(15/02/16)
A primeira coisa a fazer é conhecer-se. Para isso, pergunte aos que vivem com você quais são os seus defeitos e virtudes.
A segunda é aceitar-se como se é. Não adianta acharmos que somos outras pessoas! Se você tiver algum defeito físico, assuma-o, até que possa, talvez, fazer algo para eliminá-lo.
Numa conversa, não invente coisas que você não tem fez, nem minta sobre sua condição social e de instrução. Seja o que você é diante de Deus.
Se você é alcoólatra, aceite isso e aí vai conseguir ficar sóbrio. Se está envelhecendo, assuma isso! Não viva como se fosse um adolescente! É ridículo!
Tenha cuidado a quem o (a) atrai, para não trair sua esposa (esposo) ou cometer alguma besteira.
Se nunca viajou ou nunca foi à praia, não minta. Seja você mesmo (a).
Aceite a realidade como ela é. Veja a realidade a seu redor e aprenda a conviver com ela, lutando sempre para melhorá-la, é claro.
Todos vivemos num determinado lugar, mas muitos vivem num lugar mas têm a mente em outro(s). A consequência (uma delas) é que não vai viver bem nem no mundo real, nem no imaginário. É como o turista que se preocupa tanto em tirar fotos que não aproveita a viagem. Ele vai mostrar as fotos de um lugar do qual muitas vezes nem tomou conhecimento.
Para mudarmos qualquer realidade, é preciso primeiramente encará-la como ela é e aí, sim, planejar as mudanças necessárias.
Quem não é realista vive no mundo da fantasia, sofre muito, vive alienado e cai em depressão ou em atitudes parecidas.
Depois de estudar a realidade, ver o que é bom, o que precisa ser mudado, revise as suas “armas”, o que você tem em mãos para melhorá-la, quais são as suas capacidades, suas possibilidades, a quem pode recorrer, e como as mudanças podem ser feitas, e, claro, se são possíveis. Se não são possíveis, sempre há um modo de adaptar a situação.
Nesse caso, se as mudanças são difíceis ou impossíveis, eu sugiro isto:
- Faça um círculo de amigos constantes e reúna-se sempre com eles;
- Reze (ore) várias vezes por dia;
- Medite diariamente sobre um texto bíblico;
- Aproveite o que há de melhor onde você vive, se for coisa honesta e boa. Peça a Deus e converse entre vocês para vencerem o que for coisa má.
- Assuma suas tarefas diárias com alegria ou, pelo menos, em paz, confiando na graça de Deus;
- Ocupe constantemente seu corpo e sua mente e nunca fique no ócio, ou seja, sem fazer nada, a não ser quanto estiver rezando (orando) ou meditando.
- Ofereça tudo a Deus, que o (a) ouvirá, o (a) acolherá e o (a) ajudará a transformar, se não a realidade, os corações dos com quem você vive.
E se nada disso der certo, simplesmente abra uma cerveja, ou um refrigerante, e relaxe.
A tradução é “curta o momento”, “aproveite o dia”.
Vivemos fazendo tudo correndo, apressadamente, para nos sobrar tempo... para fazermos desesperadamente outras coisas.
Quando nos encontramos numa situação em que somos impedidos de agir livremente, aí aprendemos que é besteira fazermos as coisas abestalhadamente, apressadamente.
Começo esta reflexão com o salmo 126(127), 2: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amigos até durante o sono”.
Quem realmente confia no Senhor não faz tudo como se dependesse apenas de si próprio. Lembro também Lucas 10,40-42:
“Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”.
Já em João 21,1-14, após a sua ressurreição, Jesus apareceu a Pedro, Tomé, Natanael, João, Tiago e outros dois dos seus discípulos... e comeu peixe assado com eles, na praia! Tanta gente para converter, tantas coisas para ensinar, mas eles ficaram fazendo um “piquenique” na praia. Os entendidos no assunto dizem que esses dois de quem não sabemos os nomes, somos nós!
Em Lucas 9, 10: “Os apóstolos, ao voltarem, contaram a Jesus tudo o que haviam feito. Tomando-os ele consigo à parte, dirigiu-se a um lugar deserto para o lado de Betsaida”. Em Marcos 6, 32: “Vinde à parte, para algum lugar deserto, e descansai um pouco”!
Dois jovens bancários trabalhavam num mesmo serviço, mas em turnos diferentes: um de manhã e outro à tarde. O da manhã era meio ateu, e o da tarde muito religioso. Trabalhava tranquilamente. Como era chefe de secção, apenas coordenava o trabalho. Na hora do café aproveitava para ir rezar com os monges no mosteiro vizinho. O da manhã era impaciente e apressado. Punha-se a fazer o trabalho dos escriturários que lhe eram submissos. Resultado: o da tarde rendia mais que o da manhã. Às vezes o da manhã se queixava com o da tarde, quando lhe passava o serviço. O da tarde ria, e aconselhava o colega a fazer o trabalho da coordenação, e não fazer o trabalho pelos subordinados. E que rezasse, entregasse o trabalho a Deus.
O segredo é manter-se “em dia” com Deus, pela oração, e fazer tudo com calma, sem afobação, sem desespero, sabendo que Ele nos está ajudando, estamos sob sua proteção. “Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga”, diz um ditado baseado no salmo 126.
Eu soube disso desde criança. Certo dia minha mãe chegou da fábrica, tudo por fazer, um metro de louça na pia, dois metros de roupa no tanque, camas para arrumar...Ela já havia trabalhado oito horas em pé na tecelagem!
Meu pai havia comprado laranjas, quando viera almoçar em casa (a minha mãe almoçava na fábrica mesmo), e estavam espalhadas sobre a mesa. Ela, desanimada, sentou-se à mesa e, deixando tudo pra lá, começou a chupar laranjas. Depois foi tirar uma soneca. Eu nunca me esqueci disso! Percebi que ela confiava em Deus e sabia que mais tarde, um pouco mais descansada, daria conta do trabalho.
Tenho vários amigos afobados, desesperados para fazerem qualquer tipo de trabalho. Parecem que querem salvar o mundo. Jesus já fez isso! Há um deles que está sempre correndo, também, mas tem tudo milimetricamente planejado, inclusive as horas (exatíssimas) para dormir, acordar, comer, tomar banho, fazer sua caminhada (conta quantos quilômetros andou)...
Temos que acreditar que Deus tem conhecimento de tudo e é misericordioso. Ele nos tem em suas mãos. Não há necessidade de correria, a não ser, é claro, nas emergências. “Respiro já aqui na terra o ar do paraíso”! –dizia Santa Faustina. E uma autora, Mônica S., diz em seu livro sobre Santa Teresinha que ela achava que “A alegria não está nos objetos, mas no mais íntimo do coração; podemos senti-la no mais luxuoso palácio ou na mais triste prisão”.
Essa alegra só é possível com a paz, a serenidade, a confiança na ação de Deus no trabalho que fazemos. Quando tentamos fazer algo e não dá certo, após várias tentativa, deixemos na mão de Deus e façamos o pouco que podemos. Se Deus não está tão preocupado com isso, pois não está nos ajudando, por que deveríamos estar nós?
Isso ocorreu com o Cônego José Allamano, em Turim, fundador dos missionários e missionárias da Consolata. Os institutos não iam para frente de jeito nenhum. Estava tudo emperrado. Ele fez o que podia, e, no Santuário da Consolata, muito famoso, disse a Maria: “Maria, a obra é tua! Eu lha entrego! Fiz o possível! Se não quiseres essa tua obra, desfaze-a! O problema não é mais meu. Eu nada mais posso fazer! Foi uma oração mais ou menos como essa.
A partir desse momento, a obra deslanchou, foi para frente, e dura até hoje.
O Eclesiastes (Coilet) percebeu bem isso e nos transmitiu: “Não há outra felicidade para o homem além de comer, beber e gozar do bem-estar, fruto do seu trabalho. Notei que isso vem da mão de Deus, pois “quem pode, sem mim, comer e cuidar de si”? (Ecl 2,24).
É claro que isso tem que ser lido à luz do Novo Testamento e da crença da ressurreição final e na vida eterna, o que estava apenas se formando como ideia naquela época.
Se isso que estou aqui dizendo eu tivesse cumprido quando mais jovem, eu teria evitado uma porção de problemas e fatos acontecidos em minha vida. Houve uma época em minha vida que eu era um desses que trabalhava como louco. Havia me esquecido da lição desses dois amigos do banco. Eu me prejudiquei muito por causa disso. Por isso é que eu estou insistindo: oremos mais, coloquemos nossas ações e nossa vida nas mãos de Deus, que nunca “quebraremos as pernas”.
Digo, pois aos e às evangelizadores (as) que aproveitemos bem o nosso tempo com paciência, atendamos bem às pessoas, pois isso valerá a pena, mas deixemos Deus cuidar daquilo que não estiver ao nosso alcance! ”Lançai sobre ele vossas preocupações, porque ele cuida de vós”!(1ª Pedro 5,7).
Realmente, você acredita nisso?
07/07/12-
Estava fazendo a Via Sacra, dentro da Hora Santa quando, na terceira estação, a queda de Jesus, veio-me à mente o fato de que, se Jesus caiu no caminho do Calvário, é porque Ele pegou a Cruz: ele não a recusou! É porque Ele estava de pé! Se Ele não a tivesse pegado, nunca teria caído!
Em nossa vida, muitas vezes caímos porque estávamos de pé, estávamos tentando fazer alguma coisa boa para os outros e talvez fomos caluniados, ou vítimas de invejosos! O pior seria se nunca tivéssemos caído! Seria pelo motivo de que nunca estivéramos erguidos, tentando caminhar e ajudando outras pessoas a caminharem! De fato, quem se arrasta no chão, nunca vai cair! Quem rasteja no caminho, como uma cobra, não terá chance de cair!
Jesus caiu uma, duas, três vezes! Ele ia morrer mesmo! Por que simplesmente não largou a Cruz e deixasse que o matassem? Seria menos doloroso! Algum soldado talvez lhe enfiasse uma lança no peito e Ele não teria sofrido tanto!
Jesus não desistiu de sua Cruz : levou-a até o fim! E por tê-la levado, caiu. Fracassou? Aparentemente, sim! Mas não fez nenhum ato de fracassado: foi, vitoriosamente, caminhando para o suplício, suplício cruel, sangrento e extremamente doloroso.
A morte de Jesus foi tão bárbara que Pôncio Pilatos foi, alguns meses depois, destituído de seu posto de governador. Ele exagerou na dose e até as autoridades romanas reconheceram isso, ao destituí-lo.
Nós gostaríamos de nunca termos caído em pecado, de nunca termos desistido disto ou daquilo, não é mesmo? Mas, se caímos, é porque estávamos tentando andar, tentando caminhar no caminho que Jesus indicou.
Há diferença entre cair numa caminhada para o Reino de Deus e vivermos caídos! Os que vivem no crime, no pecado, na ambição, não estão no caminho! Nunca vão cair de lugar algum, pois já estão no chão! Talvez um dia estivessem, mas pode ser que desistiram e ficaram caídos. Se Jesus tivesse desistido, ficasse caído, teria sido morto ali mesmo. Não teria levado a Cruz até o Calvário.
Vamos ajudar os caídos? Vamos erguê-los? Aproveitemos o tempo em que estamos caídos, nossas quedas, em que estamos também “rastejando”, no mesmo nível que eles, para que nos reergamos com eles! Levantar-se juntos é mais realizável do que estender a mão de cima para baixo.
Essa é a diferença de quem tem fé em Deus, confiança no Amor Misericordioso de Jesus: sabe que ele sempre está com as mãos estendidas para nos pegar, com os braços abertos, como na Cruz, para se erguer conosco, a fim de que ressuscitemos com ele.
Veja bem: ressuscitarmos COM Jesus. Ele não nos puxa para cima, mas sobe conosco! Ele esteve conosco todo o tempo!
Deus não nos puxou para cima: Ele desceu, ficou conosco no mesmo nível apesar de nunca ter pecado, e substituiu-nos na Cruz: levou-a até o fim, mas caiu três vezes.
E nós? Quantas vezes caímos? Não importa. E Deus nos diz, como naquela canção antiga: “ Amigo, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”
Se caímos, amigos e amigas, ânimo! Retomemos o caminho e vigiemos, par não cairmos mais! Se você permanecer em pé, tentar ajudar os outros, talvez vá cair, sim, algum dia. Mas... Jesus também caiu por tentar levar a Cruz. Ele conhece bem o assunto!
(Set. 2016)
Até que ponto nós somos católicos? No quê realmente acreditamos? O que realmente entendemos dessa religião?
Vejo, com dor no coração, que muitos (muitos mesmo!) não entendem o valor e o conceito de muitas verdades de nossa fé. Eu mesmo, após 20 anos de estudo (contados com o primeiro grau) ainda não entendo direito várias coisas!
Dou um exemplo da Eucaristia. Quantos conseguem ver, de verdade, Jesus presente na Sagrada Hóstia, na Sagrada Partícula?
Jesus está ali, na nossa frente, em corpo, sangue, alma e divindade. Mas muitos veem, ali, apenas um pedaço de pão e um pouco de vinho! Não conseguem sentir a presença de Jesus. Vejam que maravilha é o Milagre de Lanciano (clique para ver).
Eu me coloco entre os que às vezes se esquecem disso. Quando faço minha Hora Santa diária, diante do Santíssimo, minha mente fica poucos minutos atenta a essa verdade. Numa boa parte do tempo a divagação vai longe, vai a lugares longínquos, ao ponto até de eu me esquecer que estou fazendo a oração e até cochilo!
Será que eu me portaria assim se visse Jesus em carne e osso à minha frente?
Quando percebo isso, peço logo perdão e volto à contemplação.
O Pe. Howard, que trabalhava em Nova Yorque, no Brooklin, com os latinos, falou-nos, numa pregação de retiro em Mogi das Cruzes, que, na Hora Santa, se conseguirmos ficar cinco minutos de verdadeira contemplação, já ganhamos a hora toda, já valeu a pena.
Isso quer dizer que mesmo ele, com um nível de abnegação altíssimo para trabalhar naquele lugar sinistro, com tamanho grau de santificação e de apostolado genuíno, mesmo ele sente dificuldade em concentrar-se nas orações.
Pelo menos estejamos conscientes do fato de que Jesus está ali, à nossa frente! Mesmo que não sintamos nada, creiamos nisso e façamos tudo como se ele estivesse ali em carne e osso, e não em forma de pão!
Outro sacramento em que não acreditamos muito é o da penitência ou confissão. Será que realmente acreditamos que Jesus nos perdoou depois que o padre nos deu a absolvição?
Miqueias diz que Deus pisará as nossas iniquidades, e as jogará no mais fundo odo mar, ou seja, ele as esquecerá (Miqueias 7,18-19). Acreditamos ou não nisso?
Se formos perdoados, deixemos o passado pra lá e recomecemos uma vida nova! Deus é misericordioso e realmente nos perdoa!
São Paulo nos diz em Filipenses 3,13-14 que ele se esquece das coisas que passam e lança-se para as que estão à sua frente. Isaías também fala nisso em Isaías 43,18-19: “ Não lembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconhecereis”?
Estudemos melhor a doutrina da Igreja e procuremos entendê-la! Em nossos blogues e sites eu falo muito disso. Sobretudo é bom sempre conferir na Bíblia tudo o que Jesus nos ensinou, e veremos que o que ensina a nossa Igreja Católica é verdadeiro e nos conduz ao caminho da santidade. Quantas coisas bonitas ela nos mostra! Que pena que muitos passam a vida sem percebê-las!
Nasci e fui criado numa cidadezinha do interior em que havia, à margem de um rio, uns 25 chiqueiros, com porcos cuidados pelos moradores. Cada chiqueiro era de um dono diferente, Naquele tempo não havia roubos: os chiqueiros eram fechados apenas com trincos.
Havia uma porca muito gorda, de meu pai, que dera cria: 12 leitõezinhos. Infelizmente ela deitou em cima de 11, matando-os, só sobrando um. Eu implorei a meu pai que o levasse para casa. Eu tinha uns 10 anos. Meu pai o levou e nós o criamos em casa, primeiro com mamadeira, depois com leite misturado com pão. Nós pregamos numa tábua 2 latas de goiabada e ali púnhamos a água e a sopinha de pão.
Chiquito (esse é o nome que dei ao porquinho) crescia forte e bonito. Era ainda novo, pequeno, quando uma galinha chocou uma ninhada de pintinhos que começaram a “invadir” as latas de alimentação dele. Ele agia como as pessoas pão-duras, egoístas e avarentas: não deixava os pintinhos comerem com ele.
Na vida é assim mesmo! Muitas vezes temos medo que nos falte o alimento, ou as nossas coisas, e não vemos as necessidades dos outros.
Precisamos confiar em Deus, que não nos deixa faltar nada se lhe formos fiéis, se o amarmos e o obedecermos. O Chiquito não era gente, e por isso não sabia que nunca deixaríamos que lhe faltasse alguma coisa!
Alguns dias depois das brigas do Chiquito com os pintinhos, aconteceu dele descobrir um buraco na porta de casa e por ele pôde sair para a rua. “Que beleza!” - deve ter pensado eles. “o mundo não é só o meu quintal! É também a rua!”
O padeiro passava por ali todos os dias às três horas da tarde, vendendo pão a domicílio, com um ford 1929 ou pouco mais novo. Ele deu um pãozinho para o Chiquito, que adorou a ideia e ficou freguês.
Todos os dias, quando o padeiro buzinava, o porquinho saía numa disparada e ia comer o seu “pãozinho de cada dia”. Meus colegas da rua coçavam sua barriga e ele deitava com as quatro patas para cima.
Uma coisa surpreendente aconteceu então: por ter o pãozinho diariamente lá for a, o Chiquito passou a deixar que os pintinhos comessem sua comida nas latas de goiabada.
Ele deitava-se ao lado e via os pintinhos que, abusados, começaram a subir nele e a bicar sua pele. A amizade entre eles começou a existir.
Nós tivemos um problema financeiro e vendemos (bem caro) o Chiquito a um homem que diariamente implorava que nós o vendêssemos. Soubemos depois que ele cresceu e vivia na casa dos novos donos, que nunca conseguiram matá-lo para comê-lo: o Chiquito morreu de morte natural, bem velhinho.
A moral da história: Quando nós finalmente descobrirmos que nossa vida não é só esta, mas continua na eternidade, não vamos mais nos apegar de modo exagerado ao que temos e vamos procurar ajudar mais as pessoas! Você topa? Não dá para aprendermos com o porquinho Chiquito?
Este texto não é um trabalho científico, mas apenas uma reflexão sem maiores pretensões.
Nossa mente é dividida didaticamente em três partes: EGO (eu consciente), SUPEREGO (nossas aquisições morais e de costumes), e o ID (inconsciente).
O EGO trabalha no hoje e no agora. Todas as coisas que nos são conscientes estão no EGO. As coisas que esquecemos estão no ID ou inconsciente. O que dirige tudo isso é o SUPEREGO.
Quando vamos fazer algo que contraria nossos preceitos morais adquiridos com nossa educação, família, escola e convivência, o SUPEREGO nos adverte que aquilo pode nos prejudicar.
Por outro lado, o ID ou inconsciente não tem passado nem futuro: é sempre atual. Não importa quando é que você fez alguma coisa, é como se você estivesse fazendo a coisa agora. Apesar do inconsciente ser uma gravação de coisas passadas, elas funcionam como se fossem presentes. Desse modo, uma coisa passada pode nos prejudicar e nos levar a cometer besteiras, justamente porque o problema, para o ID, ocorreu agora e não a quinze anos atrás.
Os psicólogos promovem a conscientização desse problema ou acontecimento passado para que, no consciente, você tome conhecimento dele, o aceite e então poderá ser mudado e sanado o problema pelo qual você passa. Suas atitudes passam a ser outras, mais sadias, porque você passa a dominar a situação e consegue superá-la.
Um exemplo: uma pessoa que conheço era muito tímida até os 24 anos e só ficou mais ousada quando, após uma série de sessões de psicanálise, fora colocada para chefiar um setor na firma onde trabalhava. Essa pessoa percebia que sua timidez não lhe era natural, pois em sua infância era extrovertida e animada.
Depois de uma série de sessões de psicanálise, descobriu que uma das causas de seu comportamento tímido fora o costume que uma de suas professoras do jardim de infância tinha de colocar esparadrapo em sua boca por falar demais na classe. Isso, aliado a problemas familiares, como os ataques de histeria do pai, que a colocava de castigo em frente dos outros, levou-a a uma timidez doentia. Perdeu toda a confiança e segurança próprias. Quando na firma alguém confiou nela e a colocou como chefe do setor, a autoconfiança lhe voltou. Foi uma espécie de complemento ao tratamento psicológico a que se submetera.
O esparadrapo físico fora tirado, mas o “esparadrapo” simbólico ficara, até que ela descobrisse esse mecanismo de “castração” psicológica.
Outra coisa interessante são os sonhos: o nosso inconsciente coloca nossos problemas na consciência, mesmo adormecida, e o SUPEREGO os disfarça, a fim de que possamos dormir mais tranquilamente.
No caso de um pesadelo, ele faz o contrário: faz com que acordemos, para não acontecer nenhum dano à nossa mente ou mesmo para não morrermos de infarto.
Vou dar um exemplo para ser melhor entendido: quando o rapaz ama a namorada de seu melhor amigo, nunca vai sonhar que está beijando ou fazendo carinho a ela, mas simplesmente que a está confortando, por exemplo, por seu amigo estar distante ou mesmo ter morrido (no sonho). Esse disfarce é obra do SUPEREGO. Ele controla nossa mente, quando estamos dormindo, para que possamos continuar dormindo em paz, e não sermos atormentados pelos nossos sentimentos de culpa.
Quando você tiver um sonho, pense no que aquilo possa simbolizar dentro dos seus conhecimentos do dia a dia, costumes, símbolos aprendidos desde a infância e aos poucos, você vai, por meio da autoanálise, descobrindo-se aos poucos, desvendando os seus problemas, suas causas e os porquês de seu desânimo e compreensão diante de suas atitudes.
Uma coisa é certa: não é uma atitude correta interpretar os sonhos como premonições do futuro. Pode ser que alguma pessoa que tenha poderes parapsicológicos consiga isso, mas é uma coisa muito rara. O normal é procurar interpretar os sonhos desse modo que falamos acima: ver o simbolismo em nossa vida de cada coisa que sonhamos.
06/11/18
Eis algumas dicas para nós prevenirmos o estresse da vida moderna :
1- Fazer uma coisa de cada vez, caprichada, sem se preocupar com as outras obrigações ou preocupações do restante do dia. Vou dar um exemplo de desperdício: quando você estiver comendo frango assado, não fique comentando com o outro comensal sobre picanha ou outro tipo de comida. Aprecie o frango assado! É tão comum as pessoas comerem uma coisa comentando sobre outra!
2- Gandhi diz que caminhar é o melhor remédio para a saúde. Procure caminhar pelo menos 45 minutos diariamente!
3- Quando estiver fazendo algo, pare um pouco, respire fundo, dê alguns passos no ambiente mesmo em que está, dê uma relaxada e depois volte a fazer o que fazia. Não fique trabalhando direto. Isso vale, sobretudo, para quem trabalha diante de um computador. Lembro-me sempre de minha mãe. Eu me debruçava sobre os livros, quando estudava, e ela, mesmo tendo pouca instrução escolar, quando eu já estudara bastante, fechava o meu livro e me expulsava da casa: “Vá brincar um pouco e depois você volta”. É, gente, eu era muito “Caxias”. Ô mãe abençoada que eu tinha!
4- Siga o que já dizia Santa Teresa de Ávila: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa. A paciência tudo alcança. Deus nunca muda. A quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta!”. Ou seja: não fique preocupado(a) com as tarefas que tem que realizar durante o dia. Faça coisa por coisa, sem pressa, sem se afobar. Confie em Deus. Acredite que ele está presente e pode lhe ajudar sempre. Nem um fio de cabelo cai de nossa cabeça sem que Deus consinta. É verdade que muitas desgraças acontecem sem que tenha sido da vontade dele, mas ele consente. Se você tiver contato constante com Deus, creia que ele não vai permitir algo que possa impedir você de se salvar. Sim! Nós nos preocupamos muito com esta vida, mas Deus pensa muito além disso: ele quer preservar-nos para a vida eterna e é por isso que ele permite certas desgraças e coisas ruins em nossa vida. Pode ser que aquela coisa não seja tão ruim assim se, por exemplo, livrou-nos da perdição eterna!
