Passeio de Moto por Caminhos de El Cid

2023 08


Por Caminhos de El Cid

Neste passeio de moto decidimos percorrer algumas terras por onde El Cid fez a sua história e a história da Espanha.

 

Mas quem foi El Cid, o Campeador ?

 

El Cid foi um legendário cavaleiro, com o nome de Rodrigo Díaz de Vivar, que viveu no século XI.

Nessa altura Hispânea estava dividida entre reinos rivais de cristãos e mouros (muçulmanos) e, com alguns dos seus feitos, tornou-se uma peça essencial para a saída da invasão moura da Península Ibérica.

Na preparação da viagem e independentemente da consulta de blogs, sites e afins, tivemos um suporte importante https://www.caminodelcid.org, o qual aqui agradecemos de forma particular, quer pela disponibilidade quer pelo envio de documentação, na qual se inclui o SalvoConducto.

 

Há 5 rotas identificadas:

Ruta de El destierro

Ruta deTierras de frontera 

Ruta de Las três taifas

La conquista de Valencia

Ruta de La defensa del Sur

 

E ainda 4 "Ramal" e 4 "Anillo".

 

Dada a tipologia do passeio, o tempo disponível e o que queríamos ver, decidimos fazer a nossa própria rota.

Cedo saímos de uma cidade cheia de história, que é Braga, e sem muito para contar chegámos 5:30H depois, à terra Natal de El Cid, Vivar.

 

Por aqui recorda-se El Cid, desde as esculturas até ao nome das ruas que compõe este lugar.

Neste local pode-se encontrar o Castelo de Sotopalacios, que segundo alguns estudiosos foi feito sobre a casa de El Cid.

Aqui inicia a “Ruta de El Destierro”.

 

Iniciámos o percurso na “Legua 0”, parando para a fotografia da praxe.

Paralelamente, tentámos colocar o “carimbo” no nosso Salvoconducto, contudo ambos os locais onde tal era possível, encontravam-se encerrados.

 

Assim, decidimos que sem o primeiro, não colocaríamos nenhum carimbo no documento que nos acompanhou durante toda a nossa viagem.

 

Seguimos... e 1Km depois, voltámos a tirar uma fotografia na estátua que está à entrada de Vivar, antes de rumarmos a Burgos, que fica a cerca de 30 minutos daquele local.

 

Burgos é uma cidade fantástica, repleta de história e de património gótico, que dispensa apresentações.

Como já conhecemos, decidimos não parar, apesar de, esta rota ter 2 pontos importantes:

1 – A escultura equestre de El Cid

2 – O tumulo de El Cid e sua esposa

 

Optámos por seguir em direção a Cardeña onde conseguimos ver a igreja do mosteiro de San Pedro de Cardeña.

Dizem os historiadores que aqui El Cid deixou a sua esposa quando foi para o Destierro.

Aqui também se pode observar a “tumba” de Babieca, a égua de El Cid.

Seguimos viagem até Clúnia mas antes tivemos de parar em Mecerreyes onde conseguimos, numa foto, enquadrar cavalos e cavaleiro. 

Um choque de gerações e tecnologia.

Uma das estátuas de El Cid mais emblemáticas e mais interessantes com que nos cruzámos.

 

Em Clúnia existe um Centro de interpretação que nos explica o que de importante existiu naquele lugar.

Basicamente Clúnia foi uma das cidade romanas mais importantes da metade norte da Hispânia e encontrava-se na linha de César Augusta (Saragoça) e Astúrica Augusta (Astorga).

Um local interessante, mas às Segundas está fechado, pelo que, não podemos acrescentar muito mais.

 

O dia já estava longo mas antes de chegarmos a Burgo de Osma (local escolhido para descanso de cavalos e cavaleiros) ainda parámos em Penaranda del Douro.

 

Esta vila medieval tem uma beleza fora do vulgar e é uma das 9 povoações de El Destierro declaradas Conjunto Histórico-Artístico. 

Recomenda-se a visita à vila assim como ao Castelo, que data do século XI...

Imponente!

Continuando a percorrer esta rota com uns cavalos diferentes do El Cid, os modernos cavalos que compõem o motor boxer, seguimos até Burgo de Osma que é uma cidade antiga e monumental.

Trata-se de um dos recintos medievais mais bem conservados de toda a província de Sória e é Conjunto Histórico-Artístico de Espanha.

Nesta cidade elegemos o Hotel Rio Ucero para pernoitar pois foi-nos garantido estacionamento coberto e fechado para os nossos cavalos que detestam a aragem fresca da noite.

Terminado este intenso dia, descansou-se e partiu-se para mais uma viagem em busca de história.

A escassos 20 minutos de Burgos de Osma está Gormaz.

Aqui, à época da reconquista cristã da Peninsula Ibérica, contruiu-se uma peça chave da defesa muçulmana frente aos reinos cristãos do Norte, contribuindo para afasta-los de Medinaceli.

A sua localização e as sua condições de visibilidade permitiram controlar uma das rotas de acesso ao Norte e ao Rio Douro.

Trata-se da fortaleza califal mais larga da Europa e foi um enclave militar entre os séculos IX e XI.

Por este local também se pode encontrar a ermita românica de San Miguel com as suas, supostas, fascinantes pinturas. Infelizmente não as conseguimos observar.

