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Agroecologia é a aplicação de princípios ecológicos para a produção de alimentos, combustíveis, fibras e produtos farmacêuticos. O termo abrange uma ampla gama de abordagens, e é considerado "uma ciência, um movimento, (e) uma prática".[1]
Agroecologistas estudam uma variedade de agrossistemas, e o campo da agroecologia não é associado com qualquer método particular de produção rural, agrícola ou pecuária, quer seja orgânica, integrada, ou convencional; intensiva ou extensiva. Além disso, não é definida por práticas de gestão determinadas, tais como o uso de inimigos naturais no lugar de inseticidas , ou policultura no lugar de monocultura.
Além disso, agroecologistas por unanimidade não se opõe à tecnologia ou insumos na agricultura, mas sim avaliam como, quando e se a tecnologia pode ser usada em conjunto com ativos naturais, sociais e humanos.[2] Agroecologia propõe uma maneira contextual ou local específica de estudar agroecossistemas e, como tal, reconhece que não existe uma fórmula universal ou receita para o sucesso e o máximo bem-estar de um agroecossistema.
Em vez disso, agroecologistas podem estudar questões relacionadas com as quatro propriedades do sistema de agroecossistemas: produtividade, estabilidade, sustentabilidade e equidade.[3] Ao contrário de disciplinas que estão preocupadas com apenas uma ou algumas dessas propriedades, agroecologistas veem todas as quatro propriedades como interligadas e fundamentais para o sucesso de um agroecossistema. Reconhecendo que essas propriedades são encontradas em diferentes escalas espaciais, agroecologistas não se limitam ao estudo dos agroecossistemas em qualquer escala: gene, organismo, população, comunidade, ecossistema, bioma, paisagem, campo, fazenda, comunidade, região, estado, país, continente, global.
Agroecologistas estudam essas quatro propriedades através de uma lente interdisciplinar, utilizando-se das ciências naturais para entender os elementos de agroecossistemas, como propriedades do solo e interações plantas-insetos, bem como a utilização de ciências sociais para compreender os efeitos das práticas agrícolas sobre as comunidades rurais, limitações econômicas para o desenvolvimento de novos métodos de produção, ou fatores culturais que determinam as práticas agrícolas.
Agroecologistas nem sempre concordam sobre o que a agroecologia seja ou deveria ser a longo prazo. Diferentes definições do termo agroecologia podem ser distinguidas em grande parte pela especificidade com que se define a "ecologia", bem como o os termos de potenciais conotações políticas. As definições de agroecologia, portanto, podem ser primeiramente agrupadas de acordo com os contextos específicos nos quais situam-se a agricultura. Agroecologia é definida pela OCDE como "o estudo da relação das culturas agrícolas e meio ambiente".[4] Esta definição refere-se à parte "ecológica” de "agroecologia" específica ao ambiente natural. Seguindo essa definição, um agroecologista iria estudar várias relações da agricultura com a saúde do solo, qualidade da água, qualidade do ar, meso e micro-fauna, flora envolvente, toxinas ambientais e outros contextos ambientais.
A definição mais comum da palavra pode ser tomada a partir de Dalgaard et al., que se referem a agroecologia como o estudo das interações entre plantas, animais, seres humanos e o meio ambiente dentro de sistemas agrícolas. Consequentemente, a agroecologia é inerentemente multidisciplinar, incluindo fatores de agronomia, ecologia, sociologia, economia e disciplinas afins.[5] Neste caso, a parte “ecológica” agroecologia é definida de forma ampla para incluir também os contextos social, cultural e econômico.
Agroecologia também é definida de maneira diferente de acordo com a localização geográfica. No hemisfério sul, o termo muitas vezes carrega conotações abertamente políticas. Tais definições políticas do termo geralmente atribuem a ela os objetivos de justiça social e econômica; atenção especial, neste caso, é muitas vezes dada ao conhecimento agrícola tradicional das populações indígenas.[6] Os usos norte-americano e europeu utilizam do termo, por vezes, evitando a inclusão de tais objetivos declaradamente políticos. Nestes casos, a agroecologia é vista mais estritamente como uma disciplina científica com menos objetivos sociais específicos.
Fred Buttel faz uma distinção mais acadêmica das diversas abordagens dentro do campo, separando-o em cinco grandes categorias [7]:
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Referências
1. Wezel, A., Bellon, S., Doré, T., Francis, C., Vallod, D., David, C. (2009). Agroecology as a science, a movement or a practice. A review. Agronomy for Sustainable Development
2. Pretty, Jules. 2008. Agricultural sustainability: concepts, principles and evidence. Philosophical Transactions of the Royal Society, 363, 447-465.
3. Conway, Gordon R. 1985. Agroecosystem analysis. Agricultural Administration, 20, 31-55.
4. Agroecology, Glossary of Statistical Terms
5. Dalgaard, Tommy, and Nicholas Hutchings, John Porter. "Agroecology, Scaling and Interdisciplinarity." Agriculture Ecosystems and Environment 100(2003): 39-51.
7. Buttel, Frederick. "Envisioning the Future Development of Farming in the USA: Agroecology between Extinction and Multifunctionality?" New Directions in Agroecology Research and Education (2003)