Os desafios do tradutor: relações com o real, o simbólico e o imaginário

Luciana Pinto Rangel

UFRGS

 

 

O presente trabalho, que integra o Projeto de Pesquisa Autoria e Interpretação de Objetos Discursivos, sob orientação da profa. Dra. Solange Mittmann (PIBIC - UFRGS/CNPq), tem como foco o discurso de um tradutor sobre desafios da tradução literária do português do Sul do Brasil para o público francês. Analisamos  uma entrevista publicada na página web do jornal Zero Hora com o tradutor Michel Le Grand sobre a sua tradução de “Contos Gauchescos” e “Lendas do Sul”, de Simões Lopes Neto. A matéria, intitulada “‘Pelotas foi uma revelação’, diz tradutor francês de Simões Lopes Neto”, é assinada por Fábio Prikladnicki. Baseados nos princípios teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, buscamos observar de que forma o discurso sobre esses desafios emerge no texto, como eles são conceituados e que tipo de memória sobre a prática tradutória podem revelar. Para esta análise, além da noção de memória, mobilizamos também as noções de real, simbólico e imaginário, pois nossa hipótese é a de que a forma como o tradutor encara os desafios tradutórios está calcada no fato de que, ao se deparar com fragmentos do real (o impossível), o tradutor tem acesso ao simbólico e constrói um imaginário que permitirá produzir um novo discurso (o discurso da tradução, sobre a materialidade da língua francesa). Ele é, então, chamado a se posicionar frente à polissemia, à imagem do leitor, aos conflitos/tensões entre formações discursivas (o que é dito e o que é silenciado), assim como ao equívoco e à falta constitutivos da língua.