AUTORIA E A QUESTÃO DO ANONIMATO

Pâmela da Silva Lima

UFRGS

 

Vinculado ao projeto de pesquisa Autoria e Interpretação de Objetos Discursivos (PIBIC-CNPq), esse trabalho propõe uma análise do funcionamento da autoria no ambiente virtual. Para isso, partimos do viés da Análise do Discurso de linha francesa, recorrendo ao conceito de autoria elaborado por Michel Foucault (1969). Sendo que o espaço virtual oferece ao indivíduo artifícios que são de difícil acesso fora desse espaço, escolhemos um desses artifícios – o anonimato – para conferir se seu uso afeta de algum modo o processo de autoria. Anonimato esse que não acontece apenas quando existe a opção de marcar “anônimo” e não escrever nome algum, mas sempre que não é exigida qualquer documentação oficial do internauta. Isso acontece em grande parte dos sites e blogs que permitem comentários. O corpus da análise foi retirado de dois sites que publicaram notícias sobre a propaganda da campanha “Mulheres contra a Islamização”, produzida na Bélgica no início de 2012. Os dois sites, um brasileiro e o outro belga, não pedem nenhum tipo de identificação oficial dos internautas que neles comentam, permitindo assim o anonimato. Esses comentários são nosso recorte discursivo, e através deles podemos perceber que, mesmo que de algum modo encoraje a criação e repercussão de discursos sobre preconceito, levando em conta o conceito dado por Foucault, o anonimato não influencia no processo de autoria.