Leitura do conto “A cartomante ” de Machado de Assis – livro Várias Histórias
Podemos encontrar a obra completa de Machado de Assis em: www.dominiopublico.gov.br
- conto copiado abaixo.
- por se tratar de um texto de época ( 1896 ), caso tenha dúvida em relação ao vocabulário, consulte um dicionário.
- vamos analisar o conto quando retomarmos as aulas.
- uma das características de Machado de Assis é “conversar com leitor” fazendo usando do verbo na 1º pessoa do plural. Você consegue identificar esses momentos no conto?
- a intertextualidade também está muito presente em sua obra, perceba na narrativa a passagem que faz referência a Adão e Eva ( texto bíblico).
- procure observar na cronologia da narrativa o momento que passamos a acompanhar os fatos junto com Camilo.
Após a leitura
1- Imagine e escreva outro final para o conto a partir da passagem:
“ - A senhora restitui-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta levantou-se, rindo.
- Vá, disse ela; vá ragazzo innamorato... ”
- Mínimo 30 linhas
2- Consultar cartomantes é uma atitude que causa polêmica. Para alguns, pode representar uma solução; para outros ( como é o caso de Machado de Assis ), uma perda de tempo e um alimento para uma ilusão inútil. Pensando nessa polêmica, tome uma posição diante do ato de consultar uma cartomante e escreva um artigo de opinião.
A CARTOMANTE
Machado de Assis
HAMLET observa a Horácio que há mais causas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
- Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade.
- Errou! interrompeu Camilo, rindo.
- Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois.
- Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
- Onde é a casa?
- Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
- Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranquila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
- O senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor. Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; - ela mal, - ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: - a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
- Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tomar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.
- Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, - repetia ele com os olhos no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a ideia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a ideia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, - o que era ainda pior, - eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a ideia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.
"Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim..."
Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar à primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
- Anda! agora! empurra! vá! vá!
Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: "Vem, já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia..." Que perdia ele, se...?
Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
- Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
- E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...
- A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.
- As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
- A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta levantou-se, rindo.
- Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
- Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?
- Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
- Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá, tranquilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
- Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer causa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. s vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação:
- Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
- Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: - ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensanguentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.
Analise a charge abaixo:
No caderno, desenvolva as questões:
1. Como você interpreta essa charge?
2. A charge é datada de 2009, estamos em 2020, ela continua atual? Justifique sua resposta.
3. Na sua opinião, quais mudanças ocorreram na sociedade que justificam a charge?
NOVO CORONAVÍRUS
Ciente de que estamos vivendo um momento atípico, um momento em que o comportamento da sociedade está se transformando por causa de uma doença, precisamos nos informar constantemente.
A leitura de reportagens, artigos, notícias, pode nos informar sobre esse assunto. Muitas palavras, expressões e siglas passaram a fazer parte do nosso cotidiano para nos informar a respeito dos acontecimentos.
Como está o seu vocabulário? Considerando esse contexto, vamos supor que você tenha lido uma reportagem sobre o novo coronavírus e encontrou as palavras / expressões abaixo. Como você se sairia em relação a compreensão do texto?
Faça um teste, procure explicar o significado das palavras / expressões!!!
- epicentro
- epidemia
- pandemia
- vírus
- coronavírus
- novo coronavírus
- covid-19
- taxa de letalidade
- subnotificação dos casos
- paciente assintomático
- isolamento social
- taxa de isolamento
- quarentena
- sintoma
- transmissão
- surto
- grupo de risco
- hospital de campanha
- respirador pulmonar ( ventilador mecânico )
- OMS
- distanciamento físico
- pico de óbitos
- pico epidêmico
- achatamento da curva
Em caso de dúvida, seja curioso (a), pesquise!!!
Relembrando:
Vocabulário ativo é o que empregamos com relativa frequência na comunicação oral e escrita em nosso dia a dia, seja em situações formais ou informais.
Vocabulário passivo é composto por palavras que não empregamos comumente, mas estão em nosso inconsciente e, quando usadas por outras pessoas, compreendemos o que tentam nos comunicar. O contexto também oferece pistas para ativação do vocabulário passivo.
Contexto: leia os significados da palavra quarentena que encontramos no dicionário, veja que a melhor acepção para o nosso contexto é a 5.
substantivo feminino
1 porção, número ou conjunto de 40 entidades, seres, objetos etc.
Ex.: uma q. de presentes
2 período de 40 dias
3 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: administração.
período subsequente à ocupação de um cargo público estratégico em que seu o ex-detentor fica impedido de empregar-se no setor privado, para não se utilizar de informações privilegiadas
4 Rubrica: história da medicina.
conjunto de medidas e restrições que consistia esp. no isolamento (orign. de 42 dias) de indivíduos e mercadorias provenientes de regiões onde grassavam epidemias de doenças contagiosas
5 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: infectologia.
isolamento, por períodos de tempo variáveis, imposto a indivíduos ou cargas procedentes de países em que ocorrem epidemias de doenças contagiosas
6 Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
abstinência sexual
7 Rubrica: religião.
m.q. quaresma
Atividade referente a aula do dia 04/05/2020
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1- Para os alunos que não assistiram a aula pelo aplicativo, assistam pelo YOU TUBE
https://www.youtube.com/watch?v=zSHPJBRpNyY
2- Procure fixar as características desse gênero textual:
- definição
- aspectos persuasivos
- verbos no imperativo
- elementos verbais e não verbais
3- Leitura do texto – reflexão sobre o tema
NOMOFOBIA: o vício em celular pode prejudicar sua saúde
Nomofobia é o medo irracional de ficar sem o seu telefone celular ou ser incapaz de usar o telefone por algum motivo, como a ausência de um sinal, o término do pacote de dados ou a carga da bateria.
