Petróleo - Indústria intrinsecamente poluidora - parte 1

Este texto foi desenvolvido principalmente a partir de textos de Mozart Schmitt de Queiroz, ex-diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, nos quais apresenta as etapas da indústria do petróleo e a poluição associada.[1][2]

Introdução

Duas das indústrias mais rentáveis e que alcançaram maior escala no século XX, inclusive moldando o desenvolvimento que impulsionou em cadeia intrincada o crescimento industrial e a distribuição geográfica da sociedade, mesmo nas experiências comunistas, são interdependentes: a indústria do petróleo e a indústria automobilística. Ambas são causadoras extensivas de poluição, a primeira nos próprios produtos e a segunda, por melhor que os use.

A indústria do petróleo é uma agressora do ambiental em todas as suas etapas, e a automobilística, por sua lógica de consumo e características do ambiente de que necessita, levou-nos a uma espiral de consumo e degradação ambiental, até na simples área ocupada para o tráfego, na estruturação atual inviável de nossas cidades e chegando na dependência das estruturas econômicas de sua produção, necessidades de mão de obra e consumo.

Este paradigma de crescimento e sustentação econômica, que leva à lógica do lucro às últimas consequências, muito bem representado pela metáfora da divertida montanha russa cujos trilhos findam em uma parede no pequeno documentário “300 Years of FOSSIL FUELS in 300 Seconds” (postcarboninstitute - Youtube.com cJ-J91SwP8w [Nota 1]), tem pouco se importado com a saúde e a segurança dos trabalhadores e da população e com as implicações com o onipresente meio ambiente (lembremo-nos imediatamente do ar), e nisto com as condições de vida das futuras gerações neste planeta que ainda é, e por muito tempo certamente será, único para a vida humana.

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Com a entrada do mundo no século XXI, mesmo com a significativa redução de poluentes mais perceptíveis, como os derivados de enxofre e os óxidos de nitrogênio, assim como o abandono de aditivos derivados de metais pesados, os esforços para equacionar-se a geração de energia com a redução da emissão de dióxido de carbono, ou sua equilibrada absorção, propostos pelo Protocolo de Kyoto, encontram como obstáculo a resistência dos países industrializados e em forte aceleração de industrialização, destacadamente China e Índia, e pela oposição direta do governo estadunidense, o qual também conduz-se para a flexibilização de suas leis ambientais buscando o crescimento de sua indústria de geração de energia elétrica, baseada em suas reservas enormes de gás natural oriundo de xisto, adicionada de tornar-se novamente um dominante produtor de petróleo no mercado internacional.[3] Deve-se destacar ainda posições de nações que podem vir a ganhar fronteiras agrícolas com qualquer aquecimento global, como Canadá e Rússia.

Estas posições configuram um cenário cínico, na pior definição do termo, que tem como motor os interesses de grandes grupos industriais, cuja finalidade óbvia é a manutenção de um sistema cíclico de dominação de mercado, trans e supranacional.

O Brasil, assim como em breve por simetria no Atlântico a costa africana projeta investimentos de centenas bilhões de dólares, em produção de bilhões de barris, com aumento do potencial de poluição associada a produção e logística do petróleo.

Das características básicas desta indústria

- poluição e riscos

É por somar várias características econômicas favoráveis que o petróleo ganhou a alcunha extremamente atrativa de "ouro negro". As propriedades fisico-químicas da matéria-prima e de seus derivados, especialmente os líquidos, tornaram viável os meios de transporte individualizado em altas velocidades, iniciando historicamente pelo abandono dos trens movidos a vapor pelos veículos de motores de combustão interna, ali já nascendo a simbiose entre a indústria petrolífera e a automobilística, e posteriormente com troca dos grandes navios transoceânicos pelos aviões, e posteriormente os jatos, conduzindo ao longo dos anos ao estilo de vida atual, nesta sociedade de consumo caracterizado por atitudes de um individualismo crescente, como a opção pelo transporte indivdual, quanto muito familiar, por automóvel, 25 vezes mais poluente do que os veículos de transporte coletivo, chegando ao ápice nos jatos particulares e helicópteros das grandes cidades, num processo constante que foi a consolidação na era do transporte tendo no petróleo sua fonte de energia.

