Nós e os “exóticos”: deslocamentos, etnocentrismo e a interpelação do outro

Rafael José dos Santos

PPG-Letras/UCS

 

O eurocentrismo, modalidade particular de etnocentrismo, produz e reproduz seu outro a partir de uma formação discursiva neocolonial, interpelando-o como exótico e/ou “étnico”, modo de subjugá-lo e desconhecê-lo, uma vez que o desconhecimento é condição do exotismo, como lembra Todorov. Buscando um diálogo com a Análise de Discurso a partir da Antropologia e dos Estudos Literários, tomei trechos de narrativas de viagem, da própria Antropologia, bem como exemplos da historiografia da arte, em particular quando esta alude a uma suposta “arte primitiva”, classificação inspirada no evolucionismo antropológico do século XIX, bem como o “primitivismo”, modalidade de exotização do não-europeu. No processo histórico neocolonial, o olhar do “exota” atribui ao outro características aparentemente positivas, concebendo o mundo não-europeu e seus habitantes como antítese da superficialidade e dos vícios da modernidade. Entretanto, ao exotizar o outro, nega-se a conhecê-lo e, portanto, reconhecê-lo em sua humanidade.