Que a obrigação de proteger a população civil seja respeitada, não ao deslocamento forçado da população
O conflito israelense-palestino sempre foi fonte de discussão e polarizações. O conflito em curso em Gaza e as controvérsias que o acompanham tornaram esse fenômeno ainda mais extremo, se é que isso é possível. Polarizações ferozes, às vezes até extremas, afetam grande parte da sociedade civil em muitos países ao redor do mundo. Como sempre, não faltam instrumentalizações, simplificações e aproximações que, neste contexto complexo, correm o risco de induzir em erro e causar danos. Encontramos esse fenômeno na linguagem utilizada, na abordagem extremamente emocional, na incapacidade de ouvir os outros.
O horror do que aconteceu há dois anos — o ataque perpetrado pelo Hamas, que continua sendo um ato terrorista desumano a ser condenado sem reservas — foi seguido pela previsível reação israelense. Uma reação desproporcional que ultrapassou em muito qualquer limite eticamente aceitável, como reconhecido não apenas por inúmeras autoridades internacionais, mas também por muitas vozes dentro de Israel e, de forma mais geral, no mundo judaico.
Se analisarmos a guerra desencadeada em Gaza levando em conta o que está acontecendo no restante da Palestina, na antiga Cisjordânia, não podemos deixar de pensar que, além da reação ao massacre de 7 de outubro, existem outros objetivos. A expansão dos assentamentos, os ataques contínuos e impunes dos colonos, as declarações públicas de alguns ministros do governo israelense pedindo o fim da autoridade Palestina, a anexação de todos os territórios e a deportação de palestinos, nos levam a crer que o objetivo vai muito além da eliminação do Hamas ou da garantia da segurança do Estado de Israel. Em notícias destes dias, discute-se a aprovação de um novo assentamento na Área E1, que essencialmente divide esse território em dois, assim como a ameaça de anexação da Área C dos Territórios Palestinos, que já está sob pleno controle israelense sem nunca ter sido formalmente anexada. Neste contexto cada vez mais tenso, um após o outro, primeiro discretamente e agora cada vez mais abertamente, "planos" estão sendo publicados para um "novo Oriente Médio", uma espécie de nova ordem, na qual, no entanto, parece não haver lugar para o povo palestino. O mais recente deles é o plano proposto para o desenvolvimento futuro de Gaza, que tem sido objeto de discussão ultimamente. Um plano que prevê a construção de cidades "inteligentes" e resorts de luxo. Naturalmente, prevê o que é significativamente chamado de "evacuação voluntária" dos palestinos. Eles, se desejarem, poderão retornar um dia (sic!). E para aqueles que não querem sair, "áreas especiais" estão sendo planejadas... É um plano que fala por si. Poderíamos pensar que se tratasse de uma história de ficção científica, o enredo de um filme de fantasia. Em vez disso, parece ser tristemente verdadeiro.
É triste observar a fragilidade da comunidade internacional e dos organismos multilaterais, incapazes de deter essa deriva, agravada por seu desrespeito deliberado a qualquer convenção, regra ou conduta moral internacional. A única linguagem continua sendo a da força, em palavras antes mesmo da ação militar.
A Igreja não tem armas nem poder para impor nada. Sua única arma é a oração e a força do Evangelho, que, no entanto, nos impele a dizer uma palavra clara e verdadeira sobre o homem e a vida do mundo. Nenhum futuro pode ser construído com base na força, no desrespeito à vida humana, na aspiração a uma existência digna e segura. Desejamos isso – e reiteramos com convicção – para os israelenses, continuando a pedir a libertação imediata de todos os reféns ainda presos nos túneis de Gaza, como fizeram primeiro o Papa Francisco e depois o Papa Leão em seus apelos. Desejamos isso igualmente para os palestinos. Pedimos que os reféns sejam tratados com dignidade e humanidade e, ao mesmo tempo, que os palestinos de Gaza sejam tratados com dignidade e humanidade. Esperamos que sejam estabelecidas zonas de não combate em toda a Faixa de Gaza, verdadeiras zonas livres sob proteção internacional, onde os doentes, os vulneráveis e os civis indefesos possam ser acolhidos.
"Evacuações voluntárias", isto é, deslocamentos forçados; destruição total; mortes sem fim; hospitais atingidos; assassinatos diários de pessoas em filas por um pedaço de pão; o bloqueio de qualquer perspectiva política clara para dar ao povo palestino dignidade e um lar em sua própria terra; jamais serão capazes de construir um equilíbrio futuro no Oriente Médio. O que está acontecendo está, infelizmente, destinado a criar a próxima geração de odiadores e corre o risco de ser a enésima antecâmara para a enésima futura onda de violência.
Certas propostas de desenvolvimento, que impõem aos palestinos um futuro decidido para eles e talvez até sobre eles, ou pior, contra eles, nada mais são do que mais uma evidência de arrogância e cegueira. O futuro dos palestinos pode e deve ser decidido somente com eles, nunca sem eles.