5- Tudo o que você tem que fazer e não gosta, faça oferecendo aquilo para reparar seus pecados, ou para alguma outra intenção, como penitência. O hábito vai acabar tornando aquilo agradável. O meu tio, quando éramos crianças, repetiu o que seria hoje a oitava série por causa da matemática. Naquele tempo havia 2ª época para quem não conseguisse a nota necessária na primeira prova. Ele estudou tanto para passar que acabou gostando da matemática e tornou-se engenheiro eletricista. Atualmente, com 77 anos de idade, já aposentado, foi chamado pela firma em que trabalhava para resolver alguns problemas que eles não estavam conseguindo resolver. Ele voltou a trabalhar, pois não achava o que fazer em casa. O trabalho dele é em São Paulo, mas ele mora numa cidade vizinha. Sobre a demora do trânsito, ele me disse: “O tempo em que eu fazia nada em casa, faço nada no trânsito! É a mesma perda de tempo! Só que agora sou remunerado para isso”. E ele tem razão...
6- Diariamente tire um tempo, além do trabalho, para a oração e para uma “happy hour”, ou seja, um tempo de descontração, de lazer. Passe diariamente um tempinho com a família. Se você mora sozinho(a), leia os vários artigos deste site e os siga.
7-Enfim, por mais complicada esteja sua situação familiar, econômica, social, pessoal, lembre-se de que SEMPRE HÁ UMA SAÍDA e de que Deus nos ama infinitamente. Coloque tudo nas mãos de Deus, confie em sua Providência Divina, e reze. Se você não conseguir ficar um tempo maior em oração, reze orações curtas, como “jaculatórias”, muitas vezes ao dia. É o costume dos monges orientais. São “pequenos tiros” de esperança que lançamos para o Céu. Exemplo dessas pequenas orações: “Senhor Jesus, Filho do Deus Vivo, tende piedade de mim, pecador”. Outra: “Jesus, eu te amo, me ajude!”. Ou ainda: “Jesus, Maria, José, aumentai minha fé”. José, Jesus, Maria, sede minha alegria!”. “José, Maria, Jesus, que eu saiba levar minha cruz!”. E outras, parecidas com essas. Você nem faz ideia de como isso ajuda! Eu, pelo menos, faço sempre essas pequenas orações.
Parece que não acreditamos quando lemos na bíblia e ouvimos da Igreja a grande verdade de que Deus perdoa realmente as nossas faltas e se “esquece” delas. A condição, entretanto, é que nós não as cometamos mais! Não adianta pedir perdão e não lutar para não mais pecar. Se fizermos isso, nosso perdão está garantido, os pecados pertencem ao passado, que não mais existe. Não desconfie do seu perdão, perdoe-se a si mesmo, perdoe aos demais, lute contra o pecado.
Temos tanta vergonha de falar ao padre nosso pecado! Aliás, muitos nem se confessam direito, por conta dessa vergonha, o que só nos trará problemas diante do “tribunal” divino.
A sinceridade ao pedir perdão é o mais importante para sermos perdoados. Se não os cometermos mais, não precisaremos relatar aquilo outra vez a ninguém! Perdoado é perdoado, esquecido! Acho que lutar é sacrificante, mas compensador, pois não passaremos mais vergonha!
Tenha coragem, vá a um padre, conte tudo o que você fez de errado, sem esconder nada, e tudo o que deveria ter feito de bom e não o fez! E confie no perdão.
Perdoar aos outros é outra condição essencial. Quem não perdoar, não será perdoado. Veja, então, o que a bíblia fala do perdão divino!
Diz o Beato Carlos de Foucauld: “As faltas passadas não me assustam; (...) Deus perdoa porque Ele apaga até as manchas e torna à sua plenitude a nossa beleza primeira”.
Miquéias 7,18-19: Deus vai atirar no fundo do mar os nossos pecados, após havê-los pisado.
Isaías 38,17: “Tu preservaste a minha alma do abismo do nada. Lançaste atrás de ti todos os meus pecados”.
Jeremias 7,1-11: “Vocês matam, pecam, e depois vêm ao templo, acham que está tudo certo e continuam a vida de pecado!” De Deus não se zomba! O arrependimento deve ser sincero.
João 8,10- Jesus pede à pecadora que não peque mais.
João 5,14-“não peques mais para que não te suceda algo pior” (=o inferno).
1ª Cor 10,13- Deus não permite que sejamos tentados acima de nossas forças. Ele nos dará os meios e a força para sair das tentações ou suportá-la (não há desculpa para o pecado).
Tiago 1,14- nem sempre é o demônio que nos tenta. Às vezes é nossa própria concupiscência!
Tiago 1,12- Suportar com paciência a provação, para recebermos a coroa da vida, que o Senhor concede aos que o amam.
Isaías 65,17- “As coisas de outrora não serão lembradas”.
Isaías 43,18-19- “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos!” (Perdão recebido, vida nova!)
Fil 3,13-14- Esquecer do que fica para trás e lançar-se para o que está na frente.
Mateus 6,14-15 e Col 3,13- Perdoar para ser perdoado.
Mateus 18,21-22- Perdoar sempre, sem medidas.
1ª João 4,18- Não há temor no amor. Por que ter medo, se fomos perdoados?
Isaías 55,6-7- Procuremos Deus enquanto Ele se deixa encontrar e nos perdoará, porque Deus “è rico em perdão”.
Hebreus 12,14- Resistir até ao sangue na luta contra o pecado.
Deixe para lá o passado e, perdoado, viva bem o tempo presente, o Agora. Habitue-se a viver o que você está vivendo neste momento. Treine-se para aprender a não pensar quando você não quiser fazer isso.
Eckhart Tolle ensina que um método: feche os olhos e, sem pensar nada, imagine os seus órgãos internos e externos; cabeça, mãos, pés, coração, fígado... Depois fixe-se no que está ao seu redor, à sua frente, ao seu lado. Contemple a natureza ou o local em que você está. Aos poucos você sentirá paz, e saberá viver uma vida nova, sem o pecado. Lute só por hoje, só por agora. Não se preocupe demais com o futuro, mas apenas com o que for necessário (Eckhart Tolle, “ O poder do agora”, ed. Sextante).
31/03/2019
Muitas pessoas se confessam para a primeira comunhão e depois nunca mais na vida se confessam.
Tenho atendido confissões de pessoas em vésperas de morrer e vejo como ficam confortadas e como morrem em paz! É impressionante os efeitos benéficos de uma confissão.
Já São Tiago diz, no capítulo 5, versículo 16: “Confessai, pois, uns aos outros os vossos pecados”.
O sacerdote, seja ele santo ou pecador, tem a autoridade para perdoar os pecados. No momento da absolvição, Jesus fica no lugar do sacerdote e é Jesus quem perdoa os pecados daquele penitente.
A absolvição dos pecados não depende do estado moral do confessor. Depende, isto sim, da sinceridade do penitente.
Havendo arrependimento dos pecados, a confissão é plenamente satisfatória e deixa novamente pura e “limpa” a veste batismal de quem está se confessando. Se morrer nesse estado, vai direto para o céu.
Se não houver um arrependimento total, mas houver um desejo sincero e forte de não mais pecar, a confissão será igualmente válida, os pecados confessados serão perdoados, mas o penitente fica devendo a satisfação daqueles pecados perdoados. Ou seja, se morrer nesse estado, vai ter que passar pelo Purgatório.
Deus não quer a perdição de nenhum de seus filhos(as). Vemos, por exemplo, em Ezequiel 18, 23, lemos que Deus não quer a morte (eterna) do ímpio, mas que ele se converta e viva (a vida no paraíso). Entretanto, Ele respeita a nossa liberdade e não vai nos salvar sem nossa permissão. Pecar e não pedir perdão é uma forma de dizer que não queremos nos salvar. Aí, Deus respeita a nossa decisão e a pessoa que morre nesse estado de não aceitação do perdão de Deus vai para o Inferno. É o tal “pecado contra o Espírito Santo”.
Foi Jesus que deixou os sacerdotes para perdoarem os pecados em seu nome: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 22-23).
Essa autoridade para perdoar os pecados foi transmitida pelo sacramento da Ordem aos presbíteros, pela imposição das mãos desde os Apóstolos. É o que chamamos de Sucessão Apostólica. Por meio da ordenação o sacerdote pode também celebrar a Santa Missa “Na Pessoa de Cristo”.
A Igreja propõe cinco passos:
1- EXAME DE CONSCIÊNCIA:
Pesquisar quais pecados cometemos no nosso dia a dia. Isso deve ser feito com muita sinceridade, procurando evitar desculpas por ter agido deste ou daquele jeito. Tente lembrar-se dos pecados cometidos por pensamentos, palavras, atos e omissões. Peça a Deus, por Maria e pelo Anjo da Guarda, que lembre você dos pecados cometidos.
2- SENTIR PESAR POR TER PECADO
Peça a Deus que dê a você um arrependimento, uma dor sincera pelos seus pecados.
3- PROPOR NÃO PECAR MAIS
Acredito que seja o item mais importante. Sem esse propósito sincero, a confissão não vai ter valor.
4- CONFESSAR OS PECADOS AO PADRE
Confessar tudo, sem esconder nada, confiando que o padre guardará segredo de tudo o que você lhe falar. O segredo da confissão é algo real e 100% praticado. Diga ao padre quantas vezes fez tal e tal coisa e as circunstâncias. Por exemplo, tratar mal aos pais é mais grave do que tratar mal algum amigo (que, aliás, pode ser também pecado grave). Se se esquecer de alguns pecados, não se aborreça. Peça também perdão dos pecados esquecidos. Se você ocultar conscientemente algum pecado, a confissão não será válida. Não é preciso falar os pecados já perdoados, mas apenas os cometidos desde a última confissão bem feita.
5- CUMPRIR A PENITÊNCIA DADA PELO CONFESSOR
Que sempre se reduz a alguma oração rápida. Mas eu aconselho você a aprofundar essa penitência, fazendo, por exemplo, às quartas e sextas-feiras pelo menos uma penitência.
Na bíblia vemos muitos exemplos de pecadores arrependidos que obtiveram pleno perdão. Davi, por exemplo, que cometeu homicídio e adultério, mas se arrependeu e foi perdoado. A adúltera, que foi perdoada, mas recebeu o aviso de Jesus para não mais pecar. Em Miqueias cap. 7 vers. 18-20, lemos que Deus jogará nossas iniquidades no mais profundo do mar e esquecerá as nossas faltas.
Nossa Senhora, em suas aparições de Medjugorje, insiste muito na confissão para nossa santificação e garantia da vida eterna.
Deixe sua vergonha de lado (o padre, seja ele quem for também é pecador) e vá se confessar! É bom, é grátis, e nos deixa transformados. A graça de Deus pode fluir em nós.
28/04/2019
A conversão não é coisa de um determinado dia em nossa vida, mas um processo que dura a vida toda.
Recebi a carta de uma amiga que conheço há várias décadas, que conta um “insight” que ela teve.
“Insight” pode ser entendido como uma tomada repentina de consciência das besteiras que fazemos mas não percebemos.
Eu tive um insight desses há uns 17 anos, devido a um acontecimento trágico em minha vida.
Quando a gente sente essa auto conscientização repentina, percebe que estava cego(a) durante todo o tempo, e tudo o que as pessoas nos falaram nos admoestando em relação ao que fazíamos, tomam um sentido novo, autêntico, sem subterfúgios. A isso chamam, na vida espiritual, de "segunda conversão".
Amigos e amigas, a coisa é séria. Podemos estar no caminho errado e não percebermos. É preciso ser sincero (a) em fazermos um exame de consciência realista e imparcial sobre nossa vida. Não espere acontecer uma tragédia em sua vida para tomar essa auto conscientização, esse “insight”.
A seguir, a carta da minha amiga.
TEMPO PERDIDO
24/04/2019
Quanto tempo perdido!
Meu Deus, como eu sou burra!
Eu lia na vida dos Santos que eles faziam penitência e ficava indignada, pois, ao meu ver, eles sofriam tanto, apesar de viver uma vida correta! Eu perguntava: “Jesus por que eles fazem isto? Por que eles se flagelam e se martirizam”?
Hoje eu vejo claramente. Parece que hoje é a minha vez! Como tenho vontade de pegar um porrete de marmelo e socar no meu lombo! Sinto vontade de bater minha cabeça numa pedra. Como pude ser tão burra assim?
Deus me amou tanto, me deu tantas oportunidades, tem sido tão misericordioso, falou tanto comigo e eu, burra, não soube acolher suas palavras.
Jogando, aos poucos, tudo para o alto com a minha arrogância, minha antipatia, meu jeito orgulhoso de querer saber tudo, de não aceitar os defeitos dos outros, achando que tudo está errado e que não tem ninguém bom.
Meu Deus, quanta vergonha! Que vontade de fazer como os primeiros discípulos: me enrolar em cinzas, rasgar minhas vestes, me enrolar em sacos, nem sei se eu mereço enrolar em sacos! Acho que basta cobrir-me de cinzas.
Quanta besteira eu cometi! Quanto tempo perdido! Pra quê ou por quê?
Tudo em vão, a troco de nada.
Nesta quaresma fiz um propósito, apenas um propósito, de fazer a Via Sacra Eucarística na capela, onde Jesus olha pra mim e eu olho pra Ele, onde Ele fala comigo e eu falo com Ele.
Ali Ele mostrou toda a minha miséria, quanta podridão eu insistia em carregar, coisas que vários padres tentaram me mostrar, mas eu insistia em ficar com a teimosia que me cegava não deixava ver.
Jesus me pedia tão pouco! E eu insistia em fazer tanto!
O que Ele mais esperava de mim é que eu O amasse.
Mas meus pecados sempre me distanciavam dele Ele.
Eu ali, lutando para mostrar para o ser humano quem eu era e o que eu era capaz de fazer, querendo me justificar a todo custo.
Quanto murro em ponta de faca! Quanto sofrimento! Na minha pobre inocência, pensava que estava ajudando, achando que podia tirar as pessoas do erro, mas fazendo engolir gatos inteiros, empurrando goela abaixo.
Com este desejo de ajudar a salvar as pessoas, só as magoei! Quanta gente eu magoei e ofendi sem saber e sem querer! Eu não tenho que consertar ninguém! Se tem alguém que precisa de conserto, sou eu!
Eu só preciso amar.
E Jesus sempre perto de mim, me conduzindo, não me deixou desviar do caminho reto e nunca desistiu de mim.
O amor Dele é tanto, que sabia que se me tratasse como eu trato os meus irmãos, ia sair feito uma louca e não voltava mais. Eu não preciso me preocupar nem pedir nada pra alguém. Basta eu me entregar pra Jesus, pois Ele é o justo Juiz que conhece todos os segredos humanos e ELE sabe quem pratica a injustiça e quem as sofre. Disse Jesus que irá julgar o culpado e também o inocente, que sempre dá um tempo de sofrimento para provar um e o outro secretamente.
Dei trabalho pra Jesus. Ele ficou 62 anos me lapidando e mostrando a realidade do mundo e cativando-me, de modo que fui me apaixonando cada dia mais por ELE e pelas suas obras.
Mas ainda eu não amava Sua mãe como deveria, e isso muito O magoa.
Ele me deu a oportunidade de ver e relembrar de um fato que marcou muito minha história.
Para meditar sobre a Sua mãe, eu tinha que levar uma foto dela. Procurei várias, e no exato momento acabei não levando nenhuma. No curso que eu fazia, pequei uma, que fez estremecer o meu coração, ao ver que era uma que um sacerdote usava nos nossos encontros da Pastoral Carcerária, e em que o manuseio contínuo fez aparecer como que uma lágrima a rolar de seu olho. Nesse dia eu percebi isso de modo mais profundo. A dirigente pediu para observar a estampa e eu deparei com uma coroa de espinhos pontiagudos enfiados poderosamente em seu coração. Na hora que ela disse olhe nos olhos dela e veja o ela quer dizer! Ao olhar naqueles olhinhos cheios de lágrimas e duas gotas rolando em seu rostinho, aí eu pude sentir o que ela quis mostrar para mim: Ela sendo a Mãe de Jesus, aceitou todo sofrimento sem sequer poder reclamar, nem mesmo aos pés da cruz.
"Eu lhe darei o que prometi, cumprirei o que lhe disse, contando que seja fiel e me amar até o fim. Escreva minhas Palavras em seu coração, considere-as atentamente, porque lhe serão muito necessárias no tempo da tentação. O que agora você não entende ao ler, entenderá quando eu visitá-la. Tenho dois modos de visitar meus escolhidos: permitindo-lhes a tentação e consolando-os. Dou-lhes cada um duas lições: repreendo-lhes os vícios e estimulo-os a que se adiantem mais e mais na virtude”.
Senhor, obrigada, eu te amo! Meu Deus ,como sou burra! Dá-me a Tua Graça, Senhor! Eu quero viver pra Te amar e Amar-TE para viver, e esquecer o mundo.
Não só amar, mas deixar-se amar: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir-me a porta, cearei com ele e ele comigo” (Apoc 3,20). Deixar que Jesus entre em nossa vida e nos ame!
Quando nós amamos, procuramos as pessoas por mim amadas quando e como julgar necessário; quando nos deixamos amar, são as pessoas que nos procuram quando e como acharem necessário, e é aí que se encontra a dificuldade; às vezes não estamos muito dispostos a ouvir ninguém, nem atender ninguém!
Eu recebia, às vezes, a ligação de um vigia noturno que frequentava a paróquia, que me acordava às 2 ou 3 horas da madrugada. Tinha medo de ser assaltado e ficava meia hora falando comigo. Eu apenas o ouvia, quase não dizia nada, mas ele se contentava com isso.
S. Pedro disse a Jesus: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” (como quem diz: e quero continuar “numa boa”) (Lucas 5,8).
“O meu jugo é suave, o meu peso é leve”. (Mt 11,30). Percebam que Jesus pede que nós o deixemos amar-nos, mas isso vai ter um preço: o seu jugo. Mas é um jugo suave, um peso leve.
Adão e Eva cometeram a mesma besteira: não quiseram deixar-se amar por Deus. Quiseram ser “os donos dos seus próprios narizes “ e deu no que deu.
Jesus, pelo contrário, não fez sua própria vontade, mas deixou-se amar pelo Pai e por nós. Deixar-se amar por Deus é, como Jesus fez, fazer a sua vontade plenamente, seja ela qual for, porque confiamos plenamente em Deus e sabemos que ele só vai fazer e querer o bem para nós.
Referindo-se a outras pessoas, sempre tomemos cuidado para que ela (s) não queira (m) exclusividade em nossa amizade e coloquemos um limite em suas atitudes. Há casos de apegos doentios que devemos evitar.
Deus nos ama com um amor eterno (Jeremias 31,3).Tudo o que temos que fazer é deixar que ele nos ame como e quando ele quiser. Ele vai nos conduzir à luz da Verdade, mesmo nos permitindo horas difíceis, e teremos sua companhia no céu, para sempre.
16/08/2018
É muito comum nos depararmos numa situação em que o desânimo nos pega de surpresa. Às vezes nem conseguimos atinar ao certo com a causa. Jogamo-nos no sofá da sala, ligamos algum aparelho que nos permita ouvir músicas de “down”, as lágrimas correm pela nossa face (olhe que romântico), abrimos uma caixa de bombons, ou tomamos uma(s) dose(s) de uísque ou, se não tivermos uísque, vai cachaça mesmo, mas lá fora a vida continua, e se não tomarmos cuidado, vai continuar nos arrastando.
Muitas vezes o desânimo vem do nosso orgulho refinado. Uma pessoa realmente humilde quase nunca cai em desânimo, porque conhece seus limites e suas fraquezas.
Minha mãe, certa vez, chegou da fábrica de tecidos onde trabalhava em pé, das 4:30 h da manhã até 13:00 h, e havia um metro de louça para lavar, um metro e meio de roupa, casa para limpar, incluindo fogão (a lenha e a gás), quintal, banheiro, quartos (as camas ainda estavam desfeitas), e outras coisinhas mais.
Meu pai almoçava em casa e deixara várias laranjas sobre a mesa. Eu passara a manhã na escola e havia almoçado com o meu pai. Eu ajudava em alguma coisa, varria aqui e ali, mas era quase nada.
Minha mãe, sabiamente, deixou tudo pra lá, sentou-se e começou a comer laranjas (em casa aprendi a comer as laranjas com bagaço). Terminando, foi deitar-se para descansar um pouco. A casa ficou para mais tarde, quando ela já estava mais descansada.
Quando você tiver uma crise de desânimo, deixe tudo pra lá e faça uns momentos de relax, faça uma caminhada, ou tome um banho, ou coma (ou chupe) algumas laranjas, e quando puder, quando estiver com ânimo, reze.
O padre Celso Pedro, de São Paulo, sempre diz: “Não sabe o que fazer? Reze. Não sabe o que rezar? Reze o Pai-Nosso”!
O desânimo vai sair de sua vida quando você aprender a fazer estas coisas:
1- Ter à sua frente seus limites e imperfeições. Conhecer-se. Saber até onde pode ir.
2- Rezar sempre, colocando-se diante de Deus, apresentando o pouco que conseguiu fazer de bom, valorizando tudo o que fez, e pedir-lhe forças para melhorar sua eficiência.
3- Nunca comparar-se aos outros, nem aos santos. Cada um é cada um, cada um tem seus problemas, suas capacidades e suas limitações.
4- Viver cada dia, sem muitas pretensões, sem muitos planejamentos, apenas o necessário.
5- Ter certeza de que amanhã será um dia melhor, você poderá recomeçar tudo do zero, se for necessário. Aí entra e muito a humildade. Quando não nos conformamos com alguma coisa que fizemos errada, é porque não somos humildes. A humildade nos leva sempre a reconhecer que somos fracos, propensos ao pecado, e nunca nos assustarmos quando o que fizemos não saiu como planejamos. Simplesmente pedimos perdão, se for o caso, perdoamo-nos, e continuamos simplesmente a nossa vida. Sem desânimo.
6- Por último, saber que Deus não é cego, nem mudo, nem surdo. Ele nos ouve, fala conosco por vários canais, nos vê e, sobretudo, está sempre conosco e a fim de nós.
Já planejei a lápide do meu túmulo. Nela vai estar escrito: “Aqui jaz um homem que nunca desanimou”.
No livro 4 de “A Imitação de Cristo”, de Thomas de Kempis, capítulo18 lemos: “Bem-aventurada é a simplicidade, que deixa os caminhos dificultosos das discussões para andar no cominho plano e firme dos mandamentos de Deus!”.
Sem Deus, nada podemos fazer. A Igreja precisa ser, realmente, “A Igreja dos pobres!”. A pobreza, na Igreja, é seguida por grupos de homens e mulheres, mas se olhamos a verdadeira pobreza e a verdadeira simplicidade, sobram poucos desses grupos. A maioria das congregações religiosas se distanciou muito da ideia inicial de seus fundadores e não vive mais a pobreza evangélica.
Já dizia São João Crisóstomo, pelos anos 400: “Qual é o proveito se a mesa de Cristo está coberta de taças de ouro, se ele próprio morre de fome?” (Na pessoa do pobre) “Sacia primeiro o faminto e depois, do que sobrar, adorna a sua mesa!”.
Enquanto houver tanta pobreza e miséria, não podemos nos dar a certos luxos, a certas frivolidades. Pessoas morrem de fome, de ignorância, de insalubridade, enquanto as dioceses estão preocupadas com reformas, construções e tantas outras coisas às vezes secundárias e até descartáveis.
Os meios pobres de evangelização trazem um maior apoio da graça de Deus. Se apelarmos a muitas técnicas e parafernálias, acabamos nos acostumando a elas e achando que são elas que nos ajudarão, e não a graça de Deus. Não podemos justificar o luxo e as coisas supérfluas como desculpa para a evangelização. Diz Lc. 10,4 (No Apostolado) “Não leveis bolsa, nem alforje, nem calçados”.“abismo atrai outro abismo” (Salmo 42, 7). Ou, como diz 2°Cor 12, 10, “Quando sou fraco então sou forte”.
Certa vez minha mãe chegou da fábrica, após 8 horas de trabalho, em pé, na tecelagem. A casa sem empregada (éramos pobres), estava uma bagunça! Ela, cansadíssima, deixou de lado todo o serviço e, calmamente, descascou e chupou algumas laranjas que meu pai deixara sobe a mesa quando ele viera também da fábrica, para almoçar.
Esse fato marcou-me profundamente! Percebi que nunca devemos nos apavorar com o trabalho, e sempre agir em parceira com Deus. Confiar na Providência Divina!
