Comidas de Rua no Brasil: uma história pouco apropriada

Krisciê Pertile

Susana Gastal

UCS 

A rua enquanto espaço público onde se dão sociabilidades denota ao que a ela esteja interligado, da liberdade do ir e vir, a aspectos pejorativos como segregação e insegurança. Enquanto a casa, compreendida como um lugar de aconchego, amor e respeito, onde ocorre o encontro entre iguais, traz consigo a ideia de segurança, inclusive no que tange a alimentação. Porém, com a chegada da pós-modernidade e as mudanças ocorridas, sobretudo, nos espaços de trabalho, fizeram com que ocorresse o deslocamento da alimentação do lar para a rua, do privado para o público, uma vez que as distâncias entre os locais de atividades cotidianas e a casa inviabilizam a realização das refeições domésticas. As comidas de rua, surgidas no Brasil a partir do século XVI, com a chegada das primeiras escravas africanas, embora possam ser compreendidas como uma boa alternativa, ou seja, rápida e barata, estão envoltas por um imaginário de sujeira e insegurança. Ou seja, trata-se de um deslocamento que está posto, mas de certa forma é renegado, inclusive por aqueles que fazem uso deste tipo de alimentação.