Estas indústrias e suas estratégias de marketing se inter e retro-alimentam, geram suas falsas necessidades à população - entenda-se, por exemplo, carros de altíssimo desempenho, ou mesmo porte, mesmo para andar-se hoje no tráfego estagnado e pequenos espaços de estacionamento de nossas metrópoles - e cunham todo um paradigma econômico no qual populações inteiras são aprisionadas.

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Deste paradigma de consumo, surge a impressão de que a humanidade é obcecada pelas emoções e facilidades que os derivados do "ouro negro" lhe propícia, e das fortunas que gera, e nesta obsessão, dedica-se pouco a evitar suas desastrosas consequências.

O consumo de combustíveis fósseis e derivados, sempre associado com sua remoção de onde estava aprisionado no geológico há até centenas de milhões de anos, é relacionado inquebrantavelmente com a devolução para a superfície - e mais problematicamente, para a atmosfera - tanto na forma de gases como sólidos particulados de uma enorme quantidade de carbono e outros elementos presentes, como o enxofre e o nitrogênio.

Reunem-se estimativas de que a economia mundial esteja consumindo combustíveis fósseis na escala de aproximadamente 100 milhões de barris equivalentes de petróleo por dia. Sendo a principal finalidade desta massa de petróleo e gás a combustão, e secundariamente a produção de derivados não combustíveis, como os polímeros, com a posterior decomposição destes produtos com a reação com o oxigênio atmosférico, ou a ação da radiação solar antes desta reação, ou ainda a ação limitada de microorganismos, com a natural dificuldade da decomposição biológica dos derivados dos combustíveis fósseis, toda esta massa é transformada basicamente em dióxido de carbono, sendo uma massa deste gás que é introduzido artificialmente na atmosfera, não encontrando precedentes na história em processos contínuos não cíclicos, somente sendo ultrapassada pelas enormes queimas de florestas do período Carbonífero e as maiores erupções vulcânicas.

Infelizmente. esta massa de tal produto final de combustão não é o único fator de agressão ao ambiente promovido pela indústria do petróleo, sendo todas as etapas da indústria agressivas, ainda que obviamente todos os potenciais de risco possam ser minimizados com tecnologia já desenvolvida pela indústria do petróleo e o rígido cumprimento da legislação já existente. Em suma, riscos são inerentes a todas as atividades relacionadas ao petróleo,”do poço ao posto”.

Os riscos nas etapas da indústria

Deve-se sempre ter em mente que o petróleo, embora seja um produto natural originário da transformação de materiais orgânicos, existe apenas em grandes profundidades, e não participa direta e constantemente da biosfera, entrando pouco em contato com o ambiente terrestre, fluvial ou marítimo, sendo insolúvel em água e formando misturas corrosivas e venenosa com efeitos fisiológicos difíceis de combater.[4]

Genericamente para as etapas seguintes os impactos produzidos pelo derramamento de hidrocarbonetos na água são os mais visíveis, sendo que é senso técnico em poluição que os acidentes deixam marcas por vinte anos ou mais e que a recuperação é sempre muito longa e difícil, mesmo com a ação humana. O petróleo cru em contato direto causa efeitos gravíssimos principalmente em plantas e animais. O óleo recobre penas e pelos dos animais, sufoca os peixes, mata o plâncton e pequenos crustáceos, algas e plantas na orla marítima. Nos mangues, o petróleo mata as plantas por impedir sua nutrição ao recobrir suas raízes, sendo que nestes ambientes, especificamente, a baixa velocidade das águas e o emaranhado vegetal dificulta a limpeza.[4]

1. Exploração

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Ainda que no contexto geral que será apresentado não seja fator significativo, na simples sondagem de possíveis campos de petróleo já são utilizadas explosões com explosivos químicos com sérios efeitos a fauna, em especial baleias, que nas operações, sofre do mesmo que era utilizado para a hoje proibida “pesca com explosivos”.

