Ciência, Educação e Desenvolvimento

Professora Mayara Rosane Calvo Martines (Ensino Médio)


“Se vi mais longe, foi por estar sobre o ombro de gigantes.” A frase escrita pelo físico e teólogo inglês Isaac Newton, em 1675, estabelece de forma poética a essência do pensamento científico que marca e define nosso mundo até hoje. A ciência consagra-se como um campo do conhecimento colaborativo, ao passo que todo e qualquer cientista, mesmo os mais geniais, como Newton, desenvolveram suas conclusões a partir das descobertas anteriores de dezenas de outros especialistas, cada um deles dedicando décadas de suas vidas ao entendimento de um determinado aspecto da realidade. A humildade metódica dessa prática levou a humanidade a façanhas e benesses que seriam tratadas por ficção se fossem especuladas nos tempos de Newton. Ampliamos nossa produção de comida em escala exponencial, aproximamos pessoas e culturas pelo avanço das comunicações e dos transportes, pisamos na Lua, erradicamos doenças, até então incuráveis, e tudo isso nos faz acreditar que a resolução dos problemas que este século apresenta são uma questão de tempo.

Os “gigantes” citados pela metáfora de Newton não eram apenas pesquisadores, mas sobretudo mestres, orientadores e professores. Sendo a ciência uma maravilha construída a muitas mãos, todo cientista se faz educando, ao iniciar sua pesquisa, e se faz educador, quando suas obras permitem o início da trajetória das próximas gerações. Educação e ciência são faces de uma mesma moeda, uma só existe a partir da outra e não há como desenvolver uma comunidade sem educadores e pesquisadores. Não encontramos exceção quando contemplamos as sociedades que mais investiram em educação e pesquisa: todas estão entre as melhores para se viver, para trabalhar, para se sentir seguro e para sonhar. O que culturas tão diferentes como a alemã e a sul-coreana têm em comum? Décadas de valorização dos seus cientistas e, também, daqueles que se incumbiram da divulgação de todo esse legado à próxima geração de mestres e discípulos: as educadoras e os educadores.

O horizonte que admiramos sobre os ombros de nossos mestres nos ensina a perseguir as evidências, a duvidar de explicações simplistas, a abandonar as convicções que não se sustentam, a não se deixar levar pela prosa de quem não se alicerceia em nada a não ser na própria opinião, a ser curioso, a ser otimista para com as possibilidades do ato de conhecer e, fundamentalmente, a agir sempre de forma coletiva. Quando o assunto é o desenvolvimento de uma nação, não existem mistérios insondáveis, não existem barreiras intransponíveis e não há povos destinados ao atraso ou ao bem-estar. O que há é uma receita simples e de longo prazo: abrir os olhos para a ciência e para a educação.