A Ausência Indígena e as Cicatrizes na Terra

Paula Carina Mayer da Silva

UCS

 

O presente trabalho é um recorte do projeto de pesquisa intitulado “O turismo no jogo do simbólico entre natureza e cultura no município de Canela/RS”. Este se propõe a abordar o (des)conhecimento ideológico referente ao grupo indígena, denominado Guaianá, identificado através das obras de Stoltz e Reis; Veeck; Oliveira, tomadas enquanto, materialidades discursivas para essa análise. Na abordagem feita, dois momentos são apresentados. O primeiro retrata os hábitos e os costumes cotidianos dos primeiros habitantes da atual Região das Hortênsias, os Guaianás. O segundo faz uma reflexão sobre o tratamento dispensado a esse grupo, tendo como referência a sociedade atual e de então. Para tanto, se levará em consideração os enunciados referentes a esse grupo, e principalmente, os que consideram que, com a chegada dos proprietários rurais a essa região, os Guaianás tenham sumido. O dispositivo teórico-analítico de análise é a Análise do Discurso Francesa (AD), fundada por Michel Pêcheux, no final da década de 1960. Essa, que se constituiu através de três campos do saber que são: a Linguística (não positivista), o Materialismo Histórico (ideologia) e a Psicanálise. Nesse trabalho, abordo conceitos como historicidade, interdiscurso e esquecimento ideológico, para colocar no centro das discussões um apagamento de sentido, que se refere à posse da terra. Essa que deveria pertencer aos indígenas, enquanto ocupantes primários e donos legítimos das mesmas, mas que a eles são negadas, pois os proprietários rurais conseguiram para si, perante o Império, a posse legítima dessas terras, desse território. Portanto, será através dessas aproximações e discussões que o presente trabalho se construirá, lembrando que, o município em estudo, Canela/RS, possui viva as marcas e a presença dos Guaianás, e essas, não devem ser esquecidas, ou apagadas pelo tempo.