Passeio de Moto no Alentejo Primaveril
2019 04
Foi em Constância que este passeio teve quer o seu início quer o seu fim.
Feito o balanço destes três dias de viagem apenas temos a dizer que Rolar Pelo Asfalto tem um encanto que poucos entendem e foi com um sorriso nos lábios que nos despedimos desta região maravilhosa de Portugal que é o Alentejo.
Dia 1
Cedo se saiu e rolamos pelo asfalto até ao ponto de partida.
As previsões climatéricas confirmaram-se e o frio, a chuva e o vento acompanharam-nos sensivelmente até Tomar.
Sentir a água, por vezes intensa no capacete até tem a sua piada, o frio é resolvido com um bom agasalho agora o vento é mesmo uma grande chatice.
Passando Constância pela ponte vermelhinha (para a margem sul) seguimos em direcção a Arrepiado que era o nosso destino para o almoço.
Como o roteiro planeado tinha um jantar em cozinha de autor, resolvemos fazer algo ligeiro para aqueles lados.
Na praça junto ao Parque da Zona Ribeirinha de Arrepiado parámos e nada melhor que um banquinho para contemplar o Tejo, tendo como pano de fundo Tancos.
É uma zona muito tranquila onde se pode parar sem preocupações.
As águas, sempre calmas, serviram de pano de fundo para uma foto que ficará na nossa memória.
E porque o tempo é precioso arrancámos em direcção ao Miradouro de Almourol onde se pode contemplar a fortaleza conquistada por D Afonso Henriques em 1129 e a entregou aos cavaleiros da Ordem dos Templários.
Sempre que vimos para estes lados, Almourol é local de paragem, contudo sempre o fizemos pela margem norte do rio. Deste lado (margem sul) a vista é diferente.
Qual a melhor? depende dos gostos de cada um, mas justifica a visita em ambos os locais.
Pela N118 fomos para Abrantes e depois nada melhor do que um troço da EN2.
Muitas motos quer em passeios aparentemente individuais quer em grupo.
Não há dúvida que a EN2 está na moda, embora haja necessidade de melhorar as indicações.
Em Ponte de Sor optámos pela N 244 que nos levou à Barragem do Maranhão.
Da barragem, pela ER 370 seguimos para Arraiolos que seria o próximo destino.
O grande objectivo de visitar a aldeia, onde a tapeçaria reina, era o de colocar a moto em cima do tapete, feito em calçada portuguesa, que se encontra junto à câmara municipal.
O objectivo não foi cumprido e o momento não ficou devidamente registado pois as comemorações do 25 de Abril estavam a decorrer nesse preciso local.
Sem ficarmos completamente satisfeitos lá seguimos para Montemor o novo onde um jantar de autor esperava por nós.
Um momento único num restaurante soberbo mas com um preço proibitivo.
Dia 2
Repostas as baterias iniciamos o segundo dia com o objectivo de admirar as paisagens verdejantes com manchas amarelas e violetas por terras do Alentejo.
No dia anterior, e após a Barragem do Maranhão, já se podia constatar que a paisagem mudára e que a Primavera estava com toda a sua pujança.
Mais um pequeno troço da EN 2 e, como nem só de paisagem vive o homem, iniciamos o dia com uma visita às Grutas do Escoural.
Bom momento cultural!
A Gruta é uma cavidade bastante pequena, natural e conhecida pela arte rupestre paleolítica.
Para se visitar tem de se marcar atempadamente e pagam-se 3 euros por pessoa.
Tal como grande parte dos postos de turismo que contactámos (ex: para obter o passaporte da EN2) também não está aberta aos domingos e feriados.
A gruta é um local interessante e diferente das grutas que estamos habituados a ver na zona de Serra de Aires.
A visita demora cerca de 1 hora mas é necessária alguma imaginação para conseguir observar toda a arte que lá está exposta (não se pode tirar fotografias para não incomodar os morcegos minúsculos que lá vivem).