No processo de perfuração de poços são descartadas lamas oleosas (com alto teor de hidrocarbonetos da própria reserva em perfuração). Nas instalações de produção há sempre riscos de derramamentos, de incêndios e, normalmente são descartados rejeitos com enormes potenciais de agressão à natureza como as águas de produção, em geral com alta salinidade e que são descartadas ainda contendo significativos volumes de óleo.

Um dos exemplos nacionais destes impactos, dentre os menos conhecidos, que a exploração do petróleo pode provocar é representado pelo caso, classificável como pitoresco, de técnicos da Petrobras enquanto procuravam reservas de petróleo na bacia do Rio Jandiatuba, região do Alto Amazonas, na década de de 1970, onde viviam grupos indígenas ainda não contatados. Houve confrontos com os índios que saíram em defesa de seu território, empunhando arco e flecha. Os funcionários da Petrobras responderam explodindo dinamite, disponível para fazer seus levantamentos.

Para o caso de perfurações marítimas, deve-se destacar que nossa situação é incomum no cenário mundial da produção de petróleo, pois a Petrobras começa a exploração de petróleo em águas marinhas em 1968, chegando a exploração neste modo a aproximadamente 84% da produção nacional no ano de 2005. Os derramamentos não são a única fonte de riscos e impactos negativos advindos da exploração e produção de petróleo em águas oceânicas, sendo estimado que já num período de mês e meio, a operação de um poço já passa a apresentar uma fase de impactos agudos sobre a fauna e flora, com o descarte de fluidos de perfuração, cascalhos saturados de diferentes substâncias e compostos tóxicos, incluindo metais pesados como o mercúrio, o cádmio, o zinco e o cobre.[4]


No caso do gás e óleo de xisto, os problemas ambientais originam-se do fato de que grande quantidade de água tem de ser usada, misturada com areia e um "coquetel" de substâncias químicas (cuja composição tem sido mantida em sigilo pelas empresas) para "fraturar" o xisto. Cerca de 50% a 70% da água injetada é recuperada e trazida de volta para a superfície, onde é colocada em lagoas que podem poluir o lençol freático. Além disso, o gás liberado do xisto não é metano puro, vem acompanhado de nitrogênio (que não queima) e de várias impurezas, como sulfeto de hidrogênio (que é tóxico e corrosivo), tolueno e outros solventes.[5][6][7][8][9][10]


2. Transporte

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Nos vários meios de transporte de óleo dos campos de produção até as unidades de refino (Upstream), em toda operação de logística, existem enormes riscos envolvidos, como derramamentos e incêndios seja no transporte por água, dutos, ferrovias ou rodovias. Por diversos motivos, os vazamentos de óleo cru estão entre os mais incidentes mais frequentes e evidentes.

Existem antecedentes graves para cada um destes modais de logística, sendo um dos mais notórios o do petroleiro Exxom Baldez, que dada a gravidade, chegou a conduzir a indústria para novas normas e exigências para a construção de navios de transporte de óleo.[11] Em 1989, o navio liberou 42 milhões de litros de óleo no mar contaminando uma extensão de 1900 quilômetros. Técnicos do Greenpeace acreditam que a recuperação da área ainda está longe de ser alcançada. As multas por danos ambientais sobre a Exxon chegaram a US$ 5 bilhões, mas a empresa recorreu da decisão. Aquela região da costa do Alasca continua a apresentar até hoje problemas resultantes dos resíduos do óleo derramado pelo petroleiro, mesmo depois de 15 anos do acidente.[4]

Em 19 de novembro de 2002 com o afundamento do petroleiro Prestige, das Bahamas, na costa da Espanha, a 250 quilômetros da região da Galícia, transportando 77 mil toneladas de óleo combustível, causou uma das maiores catástrofes ambientais causadas por vazamento de óleo, afetando entre 10 a 15 mil pássaros, segundo as organizações ambientais.[12][13]

