O Projeto Biota Pampeana: diversidade, conservação e sustentabilidade, surgiu da necessidade de identificar e conhecer a fauna, a flora e a funga na província biogeográfica pampeana, com o propósito de registrar através de fotografia a biota nas áreas naturais campestres. Este site de divulgação científica é direcionado aos acadêmicos dos Cursos de Ciências Biológicas, as comunidades escolares, as instituições, as redes de ensino e aos interessados no assunto.

Onde o Bioma Pampa ocorre?

O Bioma Pampa (sensu IBGE, 2004) ocupa uma área de 176.496 km², o que corresponde a cerca de 2% do território nacional. Em sua composição florística predomina a matriz campestre, enquanto a vegetação arbustivo-arbórea está presente nas principais planícies aluviais, em encostas mais íngremes ou na forma de núcleos associados ao campo.

O território ocupa 63% do estado do Rio Grande do Sul e considerando os países vizinhos do Argentina, Paraguai e Uruguai essa vegetação forma a mais extensa área de ecossistemas campestres da América do Sul, constituindo os Campos da Bacia do Prata; na qual, Bioma Pampa corresponde a designação da parte brasileira desses ecossistemas.

Paisagens Pampeanas

Campos da Serra do Sudeste

Os campos assentados no Planalto sul-rio-grandense possuem solos rasos e pedregosos constituído de rochas intrusivas, metamórficas, sedimentar entre outras formações. O relevo é ligeiramente acidentado e montanhoso, associados a coxilhas e planícies. A vegetação é distribuída em sua grande parte em mosaicos de vegetação campestre e arbustiva.

A região das Guaritas, Pedra do Segredo e Rincão do Inferno reúnem a porção mais preservada da Serra do Sudeste, com grande diversidade de flora e fauna autóctone, endêmicas e raras ameaçadas pelos grandes empreendimentos de mineração.

Pedra do Morcego - Bagé. Foto: Anabela Silveira de Oliveira

Campos da Campanha

A vegetação dos campos da campanha tem predominância de espécies herbáceas campestres, nesta região ocorrem muitas gramíneas endêmicas e outras herbáceas e devido às condições do solo, a vegetação nativa foi pouco transformada para outros usos. As gramíneas caracterizam a vegetação pampeana formando um tapete herbáceo no estrato inferior, juntamente com a presença de cerca de 20 famílias botânicas.

Os solos rasos, que ocorrem na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, são formados a partir de rochas vulcânicas extrusivas da formação Serra Geral e a vegetação campestre é submetida frequentemente a déficit hídrico no verão. O relevo é plano, por vezes suavemente ondulado a ondulado que representa a paisagem da região.

No sudeste da Campanha a matriz principal corresponde a rochas sedimentares de origem marinha (ricas em carbonatos), motivo pelo qual resultam campos muito produtivos e bastante distintos do restante do contexto sul-rio-grandense.

Serra das Asperezas - Pinheiro Machado. Foto: Anabela Silveira de Oliveira

Campos da Depressão Central

A região situa-se entre os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e o Planalto Sul-rio-grandense, que se estende ao longo do vale do Rio Jacuí, no centro do Rio Grande do Sul encontram-se diferentes tipos de solos e uma vegetação campestre predominantemente caracterizada pela presença de dois estratos, por gramíneas rizomatosas, como o capim-forquilha (Paspalum notatum) e por touceiras de gramíneas cespitosas, como o capim-rabo-de-burro (Schizachyrium microstachyum).

Também há ocorrência de matas de galeria e da floresta estacional. O relevo é plano a suavemente ondulado com altitudes de 100 a 200 m, com formação de banhados, várzeas e campos úmidos.

A região apresenta cerros testemunhos com vegetação preservada campestre entremeada com florestal onde podem ser observadas as espécies nativas compartilhadas com outras regiões do estado do Rio Grande do Sul. Infelizmente, grande parte das áreas de campo desta região já foi transformada em lavouras de orizicultura e silvicultura.

Quevedos. Foto: Anabela Silveira de Oliveira

Campos das Missões

Localizada no centro-oeste e norte do Rio Grande do Sul (Planalto Meridional), com relevo levemente ondulado apresentando morros que podem chegar altitudes elevadas. Na região encontram-se solos arenosos, sujeitos a fortes processos de erosão e arenização que, junto com as condições climáticas, criam circunstâncias extremas para a sobrevivência das plantas.

Por conta disso, esses campos possuem cobertura vegetal baixa e muitas plantas com características associadas à sobrevivência em condições de estresse hídrico. A paisagem predominante é campestre onde as gramíneas rizomatosas são dominantes e há alta riqueza de espécies da família das compostas e mirtáceas-anãs.

Campo Laranjeiras - Santiago. Foto: Marcelo Scipioni

Campos do Litoral

O litoral está inserido na planície costeira onde os solos são arenosos compondo hábitats bastante específicos como banhados, campos arenosos, dunas, lagosas, matas de restinga e paleodunas. Os campos arenosos do litoral tem dominância de asteráceas, ciperáceas, gramíneas prostadas, ciperáceas, fabáceas e juncáceas.

Apesar de esta fisionomia estar bem prejudicada em função da orizicultura e da silvicultura entre outras monoculturas, algumas espécies raras ou endêmicas são bem características destes ambientes como Grindelia atlântica, Baccharis arenaria, Baccharis tenuiptera, Baccharis marítima, Senecio crassiflorus, kilinga brevifolia e Noticastrum psamophilum. Nas matas ciliares há predomínio de espécies das famílias das mirtáceas (Eugenia uniflora), anacardiáceas (Lithraea brasiliensis), sapindáceas (Allophylus edule) e arecáceas (Syagrus romanzofiana).

Barra do Ribeiro. Foto: Anabela Silveira de Oliveira

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