Quando eu tinha uns dez anos, criamos um porquinho, a quem chamamos “Chiquito”, em casa. O Chiquito nunca deixava uma nossa galinha choca e seus vários pintinhos comer de seu pão com leite. Um dia, porém, ele achou um jeito de ir para a rua e começou a receber pãozinho do padeiro das 15 h, que entregava o pão num Ford “bigode”. Todos os dias o Chiquito comia pão e era acariciado pelas crianças. Nunca mais ele se importou com a galinha e seus pintinhos: deixava-os comer á vontade, pois ele tinha coisa melhor lá fora!
Isso nos mostra que não devemos nos desesperar com o medo da solidão, da pobreza, do anonimato! Por que essa busca desenfreada pelo poder (mesmo na Igreja!) e pelo dinheiro? Até o porquinho Chiquito aprendeu a ser generoso, sabendo que tinha bens melhores lá fora. Se nós temos o céu, a vida eterna, por que o medo? Por que não confiamos que Deus realmente nos ama e é um “Pai que nos ama com um coração de mãe” (C. Mesters) e NUNCA VAI NOS ABANDONAR? Trabalhemos e vivamos com simplicidade, com pobreza, com amor, com despojamento, e Deus nos ajudará.
Nós pregamos que Deus é um Deus poderoso e misericordioso, mas, na prática, achamos que Ele é mentiroso e nos mentiu quando mandou que deixássemos tudo, todo o poder, para confiar nele. Vejam estas citações. A simplicidade de Cristo: 2° Cor 11, 3; Paulo vive na simplicidade e sinceridade: 2° Cor 1, 12; As bem-aventuranças: Mt 5, 1-12; Confiar na Providência Divina: Mt 6, 24-34; Lc 12, 22-34; Renunciar a tudo para obter a graças de Deus: Lc 14, 25-35. Como Jesus, devemos servir e não sermos servidos (Lc 12,37; João 13,1-16).
10/03/16
Amós5,24: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é: Casa comum, nossa responsabilidade, e é ecumênica (participação de várias denominações religiosas).
Conversamos em grupo sobre esse assunto, agora há pouco, e comentamos quanto desperdício promovemos no nosso dia a dia. Quanta água desperdiçada quando, por exemplo, muitos escovam os os dentes, ou cortam a barba, enquanto no Nordeste muitos até chegam a morrer de sede!
Conversamos sobre o que poderíamos fazer para sanar esse problema mas, a não ser pessoalmente, em nossos hábitos, nada mais conseguimos, e na conscientização dos amigos e pessoas que convivem conosco.
Escrevi uma poesia sobre esse assunto. É assim:
A DEVASTAÇÃO DA NATUREZA
Poetas, não poetas,
todos concordam:
Mundo veloz,
mais atraente,
mas sem beleza,
sem natureza,
sem a singeleza
com que foi criado.
Flores vertem cicuta,
nada vale a labuta
dos trabalhadores,
pobres operários.
Homens se trucidam,
muitos se suicidam,
morrem em vão.
O mar vira aquarela,
a natureza, antes bela,
nunca se recuperarão.
Peixes sem rumo,
sem oxigênio,
morrem a céu aberto.
Na Amazônia, logo logo
veremos sua última árvore,
sem muito alarde,
ser destruída
por um simples raio
dando nome a um novo deserto:
o Deserto Amazônico!
Foi Deus que o mandou?
Não sei.
Mas se Ele eu fosse,
Nunca sequer nos criaria.
Quando Deus criou o mundo tinha consciência de que haveria problemas a resolver, como secas, frio ou calor intenso, parasitas, vírus etc.
Ele se daria a nós como uma árvore da vida, onde poderíamos buscar auxílio para todas as imperfeições. Seu auxílio às imperfeições seria algo constante e ininterrupto.
Entretanto, o ser humano fez pouco caso da Árvore da Vida e comeu o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, ou seja, o livre-arbítrio, o estar independente de Deus. Deu no que deu: só contamos com a sabedoria humana (que nesse assunto foi burrice humana) para resolver os problemas.
Mas Deus ainda nos ajuda, se lhe pedirmos: “pedi e se vos dará”. Precisamos contar sempre com Deus em nossa vida, pois “Sem Deus a criatura se reduz a nada”, diz a Lumen Gentium. Os problemas do mundo são muitos, e sofremos muito se vivermos longe dele.
O que faz a pessoa relutar tanto contra Deus? Por que é assim tão difícil acreditar em sua mensagem, dada a nós por Jesus Cristo? O que nos faz tendermos tanto ao materialismo? Nossa vida é uma luta constante e renhida entre corpo e alma, material e espiritual, santo e profano...
Estamos imersos no profano, e as coisas santas tornam-se não coisas normais, mas exceções. Se quisermos abraça-las, temos que fazer violência contra nós mesmos. “Ainda não derramastes sangue na luta contra o pecado”! (Hebreus 12,4).
Quantas pregações nós já ouvimos? Mas quantas nós seguimos de verdade? De quantos retiros já participamos? Eu mesmo, de uns 70, no mínimo! E eu pergunto: nós já nos tornamos santos? Se tivéssemos seguido as palavras desses retiros, já o seríamos.
Às vezes eu me pergunto se nós realmente acreditamos que a Igreja fala a verdade quando nos mostra, com Jesus, o caminho da salvação. O céu existe, Deus existe, o inferno é uma realidade, a salvação que Cristo nos trouxe é uma realidade e, o mais precioso conhecimento que temos, a MISERICÓRDIA DIVINA é uma realidade. Muitas vezes, infelizmente, trocamos a felicidade eterna por... um prato de lentilhas, como Esaú o fez!
08/03/2106-
Na revista Ultimato de março/abril 2016, nº 359, à página 12, vi uma pesquisa sobre a pastores evangélicos que deixaram o pastorado. A pergunta feita, nos Estados Unidos, era: “Por que você deixou o pastorado”?
Em relação aos padres é mais fácil imaginar o motivo, em sua maioria: o casamento. Mas em relação aos pastores, as respostas foram diversas: por mudança de chamado, por conflito na igreja, por finanças pessoais, por questões familiares, esgotamento (bournout).
Esses 734 pastores abandonaram o “pastorado”. Será que são mesmo esses os motivos que levam as pessoas a abandonarem o pastorado, ou o apostolado (na nossa linguagem)? Quantos padres deixaram o ministério!
Eu estava escrevendo isto quando um homem veio me pedir que opinasse sobre um poema que ele escrevera para o dia da mulher, que é comemorado hoje. Ei-lo:
“ Não quero que você me ame/ só pelo simples fato de te amar/; quero que me ame pelo simples fato de merecer te amar;/ não quero que se preocupe comigo só porque eu me preocupo com você; quero que se preocupe comigo/ porque faço da sua preocupação a minha própria!/ Não quero que chore por alegria ou até mesmo por tristeza por mim, / mas, se chorar, / chore por saber que eu estou sempre aí para enxugar, / com todo o meu amor e coração,/ suas lágrimas, / oferecendo sempre um ombro amigo/, para sempre desabafar./ Não peço e nunca irei pedir que você me ame/, mas farei por merecer ser amado por você/, sempre e no final,/ você apenas irá me amar,/ sem precisar falar ou mostrar./ Amor a gente não pede, não se mede,/ apenas deixa transparecer”.
Você gostou? Depois ele me mostrou as dez coisas que mais gosta em sua esposa. Veja se bate com a sua opinião sobre esse assunto:
1- Seu caráter incomparável
2- Seu carisma único no mundo
3- Sua beleza sem comparação
4- Guerreira sem limite quando quer ou acredita em alguma coisa
5- Nunca desiste de nada que acha certo
6- Uma mulher, mas sem perder o jeito e a essência da menina.
7- Nunca vê maldade em ninguém. Ajuda sem querer nada em troca.
8- Tem rostinho de criança, mas um corpo fenomenal de mulher.
9- Delicada e sensível, mas ao mesmo tempo a pessoa mais forte e correta que conheci em toda a minha vida.
10- O que mais adoro e admiro em você: ser sempre você mesma!
Diz uma música antiga de Carnaval que o casamento é uma loteria “pra quê, pra quê que eu vou casar”? Esse meu amigo, antes de ir embora, me disse que, se casamento fosse loteria, ele tinha ganhado a sorte grande. Fico feliz que existem casais que se amam desse modo!
Esse assunto combinou com o que eu estava falando, sobre o abandono do apostolado. O mesmo acontece com o abandono do casamento, as separações. Ambas as coisas aborrecem e perturbam muito a vida das pessoas envolvidas, tanto o abandono do pastorado como o abandono do esposo ou da esposa.
Os padres não se casam justamente porque o casamento exige dedicação integral, 24 horas por dia, dificultando um pouco (ou muito) a vida dedicada ao sacerdócio, ao apostolado.
Creio que o “segredo” para que essas coisas não aconteçam, é a oração. A oração sustenta qualquer tipo de caminhada. Oração convicta, piedosa, realista e, principalmente, humilde.
A humildade é a fonte de nossa segurança. Colocar-se humildemente aos pés do Senhor, falando-lhe todas as nossas dificuldades. Ele nos prometeu, nos Evangelhos, que nunca iria nos abandonar. Nunca!
Durante uma Hora Santa, diante do sacrário, minha mente viajou um pouco até o deserto do Saara, em Tammanrasset e Assekren, onde nosso querido irmão Carlos de Foucauld fazia suas horas santas, mais santas e prolongadas que as minhas.
Jesus, o Deus Todo-poderoso e infinito, se encerrou como prisioneiro de um pedaço de pão, a hóstia consagrada. Não é mais pão, mas sim o seu Corpo, Sangue, alma e divindade. Quanta nobreza e santidade! Eu me sinto um nada diante de tanta majestade, mas assim uma dignidade que só o é por causa da sua bondade e da sua misericórdia.
Por outro lado, vejo muitos padres, nas missas, trocarem o “Deus Todo-poderoso” por “Deus misericordioso”. Entendo a boa intenção deles, mas... como eu escrevi a um padre de Aparecida que sempre faz isso, e não diz uma só vez o “Deus Todo-poderoso”, penso eu que só tem sentido Deus ser misericordioso se ele for Todo-poderoso! É porque ele é poderoso que pode ser misericordioso. Quanto mais poderosa uma pessoa é, mais tem sentido a sua misericórdia. Ninguém supera Jesus em sua humildade, justamente porque ninguém também o supera em seu poder.
Diante do sacrário, como o Irmão Carlos de Foucauld, sinto minha miséria e meu nada. Mas estou numa situação privilegiada, ao poder estar aqui diante de Jesus Eucarístico, como esses santos todos que o adoraram na Eucaristia. E só agora entendi o que Jesus disse em Marcos 10,30: ”Quem deixar (tudo)(...) por meu amor, receberá o cêntuplo nesta vida e, no século futuro, a vida eterna” . O cêntuplo que esses santos todos receberam é a paz e a ternura que sentiam emanar da Eucaristia e se irradiar em suas vidas, envolvendo-=os totalmente. Escolheram não ter família de sangue, mas onde estiveram, encontraram suas famílias espirituais.
É o que disse o Cardeal Van Thuan ao ser preso logo depois de ser ordenado bispo, no Vietnam, em que passou 13 anos na cadeia, sendo 9 de solitária, ao se ver sem todo aquele apostolado que teve de deixar: “Escolhi Deus, e não as suas obras”. Servir a Deus em qualquer lugar, sem estar preso a nada e a ninguém, esse é o “cêntuplo” prometido por Jesus, pois disso provém uma paz indescritível, seja qual for a situação do indivíduo, seja qual for a comunidade em que ele esteja inserido (ou mesmo obrigado a ficar).
Vejo tantos e tantas se lamentarem por mil e um motivos muitas vezes até fúteis, viverem sempre aborrecidos e tristes, por terem suas vidas limitadas por isto ou aquilo. Quem escolhe servir a Deus não tem nada a desejar, pois, como disse Santo Agostinho, “Quando Deus for tudo em todos não haverá mais desejos, pois Deus é tudo o que alguém pode desejar”.
Ao lado do altar diante do qual estou, há um vaso com uma folhagem que deve ter uns 40 cm de altura. Olhei para ele e, a muito custo, vi umas florezinhas bem pequenas, de um vermelho muito vivo, muito bonitas. Elas nasceram ali e talvez vão morrer sem que ninguém mais as vejam ou as tenham visto.
Pois é isso mesmo que eu vejo acontecendo com todas essas pessoas negativistas: toda uma vida floresce, e poucos tomam consciência disso. O próprio Jesus nos mostrou isso, ao contar-nos parábolas sobre o Reino de Deus, como as da semente, que cresce sem que ninguém perceba, e dá frutos e flores. Ou mesmo como o fermento que leveda, mas se perde na massa, ou ainda como o açúcar, que, para adoçar, tem que desaparecer no líquido em que é colocado.
Vejo isso acontecendo entre nós: o isolamento e o sofrimento a que a vida submete as pessoas, por doenças ou impossibilidades, podem estar escondendo flores bonitas, coloridas, vivas, regadas pelo próprio Deus, com suas generosas graças. São pessoas às vezes destruídas física e espiritualmente, sofridas, mas frequentemente o são por causa dos vícios, pecados, egoísmo, vaidade, prepotência, ambição exagerada, orgulho... É preciso uma purificação, como diz Hebreus 12, 10, a fim de que “Deus possa nos infundir sua santidade” .
Este instante de deserto, diante do Santíssimo, é muito fértil! Estes momentos de união com Jesus Eucarístico alimentam minha vida de modo surpreendente. Vejo que isso ocorreu, com muitos mais frutos, com os santos, como o Irmão Carlos, Irmãzinha Madalena, Santa Catarina de Sena, Sta. Teresa de Ávila, Sta. Teresinha, S. João da Cruz, S. João Maria Vianney, Pe. René Voillaume, Dom Helder, Irmã Doroty... e, neste instante, eu me uno, pequenino e imperfeito, a todos eles. Meu quarto, neste instante, mesmo rodeado de ruídos, é o Assekren do Ir. Carlos. Como Eremita de Jesus Misericordioso, saboreio o silêncio do meu coração e o de Jesus, à minha frente.
Maria, cuja imagem está ao lado da Eucaristia à minha frente, faz-me lembrar que ela foi o primeiro sacrário, o sacrário vivo de Deus na terra. E sinto um tremor de emoção. Lembro-me da Irmã Ildefonsa (IMC), nas missas em latim, dizer, em português, na hora da consagração, algo parecido com isto, comporto pelo Dom Henrique Golland Trindade:
“A consagração. Grande silêncio, recolhimento profundo. Momento soleníssimo, santamente terrível, em que tremem os anjos e todos os que têm fé. O Deus vivo, santo e justo, diante de nós. Adoremo-lo, e digamos, como o Apóstolo (Tomé), antes incrédulo, olhando para a hóstia e para o cálice: 'Meu Senhor e meu Deus' – é o corpo e o sangue de N. Sr. Jesus Cristo”.
A irradiação da Eucaristia, como dizia o Pe. Teillard de Chardin (veja texto neste blog), é uma realidade inquestionável (pelo menos para nós, católicos). Da hóstia em que se encerra, Jesus se irradia em todo o redor, e aglutina tudo a si. Como Jesus disse a Santo Agostinho, “ao me receberes, não sou eu que me transformo em tua carne, mas és tu que te transformas em mim”.
30/10/16
Estar diante do sacrário, diante do Santíssimo, é como estar no céu, diante de Deus. O próprio Jesus está ali, à nossa frente, ouvindo-nos e falando conosco.
A vantagem é que nós não precisamos deixar de lado nosso dia-a-dia, o “mundo”, mas podemos trazer tudo o que estamos vivendo e coloca-lo diante do Senhor.
Ele é homem como nós, de Deus como o Pai e o Espírito Santo, e intercede por nós diante de Si mesmo, pois é 100% Deus. É o homem sentindo nossas queixas humanas, mas acolhendo-as como Deus que é.
Hoje é domingo. Tive um dia cheio, muitas conversas, muitas distrações. São 18 horas e estou terminando a minha Hora Santa diária. Coloquei tudo o que vivi hoje diante de Jesus, pena que de modo imperfeito, às vezes com cochilos e distrações involuntárias, mas com resultado incrível de paz e de harmonia internas. Eu rezei também por você, leitor (a).
A contemplação não é uma ilusão, mas uma veraz realidade, maravilhosa, que nos une amorosamente com nosso Salvador e Redentor.
Eu não sei o que seria de mim se não fosse a Eucaristia. É Jesus Eucarístico que tem-me dado forças e coragem para vencer tudo o que eu tenho passado na vida. Quem me conhece sabe do que estou falando.
Aqui eu estou simplesmente repassando para vocês o que tenho sentido e vivido todos esses anos de minha velhice: estar com Jesus Eucarístico é estar no paraíso, é fortalecer-se, irmanar-se, é perceber o quanto Deus nos ama.
E, diante do sacrário, dentro de uma harmonia maravilhosa, sinto também a presença viva de Maria, que nunca deixa Jesus, e do meu anjo da guarda, o Ambrósio.
Não sei mais o que dizer para explicar essa maravilha. Só lhes digo uma coisa: estar diante do sacrário é o paraíso.
13/05/2019
Ele tem mais de trinta anos. Viveu solteiro até o início deste ano, quando resolveu morar junto com a namorada numa casa pequena.
No início tudo ia bem, mas foi aí que ele percebeu que ela usava drogas. Ela começou a agredi-lo. Ele é um jovem muito bondoso, amigo de todos, pacífico, trabalhador. Várias surras depois, ele a mandou embora da casa. Ela não quis ir. Ele não estava mais suportando a situação. Ficou com medo de revidar às agressões. Limitava-se a defender-se.
Certo dia, tendo ela se drogado a mais da conta, dormia profundamente. Ele não pensou duas vezes: subiu no telhado e desparafusou as telhas de amianto e o sol bateu em cheio na cabeça de sua amásia, que acordou irritada e sem saber ao certo o que estava acontecendo.
Ele foi para a casa de seu irmão. E tudo se resolveu: ela pegou suas coisas e foi embora. Não conseguiria morar numa casa sem teto!
Eu fui visitar esse meu amigo e tive a ideia de escrever este texto, lembrando a todos a situação precária em que estão os casais atualmente.
Não há muita perseverança naquele “amor” que se juravam mutuamente. Não há consistência nesse desejo de felicidade. Os motivos são vários, mas a meu ver uma boa parte deles vem da falta de oração. Sem a oração não há vida familiar que aguente. Aliás, nenhum tipo de vida aguenta firme sem a oração. E não é uma oração de cinco minutos! A oração deve ser mais prolongada, mesmo que seja intercalada durante o dia.
Nos tempos antigos também havia problemas. Minha avó casou-se grávida de três meses, em 1920! Foi muito discreta para esconder a barriga, pois naquele tempo isso era coisa gravíssima! Mas parece que as pessoas tinham mais cacife para resolver os percalços da vida.
Será que havia mais religião ou mais medo da agressão?
Quantos problemas os casais enfrentam! Eles deveriam completar-se, tornar-se “um só”, como disse Jesus ao falar do matrimônio. Mas isso, que deveria ser regra, atualmente é exceção. Quantas brigas! Quantas reclamações! Quanto tempo perdido em dissenções!
Meu amigo não pensou duas vezes: destelhou a sua casa e seus problemas se acabaram, magicamente.
Mc 10,45-52/ (30/10/2012)
É o evangelho do 30º domingo do tempo comum B. Bartimeu percebeu que Jesus passava e, cego que era, gritou “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. Entretanto, aqueles que sempre rodeiam o “chefe” para poderem controlar tudo, o impediram. Em nossa vida do dia a dia é comum esse tipo de coisa: há pessoas que controlam ou tentam controlar o “poder” em suas mãos e dificultam o contato nosso com a pessoa desejada. Tal era o caso de Bartimeu, que, corajoso, continuou a gritar mais forte ainda e conseguiu ser atendido. Nunca devemos desanimar de nossas lutas em busca de Deus e da verdadeira felicidade, que obteremos com nossa humildade, constância e fé.
Os doutores da lei manipulavam o acesso a Deus, e a Igreja Católica fez, também, esse tipo de coisa durante muito tempo. Só agora descobrimos que “o Espírito sopra onde quer” e que Deus não é uma “mercadoria” que guardamos em nosso cofre para controlarmos sua posse.
Você já reparou que somos obrigados a chamar este de “vossa excelência”, aquele de “vossa alteza”, o cardeal de “vossa eminência”, o juiz de “meritíssimo”, o reitor de “vossa magnificência”, o papa de Vossa Santidade, o patriarca da Igreja Ortodoxa de “vossa beatitude”?
E agora eu pergunto: como chamamos Deus, nosso Criador, criador de tudo o que existe, principalmente na pessoa de Jesus Cristo, nosso redentor? Nós o chamamos simplesmente de Senhor ou mesmo de Você, Vós, Tu..., sem nenhum título honorífico, e ele nos deu certeza de atender-nos, conforme nossa fé, nossa sinceridade e nossa necessidade.
Gritando ainda mais forte, o cego foi ouvido por Jesus e, dando um pulo, “jogou fora o seu manto”. Ele se desvencilhou da única coisa que possuía para alcançar Cristo e segui-lo! Será que nós temos essa coragem? O que simboliza, em nossa vida, esse manto do Bartimeu? Casa? Família? Carro? Outros bens? O trabalho? Nossas ideias?
Jesus diz, em vários lugares, que precisamos renunciar a tudo para segui-lo, pois só então teremos sua graça e sua mão para puxar-nos. O cego teve fé, pois jogou fora o manto, sabendo que ia ser curado e que não precisaria mais dele.
Temos apego a nossas coisas e queremos, muitas vezes, seguir Jesus sem deixar nada de nós mesmos. O pior é quando nosso apego não é referente a coisas, mas a nós próprios e aos nossos pecados. Aí é que a “vaca vai pro brejo”, ou melhor, que nós vamos para o brejo.
Jesus curou o cego talvez porque ele tenha tido coragem de ficar sem seu manto e ir até ele, embora não enxergasse o caminho. Não consta que ele tenha voltado para pegar o manto. Só diz que “seguiu Jesus pelo caminho”.
Cena contrária a essa é a de Jesus em João, no lava-pés: não diz lá que ele tenha tirado a toalha que cingira na cintura, após ter lavado os pés dos discípulos: Jesus continua lavando os pés dos que o buscam!
Amigos, esse texto me apaixona porque explica os outros textos em que Jesus fala da renúncia como condição para segui-lo. Vamos abrir o nosso “baú” e procurar tirar dele as coisas velhas, já passadas e perdoadas. Vamos procurar nos despir do homem velho, jogar fora nosso manto e revestir-nos do homem novo, revestir-nos de Cristo, para “segui-lo no caminho”. Vale a pena! A vida eterna nos espera! Que Jesus cure a nossa cegueira. Amém!
12-07-2013
Durante milênios Deus aguardou o momento exato de criar Maria no seio de Santa Ana. Durante os anos em que Maria esteve na terra, todos a esperavam no paraíso: Deus, os anjos e santos que lá estavam antes dela.
No dia determinado por Deus, Maria foi avisada de sua passagem desta vida para a vida eterna. O próprio Jesus veio avisá-la.
Na verdade, após a morte de Jesus, Maria nunca o sentira longe dela: eles estavam tão ou mesmo mais unidos do que quando ainda estavam juntos aqui na terra, pois em seus três anos de vida pública, Jesus ficara mais fora do que dentro de sua família!
Maria, como sempre, nada falou a quem quer que fosse. Naquele tão belo dia, levantou-se como sempre, fez a refeição para São João Apóstolo, com quem morava a pedido de Jesus na cruz, e entrou em oração contemplativa.
Ela poderia ter talvez uns 60 anos? São João teria talvez uns 30?
A dado momento, ela sentiu que chegara a hora. Chamo aos que moravam ali, os amigos, e então lhes disse a novidade: "Hoje vou me encontrar com meu Filho amado! Quero que todos vocês se alegrem! Agradeço a todo pela acolhida que fizeram a Jesus em seus corações, e a que a mim fizeram. Peço perdão se desgostei a alguém. Continuem firmes no amor a Deus, que é meu Pai, meu Filho e meu divino esposo, e no amor aos demais! O amor vence tudo! Pela misericórdia, todos poderão ir para o céu!"
