Por que é importante conversar sobre as emoções?

Andrea Adas (Orientadora Educacional)

Há quem diga que é melhor não pensar naquilo que dói, que faz sofrer. Sinto informar que isso é o mesmo que “jogar a sujeira para baixo do tapete”. Podem passar dias, meses, até anos e, quando você decidir levantar o tapete, a “bagunça” estará lá, intacta e fresquinha, como se tivesse sido colocada ontem!

Com as nossas emoções não é diferente. Evitamos falar sobre nossos problemas, nossas dores, nossos incômodos, nos cobrando a estar sempre fortes e bem aos olhos do outro. Mas a dor permanecerá lá se não nos permitirmos falar sobre ela.

Enquanto adultos, temos um papel importantíssimo na educação de nossas crianças e adolescentes. Não mostrando o quanto somos fortes por não chorar ou sofrer, mas o quanto nos tornamos fortes apesar das dores e sofrimentos, mostrando que por meio dos erros vamos nos tornando melhores em algo, que todas as emoções têm o seu valor e papel em nossa construção enquanto seres humanos.

Desde o joelho ralado para aprendermos a andar, as frustrações antes de termos as conquistas, as desilusões amorosas e, em relação às amizades, as dores até construirmos vínculos fortes e verdadeiros, e mesmo as “passadas de pernas” que levamos até desenvolvermos a malícia que nos protegerá das arapucas que a vida pode apresentar... Tudo isso faz parte do processo de autoconhecimento e da construção de nossa personalidade.

Aos que estão lendo esse texto agora, escrevo que: tudo isso faz parte e que vai passar! Podemos e devemos compartilhar nossas emoções com as pessoas em quem confiamos e amamos. Por vezes, encontraremos soluções, aliviaremos o peso do acontecimento, acalmaremos os nossos corações ou, no mínimo, perceberemos que não estamos sozinhos! Aos que são escolhidos como ouvintes, que suportem a dor do outro, escutem sem julgamento, não tentem resolver o problema por outrem, pois, às vezes, precisamos apenas de um colo e uma escuta atenta.

Não há forma melhor de nos fortalecermos, elevarmos nossa autoestima, construirmos uma identidade firme e estruturada do que sempre visitarmos nossas emoções, nossa escuridão, ouvir o que elas têm a dizer e a nos ensinar, o que estão sinalizando a respeito dos caminhos que devemos seguir.

Carl Jung dizia “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.” Meu convite é para que possamos nos aventurar em nossas emoções e sentimentos, desbravar as florestas mais densas, acalmar os monstros e preparar o terreno para tudo o que a vida trará de frutos em nossa jornada. Sejamos reais!