Bíblia

Perguntas e Respostas

Bíblia

1) O que significa a palavra "Bíblia"?

O termo Bíblia provém do plural grego ta biblia (os livros), que, pelo menos a partir do século XII, é usada para significar o conjunto dos vários escritos do Antigo e do Novo Testamento. Segundo os judeus, repositório da palavra de Deus, ditada ou inspirada por Ele. 

2) Qual o período da redação da Bíblia?

O período da redação do Antigo Testamento vai do século X ou XI a.C. ao século II a.C. O período da redação do Novo Testamento é bem menor: 50 d.C aos meados do século II. Foram escritos em períodos com enormes variações nas condições de vida — políticas, culturais, econômicas e ecológicas — de seus autores. 

3) O que ressaltar na composição da Bíblia?

O período da composição dos primeiros textos bíblicos corresponde à passagem da escrita cuneiforme para o uso de um alfabeto. A maioria das pessoas recebia os textos pela leitura em voz alta não lendo. 

Em se tratando do Novo Testamento, Marcos escreveu o primeiro Evangelho, e depois Mateus e Lucas utilizaram Marcos e outra fonte que consistia basicamente em frases atribuídas a Jesus, conhecida como Q. 

4) O que significa Testamento? Por que Antigo e Novo Testamento?

A palavra Testamento tem, na Bíblia, o significado de pacto, de aliança. Antigo Testamento é o pacto com os judeus; o Novo Testamento é a aliança com Jesus. 

5) O que nos informa a crítica histórica?

Verificando que na Bíblia há acréscimos e contribuições de várias escolas, conclui que ela é obra humana. Para o Espiritismo, ela é constituída de Revelações Mediúnicas.

6) Quais são os aspectos importantes do Antigo Testamento?

A Lei, baseada no Decálogo, o Deus único, os Profetas e o Messianismo. 

7) O que comporta o Novo Testamento?

A vinda de Jesus, os quatro Evangelhos e as epístolas. 

Para reflexão: Por que essa antiga coletânea de textos continua a exercer tanto poder na vida das pessoas em nosso mundo moderno, pós-colonial e pós-industrial?

Bíblia e Filosofia

1) O que significa a palavra “Bíblia”?

Bíblia vem do grego plural grego ta biblia e significa “os livros”. Para os cristãos, a Bíblia é um livro inspirado por Deus para a santificação dos leitores. Seu objetivo é salvar o ser humano, não apenas um, mas toda a humanidade. 

2) O que significa filosofia? 

Filosofia vem do grego e significa "amor à sabedoria". Na prática, é a busca do conhecimento por intermédio das luzes da razão. 

3) Como colocar o problema: Bíblia e filosofia?

A filosofia está orientada para o universal, o testemunho bíblico situa-se no terreno do particular. Em filosofia, o universal é um princípio teleológico, que se traduz pelo desejo de pensar e de se comunicar. O testemunho bíblico narra um acontecimento, uma experiência individual. O problema: como dar status filosófico a algo que permanece no particular? 

4) Existe filosofia nas escrituras?

A Bíblia não é filosofia, pois não cogita da racionalidade. Nos seus relatos literários, encontramos argumentos que podem ser ligados a essa ou àquela filosofia. Exemplo: livro da sabedoria e as cartas paulinas. 

5) A revelação é luz para a razão?

Sim. A revelação não é algo mágico que nos conduziria ao insensato, ao irracional. Convém refletir que “Se a fé não for banhada pela luzes da razão, ela o será pela violência”.

6) Como analisar a inspiração das escrituras?

A inspiração bíblica está centrada na singularidade de uma história, mas voltada para o universal. Nesse sentido, a Bíblia é um precioso testemunho, um presente dado ao pensamento, que a filosofia pode receber e interrogar. A filosofia reconheceu que o literário, o simbólico ou o místico não eram sinônimos de irracional, de falacioso ou de primitivo: a racionalidade aí se expressa de outro modo.

7) De que maneira Averrois pode contribuir para essa discussão? 

Averrois (1126-1198), filósofo árabe, diz que aceitamos que o Alcorão é verdadeiro. Mas, algumas partes dele são demonstravelmente equívocas. Daí, o texto é uma verdade poética e deve ser interpretado pelo raciocínio filosófico. Conclusão: Filosofia e Religião não são incompatíveis. 