Maria deitou-se e fechou os olhos, movida por um repentino cansaço. Todos ali reunidos cantaram um cântico de louvor e agradecimento a Deus. Eles não ouviram, mas os anjos os acompanhavam com o coral celeste. E esse mesmo coral celeste veio buscar Maria. Ninguém viu os anjos, mas viram o corpo desaparecer da vista deles e ficaram estupefatos!
Ao chegar ao paraíso, Maria viu que todos a aguardavam ansiosos. Cores maravilhosas alternavam-se, e a luz de Deus iluminava tudo surpreendentemente. Um átimo de luz divina, segundo uma visão de São João Bosco, seria suficiente para iluminar todo o universo!
Maria olhava para Deus, em suas três pessoas: o Pai, o Filho Jesus, o Espírito Santo. Maria participa das três pessoas: o Pai, que a criou, o Filho que dela nasceu na terra, o Espírito Santo que O gerou em seu seio.
Maria fez algo impossível! Aumentou a alegria e a beleza do céu! Amigos, amigas, podem crer no que digo: COM MARIA, O CÉU NUNCA MAIS FOI O MESMO! (Este é, obviamente, um texto de ficção, mas que pode muito bem ser verdadeiro)
Todos nós somos chamados à santidade: “Sede perfeitos, como vosso Pai que está nos Céus é perfeito” (Mt 5,48); “Sede santos, porque eu sou santo” (Lev 20,7 e 1a Pd 1,16).
O fato de que somos todos pecadores não significa que tenhamos pecado. Somos pecadores na teoria, no sentido de que, se não vigiarmos, poderemos cair em pecado. Não somos pecadores na prática, necessariamente. Se Deus nos convidou à santidade e à perfeição, isso significa que a perfeição é possível!
O meio para atendermos a essa vocação para a santidade está na vocação particular que Deus dá a cada um de nós. Sendo assim, podemos nos santificar tanto no sacerdócio como no laicato, no casamento como no celibato. Dentro do estilo de vida escolhido, podemos ainda escolher qual será nossa profissão. Praticando-a honestamente, poderemos ser santos.
Eis algumas das grandes vocações da bíblia: Sam 3,10: “Fala, Senhor, que o teu servo escuta”; Isaías 6,8: “Eis-me aqui, Senhor, enviai-me!”; Jer 1,5 e 20,7: “Antes que fosses formado no seio de tua mãe, eu já te chamei para ser meu profeta”; Elias:1a Reis 17,2-5; 19,8-15; Eliseu: 2a Reis 2,9; Maria: Lucas 1,38; Apóstolos (Mt 10,1-5); São Paulo (Atos 9,1-18), e muitos outros. Todas as vocações estão baseadas no amor, na misericórdia, no desapego dos bens terrenos e na gratuidade (não querer nada em troca).
No Evangelho, Jesus chamou várias pessoas a segui-lo, e enviou 72 discípulos a pregarem o Evangelho, dois a dois, na simplicidade e na pobreza (Lucas 10,1-12). Há, no entanto, três grandes vocações, no Novo Testamento, que quase englobam as demais:
1) A do jovem rico (Lucas 19,22-23): vocação para ser apóstolo. Pobreza radical;
2) A de Zaqueu (Lucas 19,1-10): leigo engajado. Pobreza moderada;
3) A do Geraseno (Lucas 8,38-39): única vez em que Jesus manda alguém dizer a todos o que Ele lhe fez. Nas outras vezes Jesus proíbe que se fale alguma coisa. Para o Geraseno, Jesus não exige nenhuma renúncia dos bens. Talvez porque o rapaz já fosse pobre.
O que não podemos fazer é tomarmos a vocação do jovem rico, por exemplo, e ficarmos nos lamentando porque temos família e não podemos renunciar a tudo. Cada um deve descobrir sua própria vocação e pô-la em prática. Deus nos ajudará. Seja qual for sua vocação, Jesus nos dá, A TODOS, uma ordem: a de AMARMO-NOS UNS AOS OUTROS. Veja em João 13, 34, João 15,17, 1a João 4,20, 1a João 3,14. Esse amor deve ser o mesmo que Jesus tem pelo Pai, e o Pai por nós (João 17,11; João 17,26 e João 13,34).
“As coisas impossíveis para os homens, são possíveis para Deus” (Lc 18,27; Mt 17,20 e 19)
A palavra “santo” significa “consagrado”. Pelo batismo nós nos tornamos santos, ou seja, consagrados. O cálice da missa, por exemplo, é santo, ou seja, consagrado, para nele ser colocado o Corpo e o Sangue de Cristo. Nós nos chocaríamos, nos escandalizaríamos se víssemos alguém tomar uma pinga ou mesmo café no cálice consagrado. No entanto, fazemos muito pior com o nosso corpo e a nossa alma, profanando-os com tantas coisas perniciosas.
Em 8/3/2021 eu tive um sonho muito bonito em que eu pregava em estradas poeirentas e para grupos de pessoas reunidas ao longo dessas estradas. A principal frase da pregação que eu fazia, lembro-me de que era mais ou menos isto:
"A chave da santidade é o reconhecimento dos próprios pecados. Geralmente temos mais facilidade em reconhecer os pecados dos outros do que o nosso. E eu sou um deles".
O pecado pode ser grave (mortal) ou leve (venial). Diz São João em 1ª João 5,17: “Toda iniquidade é pecado, mas há um pecado que não conduz à morte”. E no vers. 16B, acrescenta: “...Existe um pecado que conduz à morte”.
A Igreja ensina que há três condições para que um pecado seja grave:
primeira – a matéria seja grave;
segunda- a pessoa tenha consciência do que está fazendo;
terceira- a pessoa tenha pleno consentimento do que está fazendo.
Por exemplo: nem sempre matar uma pessoa é pecado. Vou dar dois exemplos: um ladrão mata alguém para roubar: isso é pecado grave. Mas se alguém, que estava sendo roubado, mata o ladrão em legítima defesa: isso não foi pecado algum. Veja bem:
1- a matéria foi grave nos dois casos, pois alguém morreu.
2- nos dois casos houve plena consciência do que se estava fazendo. Ou seja, os dois estavam conscientes e sabiam que matar é pecado e crime.
3- Não houve pleno consentimento por parte daquele que estava sendo roubado, ao passo que houve pleno consentimento naquele que estava roubando. Aí está a diferença entre pecado e não pecado.
Devemos buscar a santidade por vários motivos:
-sermos agradecidos a Deus que nos criou, nos redimiu, nos dá uma vida eterna;
-para participarmos dessa vida eterna;
-para estarmos mais de acordo com o projeto de Deus ao nos criar. Como o liquidificador não foi feito para lavar meias (e não fazemos isso), o nosso corpo não foi feito para o pecado (e fazemos isso). Pecar é, portanto, como lavar meias no liquidificador. Nós somos a imagem e a semelhança de Deus. Quanto mais nos adequarmos a essa semelhança, mais feliz seremos.
-para sermos realmente felizes. O pecado, principalmente quando é um vício, nos escraviza. A santidade nos liberta e nos enche de alegria, paz, bem-estar e uma verdadeira segurança.
No mundo de hoje, é muito difícil seguir o caminho da santidade. Há maneiras muito fáceis de se voltar contra o que Deus quer para nós. A felicidade nos é apresentada nas coisas materiais e na satisfação de nossas necessidades biológicas, e, pior ainda, nas falsas necessidades biológicas. O que foi criado conosco, por Deus, para conseguirmos viver uma vida tranquila na Terra antes de irmos à nossa morada definitiva no céu, torna-se, graças aos vícios e ao mal, um verdadeiro inferno.
A santidade não depende apenas de nosso empenho pessoal: é preciso que a peçamos constantemente, diariamente a Deus. Ele facilitará nosso caminho se o deixamos agir em nós. Ele nos dará forças para atingirmos a santidade. Peça-a em todo o seu tempo de oração. Não deixe de pedi-la um dia sequer!
Sugestões:
1- Em primeiríssimo lugar, reconhecer os próprios pecados da mesma maneira como reconhecemos de imediato os pecados alheios.
2- Procurar ser perfeito em tudo o que faz;
3- Pedir humildemente perdão quando errar, e recomeçar a luta.
4- A santidade não está em não pecar, mas em não desistir da luta e sempre procurar estar na presença de Deus.
– 09/03/16
Eu estava fazendo uma meditação num local arborizado e caiu no meu livro um tipo de besouro que me lembrou o bicho barbeiro. O Mal de Chagas é transmitido por esse bichinho.
A Irmã Clara tinha essa doença. Às vezes ela ia conosco nas escaladas dos montes de Minas, mas tinha que ser sempre amparada. Ela nos acompanhava quando íamos ao monte Itaguaré, que é de fácil acesso. Mas na última vez um padre Belga, forte, teve que trazê-la carregada para casa. Ela faleceu pouco tempo depois. Todos a amavam.
A doença nos prepara para a morte, e prepara também os que cuidam de nós e nos amam.
Meu pai deu exemplo de coragem e paciência quando sofreu por um ano com um câncer que lhe ceifou a vida. Se ele fez alguma coisa errada na vida, corrigiu-a com esse exemplo de atitude diante da doença. Não sei se tenho toda essa coragem! Anteontem ele faria 95 anos...
Quando a pessoa sofre muito, chegamos a dar graças a Deus quando morrem, não é mesmo? Isso aconteceu com a morte de minha mãe. Eu dei graças a Deus de livrá-la do sofrimento inevitável.
A morte é apenas uma passagem. Muitas vezes eu conversei com a minha mãe sobre sua possível morte. Ela levava na brincadeira, mas proibiu-me que cantasse determinada música no velório. Eu a desobedeci.
Deus não olha a morte como nós a vemos. Ele nos vê tanto do lado de cá como do lado de lá, como se estivéssemos abrindo um portão num muro: o observador do 5º andar nos antes e depois de atravessá-lo, e o mesmo ocorre com Deus. Para Ele, não existe a morte. Existe apenas uma passagem, que, se nos conservarmos fiéis a Ele, será uma passagem suave, sem problemas.
O segredo para essa passagem tranquila é uma vida santa, sem conluio com o pecado. Confiar em Jesus, que por nós morreu, morreu por amor.
Isaías 49,14-16, a leitura de hoje, nos diz: “Sião dizia: “O Senhor me abandonou; o Senhor se esqueceu de mim”. Por acaso pode a mulher se esquecer da criancinha de peito? Não se compadecerá ela do filho do seu ventre? Mas ainda que as mulheres se esquecessem de seus filhos, eu não me esquecerei de ti! Eu te tatuei na palma de minha mão”!
Gente, como isso é bonito! Veja que Deus não fala que tatuou o nosso nome na palma de sua mão, mas tatuou a nós, nossa pessoa.
Diz o Beato Carlos de Foucauld que, quem crê realmente, não tem medo, porque sabe que Deus está sempre por perto e pronto para nos ajudar.
Caros leitores, animem-se! Levantemo-nos de nossas poltronas, larguemos um pouco o bendito computador ou o celular, peguemos um copo de qualquer coisa (suco, vinho, refrigerante, leite), e demos um “tim-tim” à nossa vida! E digamos: “Eu sou tatuado(a) na palma da mão de Deus! Ele me ama e nunca me abandonará, como a maioria das mães, que não abandonam os seus filhos.
MATEUS 2,1-12
A festa da Epifania refere-se à manifestação de Jesus Cristo a todos os povos pagãos (=nações) simbolizados pelos três magos. Os três presentes que eles deram são altamente simbólicos: Incenso: Jesus é Deus; Ouro: Jesus é rei; Mirra: Jesus é homem.
Essa realidade se repete em nós pelo Batismo, mas com uma diferença: Jesus se torna homem, mas nós nos tornamos "divinos" = filhos de Deus.
As últimas estatísticas mostram que somos três bilhões de cristãos num mundo de sete bilhões de pessoas. Os quatro bilhões que não conhecem ou não seguem a Cristo, são esses nossos "reis" magos atuais. E como os três do evangelho de hoje, eles também querem nos oferecer seus dons, suas qualidades, algumas virtudes que talvez ainda não temos. Se nós, cristãos, aceitássemos ouvir o que eles têm a dizer, talvez prestassem mais atenção no que nós temos a dizer.
A grande diferença entre nós, cristãos e eles, não-cristãos, é que eles praticam (e às vezes selvagemente) o que pregam; nós, como dizia Jesus aos judeus, não movemos, muitas vezes, nem uma só unha para praticar o que pregamos.
O padre Carlos de Foucauld, agora beatificado, foi viver sua vida entre os tuaregues, o povo mais atrasado da terra. Ele nunca pregou uma só palavra: sua pregação era a ação. Dizia sempre: "Devemos gritar o evangelho com a nossa vida!".
Na primeira leitura, Isaías diz que Jerusalém era a luz que norteava os outros povos; no evangelho, Mateus diz que Jesus é essa luz que atrai a todos, sem distinção. S. Paulo, na segunda leitura, diz que o Evangelho, praticado, é a luz visível que vai atrair aos demais para a luz invisível, que é Cristo.
Seja a nossa vida de tal modo agradável a Deus, que possa também iluminar aos que ainda vivem nas trevas, para que encontrem Jesus, o caminho da luz, e a própria luz!
Na dita Epístola de Barnabé (2ª leit. 4ª f. 18ª sem. com.) vemos um resumo de como deve ser a vida do cristão católico:
- Amarás quem te criou;
- Terás veneração por quem te formou;
- Darás glória a Jesus, que te remiu da morte;
- Serás simples de coração e rico no espírito;
- Não te juntarás aos que andam pelo caminho da morte;
- Terás aversão por tudo quanto desagrada a Deus;
- Odiarás toda simulação;
- Não desprezes os mandamentos do Senhor;
- Não te exaltes a ti mesmo. Sê humilde em tudo!
- Não procures a tua glória;
- Não faças mau projeto contra o próximo;
- Não te entregues à arrogância;
- Ama teu próximo mais do que a tua vida;
- Não mates o feto por aborto nem depois do nascimento;
- Tem em mãos teu filho ou tua filha e desde criança ensina- lhes o temor do Senhor.
- Não cobices os bens do teu próximo, nem sejas avaro.
- Não te unas de coração aos soberbos, mas sê amigo dos - humildes e justos;
- Tanto quanto te acontece, recebe-os como um bem, - sabendo que nada se faz sem Deus;
- Não sejas inconstante e sem palavra;
- É laço de morte a língua dúplice;
- Partilharás tudo com o teu próximo e não dirás ser propriedade tua o que quer que seja.
- Se sois coerdeiros das realidades incorruptíveis, quando mais sois coerdeiros daquilo que se corrompe!
- Não sejas arrebatado de língua;
- A boca é cilada mortífera.
- Tanto quanto puderes, por tua alma sê casto;
- Não tenhas a mão estendida para recebe e encolhida para dar!
- Ama como à pupila dos olhos todo aquele que fala a Palavra do Senhor, guarda na memória, dia e noite, o dia do juízo e procura diariamente a presença dos santos, estimulando pela palavra, exortando e meditando como salvar a alma por tua palavra ou trabalhar com tuas mãos para a remissão dos pecados;
- Não hesites em dar, nem dês murmurando, pois bem sabes quem é o remunerador da dádiva;
- Guarda o que recebeste, sem tirar nem pôr;
- Seja-te perpetuamente odioso o maligno;
- Julgarás com justiça;
- Não fomentes dissídios, mas esforça-te por restituir a paz, reconciliando os contendentes;
- Confessarás teus pecados. Não vás às orações com a consciência carregada. TAL É O CAMINHO DA LUZ!
O Livro do Eclesiástico 2,1-6, lembra que seremos provados no decorrer de nossa vida, mas devemos, com muita paciência, não nos separar de Deus, não ter pressa nos momentos das adversidades, e aceitar tudo o que nos acontecer, pois sabemos que Deus é misericordioso, é nosso Pai e nossa Mãe, e não vai nos deixar para trás. Termina no versículo 11: "Deus é compassivo, misericordioso, perdoa os teus pecados e te salva na tribulação".
22/02/2019
Vi uma escada que terminava numa parede, sem continuidade. Eu participava da Santa Missa numa das igrejas da cidade. Ela não leva a lugar algum! Fiquei refletindo sobre isso. Lembrei-me que os vícios são como essa escada: não levam a lugar algum.
A escada é bem feita, está conservada, é bonita, mas não tem serventia, não conduz a nada. Os vícios também são vistosos, prazerosos num primeiro momento, mas empacam nossa vida, ou até pior, levam-na ao abismo.
A escolha mais inteligente de uma pessoa que tenha algum vício é deixá-lo. E o primeiro passo para deixá-lo é conscientizar-se dele, ou seja, admitir que tem aquele vício.
É muito comum os viciados em droga, ou álcool, ou cigarro, dizerem que deixam o vício quando bem entenderem.
Não é bem assim. É difícil, doloroso e requer ajuda. Sem ajuda dificilmente alguém consegue deixar qualquer vício.
A liberdade se mostra agradável e dá à pessoa um alívio incrível! Ele muda de escada: da escada que não leva a lugar algum, ele passa a galgar uma escada que a leva ao Paraíso.
Há escadas que não levam a lugar algum, como os vícios. Há escadas que levam ao céu, como as virtudes.
(outubro 2016)
Em Lucas 10,17-24), Jesus diz aos setenta e dois discípulos para se alegrarem não por eles poderem vencer os demônios ou pisar em cobras e escorpiões, mas porque seus nomes estão escritos nos céus. Como fazer para ter o nome escrito no céu?
O Cônego Celso Pedro da Silva, nosso amigo, na agenda bíblica de 2016, comenta esse trecho no dia 01/10, contando que o Dom Luciano Mendes de Almeida, bispo famoso de São Paulo, estava concelebrando a missa em rito oriental, muito mais solene que o nosso rito latino, com toda aquela pompa, na Ucrânia, na cidade de Kiev, presidida pelo Metropolita (o bispo da cidade).
Uma criança não se comportava, “escapava da mãe, tentava entrar no espaço fechado do altar oriental: a criança corria, a mãe corria, a missa longa, todos em pé. Dom Luciano, sentado na entrada do altar, pegou a criança” e a segurou nos braços. (Penso naqueles homens rudes pasmos por vê-lo fazer isso, indignados com a criança e a mãe).
Terminada a missa, a criança correu pra a mãe e a mãe gritou para D. Luciano: “Teu nome está escrito no céu”! Conclui o Cônego: “Eis o que escreve o nosso nome no céu”!
Lembro outro fato ocorrido com ele: na assembleia dos bispos, muitas vezes ele ficava no salão varrendo o chão para as reuniões do outro dia, sem ninguém ver (Se eu estou contando isso, é porque um dia alguém viu).
Meditando sobre isso, tentemos perceber em nossa vida fatos que permitiram ter o nosso nome escrito no céu, baseado nesse comentário do Cônego Celso Pedro!
Você vai ver como muitas vezes atos até impensados de caridade foram mais fortes para que o nosso nome esteja escrito no céu, do que outros, aparentemente santos, mas que foram feitos com arrogância, ou para “cumprir tabela”, ou porque não havia um jeito de escapar daquilo, ou feitos sem amor, apenas por pura obrigação.
São os pequenos gestos que nos aproximam de Jesus, como o fez Santa Teresinha, que comemoramos nestes dias (2/10). Para termos nosso nome escrito no céu, é preciso amarmos como Jesus amou, como Jesus nos ama.
Por que muitos católicos mudam de religião?
Eu acredito que o motivo mais comum é porque lá eles se acham acolhidos e na Igreja Católica, não.
É impressionante o pouco caso que muitas vezes fazemos em relação aos que nos procuram! Às vezes os atendemos fazendo outras coisas, como se eles estivessem nos incomodando. Aliás, muitas vezes o objetivo é esse mesmo: mostrar-lhes que estão incomodando! E fazemos questão de olharmos para o relógio se a pessoa estiver demorando!
Jesus sempre encontrava tempo para atender a todos. Quando ele não podia atender, se retirava a lugares desertos ou ia para outros lugares. Sabia que, se ficasse, iria atender. Nós reservamos nosso tempo para aquilo que achamos mais importante. Entretanto, pergunto: o que é, realmente, importante?
Segundo a bíblia, o primeiro mandamento é o amor a Deus. O segundo, amar ao próximo. Nunca vi na bíblia que o segundo mandamento seria celebrar a missa, ou benzer a água e objetos, ou fazer casamentos, ou coisas desse tipo que damos como “álibi” para não atendermos pessoas que não “programamos” atender naquele dia.
Talvez quando assim procedemos, queiramos ser tratados como “egrégios senhores” e não como humildes servidores, humildes pastores do povo. Ora, não somos senhores! Somos pastores, vivemos ou pelo menos deveríamos viver no meio do povo!
É incrível como certos evangelizadores, como nós, sacerdotes, somos tratados como “egrégios senhores”!
Precisamos, pois aprender com Jesus a sermos acolhedores, e com muitos outros evangelizadores de outras denominações religiosas.
Precisamos também aprender com os profissionais de marketing de vendas. Eles atendem bem para ganharem compradores e manterem seus empregos. Nós devemos trabalhar e atender bem para ganharmos pessoas para o Reino de Deus. Se não fizermos isso, quem não vai pra lá somos nós!
Os católicos que se reúnem em comunidades de base ou em grupos pequenos perseveram mais na religião. Os que só vão à missa dominical e não participam de mais nada, esses são os que mais mudam de religião. Não têm raízes que os pequenos grupos fazem aparecer.
Quando eu era criança um tio meu que nunca tinha ido à missa, foi, certo dia. Ele não tinha uma das pernas. Sentou-se no lado esquerdo e um congregado mariano disse que lá era lugar deles. Foi para o lado direito e uma senhora do Apostolado lhe disse que lá era o lugar delas. Ele saiu dali e nunca mais voltou à igreja.
Os católicos que continuam católicos o fazem por garra, por amor, pois, se dependessem de nosso bom atendimento... Lembro que a equipe de acolhida não substitui a boa acolhida que o padre ou o evangelizador deve proporcionar.
“Eu vim para servir e não para ser servido” (Mateus 20, 28; Marcos 10, 45).
Outra coisa importante é que não precisamos ter sempre respostas para tudo que nos perguntam. Quando você não souber resolver a questão, diga isso! Seja honesto (a) com os que o (a) procuram! Pelo menos a pessoa conseguiu desabafar-se, e isso talvez era a única coisa que ela queria.
Dar uma solução ou uma resposta precipitada e sem conhecimento de causa pode piorar a situação da pessoa. Não sou dono da verdade só porque sou padre, ou pastor, ou quem atende. Muitas vezes respondemos logo, nem ouvimos direito a pessoa, para nos livrar dela. Isso é quase um homicídio!
Tive um amigo que era muito mau. Resolveu mudar de vida e procurou um padre para se confessar. Queria falar com o padre, e não apenas pedir perdão. O padre ouviu todas as barbaridades que ele lhe falou e, em vez de orientá-lo, mandou que ele rezasse algumas ave-marias e não lhe disse nenhuma palavra. O rapaz saiu da igreja e acabou entrando nas Testemunhas de Jeová. Eu o conheci já nessa seita. Eles o atenderam bem!
As pessoas que nos procuram precisam saber quais pontos de suas vidas estão corretos. Às vezes não precisamos dar uma nova “receita” de vida. Elas precisam perceber os caminhos do Espírito Santo em suas vidas. Se lhes dermos respostas prontas, sem levar isso em consideração, estamos “matando” a vida espiritual das pessoas, e tudo o que elas já conseguiram de bom nesse aspecto.
O Espírito Santo não está apenas com o (a) evangelizador (a), mas “Ele está no meio de nós”! Se ele está no meio de nós, por que não considerarmos válidas certas ações e conquistas das pessoas que nos procuram?
O melhor modo de cumprirmos o primeiro mandamento é capricharmos no segundo, ou seja, amarmos o próximo, atendermos o próximo quando de nós se aproxima. Esqueçamos o resto, ou, se não pudermos, marquemos um outro encontro. Ela vai entender.
Certo dia um confrade de Santo Tomás de Aquino o interrompeu de seu estudo gritando: “Frei Tomás! Venha ver um boi voando! Santo Tomás levantou-se e foi à janela ver o boi que voava. O seu colega, rindo, lhe disse: “Que ingenuidade, frei Tomás! O senhor sabe que bois não voam”! E Santo Tomás replicou com tristeza: “Pois eu preferiria ver um boi voando a ver um religioso mentir”!
É impensável a um evangelizador mentir, mesmo por brincadeira. Quando não der para falar a verdade, é melhor não dizer nada, ou simplesmente tornar pública a impossibilidade de se falar naquele assunto, mas nunca, nunca mentir.
