a dúvida se interponha, como sombra, entre a tua necessidade e o poder do Senhor.
A força coagulante de teus pensamentos, nas realizações que empreendes, procede de ti mesmo, das entranhas de tua alma, porque somente aquele que confia consegue perseverar no levantamento dos degraus que o conduzirão à altura que deseja atingir.
A dúvida, no plano externo, pode auxiliar a experimentação, nesse ou naquele setor do progresso material, mas a hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias.
Quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo.
Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.
Compreendendo o impositivo de confiança que deve nortear-nos para a frente, insistamos no bem, procurando-o com todas as possibilidades ao nosso. alcance.
Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo.
Não importa que a nossa conquista surja triunfante hoje ou amanhã. Vale trabalhar e fazer o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida se incumbe de trazer-nos aquilo que buscamos.
Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo infatigavelmente — eis a fórmula de caminhar com êxito, ao encontro de nossa vitória. E, nessa peregrinação incansável, não nos esqueçamos de que a dúvida será sempre o frio do derrotismo a inclinar-nos para a negação e para a morte. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 165)