Imaginamos ver cavalos, bovinos e outras representações feitas pelos nossos antepassados de há 50.000 anos.
Continuamos pela EN 2 até ao local onde o chocalho é rei …Alcáçovas..e saímos pela EN 257 em direção ao Alqueva passando por Viana do Alentejo e Portel.
A beleza paisagística está bem presente nas estradas percorridas.
O Alqueva é paragem obrigatória em qualquer altura do ano, mas na primavera apresenta outra beleza.
Seguimos em direcção à vila conquistada aos mouros em 1167 pelos homens de Geraldo Sem Pavor
Monsaraz é mais um local de paragem obrigatória, para todos os que visitam o Alqueva, e a fotografia junto ao monumento do cante alentejano também.
E porque tínhamos de visitar o museu do mármore, lá seguimos por estradas belíssimas para vila Viçosa, contudo em Alandroal voltamos a fazer uma pausa para apreciar a street art do vhils.
Muito bom e diferente do que estamos habituados.
Para além da fachada da casa podemos observar 2 caracóis gigantes feitos de material reciclável.
É arte e está muito bem enquadrada no espaço de um alojamento local. Vimos algumas pessoas que, tal como nós, registam o momento.
Chegamos ao museu do mármore e a visita foi feita para quem de rochas nada percebe.
Tivemos direito a guia, em dia de grande azáfama. A explicação foi soberba.
Ficamos com uma ideia do processo de extracção e transformação o que aumentou significativamente a nossa cultura geral.
Mas, como não há bela sem senão, o que choca no meio de tanta mina é o impacto visual que existe, principalmente pelas que são abandonadas e não são tapadas.
Chegar a Vila Viçosa é chegar pelo meio de escombros a um local que merecia mais, muito mais, dada a sua beleza.
As autoridades deviam rever a situação. Sabemos que os interesses económicos são muitos, mas tapar as minas desactivadas deveria fazer parte dos custos de exploração…quem sabe um dia!!!...se é que não há e ninguém respeita!!!
Eis que o fim do dia chega e há que recarregar novamente as baterias.
Ficámos alojados num hotel temático que tinha garagem, o que é essencial para a nossa tipologia de passeio.
Os cavalos descansaram ao lado de uma outra BMW RT 1200 e de uma Honda 750 cujos proprietários terão sensivelmente os mesmos requisitos do que nós!
Quanto aos cavaleiros….tiveram de ir forrar o estômago!
O jantar ficou na memória e é altamente recomendado.
Um restaurante que, segundo o proprietário, só abre ao fim de semana por forma a garantir a qualidade das carnes e dos demais acompanhamentos.
Produtos essencialmente locais e de grande qualidade.
Um atendimento muito acima da média assim como o repasto que escolhemos (sopa de legumes, lombo de porco criado a bolota, migas de espargos selvagens e a típica encharcada)
Recomenda-se e o preço é adequado à qualidade
Dia 3
A manhã estava reservada para a busca das paisagens nas planícies alentejanas…. e assim foi.
De Vila Viçosa fomos para Estremoz e dali seguimos via Vimieiro até Sousel passando por Cano.
Excelentes estradas acompanhada por uma excelente paisagem que ficou guardada quer num pequeno filme que fizemos (o realizador voltou à acção) quer na nossa memória.
De Alter do Chão (local onde justifica a visita à Coudelaria Nacional) até Constância passámos novamente por Ponte de Sor.
Ponte de Sor, para quem não conhecer, justifica uma paragem para admirar o maior mosaico do mundo em cortiça.
O regresso foi Rolar pelo asfalto até Braga satisfeitos e recomendando o passeio a todos os que acompanham esta página.
Claro está que em Pombal tivemos de ir saborear o arroz de tomate no Manjar do Marquês, não fosse dar a fraqueza.
E foi assim mais um passeio de Mototurismo por estradas de Portugal
Boas curvas e até breve.