Coração Selvagem: Revestida de musgos POR WALTER FAILA

Desapareceram!

Esconderam-se nos poros da Lua.

Foram-se com a areia abraçadas pelas ondas.

Colaram-se às notas da música,

Fugiram das salas de concertos.

E estavas ali sentada em uma pedra,

observando e escrevendo,

apontando cada imagem e substância.

Ninguém seria então desconhecido ou ignorado.

O amor pelo seu peso de sorriso e de nostalgia,

o corpo pela sua carne e pelos seus anos.

Agora… vazio,

torcidos os sonhos, polidos, inócuos,

não os vejo nem os sinto.

Evadiram-se pelos lábios sucessivos,

Desviaram-se pelas linhas de uns seios.

Transladaram-se em promessas corroídas,

Enferrujaram-se no lodo de meus tempos.

E segues ali, alma minha,

sentada em uma pedra,

revestida de musgos,

soluçando e escrevendo.

Walter Faila

Argentina

Tradução: Maria Lua