Diz Jesus em Mt 5,37: “Seja teu falar sim, quando for sim; não, quando for não. Tudo o mais procede do maligno”.
Não é bem uma mentira, mas é incrível como no seminário, principalmente nos missionários, escondem a verdade das missões. Fazem teatrinhos mostrando coisas poéticas, melosas, e não mostram a realidade nua e crua das terras inóspitas que os coitados dos missionários vão enfrentar. Que haja, sim, um pouco de poesia, mas não se esconda a dificuldade da missão. Vai para as missões quem achar que é, realmente, sua vocação. Ninguém seja “enganado” nesse assunto!
EFÉSIOS 4,32-5,3.6-8.13
Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.
Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
Portanto, não sejais seus companheiros.
Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.
Vers. 13: “Tudo o que é condenável e é manifestado pela luz, é luz”.
Quando a pessoa se arrepende de algum pecado e o confessa com sinceridade, sem mentiras, isso se torna luz, esse ato de amor e de sinceridade se torna um elemento verdadeiro para a santidade.
SÃO CARLOS BORROMEU (1538-1584)
Texto pronunciado no último sínodo de que participou (Of. Leit. 4 de novembro)
“Somos todos fracos (...) mas o Senhor Deus nos entregou meios com que, se quisermos, poderemos ser fortalecidos com facilidade. Para ter vida íntegra, ser continente, ter um comportamento santo, é preciso jejuar, orar, fugir das más conversas, fugir das familiaridades nocivas e perigosas”.
O santo cardeal continua, lembrando que devemos nos preparar mentalmente para a oração comunitária, a fim de a aproveitarmos.
SE uma fagulha do amor divino já se acendeu, não mostrá-la logo, não expô-la ao vento; manter encoberta a lâmpada para não se esfriar e não perder o calor, ou seja, fugir das distrações, ficar recolhido em Deus.
Para uma boa pregação, estudar e se preparar. Pregar primeiro com a vida e com o comportamento, para não pregar uma coisa e fazer outra. Não negligenciar a si mesmo.
A oração mental que precede acompanha e segue todos os nossos atos: meditar no que está fazendo, elevando aquilo a Deus; não fazer nada distraidamente.
Acho esse trecho do discurso dele muito útil para a vida dos evangelizadores. Às vezes lemos as leituras do Ofício das Leituras (quando as lemos!) tão automaticamente que nem tomamos conhecimento do que lemos (infelizmente eu sou um deles).
São Carlos Borromeu lembra: meditar sempre, nunca se distrair nas orações.
Já o Padre Howard, que nos anos 90 trabalhava no Brooklin (lugar pobre) dos USA, disse num retiro de Atibaia que se aproveitarmos pelo menos cinco minutos de nossa Hora Santa, já a aproveitamos bem.
Fica aí o impasse. Eu prefiro mais a opinião do Howard. Devemos caprichar, mas se não conseguirmos, não desanimar: aproveitar os minutos que conseguimos nos concentrar.
Para ouvir enquanto lê o artigo: MISSA DE ANGELIS- (YouTube): https://www.google.com/url?q=https%3A%2F%2Fyoutu.be%2F37q9zIznj2M&sa=D
Fiz uma experiência num mosteiro que fica no interior do Estado. Quis fazer uma experiência de vida contemplativa.
Deram-me a maior cela do noviciado: uma cama, uma pia, uma mesa e um guarda-roupa. Fiquei, portanto, no “coração” da casa.
Suas janelas davam para um bananal, em que trabalhei no período da tarde, desmatando-o: o capim “gordura’” estava do tamanho de um metro.
Cheguei lá à noite. No dia seguinte, acordei com os monges, às 4:30 hs, tomei banho num dos chuveiros do andar (eram cinco banheiros com chuveiros) e, às 5 horas, participei com eles do Ofício das Leituras, Laudes e meditação particular.
Chamou-me a atenção o fato deles valorizarem e muito o sacerdócio! Eu era tido como “mais importante” do que eles! Isso ajudou-me muito na compreensão do meu sacerdócio, da dignidade mas também da responsabilidade sacerdotal.
Às 7 horas eles foram para a missa conventual na igreja pública do mosteiro, mas eu combinei de celebrar a missa para alguns monges que não podiam ir à igreja por vários motivos, sobretudo de saúde.
Às 7:45 hs foi servido o café, com pão feito em casa, manteiga e mel (produzido lá mesmo).
Após o café, fui encarregado de transcrever os sermões de um dos monges, muito inspirados, para um livro. O livro foi impresso e eu ganhei um exemplar. Realmente, os sermões eram inspirados. Gostei muito de ouvi-los para digitá-los.
À tarde eu capinava entre as bananeiras, também num certo caminho de via-sacra num pequeno bosque, e o cemitério deles e a horta.
Às 9 e às 15 havia uma pausa para a Noa e a Tértia (oração das 9 e das 15). Às 15:15hs havia um lanche (que ninguém é de ferro), constituído por frutas ou café com leite e pão ou com bolo ou coisas desse tipo.
O almoço vinha precedido da oração do meio dia e seguido de um tempo de descanso até às 13 horas quando se reiniciava o trabalho.
Ás 17 horas se parava o trabalho e quem quisesse podia tomar banho. Logo após havia as Vésperas, o jantar e um tempo em que a conversa era permitida, num espaço de uma hora mais ou menos. Às 20:30 íamos para a igreja rezar as Completas (oração para o repouso noturno) e nos recolhíamos às 21 horas, em que se observa o silêncio rigoroso.
A alimentação era frugal, pouca carne. Muitas vezes a mistura era apenas batata doce frita.
Em todas as refeições são lidos livros: no café da manhã, a Imitação de Cristo e a Filoteia (de S. Francisco de Salles). No almoço e no jantar, um romance de aventura “light”. Lemos naqueles meses o desbravamento do Polo Norte.
Televisão, nem pensar. Jornal, só de três dias atrás, o Estadão. Só em grandes ocasiões se via tevê, como na visita do Papa ao Brasil, numa sala especial.
O cemitério é feito de covas rasas, apenas com uma cruz e o nome do monge falecido.
O vinho é servido nas grandes festas religiosas e quando morre um monge. Aí pode-se conversar no almoço, que é feito apenas com uma leitura do evangelho. A morte do monge é tida como a festa de sua entrada no céu. Isso é que é fé!
Pedi ao superior que me deixasse rezar as orações fora do grupo dos monges, porque eu não sabia acompanhar aqueles belos cantos gregorianos e tinha medo de errar. Ele permitiu. Eu rezava ali mesmo, mas sem fazer parte do grupo. Eles têm um costume rígido. Por exemplo, quando um monge erra na melodia dos salmos, tem que ajoelhar no meio da igreja como pedido de perdão!
As bibliotecas eram um caso a parte. Havia duas: a que eu frequentava, dos noviços, e uma outra, fechada a sete chaves, em que só os monges podiam entrar, por causa dos livros raros que ali são guardados. Eu apenas a visitei e vi uma bíblia autografada por Santo Antônio Maria Claret!
No meu trabalho externo de capinar era acompanhado, vez por outra, de um ou dois noviços, com quem eu trocava ideias sobre aquele tipo de vida. Outros três trabalhavam na limpeza interna. Eu limpava dois pátios, além do que já falei.
Uma das conclusões a que cheguei é que é loucura querer viver um tipo de vida desses sem ter uma profunda vocação. Quem a procurar por timidez, ou por não querer enfrentar os problemas que o cerca, não vai aguentar: vai cair numa depressão profunda. Não é uma vida fácil!
Entretanto, nunca vou me esquecer das horas maravilhosas que ali passei, diante do Santíssimo, naquele silêncio delicioso!
Eu me sentava no chão da capela dos noviços, quando estava sozinho, para fazer a Hora Santa seguida da Via-Sacra.
O bosque também é propício para uma boa e silenciosa caminhada: as árvores são altas, com bastante espaço para se transitar entre elas.
Meditei também muito sobre a Eucaristia, com um livro do Pe. Teilhard de Chardin: quem comunga, como numa corrente elétrica, recebe toda a energia positiva contida na Eucaristia, que a absorveu dos “elementos cósmicos que a rodeavam” (diz o T. Ch.).
A Eucaristia absorve tudo o que é bom ao seu redor e neutraliza tudo o que é mau.
Concluindo, digo que aproveitei muito esses meses de mosteiro. Nunca vou me esquecer da hospitalidade. No refeitório há sempre uma mesa preparada com pratos e talheres para possíveis visitantes.
Foi lá que tive a ideia de continuar em casa, no meu dia-a-dia de aposentado, uma vida de eremita autônomo, não só orando, mas também me preparando para participar dos problemas dos que sentem dificuldades em muitos aspectos da vida externa, fazendo o que for do meu alcance.
Precisamos encontrar mais tempo em nossa vida para uma oração vibrante, gostosa, como aquela chuva fina que vence a seca pela constância em cair, mesmo fraquinha. Aprendemos a rezar, rezando. Se a gente acrescentar 1 minuto por semana à nossa oração, vamos estar rezando uma hora a mais no final de um ano.
Também há o fato de aprendermos a nos colocar desarmados diante de Deus, pobres, humildes, desnudados de nossas vaidades e ambições, a fim de nos capacitarmos num melhor atendimento das pessoas e nos achegarmos, por meio delas, a Deus. Graças vos dou, meu Deus, por todas essas oportunidades de crescimento que me destes!
08/03/2106- O DIA DA MULHER, FRACASSOS, VOCAÇÕES
Na revista Ultimato de março/abril 2016, nº 359, à página 12, vi uma pesquisa sobre a pastores evangélicos que deixaram o pastorado. A pergunta feita, nos Estados Unidos, era: “Por que você deixou o pastorado”?
Em relação aos padres é mais fácil imaginar o motivo, em sua maioria: o casamento. Mas em relação aos pastores, as respostas foram diversas: por mudança de chamado, por conflito na igreja, por finanças pessoais, por questões familiares, esgotamento (“bournout”).
Esses 734 pastores abandonaram o “pastorado”. Será que são mesmo esses os motivos que levam as pessoas a abandonarem o pastorado, ou o apostolado (na nossa linguagem)? Quantos padres deixaram o ministério!
Eu estava escrevendo isto quando um homem veio me pedir que opinasse sobre um poema que ele escrevera para o dia da mulher, que é comemorado hoje. Ei-lo:
“ Não quero que você me ame/ só pelo simples fato de te amar/; quero que me ame pelo simples fato de merecer te amar;/ não quero que se preocupe comigo só porque eu me preocupo com você; quero que se preocupe comigo/ porque faço da sua preocupação a minha própria!/ Não quero que chore por alegria ou até mesmo por tristeza por mim, / mas, se chorar, / chore por saber que eu estou sempre aí para enxugar, / com todo o meu amor e coração,/ suas lágrimas, / oferecendo sempre um ombro amigo/, para sempre desabafar./ Não peço e nunc airei pedir que você me ame/, mas farei por merecer se amado por você/, sempre e no final,/ você apenas irá me amar,/ sem precisar falar ou mostrar ./ Amor a gente não pede, não se mede,/ apenas deixa transparecer”.
Você gostou? Depois ele me mostrou as dez coisas que mais gosta em sua esposa. Veja se bate com a sua opinião sobre esse assunto:
1- Seu caráter incomparável
2- Seu carisma único no mundo
3- Sua beleza sem comparação
4- Guerreira sem limite quando quer ou acredita em alguma coisa
5- Nunca desiste de nada que acha certo
6- Uma mulher, mas sem perder o jeito e a essência da menina
7- Nunca vê maldade em ninguém. Ajuda sem querer nada em troca.
8- Tem rostinho de criança, mas um corpo fenomenal de mulher.
9- Delicada e sensível, mas ao mesmo tempo a pessoa mais forte e correta que conheci em toda a minha vida
10- O que mais adoro e admiro em você: ser sempre você mesma!
Diz uma música antiga de Carnaval que o casamento é uma loteria “pra quê, pra quê que eu vou casar”? Esse meu amigo, antes de ir embora, me disse que, se casamento fosse loteria, ele tinha ganhado a sorte grande. Fico feliz que existem casais que se amam desse modo!
Esse assunto combinou com o que eu estava falando, sobre o abandono do apostolado. O mesmo acontece com o abandono do casamento, as separações. Ambas as coisas aborrecem e perturbam muito a vida das pessoas envolvidas, tanto o abandono do pastorado como o abandono do esposo ou da esposa.
Os padres não se casam justamente porque o casamento exige dedicação integral, 24 horas por dia, dificultando um pouco (ou muito) a vida dedicada ao sacerdócio, ao apostolado.
Creio que o “segredo” para que essas coisas não aconteçam, é a oração. A oração sustenta qualquer tipo de caminhada. Oração convicta, piedosa, realista e, principalmente, humilde.
A humildade é a fonte de nossa segurança. Colocar-se humildemente aos pés do Senhor, falando-lhe todas as nossas dificuldades. Ele nos prometeu, nos Evangelhos, que nunca iria nos abandonar. Nunca!
25/08/2021
Eu ganhei de um antigo amigo um livro com 380 palavras cruzadas da série “Pic nic”, da editora Escala, que é o mesmo tipo das palavras cruzadas da Coquetel. Eu só faço palavras cruzadas da Recreativa. Ali as palavras são correlacionadas, dando assim mais chance de serem descobertas. O tipo dessa Pic nic ou da Coquetel traz muitas palavras soltas, que dificultam o descobrimento.
Nesse referido livro há três níveis: fácil, médio e difícil. É aqui que entra nosso assunto. O que significa ser fácil? E ser médio? E ser difícil?
Então eu percebi que o fácil, para mim era difícil, e o difícil era fácil. No difícil eu consegui fazer quase tudo, mas no fácil não consegui fazer nem a metade.
É muito relativo essa história de fácil e difícil. Depende muito do conhecimento da pessoa. Um médico, por exemplo, que faz operações delicadíssimas, pode achar difícil assar carne. Uma dona de casa, que acha facílimo assar carne, não tem nem ideia de como se faz uma operação dessas.
Isso me levou também a meditar no fato de que nós não temos motivo algum de sermos soberbos, orgulhosos. Nos orgulhar do quê? Muitas pessoas conseguiram estudar porque os pais ganhavam o suficiente. Alguns, que conseguiram galgar o penhasco da glória, quase se mataram para ganharem um pouco de dinheiro a fim de poderem estudar. Outros nem precisam disso: têm dinheiro o suficiente para viverem toda a vida sem fazer nenhum trabalho.
Cada pessoa é sábia naquilo que aprendeu a fazer, naquilo em que viveu sua vida. Não podemos humilhar ninguém nesse sentido. Uma determinada mulher pode ser analfabeta, não saber nem distinguir o seu país de outros países, por exemplo, mas pode saber fritar um bolinho que ninguém mais consegue.
Quando eu era jovem (há muito tempo!) eu gerenciava um bar-mercearia. Era como qualquer outro, mas havia uma particularidade: minha mãe fazia coxinhas de frango e outras frituras semelhantes para vender no balcão e eram especiais, inigualáveis (até hoje tenho saudade das coxinhas que ela fazia). O resultado: nosso bar-mercearia era o mais frequentado do bairro. Até hoje eu acredito que esse tipo de estabelecimento deve ter algo que só nele se encontra, a fim de poder subsistir, atualmente, diante de tantos concorrentes.
Moral da história: só Deus é perfeito. Só Ele sabe fazer tudo com perfeição. Nós somos limitados. Cada um de nós sabe fazer bem alguma coisa, e se nos unirmos na ação, tudo melhora e fica perfeito, pois cada um vai fazer e aquilo que faz com perfeição. Agirmos de modo individualista só estraga o resultado, que nunca será perfeito. Se quisermos fazer bem uma coisa, contemos com a cooperação de outras pessoas. O individualismo leva à imperfeição. Nossa vocação é agir de tal modo que “Deus seja tudo em todos”, como diz S. Paulo num de seus escritos (1Coríntios 15,28).
1- Parafraseando Descartes (Penso, logo existo): Tenho problemas, logo existo.
2- “À custa de tanto repetir que Deus necessita dos homens e que a Igreja necessita de militantes, eu acabei por acreditar nisso. Agia sempre às corridas, de uma ocupação a outra, de uma cidade a outra, de uma reunião a outra. A oração era apressada, as palestras agitadas, o coração ingrato. Após 25 anos, percebi que sobre os meus ombros nada se firmava e que a coluna era falsa, postiça, irreal, criada pela minha fantasia, pela minha vaidade. Tinha caminhado, corrido, falado, organizado, trabalhado, julgado suster alguma coisa; na realidade, todavia, não sustivera coisa alguma”. Carlos Carreto, Irmãozinho de Jesus de Carlos de Foucauld.
3-“ A pura vida contemplativa facilmente nos leva demais para a inatividade ou, o que falando nos devidos termos é ainda pior, a nos absorver com atividades objetivas e relativamente fúteis, ameaçando a perda de uma visão acurada. Por outro lado, uma vida puramente ativa nos leva, mas dia menos dia, à superficialidade e à ignorância e, finalmente, a um ativismo estéril”. Bernardin Schellenberger, monge trapista alemão exclaustrado e pároco de uma aldeia de periferia na Alemanha.
4- “Eu não acredito que uma pessoa que passa horas a fio diante de uma tevê, possa ter disposição para se entregar à oração”. – René Voillaume, Irmãozinho de Jesus de Carlos de Foucauld.
5- “As pessoas se entopem de barulho para não ouvirem seu coração”. J.Lechek.
6-“Quanto mais conhecemos os homens, menos os amamos. Quanto mais conhecemos Deus, mais nós o amamos”. Cura D’Ars
7- “Nossa Senhora e os anjos não podem consagrar a hóstia, nem nos absolver dos pecados. O padre pode”!- Cura D’Ars
8- “As palavras da Consagração que um padre pronuncia, de um pedaço de pão faz um Deus. É mais do que criar o mundo”! – Cura D’Ars.
9- “ O fio de cabelo que nos prende a Deus é a humildade “ – Santa Teresa de Jesus.
10-“Contemplação e pobreza são inseparáveis”. Carlos Carreto.
11- “Se a uma Igreja lhe faltar a opção pelos pobres, essa Igreja não é mais Igreja de Jesus”.- D. Pedro Casaldáliga, sobre o ecumenismo.
12- Seja qual for o desfecho de minha história atual, vou poder dizer, e isso é o meu consolo e minha única certeza: Deus sempre vai me amar!
OUTRAS FRASES DE DIVERSOS AUTORES PARA MEDITAÇÃO.
1- Pe. Ponciano, de Aparecida - “A oração diminui e anula a distância entre nós e Deus.”
2-Sto Inácio de Antioquia (6ª. Feira da 17ª semana comum):
Sobriedade; tolerância; oração incessante; pedir mais sabedoria; vigiar; falar a todos a Palavra de Deus; suportar as fraquezas dos outros; não se cura a tudo com a mesma pomada; acalmar com os orvalhos os ímpetos febris; ser prudente e simples; ser sempre calmo.
3- Brasil Cristão – revista de dez. 2009, pág. 26: “Se você sabe que faz a vontade do Pai, nenhuma dificuldade tirará a sua paz!”
4- Teilhard de Chardin, do livro Hino do Universo, págs 16-17: “Do elemento cósmico em que se inseriu (pela transubstanciação na Consagração da Missa), o Vergo age para subjugar e assimilar a si todo o resto (...) A Hóstia é semelhante a uma fornalha ardente de onde sua chama se irradia e se espalha (...) A vontade divina só me será revelada à medida do meu esforço”. Como Jacó em Gn 32,27, só tocarei Deus se eu me deixar vencer por Ele. O egoísmo, a avareza, o individualismo, nos fecha a qualquer amorização.
5- Só é livre para fazer algo quem está livre de outras coisas.
6- Kant: “Só somos livres se nos dominarmos, se nosso espírito for livre”.
7- Sta. Rosa de Lima: “Sem cruz, não há caminho que leve ao céu”
8- Sto. Agostinho (of. Leit ofício da memória) “Não me mudarás em ti ao me receberdes em comunhão (diz Jesus), mas tu te mudarás em mim”.
9- Pe. Fernando Cardoso (03/09/2010)- Características de umpadre:
1-oração
2-pregar sempre a si mesmo por primeiro
3- ser litúrgico
4- pregar a todos e desinteressadamente
5-Em primeiro lugar se “ALIMENTAR” de Deus para transbordar aos demais.(Ver no YouTube))
10- Medjugorje: “Somos apenas viajantes nesta terra”
11- Sobre a fantasia- ver na 4ª f. 4ª semana comum de Diádoco (neste site, nos textos ou no site da liturgia das horas).
12-Santa Faustina: Não adianta pensar no passado, nem se preocupar com o futuro. Só temos o momento presente.
13- Santo Agostinho (6ª f. 13ª Semana Comum,Of. Leit): Que fez esse homem para merecer “ser assim assumido na unidade da pessoa pelo Verbo coeterno como Pai e ser o Filho Unigênito de Deus? O que fez para merecê-lo? (...) Pela ação do Verbo, ao assumi-lo, este mesmo homem, desde que começou a existir, começou a ser o Filho único de Deus!” (ou seja, sem mérito próprio algum).
14- “A oração deve ser sem gritaria” (S. Cipriano, 11º domingo comum) .
15-”Quando Deus for tudo em todos, não haverá mais desejos, pois Deus é tudo o que uma pessoa pode possuir “ (Ra f. Da 4ª semana da Páscoa,of. Leit.).
16- “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir, em cada rosto de pobre, à procura de teu rosto!” (Jeremias 20,7 e D. Pedro Casaldáliga).
17- Nossa oração incessante e contínua nos prepara para recebermos aquilo que pedimos (Sto. Agostinho, 29º domingo comum)
18- “É melhor mancar no bom caminho que correr fora dele” (Sáb 9ª sem. Comum, of. Leit).
19- “Estulto (bobo, idiota) seria o viajante que, detendo-se no caminho a contemplar as risonhas campinas, esquecesse o fim de sua viagem” (S. Gregório Magno, 4º dom. Páscoa of. Leit)
20-Falar várias línguas é ter várias virtudes, como a humildade, a paciência, a obediência (of. Leituras da festa de Sto. Antônio de Pádua,13 de junho)
21-Se não abandonarmos a vida reta, mesmo calados estamos orando (Sto. Agostinho, sáb. 5ª semana Páscoa, of. Leit.).
22-”Nós pedimos ao Pai:'Pelo vosso Filho Jesus Cristo'. Maria, porém pede : 'Pelo nosso filho Jesus Cristo', que faz toda a diferença no pedido! “ (Pe. Zezinho, 08/10/2010, TV Aparecida).
23- “Ostra feliz não faz pérolas” (Coletada por Rubem Alves. A pérola é consequência dos atritos que o grão de areia produz quando penetra na ostra).
24- Uma pessoa deu à sua inimiga uma lata de cocô. Esta lhe retribuiu com uma caixa de queijo, que ela fabricava em seu sítio, com um bilhete: “Cada um presenteia com o que tem de melhor! (Do livro de Rubem Alves)
25- Mais importante que a potência da lâmpada é o que ela está iluminando. Uma lâmpada de 100 watt pode estar iluminando um monte de esterco, e uma de 40 watt, um buquê de flores.(idem)
26- Ser absoluto nos faz obsoletos (Pe. Zezinho, em seu programa diário na TV Aparecida).
27- S. Cipriano, 1º sábado do Adv.- Não se deixar vencer, não desanimar da luta.
28- Pe. Fernando Cardoso: “Deus se deixa frustrar por um momento, mas não para sempre!”
29 -ALGUNS PENSAMENTOS do livro de Márcio Mendes “Vencendo Aflições, alcançando milagres”. Ed. Canção Nova, 30ª edição, fev. 2010.
pág.14: Deus não desistiu e nunca vai desistir de nós.
pág. 16: Às vezes jogamos fora coisas preciosas de nossa vida.
Pág. 22: Nunca devemos desistir, por mais impossível que pareça a solução dos problemas. Melhor do que falar de Deus, é falar COM Deus.
Pág. 24: Para rezar melhor, é preciso rezar mais.
Pág 27: A tristeza que agrada a Deus é a do arrependimento. “O sofrimento suportado com alegria é um poderoso exorcismo”.
Pág.56/57: Os pecados, mesmo perdoados, nos deixam profundas cicatrizes.
Pág. 61-65: Devemos arrancar sem piedade do coração tudo o que desagrada a Deus, ou seja: para beber vinho, tire antes o chá ou o café que está no copo.