8) Como a “consciência de si” pode ser vista em Sócrates e Jesus?

Sócrates, aquele que sabe que nada sabe, acha que a verdade do “conhece-te a ti mesmo” dever ser buscada no fundo de si. Jesus, consciente de ser o Filho do Pai, orienta o interlocutor para relação filial com o Pai. 

9) Como Sócrates e Jesus se posicionam em relação à virtude e à felicidade?

Os dois interrogam a ordem moral da sociedade. Sócrates situa a felicidade ao termo de um esforço de aperfeiçoamento moral e do domínio de si, que associam a realização da virtude ao conhecimento do bem. Jesus, ao anunciar as bem-aventuranças, dá a moral, que não é uma condição, mas consequência do estar com Jesus.

10) De que maneira Sócrates e Jesus se relacionam com o divino?

O daimon socrático é um sinal divino submetido à interpretação de sua razão, exortando-o a seguir as suas injunções. O divino com o qual Jesus se revela em estreita relação é propriamente o Pai.

11) Como Sócrates e Jesus tratam a amizade?

Para Sócrates, essa amizade é fruto do amor de si – philautia – e busca recíproca do bem segundo as regras da justiça. Jesus, ao assumir o “amarás o teu próximo com a ti mesmo” propõe um dom total de si. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/b%C3%ADblia-b%C3%ADblia-e-filosofia)


Texto Curto no Blog

Bíblia

Bíblia vem do grego e significa “os livros”. Para os cristãos, a Bíblia é um livro inspirado por Deus para a santificação dos leitores. Seu objetivo é salvar o ser humano, não apenas um, mas toda a humanidade. Filosofia vem do grego e significa "amor à sabedoria". Na prática, é a busca do conhecimento por intermédio das luzes da razão. A Bíblia não é filosofia, pois não cogita da racionalidade. Em seus relatos literários, podemos encontrar argumentos que se ligam a algum tipo de filosofia. Exemplo: o livro da sabedoria e as cartas paulinas.

Como dar status filosófico a algo que permanece no particular? A filosofia está orientada para o universal, o testemunho bíblico situa-se no terreno do particular. Em filosofia, o universal é um princípio teleológico, que se traduz pelo desejo de pensar e de se comunicar. O testemunho bíblico narra um acontecimento, uma experiência individual. Lembremo-nos de que a revelação não é algo ilógico ou irracional: situa-se em outro nível de conhecimento, aquele obtido pela inspiração.

A inspiração bíblica está centrada na singularidade de uma história, mas voltada para o universal. Nesse sentido, a Bíblia é um precioso testemunho, um presente dado ao pensamento. A filosofia reconheceu que o literário, o simbólico ou o místico não eram sinônimos de irracional, de falacioso ou de primitivo: a racionalidade aí se expressa de outro modo. Observe a pensamento de Averrois (1126-1198), filósofo árabe: aceitamos que o Alcorão é verdadeiro. Mas, algumas partes dele são demonstravelmente equívocas. Daí, o texto é uma verdade poética e deve ser interpretado pelo raciocínio filosófico. Conclusão: Filosofia e Religião não são incompatíveis.

Comparemos Sócrates (filósofo grego) e Jesus (Filho de Deus):

a) “consciência de si”. Sócrates, aquele que sabe que nada sabe, acha que a verdade do “conhece-te a ti mesmo” dever ser buscada no fundo de si. Jesus, consciente de ser o Filho do Pai, orienta o interlocutor para relação filial com o Pai.

b) virtude e felicidade. Os dois interrogam a ordem moral da sociedade. Sócrates situa a felicidade ao termo de um esforço de aperfeiçoamento moral e do domínio de si, que associam a realização da virtude ao conhecimento do bem. Jesus, ao anunciar as bem-aventuranças, dá a moral, que não é uma condição, mas consequência do estar com Jesus.

c) divino. O daimon socrático é um sinal divino submetido à interpretação de sua razão, exortando-o a seguir as suas injunções. O divino com o qual Jesus se revela em estreita relação é propriamente o Pai.

d) amizade. Para Sócrates, essa amizade é fruto do amor de si – philautia – e busca recíproca do bem segundo as regras da justiça. Jesus, ao assumir o “amarás o teu próximo com a ti mesmo” propõe um dom total de si.

