Passeio de Moto pelos Pueblos Blancos

2020 08

Por Terras de Dom Quixote e dos Pueblos Blancos

Parte II – Pueblos Blancos

Tendo sempre em mente que

“...A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão...”    

Miguel De Cervantes @ D. Quixote

deixei Baeza, uma pequena cidade magnífica e que me surpreendeu muito e segui até Granada.

Novamente, por entre campos de oliveiras, mas desta vez com um pano de fundo as montanhas do Parque Natural de las Sierras de Cazorla,  rolei Pelo Asfalto até à cidade que os Mouros chamavam Green (“estação de caravanas”). 

Trata-se de Jaen que fica a escassos quilómetros do meu trajeto até Granada.

Aqui, dizem os especialistas que há que ter cuidado acrescido com a virose pois há alguns casos registados!

Evitei contacto, não vá o Diabo ter um tear e ser um excelente tecelão (... tece-las...)!! 

Por esta terra  destaca-se a Catedral que é considerada uma das mais bonitas de Espanha para além de ser uma das poucas com traços Renascentistas, assim como o Palácio de los Condes de Villardompardo que foi construído no século XVI é o Centro Cultural Palácio de Villardopardo, apesar de, em outros tempos, tenha funcionado como hospício feminino.

Feita a visita segui pela E902 até Granada onde pela A 395 Rolei Pelo Asfalto até ao topo de Serra Nevada.

Trajeto bem cuidado adequado para rolar tranquilamente e com uma paisagem deslumbrante.

Está cheio de radares no percurso e, durante a viagem (de Baeza a Granada) encontrei várias brigadas de transito que não estavam a brincar para quem tivesse o pé ou a mão pesada (velocidade)....vi um polícia de tablet a mandar parar os carros (estão tecnológicos !!)

Conhecida uma parte do maciço montanhoso pertencente ao conjunto das Béticas, que foi declarado Reserva da Biosfera pela UNESCO, desci até Granada.

Em Granada fiquei alojado no Hotel Barcelo Carmen Granada, que recomendo,  e coloquei os cavalos a descansar.

Muito havia para visitar e muitos Km havia para serem percorridos, desta vez, a pé!

Os lugares eleitos para a visita foram os seguintes:

Bairro de Albaicin

Bairro Sacromonte

Alguns miradouros durante o percurso

Catedral de Granada

Praça Bib-Rambla e o mercado Alcaiceria

Alhambra

 

Alhambra é um lugar de visita obrigatória e, para não ter dissabores na hora da visita, decidi comprar previamente o ingresso.

O ingresso foi adquirido no site……e teve um custo ligeiramente inferior a 15 euros, tendo o acesso aos jardins, à visita do Palácio Nazaries, do Palácio de Carlos V e do Museu.

De facto, Alhambra é um espaço mágico de luz, água e decoração. Apresenta uma arquitectura inigualável tendo sido construído por Ismail I, Yusuf I e Muhammad V que foram califas quando a dinastia Nasrid governou Granada.

Trata-se de um paraíso na terra que se encontram no cume da arte islâmica.

Apesar das pilhagens e de uma tentativa de Napoleão o fazerem explodir,  foi restaurando ao longo dos tempos e ainda hoje apresenta um encanto inexplicável.

Do lado norte do Alhambra há um caminho que nos leva ao Generalife, a “casa de campo” dos reis Nasrid, onde escapavam às intrigas palacianas e gozavam a tranquilidade mais perto do céu. O seu nome tem várias interpretações contudo, a mais agradável é o jardim do alto paraíso.

Estes jardins foram iniciados no século XIII e foram modificados ao longo dos anos.

O Generalife apresenta um ambiente mágico e é utilizado nos festivais anuais de música e dança de Granada.

Granada surpreendeu pela positiva. Não fazia esta cidade tão bela muito embora soubesse que estava rodeada de história.

Um local a não perder mas aconselho a que a  visita seja realizada na Primavera ou no Outono pois no verão o calor é abrasador.

No que diz repeito à comida, o Covid aqui fez mossa da pesada e estão muitos espaços fechados. 