Pág. 71-72: Nunca devemos compactuar com pessoas que pecam, ou seja, nunca devemos aprovar o pecado alheio.
Pág. 114/115: Não se auto condene. Perdoe-se!
30- “A grande traição ou tentação ao Evangelho, por parte dos seguidores de Jesus, é desbastar o Evangelho em suas exigências a tal ponto que caiba em todas as partes e se ajuste em qualquer projeto de vida” (“Vida Religiosa”, de Felicisimo Martinez Diez, pág. 93).
31- Todo vício tem o seu remédio e a virtude contrária (...) mas a vanglória (...) é a única que não tem virtude contrária que a combata. Ela se insinua nos atos mais santos; e até na própria humildade, se não se estiver prevenido, ergue, soberta, a sua tenda (...) A vanglória é chamada pelos santos “o caruncho da santidade.” (São Padre Pio de Pietrelcina).
32- O Deus dos excluídos é o Deus dos que vivem nas condições mínimas de liberdade, ou por não exercer, dadas as condições restritivas do uso do seu sentido e significado na determinação de sua própria existência “ ( “A Revelação de Deus a partir dos excluídos” , Pe. Vítor C. F. Pág. 112).
1-Jer 7,11- Vocês pecam, matam, e depois vêm ao templo oferecer sacrifícios e voltam para casa, achando que podem continuar a pecar!
2- Mc 11,24- “Tudo quanto suplicardes e pedirdes, crede que já o recebestes e assim será para vós.”
3- Mc 11,25- “Quando estiverdes orando, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai que está nos céus vos perdoe as vossas ofensas”.
4- Gn 18,37- Se Abraão tivesse continuado a oração, talvez Deus perdoasse a cidade mesmo que lá não houvesse 10 justos. Em Jer 5,1, pede para tentarem achar em Jerusalém um só justo e Deus perdoaria a cidade.
5-Lucas 11,10: Quem pede, recebe.
6- João 14,6: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”
7- Isaías 49,15-16:- “Eu nunca te esquecerei”, diz o Senhor.
8- Provérbios 15,17:- “Mais vale um prato de verdura com amor do que um boi cevado com ódio”.
9- Mateus 12,30:- “Quem não está comigo, está contra mim”.
10- Eclesiástico 2,1-6:- “Se te ofereceres para servir o Senhora, prepara-te para a prova (...) não te apavores (...) une-te a Deus e não te separes (...) Aceita tudo o que te acontecer (...) sê paciente nas humilhações (...) o ouro se prova no fogo, e os eleitos, no cadinho da humilhação. Conserva tua confiança na doença e na pobreza. Confia no senhor e Ele te ajudará. Endireita teus caminhos e espera nele”.
11- Oséias 2,16-17: “Vou levá-la ao deserto e aí lhe falarei ao coração. Aí lhe devolverei as videiras, e o vale das desgraças se transformará em portas de esperança.
12- Miquéias 7,19- Deus jogará no mais fundo do mar os nossos pecados.
13- Salmo 138,8-9:- “Completai em mim, Senhor, a obra começada! Vossa bondade é eterna!”
14)- Mateus 20, 1-16:- O dono do campo deu uma moeda para cada um, no final do dia: o amor de Deus é infinito e pleno, não faz diferença entre uma pessoa e outra: Deus nos ama por igual e infinitamente. Vamos continuar, no céu, a intensidade de amor com que o amamos aqui na terra. Aí é que está a diferença: no nosso amor por ele, e não no amor dele por nós.
15-Jeremias 12,5b- Se não nos sentirmos em segurança no nosso dia a dia, muito menos a sentiremos nos dias de tribulação!
16- Eclesiástico 3,20 (grego 18):- “Quanto maior fores, mais humilde deves ser”
17- Salmo 61 (62), 2-3:- “Só em Deus minha alma tem repouso”.
18- Tiago 2,13:- “ A misericórdia triunfa sobre o juízo” (ou seja: se tivermos misericórdia, o juízo final vai ser mais ameno para nós).
19- Provérbios 16,20: 'Quem escuta a Palavra do Senhor com atenção, encontra a felicidade”.
20- Provérbios 17,22:- “Coração alegre, corpo contente; espírito abatido, ossos secos”.
21- Eclesiástico 30,22-27- (Grego 21-25): A alegria é a vida do homem e aumenta a sua vida.
22- 1Coríntios 10,13: “Deus não permitirá que sejais tentado acima de vossas forças”.
23- Salmo 94,11:- “Deus conhece os nossos pensamentos”.
24- Colossenses 2,15-3,4: Muitos ensinamentos não são divinos, mas humanos.
25- 2Cor 2,12-3,6: Somos o perfume de Cristo.
26-2Cor 9,1-15:- “Deus ama quem partilha com alegria.
27- Sofonias 1,1-7:- “Silêncio diante do Senhor Deus!”
28- Isaías 56,10: Não devemos ser sentinelas cegas, nem cães mudos! S. Gregório desenvolve esse tema no ofício das leituras do 27º domingo comum (ver site no início desta página)
29- Lucas 11,24-26 – O recalque é como esses sete demônios que voltam à pessoa com maior força.
30_ 1 Pedro 5,8:- É impossível ser glutão e homem de Deus ao mesmo tempo! Santo Antão viveu no deserto, penitente, e morreu com 104 anos!
31- Romanos 8, 17-18:”Os sofrimentos da vida presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós”. E 2Cor 4,17: “A presente tribulação é momentânea”.
32- Sabedoria 11,24-25:- Se Deus odiasse algo, não o teria criado!
33- Efésios 1,4:- Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis.
34- Salmo 55,9:- “De minha vida recolheste cada lágrima”. Vers. 4:- “Quando o medo me invadir, ó Deus Altíssimo, porei em vós minha confiança!”.
35- Isaías 65, 17: “Jamais lembrarei as coisas passadas!”
36-"Deus enxugará toda lágrima dos nossos olhos".(Apoc 21,4)
Trechos selecionados por assunto:
1- SOBRE A SANTIDADE
“Sede perfeitos (...) como o Pai celeste é perfeito”. (Mt 5,48)
“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lev 19,2; Lev 11,44; Lev 21,26; Lev 20,7;Êx 22,30; 1ª Pd 1,16; )
“Para que o sirvamos em santidade e justiça” (Lc 1,75)
(Deus, o Pai) “Nos escolheu em Cristo, antes da construção do mundo, para sermos em amor, santos e imaculados a seus olhos” (Ef.1,4)
“A vontade de Deus (...) é a vossa santificação (...) Deus não nos chamo à impureza, mas à santidade” (Tess 4,3.7).
(...)”Vai e de agora em diante não pequeis mais”(João 8,11)
“Filho, dá-me teu coração e faze que teus olhos aprovem e gostem dos meus caminhos” (Prov. 23,26).
“Na Cidade Celeste não entrará coisa alguma impura nem quem cometa abominações e diga mentiras, mas somente os que estão escritos no livro da vida do Cordeiro” (Apoc 21,27)
“Por isso, caríssimos, vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre imaculados e irrepreensíveis na paz” (2ª Pd 3,14)
“O Senhor (...) usa de paciência convosco. Não deseja que ninguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam” (2ª Pd 3,9)
“Vigia, (olha) por ti mesmo e pela instrução dos outros com insistência. Assim fazendo, hás de salvar a ti mesmo e aos que te ouvirem”.(1ª Tim 4,16).
“E disse para ela: Os pecados te estão perdoados(...) A tua fé te salvou, vai em paz!” (Lc 7,48.50).
2- ACEITAR-SE
“A verdade vos libertará” (João 8,32).
(...) “Deus é Deus de lealdade e não de falsidade” (Dt 32,4).
(...) “Justos e verdadeiros são teus caminhos, ó Rei das Nações!” (Isaías 11,5).
“A justiça será o cinto de seus quadris e a fidelidade (A verdade), o cinto de seus rins” (Isaías 11,5)
“Estas são as coisas que deveis fazer: falai a verdade uns com os outros”.(Zc 8,16).
“Por isso renunciai à mentira. Cada um diga a verdade ao próximo” (Ef.4,25)
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (João 14,6)
3- TRECHOS SOBRE A ORAÇÃO
“Para mostrar que é necessário orar sempre, sem nunca desanimar, Jesus contou uma parábola.(...) Digo-vos que em breve (Deus) lhes fará justiça (àqueles que pedem com fé). Mas quando vier o Filho do Homem, encontrará fé na Terra?” (Lc 18,1.8)
O amigo importuno :- se um amigo vier lhe pedir pão de madrugada e insistir, você acabará lhe dando o pão só para que ele não o importune mais, se não for por causa da amizade. Se isso acontece entre pessoas humanas, quanto mais Deus não nos dará o que lhe pedimos com insistência, se o que lhe pedimos for para o nosso bem? (Lc 11,58)
O fariseu e o publicano: O publicano nem entrou no templo, pois era considerado impuro pelas autoridades, mas apenas ficou na porta, humildemente, implorando o perdão de seus pecados, de cabeça baixa. O fariseu, imponente, rezava julgando o publicano, “fazendo média” com ele. Jesus disse que o publicano saiu perdoado, mas o fariseu, além de não ter sido perdoado, saiu com um pecado a mais. A oração deve, pois, ser insistente, mas humilde e confiante. (Lc 18,9-14).
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas e tu não quiseste! Tua casa ficará deserta! “ (Mt 23,37-38).
“ Ó Deus(...) a ti procuro, de ti tem sede minha alma; minha carne por ti anseia, como a terra ressequida, sedenta, sem água!” (Sl 63(62),2
“O Senhor é meu Pastor: nada me falta! Em verdes pastagens me faz repousar, conduz-me às fontes tranquilas e reanima minha vida” (Sl 23(22) 1-3a).
“O homem que confia no Senhor será como uma árvore plantada junto da água, que lança suas raízes para a corrente; não teme quando chega o calor; sua folhagem permanece verde; num ano de seca não se preocupa e não pára de produzir frutos" (Jer 17,8 e Salmo 1).
"Mesmo que alguma mãe se esquecesse do filho que gerou, eu não te esqueceria! Eu e tatuei na palma de minhas mãos!" (Is 49,15-16)
"Eu nunca te esquecerei!" (Is 44,21c)
"Eu te amei com um amor eterno, por isso conservei meu amor por ti!" (Jer. 31,3)
"Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos juntos" (Apoc 3,20).
"Eu te aconselho a comprares meu ouro provado no fogo, para te enriqueceres, e vestes brancas, para te vestires e não aparecer a vergonha de tua nudez, e colírio, para ungir teus olhos, a fim de poderes ver. Eis que venho como um ladrão. Feliz quem vigia e guarda suas vestes para não andar nu e não serem vistas suas vergonhas".
(set 2016)
Ao meditar a Via Sacra deparei-me com uma coisa que resolve muitas de nossas dúvidas: se não podemos evitar a crucifixão de Jesus, como os que acreditaram nele e o seguiram na Via Crucis, pelo menos imitemos Verônica, enxugando seu rosto, confortando-o na caminhada para o Calvário.
Todos estamos também carregando a nossa cruz, seguindo Jesus, ao atendermos seu pedido: “Quem quiser vir após mim, pegue sua cruz e me siga!”(Mateus 16,24). Ele não disse: “Vá à minha frente”, ou “Vá ao meu lado”, ou mesmo “Vá em meu lugar”. Ele disse: ‘Venha após mim e me siga”! Ele abriu-nos o caminho, ele foi à nossa frente. É como a mãe que come uma colherada da sopinha que está dando ao filho para que ele veja como é gostosa e vai-lhe fazer bem.
Jesus disse, também, que se quisermos fazer-lhe algo, façamos ao pobre, ao necessitado. Aí está a nossa resposta: enxugamos o rosto de Jesus quando enxugamos os de nossos irmãos e irmãs desamparados.
Como fazer isso?
Ora, há tantos que sofrem por aí, aos quais nada podemos fazer além de consolar, confortar, diminuir os sofrimentos. Por exemplo, os doentes incuráveis. Tenho um amigo testemunha de Jeová que está com câncer e a quimioterapia está fazendo muito mal a ele. Eu sempre lhe digo: “Peça à Mãe que o Filho atende”! Ele sorri, mas eu sei que ele talvez nunca faça isso. Se fizesse, talvez Maria conseguisse para ele a graça da cura.
Se esperarmos o “poder” de curar todo mundo, tirar todos da miséria, reunir os separados, nada faremos! Nunca o conseguiremos!
Portanto, mãos à obra! Não hesitemos em animar os desanimados, dar algo para o faminto comer, dar um abraço nos solitários e tristes, chorar com os que choram... São Paulo não nos pede para fazer calar os que choram, mas sim, nos pede para chorar com eles! (Romanos 12, 15).
Sobretudo, que tal aprendermos a ouvir? Somos acostumados a falar sem ouvir! Quando alguém nos fala sobre sua dor de perna, em vez de o ouvirmos e nos condoermos, logo conseguimos encontrar em nós mesmos alguma outra dor maior do que a dor de perna dele e a comentamos!
O correto seria ouvir a pessoa, comentar a dor de perna dele, e, se fosse o caso, aí, sim, poderíamos exemplificar o fato com a nossa dor.
Muitas vezes a pessoa não quer soluções, mas apenas alguém para ouvir as suas queixas, alguém para desabafar suas mágoas! Só pelo fato de o (a) ouvirmos, ele (ela)sentirá uma melhora em seu problema.
Ser como Verônica! Ela não podia evitar a morte de Jesus, mas confortou-o com o que tinha às mãos: um pedaço de pano, segundo a bela tradição oral, recebeu a marca do rosto de Jesus.
Confortando os que precisam de um conforto, estaremos recebendo a marca da face de Cristo em nossa mente e em nossa alma, e isso nos dará a força necessária para pegarmos novamente nossa cruz, se a deixamos cair, e seguir Jesus no caminho do Calvário que, na verdade, é o caminho da Salvação.
Essas duas palavras, “Jesus-Cáritas”, que significa “Jesus-Amor”, eram usadas pelo Beato Carlos de Foucauld, o “Irmão Carlos”.(1858 -1916). Tinha sido alcoólatra, mulherengo e milionário, mas renunciou a tudo para viver no deserto do Saara, com o povo tuaregue.
Nunca entenderemos verdadeiramente quão grande e terno é o amor de Jesus por nós. Esse seu amor, diz o Zé, faz as grades da prisão ou outros sofrimentos parecerem nada! Procuremos entender “Qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade do conhecimento do amor de Cristo, que supera qualquer conhecimento” (Ef. 3,17-19).
Esse amor de Jesus é mostrado no Evangelho em várias ocasiões e com várias pessoas diferentes. Com Judas, por exemplo. Jesus, traído, lavou os pés do seu traidor! (João 13,5). Judas poderia ter aproveitado o momento para voltar atrás e pedir perdão. O papa João Paulo I disse a esse respeito, que, enquanto o bom ladrão (São Dimas) obtinha o perdão de tudo o que fizera e entrava no céu, nesse mesmo tempo, Judas se enforcava por causa do desespero.
A santidade e o poder de Jesus foram sentidos pela mulher que sofria de hemorragia, ao tocar em suas vestes (Lc 8, 40), por São Pedro em Lc 5,8: “Afasta-te de mim, Senhor, que sou um homem pecador”, por Dimas “Lembra-te de mim quando estiveres em teu reino” (Lc 23, 42-43) e por tantos outros. Não teriam sido sentidos também por Judas, ao beijar Jesus? “Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?” (Lc 22, 48). Judas não confiou em Jesus como Pedro, que pediu perdão e foi perdoado: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo” (João 21,17). Pedro, noutra ocasião, recusou-se a abandonar Jesus, ele e os demais apóstolos. Desta vez, Judas ainda acreditava que poderia ser feliz sendo apóstolo: “Simão Pedro respondeu a Jesus: ‘Senhor, a quem iremos nós? Só tu tens palavras de vida eterna; e nós acreditamos e conhecemos que tu és o santo de Deus’” (João 6, 70).
Esses santos, como nós, lutavam submetidos a duas forças: uma que os elevava ao paraíso, mas outra que os rebaixava à materialidade, ao pecado. E como diz Rom 7, 23-25: “Pela razão eu sirvo à lei de Deus, mas pelos instintos egoístas, sirvo à lei do pecado. Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (v. 19).
“Senhor, a quem iremos? Só tu tens palavra de vida eterna!” E digo com o salmista (Salmo 27, 4):
Em Hebreus 12, 4 é-nos aconselhado a reagir, mudar de vida, lutar até o “derramamento de sangue”, se for preciso, para vencer o pecado (Hb 12, 4). Como esse versículo incomoda! Ser tíbio, disse Jesus a Santa Faustina, é “permanecer na ilusão de que estamos no caminho certo, pecando e se confessando, sem uma mudança real de vida”. É como o doente que finge a si mesmo que é sadio e, assim, nunca procura o médico. É, aliás, o que sentiam os fariseus, tão criticados por Jesus.
Só com a oração e uma rígida vigilância é que conseguimos vencer a tibieza e não ofendemos a Jesus de maneira alguma. Jesus se queixa a Santa Faustina que nós o recebemos de manhã, na comunhão, mas à tarde já o ofendemos!
Vejo São Dimas, “o bom ladrão”, como um exemplo de como devemos “saborear” de corpo e alma a salvação oferecida a nós pelo coração misericordioso de Jesus. Eu acho que ele era um menor abandonado, que nunca teve o amor materno ou paterno. Precisou roubar para viver e acabou se acostumando a essa vida. Mas encontrou Jesus no final da sua vida e não deixou escapar a oportunidade (Lc 23, 39-43). O que deve ter impressionado Dimas, que reconheceu os próprios pecados e testemunhou que achava aquele homem (Jesus) inocente, foi o perdão que Jesus pediu para os seus algozes: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23, 34). Se Dimas tivesse se encontrado com Jesus antes, talvez fosse o 13° apóstolo. Muitos, na prisão, como Dimas, nunca tiveram a mão materna que lhes acariciasse, ou mesmo nunca sentiram a ternura e o acalanto da mão de Deus!
Nós temos a oportunidade de nos encontrar com Jesus no decorrer de nossas vidas. Muitas pessoas têm oportunidade, mas não se convertem, e até pioram! Entretanto, há outros que, aproveitando o fato de serem como que “os prediletos de Jesus”, por causa dos sofrimentos, abraçam essa oportunidade de redenção, purificação e “unção”. Eles são “ungidos”, em seu sofrimento, para uma nova vida, vida de alegre convívio com os que lutam por uma vida de santidade junto a Deus, uma vida nova de seres criados “à imagem e semelhança de Deus”. Todos, se quisermos, podemos viver com Jesus para sempre!
Muitas besteiras ou idiotices que as pessoas falam e fazem ou fizeram em seu passado, não são maldosas; são como “armaduras de aço”, que colocam para se protegerem dos perigos e para não deixarem que o amor os comprometa com a beleza de uma vida diferente, que não conhecem, ou até acham impossível, e por isso sentem diante dela uma total insegurança. É assim que eu entendo o porquê de sua insistência na “malandragem”.
Houve casos, numa prisão em que está um amigo meu, anos atrás, de pessoas que cortaram a cabeça do outro colega de prisão e jogaram futebol com ela. Como entender tamanha selvageria? É de se perguntar se um dia podemos colher algum bom fruto se fizermos algum trabalho com eles. Mas... podemos tirar frutos até dos espinheiros! O “figo da Índia”, fruto do cacto, é saboroso, mas tem muitos espinhos! Se tivermos paciência de tirar a casca cheia de espinhos conseguiremos saborear o fruto. E como tem sementes! Essas sementes podem, se plantadas, da outros bons frutos. Infelizmente a sociedade só vê os espinhos e não procura a parte boa desses frutos. Se conseguirmos mostrar a eles a misericórdia do Coração de Jesus, na certa mudariam. Jesus é todo misericórdia e bondade!
Precisamos todos dizer, todos os que sofrem, como São Dimas, “o bom ladrão”: “Senhor, lembra-te de mim quando estiveres em teu reino”. E Jesus, percebendo nossa sinceridade, nossos corações tão mal tratados e desprezados, tão humilhados e sofridos, nos acolherá e nos dirá como ao bom ladrão: “Em verdade eu te digo que (hoje mesmo) estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42-43). Jesus pode, também, nos dizer como à mulher adúltera: “Eu também não te condeno; podes ir, e não peques mais” (João 8,3-11). Ou, ainda, como disse ao paralítico: “Teus pecados estão perdoados” (Mt, 9,2). Ou nos garantirá, como garantiu à pecadora, em Lc 7,47: “Os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor”.
Ao apelarmos para a misericórdia de Jesus, estamos, na verdade, apelando, hoje, para aquele que será nosso juiz no julgamento final. É como diz Santa Teresinha: “Sou como uma lebre que, para fugir dos cães que a perseguem, refugia-se, esperançosa, esperando ser bem cuidada, nos braços do caçador, dono dos cães”.
Sejamos como um perfume deixado em nós por Jesus, na comunhão, e perfumemos os demais. Consolados por Jesus, podemos também consolar os demais, como nos garante 2ª Cor 1,3-5.
Muitos não têm, infelizmente, ajuda psicológica e de reeducação, de que precisam. Por isso, têm de recorrer à oração, à paciência, à amizade, ao perdão e à misericórdia! É preciso deixar-se amar por Jesus! Ele nos amou primeiro, antes que existíssemos (Jer 1,5 e 1a João 4,19).
Deixemos Jesus entrar em nossa vida! Ele bate à porta. Se o deixarmos entrar, Ele irá entrar em nossa casa e ceará conosco, e nós com Ele. É a comunhão íntima e perfeita entre corpo, alma e divindade (Apoc 3,20): “Eis que bato à porta. Quem me ouvir e abrir para mim a porta, eu entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”.
Jesus nos convida a nos colocarmos sob sua proteção: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do fardo e eu vos aliviarei” (Mateus 11,28). E Frei Carlos Mesters nos diz: “Deus é um Pai que nos ama com um coração de mãe”.
Os doentes, sofredores, moradores de rua, cegos, deficientes físicos, desempregados, num grupo, e os menores infratores, ladrões, assassinos, traficantes, prostitutas, garotos de programa, dependentes químicos, alcoólatras, num outro grupo. Há também um terceiro grupo de marginalizados da sociedade, que são os milionários e os ”ídolos” do cinema, música e tevê.
Essas pessoas todas se isolam em pequenos grupos e acabam não participando da vida comum da sociedade. Vamos nos ater aos pobres, que são marginalizados pelos ricos.
Jesus nasceu pobre, mas não na miséria, como tantos hoje vivem. Havia, no tempo dele, pessoas marginalizadas, como os doentes, leprosos, pecadores, possessos.
Jesus viveu a vida toda na classe pobre. Quando ele tocava algum marginalizado para curá-lo, não descia de classe, mas curava a pessoa e esta é que “subia” da classe dos legalmente impuros para a classe dos purificados.
O estudo pode ser um meio de se sair da marginalização, assim como o trabalho, quando feito por gosto e com sabedoria. Um faxineiro, por exemplo, com estudo, pode saber, melhor do que os que não têm nenhum estudo, como melhorar suas condições econômicas, financeiras e na sociedade, até que se forme e comece a exercer sua profissão. Ele se sobressai em qualquer coisa que faça.
Jesus não quer ver ninguém vivendo na miséria. Quando manda renunciar a tudo o que se possui, se preocupa com os que vivem na abundância e se desviam do bom caminho: acabam “descartando” Deus de suas vidas.
“Felizes os pobres em espírito” (Mt 5,3). O que é ser pobre em espírito? O Beato Carlos de Foucauld dizia: “Nós temos conosco, ao redor de nós, um Pai que nos ama com um amor infinito e que é Todo-Poderoso. E por que então estaríamos inquietos pelas coisas materiais? Que loucura”!
Diz mais: “Você é meu irmão, o que me pertence é seu; um pouco de lama ou de lã não me separará do meu irmão. Eu o amo, tome tudo o que você quiser; querendo você mais, tome mais, tome tudo, tudo o que eu tenho é seu, irmão bem amado. Eu o amo, tudo o que eu tenho é seu”.
Os continuadores do pensamento do Irmão Carlos de Foucauld foram o Pe. René Voillaume e a Irmãzinha Madalena. Eles diziam que o ideal de pobreza é a que vive um operário comum.
Atualmente penso que uma família deve ter possibilidade de possuir casa, automóvel, tirar férias, estudar os filhos, alimentar-se bem, ter possibilidade do lazer.