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O último derramamento de grandes proporções no Brasil ocorreu em 2000, no Rio de Janeiro, quando nas águas da Baia de Guanabara foram lançados 1,3 milhões de litros de óleo cru.[14][15] Depois deste acidente, a Petrobras iniciou a implementação do ‘Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Operacional’ - chamado “Pégaso” - com o objetivo de criar padrões internacionais de segurança e proteção ambiental na empresa. Foram instalados nove centros de defesa ambiental no país. Segundo o departamento de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras, tais centros funcionam como uma espécie de corpo de bombeiros contra vazamentos de óleo, com profissionais de prontidão 24 horas, barcos, balsas, recolhedores e milhares de metros de barreiras de absorção e contenção de óleo. Além destas medidas, a Petrobras mantém embarcações na Baía de Guanabara, no litoral de Sergipe e no canal de São Sebastião, em São Paulo, especializadas no controle de vazamentos, sendo que todas as unidades da companhia no Brasil tem Certificado ISO 14001, que exige a manutenção de sistemas de monitoramento do impacto de suas atividades.[4]

O principal fator que leva à ocorrência de tais incidentes é que grandes centros consumidores e processadores de petróleo e gás natural, como as cidades e os parques industriais, geralmente localizam-se distantes das regiões produtores, quando não na completa impossibilidade de localizarem-se próximos, como na produção em águas profundas e o consumo em interiores de países, elevando nestas distâncias as quantidades e combinações de riscos.

Objetivando ampliar a disponibilidade de gás natural no Brasil, a Petrobras está investindo no potencial das reservas deste combustível em plena selva amazônica, onde o maior obstáculo à exploração são os danos ambientais, devido ao escoamento das reservas impor a construção de milhares de quilômetros de gasodutos através da floresta, sendo que os gasodutos ficam enterrados a uma profundidade mínimo de um metro, com tempo de vida útil de 20 anos, havendo risco de contaminação da água e do solo e a alteração da vida das populações indígenas e ribeirinhas. Sua construção demanda a abertura de estradas e de uma faixa de vinte metros de largura para sua instalação. Nestas obras, muitas operações tem que ser feitas de helicóptero, abrindo clareiras para pousos e decolagens, sempre implicando em desmatamento, que por sua vez, implica em ameaças à espécies e consequente degradação do solo.

A solução encontrada para os problemas de escoamento da produção na exploração dos recursos minerais da Amazônia em sua primeira fase tinham um relativamente pequeno impacto na região, mas ao atingir-s e a produção de petróleo de três mil barris diários necessictou-se construir um oleoduto de Urucu até o Rio Tefé. A partir daquele ponto, o óleo prosseguiria seu transporte por barcaças até o Rio Solimões onde foi construído um terminal com uma grande embarcação adequada ao armazenamento. Deste, por outros navios leva-se o óleo para a Refinaria de Manaus (Reman). Uma consequência direta é que com as estradas ou clareiras abertas, a especulação de terras ocupa as laterais, sendo este um processo inevitável contra o qual não dispõe-se de controle e que acelera o processo de desmatamento.

É sugerido que para solucionar a complicada logística para o transporte na região. evite-se instalar dutos de longa distância, devido a esta estratégia propiciar seria uma previsível expansão fundiária, sendo melhor usar pontos centralizadores de coleta junto à estradas, com a instalação com reservatórios grandes para o óleo e o gás extraídos de Coari, como a estrada local Porto Velho- Amazonas e destes reservatórios transportar para Manaus, Roraima e Acre, sem a abertura de novas frentes de desmatamento.

