COMO SE CONSTROEM OS SENTIDOS DE UM “BOM PROFESSOR”?

Mônica Ferreira Cassana

UFRGS

 

Professor e aluno são posições que os sujeitos assumem na escola, a qual – tradicionalmente – se configura como um locus privilegiado para a reflexão sobre o(s) discurso(s) pedagógico(s). No entanto, não é apenas no espaço escolar que se fala sobre as relações entre o sujeito aluno e o sujeito professor. Na contemporaneidade, o espaço escolar não fica restrito apenas ao muro da escola: é continuamente falado na virtualidade, através da relação dos sujeitos com as mídias sociais. Este ano, durante a semana do dia do professor, comemorada no mês de outubro, chamou-nos a atenção uma homenagem divulgada na rede social facebook, em alusão à data. Através de imagens caricaturadas, a página de relacionamentos divulgou mensagens sobre o que é ser um “bom professor”. Considerando essa materialidade discursiva, e, a partir dos pressupostos teóricos e analíticos da Análise de Discurso de linha francesa, fundamentada por Michel Pêcheux, procuraremos demonstrar como as posições-sujeito são construídas nesse discurso sobre professores e alunos. Embora ressignificados, ao serem produzidas no espaço virtual, os discursos retomam elementos de uma memória discursiva em que os saberes tradicionais sobre a educação são acionados, criando um imaginário em que o professor ainda é visto como transmissor do conhecimento e o aluno como sujeito passivo, recipiente do saber do mestre.