Fonte de Consulta: MIES, Françoise (org.). Bíblia e Filosofia: As Luzes da Razão. Tradução de Paula Sílvia Rodrigues Coelho da Silva. São Paulo: Loyola, 2012. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2013/04/biblia-e-filosofia.html)

Bíblia e Filosofia

Bíblia vem do grego e significa “os livros”. Para os cristãos, a Bíblia é um livro inspirado por Deus para a santificação dos leitores. Seu objetivo é salvar o ser humano, não apenas um, mas toda a humanidade. Filosofia vem do grego e significa "amor à sabedoria". Na prática, é a busca do conhecimento por intermédio das luzes da razão. A Bíblia não é filosofia, pois não cogita da racionalidade. Em seus relatos literários, podemos encontrar argumentos que se ligam a algum tipo de filosofia. Exemplo: o livro da sabedoria e as cartas paulinas.

Como dar status filosófico a algo que permanece no particular? A filosofia está orientada para o universal, o testemunho bíblico situa-se no terreno do particular. Em filosofia, o universal é um princípio teleológico, que se traduz pelo desejo de pensar e de se comunicar. O testemunho bíblico narra um acontecimento, uma experiência individual. Lembremo-nos de que a revelação não é algo ilógico ou irracional: situa-se em outro nível de conhecimento, aquele obtido pela inspiração.

A inspiração bíblica está centrada na singularidade de uma história, mas voltada para o universal. Nesse sentido, a Bíblia é um precioso testemunho, um presente dado ao pensamento. A filosofia reconheceu que o literário, o simbólico ou o místico não eram sinônimos de irracional, de falacioso ou de primitivo: a racionalidade aí se expressa de outro modo. Observe a pensamento de Averrois (1126-1198), filósofo árabe: aceitamos que o Alcorão é verdadeiro. Mas, algumas partes dele são demonstravelmente equívocas. Daí, o texto é uma verdade poética e deve ser interpretado pelo raciocínio filosófico. Conclusão: Filosofia e Religião não são incompatíveis.

Comparemos Sócrates (filósofo grego) e Jesus (Filho de Deus):

a) “consciência de si”. Sócrates, aquele que sabe que nada sabe, acha que a verdade do “conhece-te a ti mesmo” dever ser buscada no fundo de si. Jesus, consciente de ser o Filho do Pai, orienta o interlocutor para relação filial com o Pai.

b) virtude e felicidade. Os dois interrogam a ordem moral da sociedade. Sócrates situa a felicidade ao termo de um esforço de aperfeiçoamento moral e do domínio de si, que associam a realização da virtude ao conhecimento do bem. Jesus, ao anunciar as bem-aventuranças, dá a moral, que não é uma condição, mas consequência do estar com Jesus.

c) divino. O daimon socrático é um sinal divino submetido à interpretação de sua razão, exortando-o a seguir as suas injunções. O divino com o qual Jesus se revela em estreita relação é propriamente o Pai.

d) amizade. Para Sócrates, essa amizade é fruto do amor de si – philautia – e busca recíproca do bem segundo as regras da justiça. Jesus, ao assumir o “amarás o teu próximo com a ti mesmo” propõe um dom total de si.

Fonte de Consulta: MIES, Françoise (org.). Bíblia e Filosofia: As Luzes da Razão. Tradução de Paula Sílvia Rodrigues Coelho da Silva. São Paulo: Loyola, 2012. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2013/04/biblia-e-filosofia.html)


Em Forma de Palestra

Bíblia

1. Introdução

O objetivo deste estudo é analisar os escritos do Antigo e do Novo Testamento, a fim de que possamos apreender os principais aspectos desses grandes ensinamentos, disseminados ao longo de centenas de anos.

