Um século para ser lembrado

Um século para ser lembrado

 

 

Há exatamente 105 anos nascia uma sertanezina da gema. Neta de imigrantes que formaram as primeiras gerações de sertanezinos, Ernesta Sicchieri era a primogênita de Olinda e Fioravante, um empreendedor e conhecido comerciante daqueles tempos.

Ernesta teve uma vida longa, de 99 anos, e dedicou-a com todo seu coração à sua cidade. Sempre à frente de seu tempo, saiu de casa para estudar em Ribeirão Preto; como professora, em Lavínia, buscava, de casa em casa, seus alunos na área rural, em carroça; criou seus  8 filhos com Guilherme Volpe, ao mesmo tempo em que lecionou por 25 anos no Grupo Escolar Anacleto Cruz.

Já aposentada e viúva, passou a fazer o que mais lhe dava prazer: dedicar-se a Sertãozinho, sua terra querida, como ela dizia. Foi vereadora por 6 anos, mas nada se compara ao que fez apenas como cidadã comum. Muito religiosa e caridosa, era conhecida por pessoas de todas as classes sociais, que por ela eram recebidas com o mesmo carinho. Também conhecida por divulgar os milagres e as pílulas do agora Santo Frei Galvão, era madrinha de dezenas de crianças cujas mães a procuravam quando tinham dificuldade em engravidar. A única exigência dela era encontrar-se com a mãe para que a mensagem de fé fosse transmitida com palavras de carinho e recebidas com comprometimento. Da mesma forma, fundou e presidiu a Obra do Berço Menino Jesus, que até hoje fornece assistência a mães e recém-nascidos carentes.

Foi uma mãe, tia, avó e bisavó extremamente respeitada, admirada e amada. Sua grande família teve a felicidade e o orgulho de tê-la por tanto tempo por perto, ainda que tenha sido pouco para o que ela poderia ensinar. Frequentemente, ao caminhar pelas ruas da cidade, reencontrava seus ex-alunos, todos homens, todos muito reconhecidos e orgulhosos de fazerem parte da história da querida Dona Ernesta.

Sua sabedoria foi fruto de uma profunda religiosidade somada a uma longa e rica experiência de vida. Lúcida até seus últimos momentos, ela tinha apenas mais um sonho a realizar: agradecer a Deus e à Sertãozinho a vida centenária que teve. Queria fazê-lo simbolicamente, jogando pétalas de rosa sobre a Praça 21 de Abril. Essa homenagem à sua cidade é a melhor representação do carinho que ela tinha por essa terra, que, esperamos, guarde em sua história a lembrança desta que foi um exemplo de cidadã e mulher.

 

  18 Maio 2014