Exames apontam que detergente poluiu rio no norte do Estado
Post date: Jan 5, 2012 11:54:51 AM
Dano ambiental 04/01/2012 | 12h36
Técnicos da Fepam de Porto Alegre voltaram a fazer coletas de material que poluiu o Rio Lajeado Henrique, onde houve morte de dezenas de peixes
Técnicos da Fepam recolheram amostras do material poluente no rio, na estrada e em banhados Foto: Marielise Ferreira / Agencia RBS
Marielise Ferreira
marielise.ferreira@zerohora.com.br
Exames feitos pela Fundação de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam) apontam que o material poluente que foi jogado no rio Lajeado Henrique, em Paulo Bento/RS é detergente. Na manhã de quarta-feira, técnicos da Fepam de Porto Alegre visitaram os locais em que houve descarte do material e fizeram novas coletas para exame de metais pesados como cádmio e chumbo.
Os sinais da poluição começaram a aparecer há uma semana, em vários pontos do rio que atravessa as propriedades de Erechim e Paulo Bento. Dezenas de peixes foram encontrados mortos e a água de banhados e rios ficou coberta por um material branco e espesso, com cheiro de sabão.
Ao avaliarem o material coletado, os engenheiros químicos Renato Zucchetti e Luiz Fernando Guarani constataram tratar-se de um desengraxante. Conforme Zuchetti, o detergente desengraxante é utilizado para limpar tanques com matéria orgânica, na produção de frigoríficos, laticínios e abatedouros. Os processos de limpeza são feitos diariamente nas indústrias e deveriam levar o material para locais de tratamento da água. No entanto, o descarte não estaria sendo feito corretamente, conforme a Fepam.
— Tanto indústrias quanto transportadores são responsáveis pelo descarte dos seus poluentes, até o destino final e devem garantir que o material seja tratado para evitar a poluição do meio ambiente — diz Zucchetti.
Os grupos técnicos encontraram indícios de que o material poluente estaria sendo jogado à beira de estradas, dentro de rios e em locais de proteção ambiental como banhados.
— É material altamente poluente, alcalino, que elevou o PH do rio de 4,5 para 7,5 e provocou a morte de peixes — salienta Zucchetti.
Deve levar pelo menos sete dias até que o detergente se degrade, por isso, os técnicos da Fepam na região alertam os produtores para que não utilizem a água.
— Animais como aves, equinos e bovinos devem ser presos e impedidos de beber desta água que pode levá-los à morte — salienta o engenheiro agrônomo Luiz Fernando Rocha, da Fepam Planalto.
Outros exames ainda estão sendo feitos pela Fepam para apontar se o detergente contém materiais pesados. O caso está sendo investigado pela polícia civil de Erechim, mas ainda não há suspeitos. Nesta tarde, funcionários das prefeituras devem retirar o material que contaminou o solo e os banhados, com a utilização de pás. O objetivo é impedir que com as chuvas, mais poluentes sejam canalizados para os rios.