2. Conceito

O termo Bíblia provém do plural grego ta biblia (os livros), que, pelo menos a partir do século XII, é usada para significar o conjunto dos vários escritos do Antigo e do Novo Testamento. O uso de um singular para designar vários livros sagrados tem uma explicação teológica. Não obstante a diversidade dos autores humanos, estes livros constituem uma unidade, um livro, ou o livro por excelência, cujo autor principal é Deus (Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado).

A palavra Testamento tem, na Bíblia, o significado de pacto, de aliança. A figura jurídica do Testamento era desconhecida dos antigos hebreus. A herança entre eles, estava regulada pelo costume e, posteriormente, pela lei (Núm., 27, 8-11), não havendo a hipótese de herdeiros designados pelo testador. Mas nos tempos helenísticos, os rabinos introduziram a instituição jurídica dos gregos relativa ao Testamento e o termo diatheke que a designava. A Vulgata, ao traduzir a Bíblia para o latim, em vez de traduzir diatheke por foedus usou o termo testamento, que é uma das acepções de diatheke, mas não corresponde ao vocábulo original berit (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura).

Antigo Testamento - conjunto dos livros dos judeus, ou história dos judeus até Jesus Cristo. Divide-se em três partes: 1.ª) Thora, ou Lei (compreendendo o Gênesis, o Êxodo, o Levítico, os Números e o Deuteronômio); 2.ª) Nebium, ou Profetas (compreendendo Josué, Juízes, Samuel, Reis etc.); 3.ª) Ketubrim, ou hagiógrafos (compreendendo os salmos e os livros históricos).

Novo Testamento - conjunto de livros dos cristãos, ou história de Jesus Cristo.

Cânon - conjunto dos escritos que a Igreja católica tem por divinamente inspirados.

3. Antigo Testamento

A Bíblia, segundo os judeus e cristãos em geral, é tida como o repositório da palavra de Deus, ditada ou inspirada por Ele. "O Concílio de Trento, em 1546, proibiu por em dúvida a inspiração divina da Bíblia, inclusive o Antigo Testamento (Challaye, 1981, p. 142).

No estudo da História, entendida como Ciência, desenvolveu-se, como método científico próprio, o que se denomina de crítica histórica. Esta, ao analisar o conteúdo bíblico, conclui que nele há a contribuição de várias escolas, acréscimos posteriores e autorias diferentes daquelas a quem são atribuídas as passagens escritas. E que, portanto, a Bíblia, como tantos outros textos religiosos, é obra humana.

O Espiritismo entende que ela é constituída de Revelações Mediúnicas, entretecidas de narrativas, interpretações e inferências humanas, revelações estas que lhe estruturam os fundamentos religiosos e morais de forma progressiva (Curti, 1981, p. 21).

3.1. A Lei

Moisés, salvo da matança pela filha do Faraó e educado na corte, após ter matado um egípcio que maltratava um judeu, refugiou-se no deserto, onde lhe apareceu Deus numa sarça ardente, incumbindo-o da missão de tirar seu povo do Egito e estabelecê-lo na "terra prometida" no país de Canaã.

Conta-se que, antes da fuga, o Anjo da Morte passa por sobre as casas dos israelitas, ferindo de morte os primogênitos dos egípcios. Pragas, passagem pelo Mar Vermelho, a submersão de carros e soldados egípcios, que perseguiam os fugitivos, sucedem-se até a chegada deles no Sinai

No monte, Moisés recebe de Deus a Lei — o Decálogo — "base de todo direito no mundo, sustentáculo de todos os códigos da justiça terrestre"

Moisés unifica as tribos num povo, fá-las adotar Iavé como seu Deus, constituindo uma religião nacional, na qual o povo se une à divindade num pacto de Aliança, que constitui uma unidade étnico-religiosa, uma nação-religião (Curti, 1981, p. 24).

3.2. Deus Único

A crença no Deus único constituiu-se uma monolatria, no sentido de que os israelitas até o século VII e VI a. C. admitiam outros deuses nacionais, além de Iavé. Este era o seu deus nacional. Pouco a pouco, entendem-no de forma animista e antropomórfica, com corpo espiritual comparado ao homem e com análogo sentimentos

A fé no Deus único conduziu este povo a condenar práticas mágicas e o culto aos mortos. O próprio Moisés, no Deuteronômio, recomenda não se interrogar os mortos.

