A Grota do Homem Morto

Post date: Oct 1, 2011 6:13:14 AM

Composição: Volmir Coelho

Noite preta de dar medo,

Tivesse vindo mais cedo,

Para cruzar neste grotão,

Nem a sombra do cavalo.

Só escuto o som das esporas

E uma coruja me agoura

Na cabeça do moirão.

Sona vento o meu cavalo,

Talvez pressentindo algo,

Anunciando que há perigo.

Talvez o que ele enxergue

Ao meu ver é indiferente,

Ás vezes nos arrepia,

Parece tocar na gente.

Há cuentos da gauchada,

Que na boca da picada,

Muita gente já morreu.

Isto, nos tempos de guerra,

Estação firme na terra,

Manchas de sangue no chão.

Quatro “estação” perfilados,

Um maneador bem sovado

Muito vivente penou.

É por isto que nesta grota

Quem nela passa calado

Escuta um som diferente,

Entre rangidos de galhos,

Gemidos e gritos de gente.

Me saluda um quero-quero

Escuto um canto de galo,

Clareando a barra do dia,

Ouço em berro de terneiro

E um grito lá no potreiro

Do peão com a recolhida.

Noite preta de dar medo

Tivesse vindo mais cedo.