O Castelo é um local de paragem obrigatória, dada a imponência de tal fortaleza.

 

Seguimos viagem até Berlanga de Duero, para também admirar o seu imponente castelo, tendo como próximo destino Atienza.

 

Atienza é uma vila medieval, que merece uma visita, que conserva a estrutura urbanística e o sabor arquitetónico dos tempos em que foi fronteira entre cristãos e muçulmanos.

Lindíssimo!

Aqui termina esta rota do Caminho Del Cid (Ruta de El Destierro) mas, como também tínhamos como objetivo ir a Cuenca, seguimos viagem até Jadraque que já faz parte da Ruta de Tierras de Frontera, que é a rota número 2 dos caminhos de El Cid.

Em Jadraque podemos ver o imponente castelo que é conhecido como o Castelo Del Cid.

Despedimo-nos temporariamente dos Caminhos del Cid e seguimos pela CM-2005 em direção a Brihuega  onde se podem ver os campos espanhóis de lavanda, já “carequinhas” uma vez que a apanha da flor realizou-se no final de julho e inícios de agosto.

Local interessante, principalmente na altura em que a flor estiver no seu expoente máximo (diz quem sabe que deverá ser no início de Julho), mas longe da imponência dos campos franceses.

Continuámos a nossa viagem até Cuenca, onde decidimos descansar 

Cuenca é magnífico!

As casas “Colgadas”estão enquadradas, no desfiladeiro do rio Huecar, de forma peculiar e proporcionam uma beleza singular de enquadramento paisagístico.

Depois de um merecido descanso, seguimos, novamente, em direção aos Caminhos de El Cid, sem respeitar os trajetos definidos, nem o seu “natural” percurso.

Parando no monumento de Nacimiento del Rio Tajo seguimos até Albarrancin.

Esta localidade foi uma antiga capital de um reino de taifas (principado muçulmano) e conseguiu conservar a cultura medieval e islâmica.

Mais um local digno de ser visitado e que tem o seu centro histórico classificado como Bem de Interesse Cultural.

Simplesmente fabuloso!

De Albarrancin a Teruel são cerca de 20 minutos e aqui tem início a Rota de La Conquista de Valencia.

Teruel também merece ser visitado de forma tranquila, até porque é a capital da arquitetura mudéjar, que é um estilo artístico que incorpora influências, elementos ou materiais de estilo ibero-muçulmano.

Tal como o nome da rota indica, o destino é Valencia contudo optámos por rumar a norte e seguimos até Saragoça onde descansámos tranquilamente.

Saragoça é uma cidade com séculos de história e é famosa pela Basílica del Pilar, pelo seu palácio islâmico fortificado e pelos vestígios da Caesaraugusta romana.

Mais um local imperdível de visitar. Recomenda-se!!

 

Depois de um merecido descanso, voltámos aos caminhos del Cid tendo sido a nossa paragem em Calatayud que faz parte da Ruta de Las Tres Taifas, do Camiño del Cid.

 

Calatayud é uma das cidades mais importantes da taifa muçulmana de Saragoça.

Trata-se de um local, pequeno, com alguma riqueza e que, para as expectativas que tinhamos...foi uma desilusão.

Calatayud é o final da Ruta de Tierras de Frontera e, fomos seguindo viagem, desta vez em rota invertida, até chegámos a Medinaceli.

Depois de contemplar o seu Arco Romano e o seu centro histórico (mais um local que merce uma visita) seguimos viagem deixando, com saudade, os Caminhos del Cid que ainda tanto tinham para contemplar.

Por entre estradas secundárias de boa qualidade, passámos pelo povo muralhado de Rello (local pequeno mas extremamente agradável) e chegámos a Ayllon que é classificada como uma das mais belas vilas de espanha (pequena, mas lindíssima).

Justifica uma paragem, assim como também justifica passear pelas estreitas ruas de paralelepípedos.

Dalí a Maderuelo são uns escassos 20 minutos e este é mais um lugar de paragem obrigatória, pois trata-se de uma vila medieval com uma beleza singular.

Fantástico!

Seguimos viagem e já com algum sabor a regresso, parámos em Peñafiel onde podemos admirar o seu castelo que é um dos melhores exemplos da arquitetura militar da Idade Média na Espanha.

Imponente, digno de registo...

E eis que o dia estava a terminar, pelo que seguimos até Valladolid que foi o local escolhido para pernoitar.

Valladolid é uma cidade, tal como todas as que conhecemos em Espanha, cheia de vida.

Trata-se de uma cidade simpática...

E depois deste intenso percurso de mototurismo, eis que chega o momento de rumarmos à terra onde iniciámos todo este passeio.

Assim, saímos em direção a Braga, a Rolar Pelo Asfalto fazendo uma retrospetiva do passeio com um sorriso de orelha a orelha.

 

Foi um passeio de moto memorável

As terras de El Cid que visitámos, são magníficas e deixaram saudades. Por outro lado, os campos de girassóis, que nos acompanharam em todas a viagem (com destaque em Cuenca) embelezaram exponencialmente este passeio e foi pena que os de alfazema não estivessem com todo o seu esplendor.

 

Boas curvas e, se conseguirem, façam este passeio de moto.

Registo de vídeo, aqui disponível.