"Enquanto a civilização egípcia e os iniciados hindus criavam o politeísmo para satisfazer os imperativos da época, contemporizando com a versatilidade das multidões, o povo de Israel acreditava somente na existência de Deus Todo-Poderoso, por amor do qual aprendia a sofrer todas as injúrias e a tolerar todos os martírios"... "Todas as raças da Terra devem aos judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres (Xavier, 1972, p. 68 e 69).

3.3. Os Profetas

Moisés não penetra nas terras de Canaã; morre antes, o que, aliás, lhe teria sido dito antes por Iavé. Em 1200 a. C. seu grupo o faz, guiado por Josué e, na nova terra, sob a liderança dos juízes, chefes militares, conselheiros e magistrados, induz outras tribos a aceitarem o Iaveísmo. Este, entretanto, se defronta com a Religião Cananéia, com as crenças dos habitantes da região, que provoca um sincretismo pelo qual lhe adotam o sistema ritual, os sítios sagrados, os santuários, a organização sacerdotal, assimilando-lhe a religião e cultura.

A função dos profetas é insurgir-se contra esse sincretismo.

Elias, Amós, Oséias, Isaías etc. são esses profetas (Curti, 1981, p. 28 e 29).

3.4. O Messianismo

A ideia de um messias geralmente atribuída ao Judaísmo, é historicamente anterior e encontra-se em outras crenças, entre vários povos. Ela é explicada, porém, com base na concepção de um passado remoto em que os homens teriam vivido situação melhor e que voltaria a existir pela mediação entre os homens e a divindade, de um Salvador.

Emmanuel entretanto explica que os Capelinos, ao serem recebidos por Jesus, teriam guardado as reminiscências de seu planeta de origem e das promessas do Cristo, que as fortalecera ao longo do tempo, "enviando-lhe periodicamente os seus missionários e mensageiros.

Os enviados do infinito falaram na china milenar, no Egito na Pérsia etc.

Entre os judeus a ideia do Messias Salvador surge entre os séculos IV e III a. C. pela literatura profética. É o ungido, o enviado de Iavé com a missão de instaurar o reino de Deus no mundo (Curti, 1981, p. 35).

4. Novo Testamento

Deus, no Velho Testamento, havia comunicado os seus anúncios de alegria aos patriarcas, a Moisés e aos profetas do seu povo; no Novo Testamento, dá o maior dos "anúncios", o anúncio de Jesus. Jesus não é só conteúdo do anúncio, mas é também o primeiro portador e arauto. Ele apresenta a si mesmo e a sua obra como o "Evangelho de Deus", isto é, a "boa-nova" que Deus envia ao mundo que espera (Battaglia, 1984, p. 21 e 22).

O Novo Testamento é composto de 4 Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse de João.

4.1. Os Quatro Evangelhos

Os Evangelhos começaram a ser redigidos somente cerca de quarenta anos ou cinquenta depois dos eventos por ele narrados, embora já houvesse, além da tradição oral, textos escritos de que os Evangelistas se valeram. O Evangelho Segundo Mateus, o Evangelho Segundo Marcos e o Evangelho Segundo Lucas são classificados como Evangelhos Sinóticos, pois há muita concordância em seus escritos. O Evangelho Segundo João difere dos três anteriores pelo seu estilo, sua estrutura e seus objetivos. É mais uma interpretação teológica da vida e obra de Cristo do que uma biografia. O estilo rude do autor desenvolve um enredo progressivo e dramático dos acontecimentos. O autor utilizou-se das mesmas fontes dos sinóticos, mas desenvolveu de maneira toda própria certos acontecimentos e destacou outros em função do seu objetivo maior: anunciar a divindade e a supremacia de Jesus (Enciclopédia Miraror Internacional).

4.2 O Quinto Evangelho

Os Atos dos Apóstolos e as Cartas Apostólicas dispostos cronologicamente formariam um quinto evangelho. O Nascimento de Jesus, por exemplo, poderia ser encontrado em Gl 4,4; Rm 1,4; At 3, 18-24; At 1,14. Sua atividade missionária em At 10,36; At 2,22; At 1,13; At 1, 21-22; 2 Pd 1, 16-18; 1 Jo 1, 1-3. Este mesmo exercício poderia ser feito com relação às condições de sua vida, o início da vida pública, a última ceia, a traição de Judas etc. (Battaglia, 1984, p. 32 a 36).