A própria cidade de Coari, com reservas em 50 bilhões de metros cúbicos de gás natural ou 10% das reservas nacionais, descobertas em 1986, distante 600 quilômetros de Manaus, já apresenta sinais de transformações posteriores à exploração do petróleo e gás natural pela Petrobras. As reservas de Urucu ainda tem adicionais 100 milhões de barris de óleo de boa qualidade. Como o recebimento de grandes somas oriundas dos royalties da exploração, passou a atrair outras populações em busca de emprego, tanto das redondezas como de outras regiões. Este novo perfil trouxe problemas, por exemplo, como aumento da prostituição e da violência. A população ribeirinha também sofre com o afastamento dos peixes devido ao movimento de embarcações no terminal construído pela Petrobras no Rio Solimões.[16]

A recuperação das recuperar as áreas desmatadas pela exploração do gásconduziu à criação da rede Clareiras na Amazônia, projeto coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa), com as atividades de avaliação, prevenção e recuperação dos danos causados em áreas de prospecção e transporte de gás natural e petróleo na Amazônia Brasileira. É composta por nove instituições de ensino superior, desenvolvendo tecnologias para a recuperação de áreas abertas na floresta. Antes de operações de desmatamento é feita a caracterização da flora e da fauna das regiões, permitindo catalogar espécies de insetos, pássaros e plantas, incluindo desconhecidas, devido ao e o local ser de mata virgem e controlado pela Petrobras, que proíbe a caça e a pesca.

Este trabalho iniciou em 2003, já tendo tido investimentos de R$ 1,5 milhão financiados pela Finep (Financiadora e Estudos e Projetos), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, através do Fundo Setorial do Petróleo. Faz parte do projeto a manutenção de um viveiro com mudas de plantas pela Petrobras com a finalidade de recobrir as áreas o mais rapidamente possível já que a abertura de clareiras na floresta, com a retirada da vegetação e da camada superficial do solo, o expõe à chuva e ao sol, correndo-se o risco de ocorrer erosão, que tornará crescentemente no tempo a área de difícil recuperação. Por meio de sensoriamento remoto é possível acompanhar o estágio de reflorestamento destas clareiras, com visitas diárias de equipes do projeto às clareiras e jazidas, sendo um sinal efeitivo de recuperação quando a vegetação passa a cobrir toda a área e há a formação de matéria orgânica sobre a superfície do solo.[4][16]

3. Nas refinarias

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Chegando o petróleo na sua etapa de refino (Midstream), é iniciada uma nova etapa que se caracteriza por elevados riscos à saúde e de agressão à natureza.

Genericamente na fase do refino, deve-se ter em mente que a indústria do refino é das mais intensivas na utilização de água e energia, dois insumos fundamentais à humanidade, e prolífica em produzir efluentes gasosos e sólidos limitadamente tratáveis e novamente com riscos de incidentes relacionados a eles. Existindo nesta etapa o permanente problema do descarte de efluentes líquidos, o tratamento da emissão de gases e vapores tóxicos que de outra forma vão para a atmosfera, além dos resíduos sólidos, normalmente armazenados em aterros industriais.[4]

Com grande consumo de água em seus processos, ao menos no Brasil, os efluentes aquosos ainda são descartados contendo fração significativa de hidrocarbonetos, por mais que tal seja minimizado, com soma de outros produtos orgânicos e metálicos. Como exemplos, seguidamente noticia-se que a indústria de refino é a uma das grande poluidoras da Baía da Guanabara,[17] e a refinaria de Paulínia, ainda a maior dos país, já teve casos repetidos de liberação irregular de gases na atmosfera.[18]

Devido a refinarias serem seguidamente produtoras de sua própria energia elétrica, na cogeração, podem ser ditas também usinas termoelétricas,[19] tornando-se grande queimadoras de petróleo, o que as transforma, por si mesmas, em grandes potenciais poluidoras e produtoras de gases de efeito estufa.

