A Rota dos Farois da Galiza

Decidimos realizar um projecto algo ambicioso que foi A Rolar Pelo Asfalto durante 582 Km e que nos levou, mais uma vez, à Costa da Morte.

Fazendo o trajeto de Sul para Norte fomos em busca da Ruta dos Faros de Galicia.

A designação de Costa da Morte assusta um pouco, mas as paisagens desta zona costeira são magníficas e devem ser contempladas qualquer que seja a altura do ano, de preferência sem vento, o que é muito difícil de acontecer.

Reza a história que o nome está ligado às repentinas mudanças das correntes marítimas e aos sucessivos naufrágios que estas deram origem, mas não à parte terrestre que percorremos...fomos em segurança e sem medo.

Por estes lados diz-se que o Oceano é bravio e de águas agitadas.

Esta é uma das zonas mais ricas da Europa, no que diz respeito a cultura megalítica mas, a nossa sensibilidade ditou que não justifica investir tempo nessa temática, num passeio com estas características.

Como havia necessidade de fazer o passeio de forma tranquila, resolvemos que este deveria começar em Santiago de Compostela pelas 8:15, ou seja…tivemos de madrugar.

Com partida às 06:30H, fomos A Rolar Pelo Asfalto, sempre pela auto estrada até ao ponto de partida, pelo que nada de interessante houve a registar.

O encontro das princesas, as BMW’s 1200GSA, 1150RT e 1250RT, deu-se à hora prevista e seguimos em direção a Muxia.

O local, com uma beleza natural fantástica, apresenta dois pontos importantes para visitar, para além do seu pequeno farol. 

A igreja da Nossa Senhora da Barca e a escultura "A Ferida".

Conta a lenda que, naquele local, Santiago estava em plena reflexão, a ponto de desistir e voltar para a Palestina, em virtude das suas pregações estarem a ser inúteis para converter os galegos.

Nessa altura a Virgem Maria chegou, numa barca de pedra, para anima-lo e para lhe dizer que tanto Ela como o Seu Filho estavam do lado dele.

Esta foi a primeira aparição de Maria.

Com um novo fôlego, Santiago continuou com as suas pregações, conseguindo converter pessoas estratégicas e que se tornaram responsáveis pela conversão Cristã na Península Ibérica.

É precisamente ao redor da igreja que se podem encontrar as pedras que faziam parte dessa barca. 

Um dos expoentes máximos é a “A Pedra dos Cadrises”, que constituía a quilha, e que tem fama de ser um remédio seguro para as costas, se o doente se arrastar pelo buraco.

Neste mesmo local mas um pouco acima da igreja, a escultura “A Ferida” recorda o trágico acidente com o petroleiro Prestige que, em  2002, deu origem ao maior desastre ambiental da história de Espanha.

"A Ferida" é o monumento dedicado aos voluntários que, durante meses, limparam as praias da Costa da Morte dos milhares de toneladas de fuelóleo derramado pelo navio petroleiro de bandeira das Bahamas e que foi construído no Japão na década de 70.

Após contemplar o local e de observar os restos da barca de pedra, seguimos em direção ao Cabo Vilán, onde o Farol é dono e senhor do espaço.

A estrada que liga Camarinhas ao Farol é digna de registo...

A estrada AC 432 guiou-nos ao Farol de Laxe, que não é deslumbrante,  mas a escultura, “A Espera”, que é obra de Iria Rodriguez, absorve todas as nossas atenções pela beleza da escultura e pelo simbolismo que esta apresenta.

A “A Espera” mostra-nos uma mãe com o seu filho ao colo, procurando o barco do seu marido no horizonte... mas que nunca chegará. 

Um símbolo que imortaliza os marinheiros desaparecidos nessa bela, mas temível, Costa da Morte.

Há ainda neste local uma outra zona impar. Uma “merendeira” (parque de merendas) com uma vista magnífica.

Era o local escolhido para alimentar os Cavaleiros mas, devido ao calor e à exposição solar, seguimos em direção a uma zona mais sombria...

O repasto em forma de pic-nic não encantou, mas alimentou os cavaleiros que era o objetivo. 

De Laxe seguimos em direção ao Farol Roncudo.

A estrada que nos leva até ao Farol é fantástica e rasga por completo o Oceano apresentando-nos vistas contínuas sobre o mar. 

Aqui os percebes são uma das iguarias mais importantes da região.  

Quanto ao farol é um edifício simples, construído há mais de cem anos, sobre as rochas graníticas da zona.

Posteriormente seguimos até ao Farol de Punta Nariga que foi mais um ponto alto desta viagem.

Trata-se do Farol mais recente construído em Espanha e data de 1997.

A sua construção faz lembrar a proa de um barco.

No passado recente este farol era coroado por uma escultura de bronze denominada “Atlante”, uma obra de Manolo Coia.

A escultura representava um humano e uma gaivota prestes a voar na imensidão do Oceano, contudo os amigos do alheio roubaram a escultura (deve ter sido um roubo sem igual pois só de grua.....)

Era muito interessante...mas tem de se aguardar para ver se vai aparecer.

E como a viagem não ficava completa sem ir ao Monte de San Hadrián visitar o Santuário de Santo Hadrián do Mar seguimos A Rolar Pelo Asfalto pela DP 4307 até Mato de Outeiro onde desviámos para o destino final.

A estrada que tem o nome do Santuário foi a cereja em cima do bolo, excelente enquadramento numa paisagem também digna de registo. 

Neste local não se consegue chegar ao farol pois está nas Illas Sisargas que é uma Zona Especial de Proteção para Aves....contudo ainda foi possível avistá-lo.

Após esta paragem completamos a nossa rota pelos Faróis da Costa da Morte. 

Não podemos deixar de referir um apontamento para um Farol magnífico, que visitámos em outras andanças, e que merece a visita para quem este passeio decidir fazer... Finisterra.

E como o tempo passa a uma velocidade galopante, fizemo-nos ao caminho e, cerca de 1,5 horas depois, voltámos a entrar na estação de serviço de Santiago de Compostela onde decidimos fazer um balanço do dia.

Aqui, todos fomos unanimes ...  fantástico!!! 

Para ser perfeito apenas faltaram 24 horas pois, em 2 dias, o passeio ainda seria melhor.

Espanha tem muito para oferecer e esta Costa é digna de registo.

AQUI está o nosso registo cinematográfico

Até à próxima e boas curvas!!