5. Conclusão

A leitura do Antigo e do Novo Testamento deve ser feita, não em função da letra, mas do Espírito, a fim de que possamos captar toda a simbologia que está por trás das palavras.

6. Bibliografia Consultada

BATTAGLIA, 0. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo Histórico-crítico. Rio de Janeiro, Vozes, 1984.

CHALLAYE, F. As Grandes Religiões. São Paulo, IBRASA, 1981.

CURTI, R. Monoteísmo e Jesus. São Paulo, FEESP, 1980.

Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.

Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1987.

Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado.

XAVIER, F. C. A Caminho da Luz - História da Civilização à Luz do Espiritismo, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro, FEB, 1972. 


Notas do Blog

As Religiões, a Bíblia e o Espiritismo

A Bíblia, considerado um livro sagrado pelo judaísmo, mostra que a palavra de Deus fez-se presente em toda a história do povo judeu. Os profetas são o portadores da revelação divina. Moisés, por exemplo, recebe diretamente de Deus os Dez Mandamentos. A leitura da Bíblia não deve ficar só na letra; precisamos penetrar no seu sentido mais profundo, analisando-a com racionalidade e imparcialidade. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/as-religies-bblia-e-o-espiritismo.html)

Revelação

A Bíblia não é a fonte única de revelação. A Igreja é o órgão autêntico instituído por Deus e encarregado de propagar o depósito da revelação. As verdades transmitidas pela igreja constituem a tradição. Todavia, é certo que a revelação pública se encerrou com a pregação dos apóstolos. A partir daí, permaneceu substancialmente a mesma e não se transformou. As verdades reveladas só podem desenvolver-se no decurso do tempo sob a ação do Espírito Santo, passando do estado implícito ao estado explícito. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/revelao.html)

Gênese e Espiritismo

A inquietação do homem leva-o a perquirir sobre a origem da vida e do universo. A Bíblia e a Ciência fornecem-nos algumas explicações. Nosso propósito e analisá-las sob a ótica da Doutrina dos Espíritos.

Segundo a Bíblia, no princípio dos tempos Deus criou, simultaneamente, todas as plantas e animais superiores, a partir da matéria inerte. Deus, do pó da terra, forma o primeiro homem - Adão -, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Retira-lhe uma de suas costelas e cria a Eva. Esta é tentada pela serpente e come, juntamente, com Adão o fruto proibido - a maçã. Literalmente considerada esta noção é mitológica e antropomórfica. Dá-se a impressão que Deus é um ceramista que manuseia os seres criados por Ele. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/gnese-e-espiritismo.html)

O Mito e a Desmitologização

A Bíblia, no sentido estrito do termo, não contem mitos, pois as teogonias (origem dos deuses) ou teomaquias (luta dos deuses) estão superadas pela presença do Deus criador único. No entanto, num sentido menos estrito, podemos falar dos mitos contidos na Bíblia: sobretudo os onze primeiros capítulos do "Gênesis" utilizaram esse gênero literário para descrever a condição humana, a origem do pecado e a rebelião dos homens contra Deus. Nesses capítulos, vemos Deus criando Adão do barro, falando com os animais e emprestando aos frutos o poder mágico da tentação. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/o-mito-e-desmitologizao.html)


Notas de Livro

Bíblia

Capítulo 1: A Bíblia no Mundo Moderno: Texto Clássico ou Texto Sagrado?

Diz-se que a Bíblia é o livro com a maior quantidade de exemplares não lidos no mundo. Isso oculta um fato mais significativo: a Bíblia ainda é um dos livros mais importantes e mais lidos do mundo.

Questão: Por que essa antiga coletânea de textos continua a exercer tanto poder na vida das pessoas em nosso mundo moderno, pós-colonial e pós-industrial? 

Capítulo  2: Como a Bíblia foi Escrita

O período da redação do Antigo Testamento vai do século X ou XI a.C. ao século II a.C. O período da redação do Novo Testamento é bem menor: 50 d.C aos meados do século II. Foram escritos em períodos com enormes variações nas condições de vida — políticas, culturais, econômicas e ecológicas — de seus autores.