Para caso queira se somar vítimas fatais aos incidentes relacionados à logística neste segmento, podem-se tomar a explosão de esferas de armazenamento de gás na cidade de San Juanico em 1984, com mais de quinhentas fatalidades, ou o caso brasileiro de Vila Socó, de vazamento de duto de transporte de produtos acabados, no estado de São Paulo, com sua quase centena de mortes.[20][21]

4. Na distribuição

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Depois das refinarias, os produtos ainda têm que chegar aos distribuidores finais (Downstream). Nesta etapa, há o acréscimo de uma malha de distribuição rodoviária, predominantemente, em caminhões, muitas vezes por estradas em péssimas condições, atravessando vilas sem nenhum tipo de cuidado para evitar acidentes, causando um significativo número de acidentes como incêndios e derramamentos. O próprio transporte ferroviário, que seria mais econômico e é em nosso território tão negligenciado, já apresentou acidentes como o derramamento com incêndio como no caso de Pojuca (BA) em 31 de agosto de 1983.[22]

5. Na comercialização final

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No final da cadeia de distribuição, temos os postos distribuidores e retalhistas onde há o aumento e multiplicação dos riscos, pela sua dispersão e pequena escala, que conduz à difícil vigilância pelos órgãos de fiscalização ambiental e de segurança. Além dos incidentes, vazamentos e contaminação do solo por vazamentos da tancagem, apresentam o descarte de produtos derramados ou usados, como os óleos lubrificantes exauridos (“queimados”), diretamente, mesmo quando minimizada, para as redes de esgotos pluviais, e a contaminação produzida pelas embalagens de lubrificantes, entre outros produtos diversos.

Somente o estado de São Paulo acumula hoje número próximo de 2000 postos de combustíveis, ativos e inativos, com contaminação do solo.[23]

Somam-se aos distribuidores combustíveis líquidos os distribuidores de gás liquefeito de petróleo, que muitas vezes operam sem mínimos cuidados com segurança. Na área da saúde do trabalhador, os frentistas e outros profissionais trabalham aspirando hidrocarbonetos, com exposição direta a agentes cancerígenos.

No caso do crescente em uso gás natural, quando transportado através da canalização da concessionária de serviço público e usado corretamente, é seguro. Entretanto, quando ocorre danos até por prestadoras de serviço, os equipamentos falham, ocorrem temperaturas extremas, os sempre presentes erros humanos, incêndios, as rupturas de adutoras, os colapsos de edifícios e outros incidentes, o gás natural pode tornar-se perigoso, especialmente para os bombeiros. Por ser mais leve que o ar, o gás natural tende a se acumular nas partes mais elevadas quando em ambientes fechados, apresentando riscos de asfixia, incêndio e explosão. Em caso de fogo em locais com insuficiência de oxigênio, poderá ser gerado monóxido de carbono, altamente tóxico.[24][25]

Os mercaptanos, acrescentados para odorizar por segurança o gás natural, tem sido conhecido como irritantes para o nariz, garganta e pulmões, com efeitos imediatos como tosse e respiração ofegante, e a a exposição prolongada pode causar bronquite crônica, sendo estudados casos de agravamento de alergias, e no uso doméstico, o aumento do risco de asma ou agravamento dos sintomas para aqueles que já sofrem da doença. O dióxido de azoto emitido por fogões à gás também parece ter como resultantes problemas respiratórios.[26][27][28]

Notas

1. 300 Years of FOSSIL FUELS in 300 Seconds - www.youtube.com

Referências

1. Mozart Schmitt de Queiroz; A Indústria do Petróleo e o Meio Ambiente - www.sindipetro.org.br

2. Mozart Schmitt de Queiroz; A Indústria do Petróleo e o Meio Ambiente; Artigo apresentado no II Forum Ambiental Pro-Rio, em 2001. sociedadepovos.blogspot.com.br - Parte I ; Parte II; Parte III

3. Fiona Harvey,; US can become world's biggest oil producer in a decade, says IEA; The Guardian, Monday 12 November 2012. - www.guardian.co.uk

4. Petróleo e seus efeitos no meio ambiente - 11 Nov 2005 - ComCiência - www.biodieselbr.com

5. Mall, Amy (19 December 2011). "Incidents where hydraulic fracturing is a suspected cause of drinking water contamination". Switchboard: NRDC Staff Blog. Natural Resources Defense Council. Retrieved 23 February 2012.

6. Lustgarten, Abrahm (November 2008). "Incidents where hydraulic fracturing is a suspected cause of drinking water contamination". ProPublica. Retrieved 20 March 2012.

