Linguagem e memória: [Uma discussão sobre a banalidade do mal em Hannah Arendt]

Maurício Signorini Dias

UFPel

 

 

Este trabalho tem como objetivo uma discussão acerca da banalidade do mal, termo criado por Hannah Arendt para referir-se ao modo como Adolf Eichmann apresenta-se (inocentemente) perante o seu julgamento. Arendt pensou encontrar um assassino frio, mas Eichmann era apenas um bom funcionário que cumpria as leis impostas pelo Führer. Segundo Arendt, para entender a banalidade do mal é necessário compreender o próprio mal e suas distinções. Para Pires (2011), o mal tem origem social, no qual se alimenta e se produz; ele faz parte da cultura humana. Eichmann foi um bom pai de família, e não tinha evidente ódio pelo povo judeu (AGUIAR, 2010); ele não decidiu ser mau e dizia nunca ter matado um só judeu (SCHIO, 2006). A autora ressalta a ausência de pensamento do acusado; ele abre mão da identidade para tornar-se apenas uma representação. Ele se recusava a refletir sobre os atos que praticava, já que apenas cumpria ordens: "Simplesmente nunca se deu conta do que fazia" (ARENDT, 1999). Em outras palavras, a banalidade do mal é o "mal praticado no cotidiano como um ato qualquer"; "[...] é o resultado da falta de pensamento crítico – seja judeu, alemão, brasileiro, não importa – pode exercer a negação do outro e de si mesmo" (TIBURI, 2013). A sua falta de pensamento, resulta na isenção da sua condição humana de ter um espírito (AGUIAR, 2010). Nesse sentido, Eichmann é uma máquina de reproduzir ordens, ele praticamente deixou de ser "humano", ele não existe por si só (ARENDT, 1999).