O gaúcho sul-riograndense e o gaucho platino: concepções acerca da memória de fronteira

Graciele Turchetti de Oliveira Denardi

UFSM

 

Este trabalho integra parte do meu projeto de tese de doutorado. Diante disso, trazemos à nossa escrita um recorte que tratará sobre “o gaúcho sul-riograndense e o gaucho platino: concepções acerca da memória de fronteira”, momento em que nos dedicaremos a olhar as relações entre memória e sujeito, pensando no gaúcho/gaucho, especialmente aquele que está na fronteira entre o Brasil e Argentina. Deteremo-nos no discurso oral, pois acreditamos que é pelo viés da oralidade, que entenderemos o gaúcho/gaucho de fronteira, como um sujeito que se encontra em um lugar sócio-histórico de produção e circulação de sentidos, uma vez que os discursos envolvidos se constituem a partir da história e da memória social. Se nos reportarmos ao texto “Memória social e produções culturais” (Papel da Memória), tomaremos uma passagem em que Davallon (2007, p. 25) em que o autor registra que “há necessidade de que o acontecimento lembrado reencontre sua vivacidade; e, sobretudo, é preciso que ele seja reconstruído a partir de dados e de noções comuns aos diferentes membros da comunidade social”. Trata-se da retomada de saberes já-ditos em outros discursos, em outros lugares, tramados em discursos sócio-históricos que são retomados e repetidos, movimentando sentidos que vão constituir a memória. Consoante Pêcheux (2007, p. 56), “a memória é necessariamente um espaço móvel de divisões, de disjunções, de deslocamentos e de retomadas, de conflitos de regularização. Um espaço de desdobramentos, réplicas, polêmicas e contra-discursos”. A memória está, portanto, inscrita na trama dos discursos em circulação, permeável às transformações que ocorrem no tecido sócio-histórico. Em decorrência disso, é possível pensarmos que o discurso do sujeito gaúcho/gaucho é constituído a partir de uma memória que é lacunar, sujeita a equívocos e está na ordem da repetibilidade, suscetível a constantes deslizamentos. Uma memória que é social, histórica e coletiva.