A Igreja, como já está fazendo, continuará a se curvar sobre as feridas de todos. Continuará a estender a mão a qualquer um que queira colaborar na criação de contextos alternativos de vida e dignidade. Ela sempre terá suas portas abertas para aqueles que não se rendem à lógica do ódio e da guerra, mas buscam caminhos viáveis para a paz. A Santa Sé reconheceu formalmente o Estado da Palestina há vários anos, e não podemos permanecer em silêncio diante do que está acontecendo. Mais uma vez fazemos nossas as palavras de Leão XIV, pedindo o fim da barbárie da guerra, uma resolução pacífica do conflito, o respeito ao direito humanitário, o respeito à obrigação de proteger a população civil e a proibição do castigo coletivo, do uso indiscriminado da força e do deslocamento forçado da população.
Há cinco anos da Statio Orbis para a oração em tempos de pandemia.
Cinco anos se passaram desde que o Papa Francisco, sozinho, caminhava até o sagrado da Basílica de São Pedro. Chovia naquela noite. A praça estava dramaticamente vazia, embora milhões de pessoas em todo o mundo estivessem sintonizadas com ele, grudadas em suas telas de TV, ainda presas na longa quarentena de lockdown, com medo do vírus invisível que estava colhendo tantas vítimas e levando-as para as unidades de terapia intensiva dos hospitais, sem que seus parentes pudessem vê-las, saudá-las ou até mesmo celebrar as exéquias.
Com aquele gesto, com aquela oração e, depois, com a missa diária na capela de Santa Marta, o Sucessor de Pedro se fez próximo de todos. Havia incluído todos no abraço da praça vazia, na bênção com o Santíssimo, no simples gesto de beijar os pés do crucifixo que parecia lacrimejar por estar exposto às intempéries do clima inclemente de uma noite de início de primavera. “Estava em contato com as pessoas. Não estive sozinho em nenhum momento...”, contaria o Papa algum tempo depois. Só, mas não sozinho. Em oração por um mundo perdido. Uma imagem poderosa, inesquecível que marcou o pontificado.
Naquela ocasião, Francisco disse, dirigindo-se a Deus: “chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros”. Nos meses seguintes, teria repetido que “de uma crise nunca se sai como antes, nunca. Saímos melhores ou piores”.
Cinco anos depois, olhando ao redor, é impossível afirmar que saímos melhores, com um mundo dilacerado pela violência dos senhores da guerra, que pensa em rearmamento em vez de combater a fome.
Não estamos mais em quarentena, e agora a situação se inverteu: a praça está cheia de pessoas que celebram o Jubileu, e quem não está lá agora é o bispo de Roma, que reza por nós e pela paz do seu quarto na Santa Marta, recuperando-se de uma grave pneumonia. Mas aquela harmonia não foi quebrada. E as suas palavras da época são mais atuais do que nunca: ainda hoje, especialmente hoje, é “tempo de escolher o que conta e o que passa”.
O sacramento da Confissão tem a finalidade de reconciliar o fiel com Deus e com a Igreja. “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós” (1 Jo 1,8).
Luís Eugênio Sanábio e Souza - Escritor, Juiz de Fora - MG
Fiel às Sagradas Escrituras e às tradições apostólicas, a Igreja Católica crê e ensina que Jesus Cristo, em virtude de sua autoridade divina, transmitiu o poder de perdoar pecados aos homens para que o exerçam em seu nome. Diante dos apóstolos, Cristo afirmou : “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (João 20,23; II Epístola aos Coríntios 5,18).
Em virtude da sucessão apostólica, os bispos (sucessores dos apóstolos) e os padres (colaboradores dos bispos) continuam a exercer o poder de perdoar todos os pecados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Todavia, este poder, concedido aos homens, pressupõe e inclui a ação salvífica do Espírito Santo (João 20,22). Santo Tomás de Aquino ensinava que “o sacramento não é realizado pela justiça do homem que o confere ou o recebe, mas pelo poder de Deus” (Santo Tomás, S,Th. III,68,8). Assim, o sacerdote não é o Senhor, mas o servo do perdão de Deus.
Através do Concílio de Trento (ano 1545), a Igreja recordou que os sacramentos foram instituídos por Cristo como sinais eficazes da graça. Vale lembrar que a fé da Igreja é anterior à fé do fiel, que é convidado a aderir a ela. Quando a Igreja celebra os sacramentos, confessa a fé recebida dos apóstolos. O sacramento da Confissão tem a finalidade de reconciliar o fiel com Deus e com a Igreja. “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós” (1 Jo 1,8).
A Igreja afirma que “a confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se uma impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão” (Catecismo da Igreja Católica n° 1484). A confissão dos pecados, mesmo do ponto de vista simplesmente humano, nos liberta e facilita nossa reconciliação com os outros. A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens que ele causou. Muitos pecados prejudicam o próximo. É preciso fazer o possível para reparar este mal (por exemplo restituir as coisas roubadas, restabelecer a reputação daquele que foi caluniado, ressarcir as ofensas e injúrias).
