Pequenas escolhas, grandes efeitos






Pequenas escolhas, grandes efeitos

Anelê Volpe, 2022


De um modo geral nos preocupamos com as grandes escolhas que eventualmente temos que fazer. De fato, as grandes escolhas sempre demarcam um ponto de ruptura e um novo caminho pela frente. Casar, ter um filho, divorciar, comprar uma casa, mudar de cidade ou país, entre outras, são decisões que merecem muita reflexão e, quando vistas no passado, revelam-se determinantes para nossa vida.

Mas, e as pequenas escolhas, quais seus verdadeiros papeis na vida de cada um? Vamos admitir: fazemos escolhas desde o momento em que acordamos até o momento em que fechamos os olhos para dormir. Levanto-me agora ou durmo um pouco mais? Primeiro escovo os dentes ou lavo o rosto? Tomo café puro ou com leite? Vou de carro ou de ônibus? E assim por diante.

Ora, muitas dessas decisões nem passam pela nossa consciência, tão corriqueiras e mecânicas que se tornaram. Ainda que saibamos que cada uma delas decorre de todas as anteriores, não nos preocupamos com isso para quase 100% das escolhas que fazemos.

Algumas, no entanto, são muito mais importantes do que parecem. Uma palavra mal escolhida, um silêncio inoportuno, a negação de um beijo, a desculpa para partir ou para ficar, o adiamento de uma decisão. Aquilo que parece irrelevante para nós pode provocar algo que, num verdadeiro efeito borboleta, pode se tornar muito relevante.

Uma palavra impensada ou uma atenção não dispensada podem afastar uma grande amizade, que fará muita falta quando você mais precisar no futuro. Um beijo negado pode jogar seu grande amor em braços alheios. A preguiça para não ir ou a pressa para partir podem, quem sabe, impedir um encontro que mudaria tudo. Ou não. O não fazer isso para fazer aquilo também é uma escolha, e também pode ser a melhor delas.

O fato é que se refletíssemos mais cuidadosamente a cada ponto de escolha, se ponderássemos antes de agir, talvez construíssemos futuros melhores para nós mesmos. Ao deixar para o acaso desenhar nossas vidas, ao olhar o passado só nos restará lamentar. Ainda que as escolhas não se mostrem acertadas, elas nos levarão para onde nós assim determinarmos. E o arrependimento é um aprendizado valioso; ele pode ajudar a ajustar o rumo do que vem pela frente.