A vida de maior pobreza deveria ser seguida pelos (as) religiosos (as), mas, como diz Felicisimo (sic) Diez, as congregações religiosas deveriam “repassar” o dinheiro extra que entra para os pobres, em vez de embelezarem fazerem reformas sem fim nos prédios e pertences da congregação. Não basta que seus membros sejam pobres. A congregação também deve ser.
As congregações inspiradas no Beato Carlos de Foucaul vivem essa vida simples, mas têm poucas vocações. As Irmãzinhas de Jesus trabalham como operárias ou empregadas domésticas, ou faxineiras, ou em qualquer profissão pobre. Os Irmãozinhos de Jesus e os Irmãozinhos do Evangelho, idem. Vivem plenamente inseridos na vida do pobre.
Enfim, ser “pobre em espírito” é, mesmo com a capacidade de ganhar bem, renunciar parte disso para partilhar com os pobres e necessitados.
Nosso modo de vida deve ser de economia, nunca desperdiçarmos, vivermos de nosso trabalho, nunca às custas dos outros, evitando o que for supérfluo, o consumismo desnecessário, as falsas necessidades criadas pela mídia. Que nossa casa seja simples, mas confortável e nossas visitas possam sentir-se à vontade, sem aquelas manias de que não podem sujar isto ou aquilo, tendo que tomarem cuidado exagerado com a limpeza da casa. Havia uma vizinha de casa assim! Quando eu entrava na casa (eu tinha uns 10 anos), ela me seguia com a vassoura, varrendo meu rastro. O resultado é que nunca mais fui à casa dela.
Quanta gente viveu e vive a pobreza evangélica! Acreditemos neles! Foram pessoas felizes, sem traumas, sem depressões, numa paz e energia de ação social invejáveis!
Nunca podemos abandonar os marginalizados, sejam eles pobres ou ricos. Um doente, por exemplo, é um necessitado, mesmo sendo rico! Um dia não haverá mais necessitados, como diz S. Paulo, e “Deus será tudo em todos” e, como acrescenta Sto. Agostinho, não haverá mais desejos, porque Deus é tudo o que uma pessoa pode desejar!
Alguns dizem: “os pobres são assim porque são preguiçosos” A preguiça dos pobres muitas vezes vem da má alimentação. Não basta dar dinheiro, mas é preciso remover o empecilho que os impedem de viver uma vida mais tranquila.
Alguns vendem os alimentos recebidos pelas entidades sociais para comprarem drogas, cigarros, bebidas... É uma realidade triste, mas também um desafio real: transformar as más inclinações das pessoas. Tarefa difícil, que só se consegue com os mutirões de ações, em que todas as facetas das pessoas sejam abordadas. Os cursos rápidos de capacitação também são eficazes, como corte e costura, tricô, crochê, marcenaria, pintura, de pedreiro, padeiro etc.
Jesus nunca deu dinheiro aos pobres de seu tempo: deu-lhes alimento e a cura, para que pudessem ganhar o próprio sustento. Como diz o Pe. René Voillaume em seu livro “Irmão de Todos” (nós publicamos um resumo no site), Jesus curou apenas algumas pessoas, encontrou-se com algumas outras, mas nunca agiu para multidões. Aliás, ele próprio era pobre!
Outro problema é não dar apenas a promoção material, mas também e especialmente a espiritual. Não adianta nada promover o pobre e deixá-lo ateu ou sem a palavra de Deus! Seria bom que ele participasse de algum pequeno grupo da comunidade, onde poderia ser melhor ajudado e promovido. Aliás, precisamos tentar criar mais os pequenos grupos, a fim de que essas pessoas possam sentir-se bem, mais à vontade, do que na multidão.
Se assim agirmos, a luz de Deus resplandecerá sobre nós. Muitos pobres não frequentam a Igreja (com i maiúsculo e minúsculo) porque lá não se sentem à vontade. Essa é uma grande verdade!
O sistema evangélico é menos “pesado” que o católico e atrai, por isso, mais pessoas. Precisamos “desburocratizar” nossas comunidades, deixá-las mais acessíveis! Formar mais comunidades de base nos bairros! Aliás, temos muita coisa nesse sentido, mas quase não são conhecidas, ou muitas vezes limitam-se à ação política e acabam deixando a vida de oração de lado, muitas vezes passando a confiar mais na força física ou mental do que no auxílio divino. Se os evangélicos conseguem, por que não nós? Deus por acaso não é Todo Poderoso? Quem o segue pode passar fome? Ou você duvida?
Nunca praticar o aborto sob hipótese alguma! sempre preservar a vida em qualquer estágio.
Nunca odiar a quem quer que seja; sempre amar!
Nunca um cônjuge trair o outro; sempre ser fiel no casamento!
Nunca mentir, nem por brincadeira; sempre falar a verdade!
Nunca duvidar da bondade de Deus; sempre confiar em Deus!
Nunca duvidar do poder de Deus; sempre confiar no poder de Deus!
Nunca desanimar, seja qual for o problema; sempre estar animado!
Nunca deixar a oração; sempre rezar (orar)!
Nunca falar palavrões; sempre falar só o que for bom!
Nunca falar besteiras ou piadas sujas; sempre falar o que edifica!
Nunca buscar a riqueza; sempre buscar uma simplicidade de vida!
Nunca buscar o prazer ilícito; sempre praticar a sobriedade!
Nunca ofender a Deus nem ao próximo; Sempre tratar bem a Deus e ao próximo!
Nunca ser “porcalhão”; sempre praticar a higiene!
Nunca deixar de estudar; sempre estudar e ler coisas boas!
Nunca ficar ociosos; sempre fazer exercícios físicos!
Nunca se deixar viciar por nada; sempre vigiar para não cair nos vícios!
Nunca perder a serenidade, a paciência; sempre ser calmo e paciente!
Nunca zombar de quem quer que seja; sempre respeitar a todos!
Nunca ser preguiçoso; sempre ser ativo e trabalhador!
Nunca ser supersticioso; sempre confiar na presença de Deus!
Nunca comer ou beber demais; sempre ser sóbrio!
Nunca recalcar coisa alguma. Sempre se aceitar totalmente!
Nunca julgar ninguém; sempre ouvir antes de criticar!
Nunca deixar a luta; sempre lutar para ser santo!
13/11/17
Muitas vezes tenho sentido medo incrível do juízo particular, após a minha morte, e, por consequência, do juízo final.
A salvação é minha preocupação constante, e acho que também é a de muitas outras pessoas.
Entretanto, hoje ao meio-dia, ao ler a leitura breve da oração dessa hora, nesta segunda feira da quarta semana da Liturgia das Horas, minha mente e meu coração, de repente, como por inspiração divina, se aclararam. Meus olhos se fixaram no trecho ali determinado de Sabedoria 15,1.3: “Tu, nosso Deus, és bom e verdadeiro; lento para a ira, governas o universo com misericórdia. (...) Conhecer-te é a justiça integral, e reconhecer tua soberania é a raiz da imortalidade”.
Nós vemos Deus como um carrasco de espada em punho, pronto para decepar nossa cabeça a qualquer sinal de pecado. Que erro! Deus nos ama e nos quer com ele! Não está a fim de condenar-nos, a não ser se não quisermos ficar com ele.
Nada temos a perder! Por que tanto medo do inferno? Por que vivermos traumatizados ou com a síndrome do pânico por medo do nosso julgamento após a morte? Deus nos quer, nos ama e nos ajudará a vencermos nossos limites, pecados, manias, preocupações, ambiguidades! Ele é nosso Pai! Deixemos de vez o medo dele! Aproximemo-nos dele e ele sempre nos amparará.
O versículo 2, omitido na Liturgia das Horas, é este: “Mesmo pecando somos teus, pois reconhecemos tua soberania, mas não pecaremos, sabendo que te pertencemos”. Veja bem: mesmo com o pecado Deus não nos desampara, mas aguarda e “torce” para que nós nos arrependamos, a fim de podermos estar sempre com ele. Ele não nos forçará a entrarmos no céu. Mas é o que ele deseja, mais até do que nós mesmos desejamos.
Diz Efésios 3,20: “Deus é poderoso para realizar em nós muito além, infinitamente além de tudo o que nós podemos pedir ou conceber”.
É preciso mais do que isso para convencer você?
09/04/16-
Meu grande amigo, G.B.D., boliviano, morreu hoje, sábado, dia 09/04, de manhã. Tinha 76 anos.
Gostava de cantar. Estava preocupado porque não conseguia dar os agudos que sempre deu, e até foi ao médico. Infelizmente, morreu de um dia para o outro. Ficou doente há alguns dias, foi ao hospital, mas o mandaram de volta. Pensa-se que seja do coração.
Em janeiro eu copiei da internet (ele não sabia mexer com isso) algumas músicas: Granada, El Ruiseñol, Boemia, El Pastor, e outras desse gênero. Ele nem teve tempo de usufruir das letras!
Em nossas conversas, falava-me de sua juventude como guerrilheiro na Bolívia e países vizinhos. Como sobrevivera no sertão, sem comida, alimentando-se de bichinhos e insetos, e sem água.
Às vezes cantávamos juntos, caminhando na praça. Não morava com a família, mas tinha esposa e uma filha, já adulta. Quase não se viam, pois era separado da esposa.
Sempre me animava: ”Coragem! As coisas vão melhorar! Ânimo! Faça exercícios físicos!
Ele comia de marmita, comprada de um tipo de restaurante e me levava a carne de frango, quando vinha: detestava comer frango. Para compensar, eu levava pão para ele, de vez em quando.
Enviou, no ano passado, um HC ao Tribunal Superior de Justiça, pedindo para tornar hediondo os crimes feitos pelos políticos, sobretudo de roubo e desvio de dinheiro. Pediu para alguém colocar na internet, e soube estar com muitas assinaturas.
Há alguns dias reclamou de dores nos rins e no corpo. Como já disse, foi ao hospital, mas nada encontraram nele. O médico fez uma bateria de exames, cujo resultado não deu tempo para ele receber.
Hoje de manhã, às 6 horas, fui visitá-lo, pedi a bênção de Deus para ele e que Deus perdoasse todos os seus pecados. Em seguida fui fazer a minha Hora Santa diária e nem havia ainda terminado, quando soube que havia falecido. Fiquei agradecido a Deus por ter dado tempo de absolvê-lo de seus pecados.
Diz a bíblia que há amigos mais queridos que um irmão (Provérbios). Esse foi um deles. Senti muito sua morte, mas ainda “não caiu a ficha”. Nos próximos dias sei que vou sentir mais do que hoje sua falta. Entretanto, apesar de estar longe da família, ele morreu em paz, sem nenhuma ou quase nenhuma dor. Uma senhora vizinha dele é quem descobriu que ele estava morto, ao levar-lhe um pouco de café com leite e pão para o café da manhã. O corpo vai ser levado para outro Estado, onde sua família mora. Sua filha o vira no Natal.
Para quem ama a Deus e ao próximo, para quem luta pela liberdade, como ele lutou quando jovem, lá na Bolívia, a morte é tranquila, é como um sono, é uma passagem. O Gastón, decerto, vai rogar por mim, seu amigo, a Deus. Que ele já esteja no paraíso! É bom termos amigos verdadeiros, pois sem eles, a vida é tão vazia!
Eu acabara de escrever uma poesia quando resolvi escrever também este “devaneio”. Eis a poesia, e uma que eu já havia escrito, sobre a amizade:
- 09/04/16
MEU AMIGO GASTÓN (76 a)
Meu amigo acabou de morrer,
sua alma deve estar no céu!
Ele, que sempre soube viver,
sempre viveu “ao léu”.
Lutou pela liberdade,
boliviano guerrilheiro exemplar,
mestre da caridade,
amigo que sempre vou amar!
Pela manhã o visitei,
ele estava desanimado.
Com muita fé o abençoei
e pedi que Deus perdoasse seus pecados.
Voltei para casa amargurado,
uma hora depois, o desenlace!
Ouvi no fone, em tom marcado:
“Gastón morreu! Serenou-se sua face”!
Granada, El Ruiseñol,
você cantava no capricho!
Junto às cores do arrebol
nos agudos ou no “cochicho”.
Gastón, meu sempre amigo,
abrace Jesus por mim,
que ele seja sempre nosso abrigo,
um dia estarei aí, enfim!
MEUS AMIGOS
Não sei quantos amigos eu já tive,
não sei quantos ainda me restam,
apenas um ou outro ainda vive,
presentes quando as “ondas se encrespam”
Amigo verdadeiro é Jesus,
desceu das mordomias do céu,
nasceu para morrer numa cruz,
livrou-nos o do inferno fogaréu!
Amigo verdadeiro nos ama,
ajuda-nos a viver numa boa!
Ao ver-nos na sarjeta nos chama,
de ouvir-nos chorar, não enjoa.
Eu transcrevi algumas dessas músicas que copiei para ele. Estão na página AS MÚSICAS DE MEU AMIGO
18/02/2018
Um amigo meu me enviou este relato:
“Como você sabe, eu já estou velho e várias vezes me atrapalho um pouco para fazer algumas coisas que antes fazia com facilidade.
Sou viúvo, como você sabe, vivo sozinho, mas às vezes recebo visitas que querem trocar ideias comigo sobre elas mesmas ou sobre algum outro assunto, geralmente espiritual.
Ontem, sábado, após o almoço, resolvi jogar fora uns papeis velhos que há tempo eu guardo. Ou seja, dei uma limpada no meu armário de livros e cadernos. Joguei muita coisa fora, e a sala ficou toda suja de restos de papel picado e poeira. Nesse ínterim telefonou-me um casal perguntando se podia me visitar após a missa das 17 horas. Eu também ia a essa missa. Eu disse que sim, mas dei uma olhada naquela confusão que havia deixado e lembrei-me de que a mulher do casal é uma pessoa muito ordeira, e gosta de tudo em seu lugar e limpíssimo. Fiquei apavorado. Já eram quatro horas.
Parei com a minha cata de cadernos antigos e comecei a limpar a sala, pôr tudo no lugar, passar pano no chão etc. Já eram 16:30 h. Tomei banho rapidamente e aproveitei lavar o banheiro. Às 16:55 h, consegui me vestir. Naquela pressa toda, vi que ia chegar atrasado e falei para o meu Anjo da Guarda: “ um a zero para o demônio! Você não conseguiu fazer com que eu não me atrasasse!”
Vesti-me, e às 17 horas peguei o lixo todo que eu havia produzido e ia sair quando o saco de lixo se abriu e aquela poeira toda, misturada com o papel picado caiu ao chão da entrada da sala. Fiquei preocupado, mas não me apavorei. Aceitei o fato de que iria chegar atrasado à missa. Lembrei-me de que o padre não achava bom quando alguém chegasse atrasado e diz que quem chegar atrasado, não comungue, porque perdeu o Ato Penitencial. Voltei-me ao meu Anjo da Guarda e lhe disse: “ dois a zero para o diabo”.
Fui pegar calmamente a vassoura, a pazinha, e, ao varrer o lixo, lembrei-me de que a vassoura estava molhada: eu acabara de usá-la no banheiro. O lixo ficou todo emplastrado no chão. Desanimado, vi mesmo que só iria à missa para não cometer pecado, mas não iria comungar, e acharia um local bem no fundo para o padre não me ver. Olhei para o meu Anjo da Guarda e lhe disse: “Três a zero para o demônio”.
Finalmente consegui limpar mais ou menos o chão, coloquei o lixo num outro saquinho e saí para a missa, jogando-o no latão externo do prédio onde moro. Cheguei às 17:14h, pensando numa maneira de entrar para que o padre não me visse.
Ao entrar na igreja, para minha surpresa, o padre e os ministros estavam ainda próximos à porta, prontos para a procissão de entrada, que ainda não começara. Fiquei surpreso e envergonhado diante do meu Anjo da Guarda, que decerto estava rindo de mim naquela hora. Dei um tapinha nas costas do padre, que é muito meu amigo, e lhe disse: “Obrigado por atrasar-se”! Ele me olhou envergonhado, por estar começando a Missa atrasado, coisa que nunca fazia, e me deu uma desculpa: “Tive um casamento numa outra igreja”! Eu sorri e entrei triunfalmente na igreja, sem precisar me esconder, e pude comungar.
Logo que me ajoelhei para cumprimentar Jesus Eucarístico disse-lhe, envergonhado, mas ao mesmo tempo feliz por ter constatado a força do Anjo da Guarda:
“Senhor, agradeço-vos o ótimo dia que passei hoje e peço-vos perdão por não ter confiado no poder do meu Anjo da Guarda”. Aí eu me dirigi ao meu Anjo com essas palavras: “três a zero para você, e me perdoe. Nunca mais vou desconfiar de sua proteção”!”
(setembro 2016)
Meditando as 3ª. 7ª e 9ª estação da Via Sacra, vemos que Jesus caiu por três vezes e por três vezes levantou-se. Que necessidade tinha ele de levantar-se? Ia morrer de qualquer maneira! Tanto faz se ele morresse a caminho do Calvário ou lá em cima! Para quê levar uma cruz tão pesada?
Ele poderia ficar caído e deixar que o matassem ali mesmo. Duvido que sofreria mais do que sofreu levando a cruz até o fim. Você já pensou nisso? Pois eu pensei muitas vezes, e me admiro dele ter pegado a cruz, em vez de se deixar fazer o que quisessem ali mesmo no caminho.
Por que ele fez isso? Talvez para ensinar-nos a levar a cruz até o fim, sem desânimo, levantando-se sempre que cairmos. Ele não desanimou, não ficou caído no caminho, e nos incentiva a fazermos o mesmo. Sua misericórdia é infinita e sempre que quisermos nos levantar, nos estenderá a mão.
Mas... e quando nossos filhos caírem em alguma falta grave, em algo que prejudique sua vida futura, o que poderemos fazer? Que atitude tomar? Perdoar? Mandar embora de casa?
O método do “ Amor Exigente” diz que se o filho ou a filha não quiserem obedecer às regras da casa por causa de drogas, ou de alcoolismo ou qualquer outro motivo, os pais deveriam permitir que ele fosse embora até que, chegado ao “fundo do poço”, retornem, desejando a cura e disposto a obedecer às normas do lar.
Talvez isso seja o que o pai da parábola do filho pródigo fez: deixou ir embora. A diferença é que o pai, que na parábola representa Deus, ficou todos os dias olhando para o horizonte esperando que o filho resolvesse voltar. Ele queria estar ali, esperando-o. Tanto isso é verdade que ele estava ali, “de plantão” quando o filho voltou. Esse ato mostra que ele fazia isso diariamente!
Quando viu o filho, ao longe, correu ao seu encontro, beijou-o, abraçou-o, e mandou que o vestissem com roupas limas e pusessem nele as sandálias e o anel, sinais de dignidade e honra. Nem esperou que o filho pedisse perdão. O filho disse que pecara, mas não consta que pediu perdão. Queria ser recebido como um empregado. O filho mais velho, que nunca havia saído, não quis perdoar o irmão mais novo, não quis recebê-lo de volta.
Jesus não contou essa parábola em vão. Ele quis nos dizer que devemos ser como esse pai misericordioso, ou seja, respeitar a liberdade dos filhos, mas estar sempre prontos para receber os filhos de volta.
Isso é válido também para as pessoas em geral, como nossos amigos e colegas, ou no relacionamento patrão-empregado.
Quem de nós já não caiu alguma vez? Na certa, esperamos que nos tratassem com compreensão e com uma nova chance de recomeço. Por que, então, hesitamos tanto em fazer o mesmo com os outros?
É preciso, por outro lado, levarmos em consideração que o mesmo remédio não é eficaz para todos. Cada um deve ser tratado com suas próprias tendências, caráter, limites. Nós não somos iguais. O remédio não é igual para todos.
Devemos também lembrar que perdoar não é deixar sem punição. Podemos perdoar, mas também exigir uma retratação. Uma senhora teve a filha morta por um rapaz. Este não tinha família. Ela denunciou-o, ele foi preso, mas... sua única visita era a própria mãe da vítima que acabou convertendo-o e ganhando-o para Cristo e para a sociedade.
Sendo assim, pode ser que vamos piorar a situação se simplesmente mandarmos embora o filho faltoso.
A misericórdia que temos vem de Deus, que sempre nos acolhe e nos dá oportunidade de recomeço, de uma vida nova. Quantas vezes tivemos essa oportunidade?
O Amor Exigente tenta resolver o problema de um modo. cabe a você resolver, em conjunto com os demais da família (isso é importante) como vai resolver o seu problema.
(23/11/13)
Em Macabeus 6,8-13, lemos que o rei Antíoco, após a derrota, lastimou seus feitos malignos contra as pessoas. Dizem os versículos 12 e 13:
"Agora, porém, assalta-me a lembrança dos males que cometi em Jerusalém, quando me apoderei de todos os objetos de prata e ouro que lá se encontravam e mandei exterminar os habitantes de Judá sem motivo. Reconheço agora que é por causa disso que estes males se abateram sobre mim. Vede com quanta amargura eu morro em terra estrangeira!".
E 2º Macabeus 9,28 completa:
"Assim este assassino e blasfemo, no meio dos piores sofrimentos, do mesmo modo como havia tratado os outros, terminou a sua vida em terra estranha, nas montanhas, no mais lastimável dos destinos".
Essa é a leitura de hoje, sábado da 33ª semana do Tempo Comum par.
Sempre medito em como será a minha última hora de vida, se eu estiver consciente. Poderei até me arrepender dos pecados ou mesmo das orientações errôneas que eu tenho dado aqui e ali, mas nunca poderei refazê-las, não poderei fazer planos! Imagno a angústia que isso me fará sentir! É a diferença entre morrer em paz ou morrer angustiado!
Amigo(a) leitor(a), imagine-se também na hora da morte, como tantos santos faziam (alguns exagerados entravam nos túmulos do cemitério e ali se deitavam, para meditar). Quando eu faço isso (entenda bem, meditar sobre a morte, e não me deitar nos túmulos), sinto-me mais forte e corajoso para a luta, e na certa o mesmo acontecerá com você. Leia, se tiver tempo, a esse propósito, "O(a) eremita feliz", que publiquei com este artigo.
(Setembro 2016)
As fraternidades Jesus-Cáritas, baseadas no carisma do Beato Carlos de Foucauld, têm, em seu diretório, a orientação para que todos os seus membros façam um dia mensal de deserto.
Eu, pessoalmente, sempre tive uma dificuldade imensa de fazer o dia todo de deserto. Prefiro fazer, mais vezes, momentos de deserto, com duração de uma ou duas horas, ou mesmo a metade de um dia. Acho mais produtivo!
Quanto a fazer o dia todo, das 8 às 16 h, por exemplo, poderia ser feito nos dias de retiro e de assembleia das fraternidades e um dia por semana no mês de Nazaré.
Procuro fazer pelo menos a manhã de deserto aos sábados, e isso tem-me ajudado muito, nos últimos anos. Eu emendo o momento de deserto com a Hora Santa.
Não consigo me isolar do barulho de onde moro, nem ficar sozinho, mas o próprio Jesus teve que se acostumar a isolar-se mesmo no meio de muitas pessoas e confusão, como lemos em Lucas 9,18: “Estando Jesus orando A SÓS, no MEIO dos discípulos...” Ou seja, ele se isolou apenas mentalmente, mas continuou materialmente no meio da multidão.
Acredito que seja uma solução para os que não encontram um dia todo para isolar-se no dia de deserto, principalmente porque os momentos de deserto podem ser feitos mais amiúde.
(QUE NÃO ESTAVAM MORTOS) CONTO
Na vila em que eu morava havia um senhor muito conhecido na cidade. Certo dia ele morreu. Todos sentiram sua morte. Sua nora estava com um bebê de alguns meses.
No meio da madrugada ela olhou para o sogro e disse, desolada, meio fora de si: “Coitado! Morreu com a boca tão seca!”, destraidamente, espirrou um pouquinho de leite materno em seus lábios.
O “defunto” lambeu os lábios, sentou-se no caixão e disse, meio assustado com o ambiente, sem entender o que ocorrera: “Tô com fome!”. É desnecessário dizer que não ficou um só no velório!
O caixão usado na época (anos 50) para os pobres era de madeira tipo caixote, bem comum, com um pano roxo em lugar da pintura. O senhor acordado pelo leite guardou-o num quartinho de despejo e serviu para guardar suas ferramentas de trabalho.
Ele morreu de verdade muitos anos depois, num banco de jardim. Ficou lá por muitas horas: ninguém acreditava que ele estivesse realmente morto.