O período da composição dos primeiros textos bíblicos corresponde à passagem da escrita cuneiforme (Ver tabela) para o uso de um alfabeto.

A cultura no período bíblico, embora tivesse registros escritos, continuou a ser basicamente oral. Ou seja, os textos escritos eram transmitidos sobretudo pela leitura em voz alta: a maioria das pessoas recebia os textos ouvindo, não lendo. Começou de forma oral; depois que se tornou escrita.

Em se tratando do Novo Testamento, o Evangelho de Marcos é, de modo geral, tido como o primeiro deles e também o menos letrado. Lucas, em contrapartida, diz explicitamente que está escrevendo como historiador grego que examinou cuidadosamente as fontes e está redigindo uma narrativa fidedigna (Lucas 1:1-4).

No Gênesis, Deus faz surgir um vapor que umedece a terra, e então a sua primeira ação é criar o homem/Adão ("Adão" em hebraico, além de nome próprio, significa também "ser humano").

Como um escultor, Deus modela o homem a partir do barro; como uma espécie de Frankenstein, adormece Adão, tira-lhe uma costela e a transforma em mulher. 

Os especialistas concordam que as histórias derivam de quatro diferentes fontes escritas e que elas foram reunidas ao longo do tempo, formando os primeiros cinco livros da Bíblia como uma obra compósita. 

A posição usual, embora não incontroversa, é que Marcos escreveu o primeiro Evangelho, e depois Mateus e Lucas utilizaram Marcos e outra fonte que consistia basicamente em frases atribuídas a Jesus, conhecida como Q. 

Capítulo  3: A Formação da Bíblia

Bíblia deriva do grego biblia, que é o plural de biblion, livro. A Bíblia, no singular, oculta a pluralidade dos livros. Um dicionário define a Bíblia como "Escrituras cristãs do Antigo e do Novo Testamento", enfatizando a influência cristã. A Bíblia aparece também em expressões como "a Bíblia hebraica", "a Bíblia judaica", "a Bíblia cristã". 

A Bíblia, no uso mais recente, é ambíguo: pode referir-se à Bíblia judaica ou à Bíblia cristã, em suas várias formas. 

A palavra grega kanon significa vara ou caniço e, por extensão, régua ou medida. Criar um cânone de escritos sagrados é criar uma coleção que, em algum sentido, será normativo para a comunidade a que se destina.

Os termos "antigo testamento" e "novo testamento" entraram em circulação no final do século II. Na origem, eles se referem respectivamente às alianças que Deus havia feito com o povo de Israel por intermédio de Moisés e com a igreja por intermédio de Jesus. 

A utilidade de um cânone é conferir autoridade a alguns livros e de negar autoridade a outros. 

Capítulo  4: A Bíblia no Mundo dos Fiéis

Os textos, depois de canonizados, mudam. Tornam-se sagrados. Nas comunidades que reconhecem seu novo estatuto, os fiéis o tomam como textos especiais, à parte, que não podem ser tratados como os demais. Qualquer dissonância seria entre a experiência da comunidade e o mundo do texto sagrado, o que reclama uma solução. Ou o mundo do texto sagrado tem que se conformar à experiência da comunidade, ou a comunidade tem de mudar para se conformar ao texto. 

O estatuto canônico dos textos deve explicar não só a riqueza e a diversidade das interpretações, mas também a própria remodelação das narrativas e dos discursos. O mais frequente é uma questão de ênfase, de leitura seletiva: alguns elementos são ressaltados em detrimento de outros. 

Capítulo  5: A Bíblia e seus Críticos

A crítica, em sua raiz, refere-se ao exercício da faculdade de julgamento do indivíduo. Todavia, a expressão "crítica bíblica" pode ter um sentido muito mais adversativo, quando investe contra as interpretações eclesiásticas dominantes da Bíblia. 

A Bíblia, conforme ensinava a igreja, contava a história da reação de Deus ao pecado de Adão: com a escolha de Israel e a entrega da Lei, culminando no envio de seu filho, Jesus, para a redenção da humanidade. Havia uma notável adequação entre a Bíblia e o mundo dos cristãos medievais. 