Você se sente agoniado quando seu celular vibra e sai correndo para ver se alguém curtiu ou comentou seu último post no Facebook? Você começa a responder e-mails de trabalho antes mesmo de levantar da cama? O ícone de bateria fraca deixa você tremendo de medo? É provável que você esteja sofrendo de nomofobia.
Uma fobia é, por definição, um medo irracional. No caso da nomofobia, os eventos que o usuário teme não são muito improváveis, de modo que parte dele não é irracional. O que é irracional é o grau de desconforto que os usuários sentem com a ideia de estarem, de fato, separados de seus smartphones.
Uma fobia crescente entre jovens
A palavra nomofobia tem origem de uma composição em inglês: no + mobile + phone + phobia. O termo foi criado pela YouGov, uma instituição de pesquisa sediada no Reino Unido. Nomofobia é um termo que descreve um medo crescente no mundo de hoje – o medo de ficar sem um dispositivo móvel, ou além do contato por telefone celular. Entre os alunos do ensino médio e universitários, está em ascensão. Um número crescente de jovens agora toma banho com o celular. O adolescente médio prefere perder um dedo mindinho do que um celular. Um percentual crescente prefere utilizar mensagens de texto, whatsapp ou tweet, em vez de falar com outras pessoas.
Um risco crescente para a sociedade
O vício em smartphones é um “problema do primeiro mundo” que não mostra sinais de desaceleração, independentemente da idade. E embora possa parecer bobo – você pode realmente estar viciado em um dispositivo móvel e sofrer com as implicações reais deste quadro.
Várias pesquisas mostram que estar 100% do tempo online prejudica a produtividade e a criatividade; e ainda pode influenciar no surgimento de doenças como ansiedade, depressão, estresse, déficit de atenção e transtorno obsessivo compulsivo. Mesmo assim, os brasileiros estão abusando.
Se você acha que pode sofrer de nomofobia, confira abaixo os sinais de alerta:
Incapacidade de desligar seu telefone;
Verificar obsessivamente chamadas perdidas, e-mails e textos;
Constantemente carregar a bateria do celular;
Conferir obsessivamente redes sociais e whatsapp;
Demonstrar irritação ao estar em locais sem conexão wi-fi;
Ser incapaz de ir ao banheiro sem levar seu telefone com você.
Duvidas enviar no seguinte e-mail: luyslks@gmail.com
Prezado(a) Aluno(a),
Por gentileza, sempre que realizar uma atividade e enviar para o seu respectivo professor, é obrigatório o seguintes dados abaixo;
Nome:
Turma:
Nº:
INSERIDO EM: 04-06-20
CONTEXTUALIZANDO OS CONECTIVOS
Link para vídeo aula: Contextualizando os conectivos - 28/05/2020
https://www.youtube.com/watch?v=EcbKswYLCJM
Atividade:
- Assistir a vídeo aula
- Fazer a leitura das páginas 97 e 98 do caderno do aluno – 1º Bimestre – ( arquivo em PDF da apostila no Classroom )
- Fazer no caderno o exercício 5 da pág. 97
- Fazer a devolutiva da atividade pelo e-mail luyslks@gmail.com ou pelo Classroom.
Exercício 5
Identifique qual o tipo de relação os conectivos em destaque estabelecem entre as orações.
Confira as possibilidades de relações que podem ser estabelecidas: adição, alternância, causa, consequência, explicação, oposição, tempo, modo, lugar, finalidade, conclusão.
a) Esta vida durou por muito tempo; porém afinal já eram as gazetas tão repetidas, que
o padrinho se viu forçado a acompanhá-lo outra vez todos os dias para a escola, o que
desfez todos os planos que os dois tinham concertado.
b) Afinal o menino tomou um dia uma resolução última, e propôs ao padrinho que o
fizesse sacristão.
c) Assim que a avistou, o novo sacristão disse algumas palavras a seu companheiro,
dando-lhe de olho para a mulher.
d) [...] ele já sabe ler alguma coisa e escrever: deixo-o, para fazer-lhe a vontade, algum
tempo na Sé, para que também tome mais amor àquela vida, e depois, apenas o vir
com o juízo mais assente, hei de ir adiante com a coisa.
e) Vendo que não tirava partido, quis a devota mudar de lugar e sair, porém, o aperto
era tão grande que o não pôde fazer, e teve de aturar o suplício até o fim.
f) Isso seria muito bom, disse ele, a fim de acostumar-me para quando for padre.
TEXTO, CONTEXTO E INTERTEXTO
TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (codificar e decodificar).
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que a interligação é tão grande que se uma frase for retirada do seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.
INTERTEXTO – comumente, os textos apresentarem referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO – o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova.
INTERPRETAR = explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir
Através do texto, infere-se que ...
COMPREENDER = intelecção, (analisar o que realmente está escrito) entendimento.
O texto diz que / o autor afirma que ...
SUGESTÃO: YOU TUBE = "Texto, contexto e intertexto" da série Palavra Puxa Palavra da MultiRio. Educopédia - SME/RJ
Link: "Texto, contexto e intertexto" da série Palavra Puxa Palavra
https://www.youtube.com/watch?v=XMyeHYfHzm8
Link para vídeo aula: Contexto sociocultural na produção de um texto - 26/05/2020