7. DiGiulio, Dominic C.; Wilkin, Richard T.; Miller, Carlyle; Oberley, Gregory (December 2011) (PDF). Investigation of Ground Water Contamination near Pavillion, Wyoming. Draft (Report). EPA.

8. "Fracking Acquitted of Contaminating Groundwater".Science 335: 898. 24 February 2012. - http://www.sciencemag.org/content/335/6071.toc

9. Energy Institute (February 2012) (PDF). Fact-Based Regulation for Environmental Protection in Shale Gas Development (Report). University of Texas at Austin. p. ?. Retrieved 29 February 2012.

10. Recent University Studies of Environmental Impacts of Hydraulic Fracking Procedures - http://frackfreesprings.org/recent-university-studies-of-environmental-impacts-of-hydraulic-fracking-procedures/

11. Ilidia da A. G. Martins Juras; MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM

NAVIOS PETROLEIROS; Câmara dos Deputados, 2002. - bd.camara.gov.br

12. Petróleo e seus efeitos no meio ambiente - 11 Nov 2005 - ComCiência - http://www.biodieselbr.com/noticias/meio-ambiente/petroleo-e-seus-efeitos-no-meio-ambiente-11-11-05.htm

13. O petróleo e a agressão ao meio ambiente - http://www.comciencia.br/reportagens/petroleo/pet09.shtml

14. Petroleiro pode causar maior acidente ecológico da história; http://www.estadao.com.br/arquivo/mundo/2002/not20021119p50791.htm

15. Ato público marca 13 anos do derramamento de petróleo na Baía de Guanabara -www.apn.org.bra

16. Wagner Santos de Almeida, Newton Moreira de Souza; AVALIAÇÃO DAS CLAREIRAS ABERTAS NA ÁREA FLORESTAL DO MUNICÍPIO DE COARI/AM, UTILIZADAS NO APOIO ÀS TAREFAS DE PROSPECÇÃO SÍSMICA DE PETRÓLEO. Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 Abril 2007, INPE, p. 6565-6572. - http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2006/10.02.17.44/doc/6565-6572.pdf

17. Seminário “Injustiças Ambientais, poluição e indústria do petróleo: como isso afeta nossa saúde e a Baía de Guanabara?” - www.ippur.ufrj.br

18. Replan é multada por vazamento de gases poluentes na atmosfera - www.jornaldepaulinia.com.br

19. Unidade de Cogeração Replan - www.promonengenharia.com.br

20. San Juanico disaster - en.wikipedia.org

21. Tragédia da Vila Socó - Cubatão - araucb.blogspot.com.br

22. Evely Dayane da Silva Paolilo; Patrícia dos Reis Santos; Taliane Ariadne Silva Santos; Maria Cristina dos Santos Jorge; LEMBRANÇAS DE UM ACIDENTE DE TREM: RELATOS DE SOBREVIVENTES ; 10ª Feira dos municípios e 1ª Mostra de Iniciação Científica - FEMMIC - Número do ISSN 2236-9848 para a publicação intitulada: "Anais Eletrônicos das 10ª Feira dos Municípios e 1ª Mostra de Iniciação Científica do IF Baiano Campus: "Ciências no cotidiano""Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Catu - www.ifbaiano.edu.br

23. O Gerenciamento de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo - www.cetesb.sp.gov.br

24. Zona de Risco - Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia; Os perigos do gás natural - http://zonaderisco.blogspot.com.br/2011/11/os-perigos-do-gas-natural.html

25. Gás Natural - Impactos e Problemas - http://ambientes.ambientebrasil.com.br/energia/gas_natural/gas_natural_-_impactos_e_problemas.html

26. Natural Gas websites: www.geocities.com/RainForest/6847

27. The Healthy Home Handbook: All You Need to Know to Rid Your Home of Health & Safety Hazards by John Warde, Random House Inc., 1997.

28. Agnes Malouf and David Wimberly ; The Health Hazards of Natural Gas - http://www.environmentalhealth.ca/summer01gas.html