Lutero, professor de estudos bíblicos, põe em dúvida a autoridade da igreja. Baseando-se no texto paulino que ressalta a fé pela fé: "Quem pela fé é justo e viverá". 

Pesquisas históricas minaram as bases da cronologia bíblica: descobriram provas da existência de civilizações anteriores desconhecidas dos escritores da Bíblia. 

Em se tratando da cosmologia, Copérnico mostrou que os planetas, inclusive a Terra, giravam ao redor do Sol. 

No século XIX, há os intensos debates entre os darwinistas e os criacionistas. 

O Iluminismo, com as luzes da razão, tenta libertar o ser humano da autoridade da igreja. 

Embora as críticas sejam duras, há que se ver o lado positivo, ou seja, o estímulo para outras tentativas de ler a Bíblia de forma criativa e imaginativa em contextos contemporâneos. 

Capítulo  6: A Bíblia no Mundo Pós-Colonial

A história das leituras coloniais e pós-coloniais da Bíblia oferece uma ilustração instrutiva de seus usos e abusos. Os mesmos textos, dependendo da maneira como são lidos, podem trazer a vida ou a morte às mesmas pessoas. 

Há indicações contemporâneas de que a Bíblia pode ser usada para levar consolo, força e libertação a povos que vivem sob pressão. 

Não nos deixemos dominar pelo lado mais sombrio da Bíblia. Uma leitura crítica e atenta pode aguçar o nosso senso moral. 

Capítulo  7: A Bíblia na Alta Cultura e na Cultura Popular

A Bíblia é a grande fonte primária da cultura europeia. A linguagem, as narrativas, as metáforas, os personagens e as figuras oferecem um imenso repositório cultural, ao qual se recorre de maneiras variadas, conscientes e inconscientes. 

Uma parte do problema para a nossa sociedade consiste em sua ignorância generalizada da Bíblia. Se não sabemos o que nos condiciona, como podemos criticar e, menos ainda, recuperar os elementos bíblicos em nossa cultura? Fica vedado o caminho para uma avaliação e crítica mais profundas de nossa herança cultural. Igualmente vedado fica o caminho para um uso mais libertador e redentor da Bíblia. 

Capítulo 8: A Bíblia na Política

No Antigo Testamento, a vontade de Deus e suas instruções ao seu povo abrangiam a totalidade da vida. A mensagem de Jesus, no Novo Testamento, não é tão clara: defende uma ética que, para muitos, parece irreal ou utópica: não resistir ao mal, amar os inimigos, não prestar juramento. 

Lutero não tem qualquer dúvida de que os príncipes realmente são autorizados por Deus a ocupar tal cargo e de que esse cargo inclui a perseguição e a punição capital dos transgressores. 

Há muitas coisas na Bíblia que são patriarcais, que exigem a submissão das mulheres aos homens e exaltam a masculinidade em detrimento da feminilidade. 

Há usos conflitantes dados à Bíblia. Lutero e os principais reformadores a utilizaram para justificar o poder da espada e para traçar uma divisão clara entre as leis que governam a sociedade secular e os ensinamentos do Sermão da Montanha, destinado apenas aos cristãos. 

Capítulo 9: Conclusão

A Bíblia tem sido fonte de verdade, bondade e beleza e, ao mesmo tempo, tem inspirado a mentira, a maldade e a fealdade. Não gerou uma maneira homogênea de leitura e interpretação. E a explicação disso é simples: os textos não têm controle sobre a forma como são lidos. Escreve Robert Morgan: "Textos são como pessoas mortas, não têm direitos". 

Uma das características notáveis da Bíblia é a sua idade. Os primeiros materiais têm cerca de três mil anos de existência; a maioria deles tem dois mil anos e o Novo Testamento tem só alguns anos a menos. O que é preciso são leitores com capacidade de discernimento, atentos a seu potencial vivificador, em guarda contra seus tons mais sombrios. 

RICHES, John. Bíblia: Uma Breve Introdução. Tradução de Denise Bottmann. Porto Alegre, RS: L&PM, 2016. (Coleção L&PM POCKET; v. 1203)