AUTORIA E AUTENTICIDADE NO CURSO DE LINGUÍSTICA GERAL

Matheus Silveira Hugo

UFRGS

 

Em 1916, ano de publicação do Curso de linguística geral (CLG) editado por Charles Bally e Albert Sechehaye com base nos cursos de linguística geral ministrados por Ferdinand de Saussure, dá-se a fundação da linguística moderna, que define como seu objeto de estudo a língua. É curioso que ninguém reclame a autoria de um texto tão importante historicamente, já que os editores deixam claro que tentaram fazer uma “reconstituição” do pensamento de Saussure com base nos materiais de que dispunham na época – os cadernos dos alunos participantes dos cursos de Linguística Geral ministrados por Saussure entre 1907 e 1911 – sem, no entanto, assumirem o posto de autores do texto de 1916. Saussure, tampouco, pode ser considerado autor do CLG, uma vez que falecera três anos antes de sua publicação por Bally e Sechehaye. No presente trabalho, pretendo analisar de que maneira a noção de autoria pode ser trabalhada a partir do CLG, e as diferentes leituras feitas desse texto por estudiosos da teoria saussuriana que colocam em dúvida, ou não, a sua autenticidade. Para isso, será investigada a noção de função-autor desenvolvida por Michel Foucault em seu texto “O que é um autor?”, bem como suas reflexões acerca da figura do autor e da relação deste com sua obra. Serão mobilizadas, também, as noções de texto e de autoria segundo a ótica da análise de discurso de linha francesa.