Outro caso desse tipo deu-se em Osasco: um padre, por sinal amigo meu, que era também advogado (já faleceu) fora fazer as exéquias de uma senhora, mas desconfiou que não estivesse morta. Fez alguns testes (do espelho. Não quis fazer a da alfinetada no calcanhar por medo que a mulher desse um pulo no caixão). Confirmada a suspeita, chamou um médico, que constatou que a mulher estava, realmente, viva.
O padre mandou levá-la ao quarto e fazer sumir o caixão e tudo o que parecesse velório. Horas depois a mulher acordou da catalepsia e tudo voltou ao normal.
Há ainda hoje alguns casos como esses, e aparecem na mídia. É preciso maior cuidado para que tal coisa não mais ocorra! Anos atrás disseram que um certo ator de televisão havia morrido mesmo só depois de enterrado, mas isso nunca foi confirmado nem provado.
Pelo sim e pelo não, estejamos sempre prontos para a morte, seja antes ou depois de sermos enterrados!
“Como poderia uma águia explicar a uma galinha como é voar nas alturas?” (pergunta o Frei Carlos Mesters). E agora pergunto eu: como poderia um peixe em desova explicar aos sapinhos que moram na nascente de um rio, do qual ele veio, como é viver na imensidão das águas do rio? Como você poderia ensinar um cego de nascença a distinguir as cores?
Da mesma forma, como poderia Jesus, que como Deus vivia no céu, nos mostrar a magnitude e a beleza do céu, da vida eterna?
Conversei ontem com um adventista que tentava me convencer que não devemos esperar nada mais do que está escrito na bíblia. Deus é aquilo que mostra a bíblia, ou seja: os maus vão queimar no inferno para sempre, inclusive o demônio, sem perdão, sem chance alguma. Eu tentei explicar-lhe que Deus é muito, muito, muito mais do que nos mostra a bíblia! Tentei lhe explicar que a misericórdia de Deus é infinita, e que para ele nada é impossível, mesmo a conversão e a felicidade eterna do próprio demônio!
A bíblia é inspirada por Deus, mas com palavras humanas, que não conseguem abranger toda a sua magnitude e divindade. É uma pequena parte da tradição oral. É a ponta do Iceberg que é o Reino de Deus.
Por mais que nossa imaginação tente, nunca vamos sequer imaginar a doçura, a paz, a suavidade, a grandeza da vida celeste.
Se conseguíssemos vislumbrar uma bilionésima parte do que é o paraíso, já estaríamos convertidos há muito tempo!
São João Bosco tinha sonhos proféticos. Um deles, por exemplo, foi o de que seria construída uma cidade no coração do Brasil (que sabemos hoje que é Brasília).
Certa noite ele sonhou com seu ex-aluno, São Domingos Sávio, que lhe mostrou, no horizonte, uma fagulha de luz que deixou S. João Bosco com os olhos ofuscados por uma semana. S. Domingos Sávio lhe disse, então, que aquele minúsculo foco de luz era infinitamente menor do que a luz de Deus, mas com ele se poderia iluminar o universo todo (Apoc 22,4-5)
Amigos (as, nossa mente, nosso coração e nossa alma devem ir muito além do horizonte bíblico para captarmos um pouquinho da misericórdia e da magnitude de Deus.
Jesus não conseguia mostrar com palavras essa realidade: usava parábolas. São Paulo disse que esteve no céu, mas não conseguia explicar com palavras o que vira. A coisa é séria e verdadeira! Tudo é possível para Deus, acreditem nisso!
A bíblia nos fala que quando Jesus disse ser mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino do céu, os discípulos lhe perguntaram: “Então, quem pode salvar-se?” Jesus lhes disse:” Aos homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível!” (Mt 19,25-26).
Temos uma maneira pão -dura e mesquinha de ver os desígnios de Deus a nosso respeito. Como diz Isaías 55,8-9, “Com efeito, meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus caminhos, diz o Senhor. Quanto os céus estão acima da terra, tanto meus caminhos estão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos”.
Isso me faz muitas vezes olhar as belezas do mundo como se fossem uma flor murcha, em vista da glória que Deus quer nos mostrar, e que vale a pena viver a santidade. Já S.Paulo dizia que para ele tudo era lixo (esterco) em vista do que Deus estava preparando no céu. E você, o que diz?
"Muito Além do Horizonte" em poesia
Estou chegando.
Meu horizonte se aproxima.
O caminho está terminando.
As cores, se esmaecendo.
Meus cabelos, rarefeitos.
Minha boca, várias próteses.
A pele amassada,
inchada,
enrugada,
com pintas da velhice.
A música já não me comove.
O ocaso já não me atrai.
O riso já não me faz rir.
As ausências... já não me toco..
Meus olhos... como falham!
Os sofrimentos que me aprisionam...
não mais me aprisionam tanto.
Os amigos... diminuíram.
Os inimigos... eu os ignoro.
As ambições... se enferrujaram.
Meu time predileto...
... Eu tinha um time predileto?
Não me lembro!
Hoje (12/02/12) a Whitney Houston morreu!
Mas... quem era mesmo essa cantora?
Meu horizonte se aproxima.
A vida eterna está chegando para mim.
Aguardo esse sublime instante,
Esse bendito horizonte,
Essa viagem de encontro com o Cordeiro Imolado,
Esse ponto de núpcias entre os dois horizontes,
para ser realmente feliz,
para ver muito além deste meu pobre horizonte,
para vislumbrar maravilhas que nem a bíblia,
nem mesmo Jesus conseguiram definir com exatidão:
elas vão muito além de qualquer palavra humana ou divina.
A única imagem que tenho, é a que,
além deste horizonte,
brilha não mais este sol que me queima agora,
mas a infinita Luz de Deus! (Apoc. 22,4-5).
(12/02/2012)
(24/07/2015)
“Mundo, mundo, vasto mundo, seu eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não uma solução” (Carlos Drumond de Andrade).
Minhas avós me paparicavam muito. Uma delas era professora rural e a outra, professora de crochê e tricô. A primeira, portuguesa; a outra, italiana.
Nasci no final da segunda guerra mundial. A fome grassava no mundo, mesmo no Brasil. O que nos salvou é que nossa vida era muito simples. Usávamos balas de mel como açúcar, pois não havia esse produto em lugar algum.
Que mundo é esse em que fui colocado por meus pais e por Deus? Sofrimentos, guerras, maldades, prazer pelo prazer, fome, doenças, injustiças, violência!
“Nada te perturbe”, dizia Santa Teresa de Jesus. Como não me perturbar? Até tirei um site do ar por ter esse nome. Comecei a perceber que no mundo de hoje não há como ficar alienado da vida. Mesmo quem segue a vida contemplativa não pode descuidar dos pobres e das injustiças. Os ricos cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres. Os ricos não se saciam! Querem cada vez mais! Veja os escândalos do ano de 2015, como o da Petrobrás!
Por que tanto luxo, tanto dinheiro? Eu não tenho coragem de pagar 200 reais por uma garrafa de vinho, por exemplo. Mas tem gente que tem... O paladar do vinho sempre vai ser o mesmo, seja barato ou caro. Se não , não é mais vinho!
Diz Amós 3,15: “Derrubarei a casa de inverno como a casa de verão; as casas de marfim perecerão, e as grandes casas serão destruídas, diz o Senhor”! E em 6, 1-6: “Ai dos que (...) dormis em camas de marfim e vos espreguiçais sobre o vosso leito (...), que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente perfume, mas não vos afligis com a ruína de José!”
O mundo está sendo conduzido ao autoextermínio. Não vamos ver isso, mas talvez o vejam nossos netos ou bisnetos. Entretanto, ainda resta uma esperança! A nossa conversão, a nossa mudança de vida, para uma vida mais simples, sem grandes riquezas, sem roubos, sem violências, sem vícios desenfreados, com muita misericórdia no coração. “Que a sensatez e a misericórdia corram como um rio perene!” (Amós 5,24).
O mundo que temos aí é visto como um paradigma: “não podemos mudá-lo”, dizem os conformistas. Acham que o mundo não pode ser mais justo e mais irmão.
O conceito que temos do mundo é um mundo desprovido de paz, de harmonia, de amor.
Muitos têm preconceito de tudo o que não entra em seus padrões construídos pela própria educação que receberam!
23/05/2013
A 1ª leitura da missa da quinta-feira da sétima semana do tempo comum ímpar, é Eclesiástico 5,1-8, deveria ser meditada por nós com muita seriedade. Une-se, talvez, com Isaías 55,6-7:
"Procurai o Senhor enquanto ele se deixa encontrar, invocai-o enquanto ele está perto. Abandone o ímpio seu caminho, e o homem mau, seus pensamentos, e volte ao Senhor, pois terá compaixão dele, ao nosso Deusk, porque é rico em perdão".
Eclesiástico 5,5-7: " Não sejas tão seguro do perdão para acumular pecado sobre pecado. Não digas: 'Sua misericórdia é grande para perdoar os meus inúmeros pecados'"; "Não demores a voltar para o Senhor e não adies de um dia para o outro".
Diz também Jeremias 7,1-11, principalmente os versículos 9-10:"Roubar, matar, cometer adultério, jurar falso, queimar incenso a baal, correr atrás de deuses estrangeiros, que não conheceis, depois virdes e vos apresentardes diante de mim, neste Templo onde o meu nome é invocado e dizer: 'Estamos salvos', para continuar cometendo estas abominações!" v. 15: "Eu vos expulsarei de minha presença, como expulsei todos os vossos irmãos e toda a raça de Efraim!"
O pe. Fernando Cardoso disse, na homilia de 16/12/2010, no seu site:"De Deus não se zomba! Deus se deixa frustrar por um momento, mas não para sempre!"
É hora, amigos(as), de seguirmos Hebreus 12,4: "Vós não resististes até o derramamento de sangue em vosso combate contra o pecado!"
É difícil lutar contra as tentações, mas não vejo outra saída para sermos realmente felizes! Não posso continuar adiando a minha conversão, nem você! Pode ser que eu ou você não tenhamos tanto tempo assim para ganharmos o céu! Pensemos nisso!
12/04/16-
O que é, realmente, tentar a Deus? Diz Mateus 4,7: “Respondeu-lhe Jesus (ao diabo): ‘também está escrito: não tentarás ao Senhor teu Deus”. Jesus disse isso ao maligno quando esse lhe pedira para atirar-se do alto do Templo, que Deus mandaria anjos para segurá-lo e nada lhe acontecer.
Essa citação é do Deuteronômio 6,16: “Não tentarás o Senhor teu Deus como o tentaste em Massa”. Em Massa, Moisés batera duas vezes na rocha para obter água, e alguns dizem que é por isso que ele foi castigado em não entrar vivo na Palestina. Ele deveria ter batido uma só vez, demonstrando, assim, a confiança em Deus. Mas outros falam que Moisés foi castigado porque o povo não quis entrar em Canaã, negando, desse modo, o poder de Deus e o estariam tentando. (Também Êxodo 17,2.7 e Números 14,22).
Em Atos 15,10: “Agora, pois, por que tentais a Deus, impondo ao pescoço dos discípulo um jugo que nem nossos pais nem mesmo nós pudemos suportar”?
A Bíblia de Jerusalém diz:
“Tentar a Deus é intimá-lo a dar provas, exigindo uma intervenção ou um sinal”.
Eis as citações:
Atos 5,9: A história de Ananias e Safira, que pretenderam enganar, por meio dos Apóstolos, o Espírito Santo, presente entre os irmãos, aos quais eles mentiram.
Judite 8,11-17: Se Deus não os atendesse, eles iriam entregar a cidade aos inimigos. Vers. 15-17: “Se Deus não quer nos socorrer em cinco dias, ele tem poder para fazê-lo no tempo em que quiser, como também pode destruir os nossos inimigos! Não se encurrala a Deus como um homem, nem se pode submetê-lo como a um filho do homem. Por isso, esperando pacientemente a salvação dele, invoquemo-lo em nosso socorro. Ele ouvirá nossa voz, se for de seu agrado”.
Também Sabedoria 1,1-2: “Deus se deixa encontrar por aqueles que não o tentam, ele se revela aos que não lhe recusam a fé”.
Eu acho que ficou bem claro! Tentar a Deus é exigir que Ele nos faça algum bem, algum milagre, é achar que Ele tem obrigação de nos dar este ou aquele milagre.
Deus faz o que bem entender, nos ama apaixonadamente e está pronto para nos atender, mas do jeito e no tempo que Ele desejar. Diz Efésios 3,20,que Deus é poderoso para realizar por nós, em tudo, muito além, infinitamente além do que pedimos ou pensamos.
Disse bem Judite, no texto citado, que devemos invocá-lo e esperar pacientemente sua intervenção, no tempo e do modo como ele desejar.
O que pensar dos que “determinam” a graça de Deus, como se vê em algumas religiões (por exemplo, o R.R. Soares) e mesmo em alguns grupos da Igreja Católica (como alguns da RCC)?
Vou falar para vocês sobre um amigo meu que, infortunadamente, teve que ir trabalhar num alojamento rude no meio do mato, na construção de uma represa, mas nunca deixou sua religiosidade, sua preocupação em praticar o seu cristianismo.
No seu primeiro Natal no alojamento do mato, já nos anos 2000, cumprimentou um colega de trabalho e ele lhe respondeu dizendo: “Aqui não existe Natal”. Os únicos dois dias de Natal em que ficara sem estar com a família foram em 1.962 e 1.963.
Jesus nasceu numa cocheira, em meio aos jumentos dos hóspedes daquela pousada em Belém. Foi o melhor lugar encontrado pelo dono para que Maria desse à luz. Os anjos, no céu, acharam estranho ao ver o Deus, que até nove meses atrás adoravam no céu, entre luzes e cores, nascido num cocho de capim, a que enfeitamos um pouco chamando de manjedoura. E foram anunciar o nascimento a rudes e marginalizados pastores.
Os magos chegaram, com seus presentes: ouro → Jesus é rei; incenso: → Jesus é Deus; mirra: → Jesus é homem. Tanto os pastores como os magos eram marginalizados pela sociedade daquele tempo. Os pastores, porque suas ovelhas invadiam as plantações alheias e eles cheiravam a ovelhas; os magos, por não serem do povo de Deus.
O que há de comum entre eles? Eu acho que duas coisas: a marginalização de uma sociedade hipócrita e a simplicidade de vida. Eles eram puros de coração e, como tais, podiam ver a Deus: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). A humildade do nascimento de Jesus nos ensina o verdadeiro caminho que nos conduz ao céu. Deus ama a simplicidade. Se não fosse assim, não teria nascido numa pobreza daquelas.
A fundadora das Irmãzinhas de Jesus, Irmãzinha Madalena, inspirada no Padre Carlos de Foucauld, aconselhava as suas discípulas a “estarem sempre no presépio, simples e pobres como Jesus”, ou seja, devem deixar de lado o luxo e as coisas supérfluas, deixar de lado a vaidade e a arrogância e abraçar a simplicidade, além do principal, que é estarem sempre na presença de Jesus! Em Mateus 6,25 a 34, Jesus nos dá uma orientação segura de como poderemos alcançar o Reino de Deus, confiando não nas nossas forças, mas na dele: se buscarmos o seu Reino, tudo o que precisarmos para nossa sobrevivência nos será dado por acréscimo!
Hoje o Natal está deturpado e comercializado. São Nicolau, bispo santo e caridoso, “virou” um papai-noel sem graça nenhuma. O amor e a ternura foram substituídos por presentes, nem sempre dados com sinceridade, e caricaturas de amizade. Muitos transformaram o Natal numa festa pagã e ficam o dia todo de Natal numa “ressaca”, pois já se embebedaram na véspera. Como li num artigo, mudaram-se os votos de “Feliz Natal” por “Boas Festas”, para não incomodar os que não acreditam ou não ligam para Jesus. Por outro lado, muitos passam o seu Natal num leito de hospital ou ao lado de leito de alguém doente.
Muitos do alojamento valorizavam, no Natal, a presença da família, essa família truncada e “decepada” pela falta do “cabeça”, o pai, ou mesmo do irmão e do filho. Sempre é preparada, lá no meio do mato, uma festa com presentes para as crianças, churrasco, bolo, frutas, refrigerantes. Cada trabalhador dá uma quantia de dinheiro para financiar a festa. Não se fala de Jesus. Não há comemoração religiosa, só a familiar, e só com as famílias que podem se deslocar para lá. Poucos são os que podem viajar para as suas cidades.
Quando o padre pode ir, é celebrada a Missa de Natal, mas sempre alguns dias antes, ou mesmo uma semana antes. Absolutamente ninguém se lembra do aniversariante. É impressionante! E também deprimente. São pouquíssimos os que praticam a religião. Há muitos evangélicos entre eles, mas evitam essas comemorações, principalmente os da Testemunhas de Jeová (que não comemoram nem seus próprios aniversários).
O desejo do meu amigo era falar-lhes que Jesus nasceu por todos nós, para nos libertar de nossos pecados, de nossas angústias, para dar-nos esperança e confiança. Entretanto, tudo o que conversam é que presente os filhos vão ganhar e o que vão comer na festa.
Ele procurou viver o seu Natal se não na alegria, pelo menos na paz. Essa paz parte da consciência de que estava, como Jesus, num lugar simples, pobre, monstruosamente inseguro e deprimente.
Nos dois primeiros anos, ele fez a celebração de Natal sozinho. No 3° ano, conseguiu cinco amigos e a fizeram juntos. Uma celebração pobre, como aquela manjedoura. Mas, como nunca antes, eles se sentiram no presépio, amados por Deus, na presença dos anjos. Os seis se emocionaram. No pátio, ali ao lado, os outros colegas se empanturravam de carne e refrigerante. O aniversariante não foi lembrado.
Esta é a frase dita por Jesus em João 10,18: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho o poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai”.
Hoje é o domingo do Bom Pastor, de que gosto muito. Essa frase de Jesus tem um conteúdo muito profundo ao qual muitas vezes não prestamos atenção. Ele a diz logo após lembrar que ele é o bom Pastor, que conhece as ovelhas e elas o conhecem. Há vários pontos importantes para refletir:
1- Jesus sempre foi 100% Deus e 100% homem. Ele sempre teve tudo sobre controle. Ele deu a vida porque quis! Tinha poder de não se deixar prender, se quisesse. Um homem que caminhou sobre um mar revolto, que ressuscitou várias pessoas, como Lázaro, o filho da viúva de Nain, a menina, que curou cegos, paralíticos, surdos-mudos, que perdoou a tantos pecadores, não teria ele o poder de livrar-se dos que o queriam matar?
Aliás, várias vezes ele escapou de mãos que já o haviam agarrado para matá-lo, como naquela vez em que o levaram ao mais alto do templo para atirá-lo de lá para baixo.
Jesus tinha todos “em suas mãos”, sob seu poder. Não era um fantoche, ou um boneco, ou um homem que parecesse estar perdido, sem saber o que fazer: ele sabia perfeitamente o que estava fazendo. Seu objetivo principal era obedecer ao Pai, vivendo sua vida humana na mais perfeita obediência, o que significava viver o mais perfeitamente possível a vida humana, com todas as suas limitações, abdicando, como diz Filipenses 6, ao seu poder divino enquanto vivesse aqui na terra.
Ele usou seu poder nos outros, mas não em si mesmo.
É isso que torna valiosa sua morte: ele a enfrentou livremente, para nos ensinar a obediência, para nos salvar. Ele fez o contrário dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, que desobedeceram frontalmente a Deus.
Nossa ignorância é tanta a seu respeito, que acho que Ele ri de nós ao ver o quanto desconhecemos de sua atuação em sua vida terrena! Ele nunca deixou de ser Deus. Ele só podia morrer por nós se deixasse que o matassem. E após sua morte, ressuscitou, e está gloriosamente reinante à direita do Pai.
2- “Eu conheço minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,14). Qual é a intensidade desse conhecimento que Jesus exige de nós? Um conhecimento superficial? Um conhecimento como a gente se conhece um ao outro? Não! Jesus pede que suas ovelhas O conheçam “Assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai”.
Pergunto: será que nós conhecemos Jesus, o Bom Pastor, com tanta plenitude quanto o Pai o conhece e Ele conhece o Pai? Sei que para nós isso é impossível, mas não para Jesus. Para Ele, tudo é possível. Só estou dizendo isto porque muitos dizem que O conhece plenamente. É importante que saibamos que ainda não O conhecemos como o Pai O conhece, e é com essa plenitude de conhecimento que Jesus quer que o conheçamos: “Conheço minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai.”
Pedido semelhante ele faz em relação à união e ao amor: “Pai Santo(...) que eles sejam um, assim como nós somos um” (Jo 17,11). Quando chegaremos a ser unidos entre nós da mesma forma, com a mesma união que as pessoas da Santíssima Trindade são unidas? Quanto ainda nos fala para isso? Mas é justamente esse nível de amor e união que Jesus pede de nós!
3- “É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente” (Jo 10,17). Ou seja: Deus ama Jesus porque Ele faz sua plena vontade. Quanto mais fizermos a vontade de Deus, mais seremos capazes de perceber o Seu amor por nós. E receberemos nossa vida novamente já aqui na terra, ao vivermos na paz celeste depois de termos “dado a vida” espiritualmente, aos irmãos, para cumprirmos a vontade do Pai, e no céu, após a nossa morte material.
Em João 14 vemos várias vezes como o Pai nos ama se fizermos sua vontade, pois como Jesus disse, “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor” (Jo 15,10)
4- Jesus é nosso Pastor e nos conhece plenamente, como Ele conhece o Pai. Se Ele tinha seu poder divino, mesmo ainda estando aqui na terra, quanto mais agora, que ressuscitou!
Em 1ª Samuel 16,7, quando Samuel se indignou por ter Deus escolhido como rei um fracote, Davi, ele recebeu esta resposta: “O homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração”.
Amigos (as)! Se nós, pobres mortais, muitas vezes, ao ver pessoas não-amadas ou que nunca receberam um carinho materno ou/e paterno fazerem certas maldades, nos condoemos, em vez de odiá-las, quanto mais Deus, que olha os corações e não o exterior!
Fiquemos em paz! Confiemos nele! Ele sabe e conhece o nosso passado! Deus nos conhece muito mais do que nós nos conhecemos. Ele sabe que algumas coisas que fazemos são decorrentes de uma infância perturbada, massacrada, abandonada. E isso vai entrar em sua defesa no julgamento!
Jesus nos compreende, nos ama e nos acolhe com muito amor, sejamos nós quem sejamos. Ele quer, é certo, que nós o conheçamos como Ele nos conhece. Mas, enquanto isso não acontece, despojemo-nos de nós próprios e nos coloquemos junto a Ele! Desvistamo-nos de nossa arrogância, de nossa autossuficiência, de nossa vaidade, e coloquemo-nos confiantes em seus braços, como ovelhas sem defesa, porque, como diz Pedro 5,7, “ Lançai sobre o Senhor todas as vossas preocupações, porque Ele cuida de vós!”.
15/04/2019
Em comparação com muitos amigos meus que já faleceram, eu já estou na prorrogação. Ou seja, ainda tenho um tempinho para consertar os erros das jogadas que fiz no jogo da minha vida. Foram muitas faltas, mas muitos gols. Não sei qual dos dois conjuntos foi maior. O importante é nunca desanimar, pois enquanto estou na prorrogação, posso ainda acertar o jogo. O juiz está atento ao relógio e a qualquer momento vou ouvir o apito final. Será que nessa hora estarei no time vencedor?
É isso que penso ao visitar as famílias pobres, dentro do esquema dos vicentinos. Nossa intenção não é apenas dar cestas básicas, mas prepará-los para a vida social, profissional, e para a vida eterna.
Vejo com pesar que muitas pessoas e organizações lutam pelo bem-estar dos pobres, mas não e preocupam com sua parte espiritual.
Diz Jesus em Marcos 8, 36, que não adianta nada ao homem ganhar o mundo todo se perder a sua alma. Muitas dessas organizações ou grupos, a fim de proporcionar o bem-estar às pessoas, ajudam-nas com meios condenados pela Igreja, entre eles até mesmo facilitando o aborto ou os métodos abortivos de limitação de filhos.
De nada adianta para a vida eterna, por exemplo, algum partido político “consertar” o país à custa de coisas que ofendem a Deus.
Nossa vida terrena é curta, mas a que vem depois desta é eterna. Não vale a pena perdermos a outra em detrimento desta.
Como eu já disse no início, já estou na prorrogação e acredito na ajuda aos mais pobres, mas creio que essa ajuda deve ser completa: encher de alimentos tanto a barriga quanto a alma. Na verdade, de nada adianta estar com a barriga cheia e ir para o inferno...