Conforme o mandamento da Igreja, “todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar seus pecados graves, dos quais tem consciência, pelo menos uma vez por ano” (CDC, cânon 989). Apesar de não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular de nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo. A Igreja declara que todo sacerdote que ouve confissões é obrigado a guardar segredo absoluto a respeito dos pecados que seus penitentes lhe confessaram, sob pena de excomunhão automática (CDC, cânon 1388). Este segredo, que não admite exceções, chama-se “sigilo sacramental”, porque o que o penitente manifestou ao sacerdote permanece “sigilado” pelo sacramento.
Por fim, vale lembrar que “não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero. Cristo, que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado” (Catecismo da Igreja Católica n° 982).
Mensagem de Nossa Senhora Rainha da Paz em Medjugorje do dia 25 de julho de 2024 dada à vidente Marija Pavlovic:
"MEUS queridos filhos! Eu os escolhi com alegria e os conduzo porque em vocês, filhos, vejo pessoas de fé, de esperança e de oração. Deixem que o orgulho de serem Meus os conduza, filhinhos, e Eu os conduzo ÀQUELE que é o Caminho, a Verdade e a Vida, e estou com vocês para que a paz prevaleça em vocês e ao seu redor, porque DEUS me enviou para vocês com essa intenção. Obrigada por terem respondido ao MEU Chamado."
O Papa nos convida a sermos mendigos do essencial, do que dá sentido à nossa vida, despojando do que pesa na vida quotidiana.
Padre Ricardo Fontana - Reitor do Santuário Nossa Senhora de Caravaggio
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin enviou a mensagem que o Papa Francisco escreveu expressando seus votos e reflexões por ocasião do 45º Encontro para a Amizade entre os Povos que acontece em Rimini, na Itália, entre os dias 20 e 25 de agosto, com o tema “Se não estamos em busca do essencial, então o que estamos procurando?”. O Papa Francisco inicia sua mensagem dizendo que: mesmo quando atravessamos tempos complexos, a busca daquilo que constitui o centro do mistério da vida e da realidade é de importância crucial. Diante do cenário que vivemos atualmente com problemas e desafios, encontramos um sentimento de impotência, levando a tomar atitudes derrotistas e passiva que pode levar a “arrastar a vida” e a deixar-nos dominar pela insensibilidade da felicidade efêmera, a ponto de perder o sentido da existência. Neste cenário, portanto, a escolha de rastrear o que é essencial é mais pertinente do que nunca.
O Papa adverte sobre o perigo de perder a paixão pela vida, uma característica que, segundo Francisco, é muito comum nos dias de hoje, até mesmo entre os jovens; motivando a procurar, com paixão e entusiasmo, aquilo que revela a beleza da vida, respondendo à pergunta colocada por Dom Luigi Giussani quando afirmou com coragem: «O coração é corroído pela esclerose, isto é, pela perda da paixão e do gosto de viver. […] A velhice aos vinte e ainda mais cedo, a velhice aos quinze, esta é a característica do mundo de hoje” (Il senso religioso, Milão 2013, 116˗117).
À medida que sopram os ventos frios da guerra, somando-se a fenômenos recorrentes de injustiça, violência e desigualdade, bem como à grave emergência climática e a uma mutação antropológica sem precedentes, é essencial parar e perguntar-nos: há algo que vale a pena viver e esperar? O Papa nos convida a sermos mendigos do essencial, do que dá sentido à nossa vida, despojando do que pesa na vida quotidiana, seguindo o exemplo de um alpinista que, tendo chegado ao início da face rochosa, deve se livrar do supérfluo para poder subir mais rapidamente, recordando que “o que é essencial, mais belo, mais atraente e ao mesmo tempo mais necessário para nós é a fé em Cristo Jesus” (Discurso ao Plenário do Dicastério para a Doutrina da Fé, 26 janeiro de 2024).
O Senhor salva a vulnerabilidade humana no tempo da adversidade, sendo o porto seguro que oferece resiliência, alegria e força ao barco da vida, que ficaria à mercê das ondas e correria o risco de afundar. A fé em Cristo Jesus é a condição para mergulhar verdadeiramente na história, para enfrentá-la sem fugir aos seus desafios, para encontrar a coragem de arriscar e amar mesmo quando parece não vale a pena a dor, viver no mundo sem nenhum medo. Como escreveu o então Arcebispo Montini: «Tu és necessário para nós, ó Cristo, ó Senhor, ó Deus conosco, para aprendermos o verdadeiro amor e caminharmos na alegria e na força da tua caridade, ao longo do caminho da nossa vida cansativa». (Omnia nobis est Christus. Carta pastoral à Arquidiocese de Milão para a Quaresma de 1955).
O Papa motiva a todos assumirem o controle de suas vidas sendo protagonistas do essencial e indispensável processo de mudança, contribuindo para a missão da Igreja de construir espaços onde a presença de Cristo possa ser sentida e experimentada, gerando um mundo novo, onde o amor, manifestado em Cristo, permaneça e transforme o planeta em um Templo de fraternidade, tendo o desejo comum de buscar e aprofundar a fé em Jesus Cristo através da escuta do anúncio do Evangelho, que é fonte de libertação que faz florescer nos corações a força que cura e transforma a humanidade.