Tópicos em Logística Verde - I

O “pensar verde” e a logística

Editado de http://www.inboundlogistics.com

Desenvolvido a partir do artigo:

Dr. Jean-Paul Rodrigue, Dr. Brian Slack and Dr. Claude Comtois; Green Logistics; THE GEOGRAPHY OF TRANSPORT SYSTEMS

- http://people.hofstra.edu/geotrans/eng/ch8en/appl8en/ch8a4en.html

Os dois conceitos acima, o “pensar verde” (a atual cenário cultural das atividades serem ambientalmente sustentáveis e pouco agressivas) e a logística, enquanto disponibilização dos produtos no espaço e no tempo, são ambos plenos de importância em nosso mundo moderno. O primeiro pela nossa própria sobrevivência, o segundo pela manutenção de nossa geração de riqueza e modos de vida/consumo atuais. Logística sendo a base da operação de sistemas de transporte moderno e implicando um grau de organização e controle sobre os movimentos de mercadorias que apenas são permissíveis pela tecnologia moderna, tornou-se um dos desenvolvimentos mais importantes no setor de transportes. O “pensar verde” tornou-se uma conceituação para uma série de preocupações ambientais, e é geralmente considerado de forma positiva. É empregado para sugerir a compatibilidade com o meio ambiente, e assim, como a logística é algo que é visto como benéfico, e pode, para termos de adjetivação de outros termos, ser a palavra “verde” que à muitas coisas é anexada. Ao se juntar estas duas palavras sugere-se um transporte ambientalmente amigável e eficiente como sistema de distribuição.

Dessa fusão de conceitos nasce o termo Logística Verde, que são as práticas de gestão da cadeia de suprimento e as estratégias que reduzam o impacto ambiental e o consumo de energia na distribuição de mercadorias. Concentra-se na manipulação de materiais, na gestão de resíduos de embalagens e seu transporte.

O termo vagamente definido abrange diversas dimensões relacionadas com o planejamento da produção, a gestão de materiais e sua distribuição física abrindo as portas para uma ampla gama de potenciais aplicações de estratégias ambientalmente amigáveis ​​ao longo de cadeias de suprimentos. Isto implica que as diferentes partes interessadas poderiam estar aplicando diferentes estratégias, que seriam rotuladas como logística verde. Uma empresa pode estar se concentrando nas embalagens dos produtos, enquanto outra em veículos de combustível alternativo, ambas seriam empresas atuando em logística verde. No entanto, um olhar mais próximo do conceito e suas aplicações, um grande número de paradoxos e incoerências surgem, o que sugere que a sua aplicação pode ser mais difícil do que aquilo que se poderia esperar, em primeiro lugar. Embora tenha havido muitos debate sobre o que realmente implica a logística verde, a indústria de transporte se desenvolveu com interesses muito estreitos e específicos sobre o assunto. Se os custos de transporte são reduzidos e os bens como veículos, terminais e centros de distribuição são melhor utilizados, a suposição é que as estratégias de logística verde estão sendo implementadas.[Nota 1]

Em comum com muitas outras áreas da atividade humana, tornou-se um chavão afirmar-se “verde” no setor de transportes no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Ele cresceu a partir da conscientização dos problemas ambientais emergentes, e em particular com bem divulgadas questões como a chuva ácida, os CFC, a eliminação de resíduos e as mudanças climáticas. Conceitos ambientais, tais como fluxos de materiais ou o ciclo do carbono, tornaram-se prontamente aplicável à gestão de cadeias de suprimentos. A Comissão Mundial sobre o Relatório Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987), com seu estabelecimento de sustentabilidade ambiental como uma meta para a ação internacional, deu às questões ambientais um impulso significativo nas arenas política e econômica. A indústria de transportes foi reconhecida como um dos principais contribuintes para as questões ambientais através de seus modos, infra-estruturas e fluxos. O campo de desenvolvimento da logística era visto como uma oportunidade para a indústria de transporte para apresentar uma face de ações mais respeitosas com o ambiente. No entanto, as perspectivas ambientais e as questões de sustentabilidade do transporte continuam predominantemente focados em transporte de passageiros.

O interesse pelo meio ambiente pela indústria de logística se manifestou mais claramente em termos da exploração de novas oportunidades de mercado. Enquanto a logística tradicional visa organizar a distribuição para a frente, que é o transporte, a armazenagem, a embalagem e o gerenciamento de inventário desde o produtor até o consumidor, as considerações ambientais abriram os mercados para a reciclagem e a eliminação, e levou a todo um novo subsetor: a logística reversa. Esta distribuição reversa envolve o transporte de resíduos e do movimento dos materiais utilizados. Mesmo que o termo logística reversa seja amplamente utilizado, outros nomes tem sido aplicados, como a distribuição reversa, o fluxo de logística, e até mesmo o mais amplo logística verde (pois este não foca-se somente no que seja o retorno de componentes do transporte e comercialização de produtos).[NOTA 2] A logística inserir-se na reciclagem e disposição de resíduos de todos os tipos, inclusive de bens tóxicos e perigosos, tornou-se um grande mercado novo, mas não reflete toda a extensão da logística verde, que é o primeiramente citado “pensar verde” de ambos os segmentos, de retaguarda de de frente, nas cadeias de suprimentos.

Notas

Nota 1 “Um sistema eficiente de logística reversa pode vir a transformar um processo de retorno altamente custoso e complexo em uma vantagem competitiva.” [1][4]

Nota 2: “...logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-primas, estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado...” [1]

Ao que Patrícia Guarnieri acrescenta: "Desta forma, contribuindo para a consolidação do conceito de sustentabilidade no ambiente empresarial, apoiada nos conceitos de desenvolvimento ambiental, social e econômico."[2]

“Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura...” [2]

“o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição”. [3][5]

Referências

[1] LACERDA, Leonardo. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais.

[2] Logística reversa e Sustentabilidade

- http://patriciaguarnieri.blogspot.com/2010/04/diferenca-entre-logistica-reversa-e.html

[3] STOCK, James R. Reverse logistics programs, council of logistics; 1998

[4] ROGERS, Dale S.; TIBBEN-LEMBKE, Ronald S. - Going backwards: reverse logistics trends and practices. Reno: Reverse Logistics Executive Council, 1998. http://www.rlec.org/reverse.pdf

[5] SUELI FERREIRA DE SOUZA; SÉRGIO ULISSES LAGE DA FONSECA; LOGÍSTICA REVERSA: OPORTUNIDADES PARA REDUÇÃO DE CUSTOS EMDECORRÊNCIA DA EVOLUÇÃO DO FATOR ECOLÓGICO.

- http://www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/trabalhosPDF/87.pdf

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