No que diz respeito a tapas, os bares da Calle Navas são especialistas na matéria e é um lugar, menos turísticos, a não perder.

Excelentes tapas que se comem naquele lugar. Não há duvida que os nuestros hermanos são exímios neste tipo de comida.

Rota de Los Pueblos Blancos

Acordei cedo pois a vontade de chegar aos Pueblos Blancos era enorme e muito havia para fazer até lá chegar.

Rolar pelo Asfalto pela A92G e pela A 92 foi a escolha para chegar a Antequera.

Antequera, que pertence à provincia de Málaga, é muito engraçada e aqui parei para  visitar o Centro Arqueológico Dolmenes de Antequera. 

Trata-se de uma obra de engenharia notável principalmente quando pensamos que estamos a falar há 5.000 anos atrás.

A entrada foi grátis, a visita foi rápida e não se dá o tempo como perdido.

Era o único visitante às 10:00H da manhã....a pandemia nem é mau de todo para este tipo de visitas!

Visita efectuada, segui pela A 367 e cheguei a Ronda.

Estrada magnífica que teve o seu expoente máximo quando cheguei ao miradouro de Ronda e pude contemplar a cidade com a sua imponente ponte que remonta o século XVIII,  tem uma altura de 98 metros e é percorrida pelo rio Guadalevín.

Soberbo!

Mas aqui é preciso ter cuidado na medida em que a estrada para o miradouro é tenebrosa  pois apresenta um piso empedrado, muito cascalho e termina em terra batida, ou seja, todos os ingredientes para uma queda excecional para quem utiliza motos mais pesadas,  como a RT.

Felizmente tudo correu bem!

O lugar estava completamente vazio até estacionar.

Depois de tanto trabalho a colocar a moto no melhor local para uma foto perfeita, um carro estaciona mesmo por de trás da moto e retira-me o encanto do local.

Era um casal de Irlandeses que, depois de uma longa troca de palavras retira o carro, estaciona na outra ponta do espaço e permite-me tirar a fotografia que tanto desejava.

Há gente boa, simpática e com sentido de humor, se tivermos uma abordagem adequada !!

Depois de uma incursão na cidade de Ronda, que é fantástica, segui pela A428 durante cerca de 30 minutos até chegar a outro monumental lugar...Sentenil de las Bodegas.

Excelente trajeto e excelente lugar.

Com um pouco de jeito, se esticasse a mão durante a viagem ainda comia umas tapas e bebia uma bejeca!! Pois a estrada (só para moradores) passa no meio das esplanadas. Lugar singular!!

Há a registar que, para estes lados, existem campos sem fim de girassois pelo que, em julho o passeio deverá ter outro encanto e o filme certamente que ficará mais amarelinho!

Continuando a viagem segui a estrada asfaltada cuja designação é  CA9104 e depois de contemplar Zahara de la Sierra,  Puerto de las Palomas é local de paragem obrigatória bem como Grazalema que fica logo abaixo.

Grazalema é um aldeia branca extremamente simpática e as estátuas adequam-se aos dias de hoje (têm máscaras!)!! 

A Rolar Pelo Asfalto fui fazendo a A 372 que me levou a El Bosque cujo o interesse não é significativo, mas tinha uma boa esplanada com lugar para a moto e, face à temperatura, deu para voltar a repor os níveis dos líquidos em alta.

Continuei até Arcos de la Frontera onde terminou a minha rota dos Pueblos Blancos

Arcos de la Frontera merece uma pausa para contemplar o seu enquadramento paisagístico. Como não entrei, nada posso dizer sobre a justificação de uma visita mas, quem vê por fora, fica fascinado.

Foi um dia em grande, cansativo mas cheio de prazer. Como nota negativa fica o calor e o vento que, por vezes ,até que não sabia mal, muito embora também quente.

A dormida ficou em Jerez de la Frontera que também serviu para relembrar os vários momentos em que, no paddock do circuito, pudemos ver as estrelas do MotoGP.

Jerez de La Frontera que outrora era a fronteira entre a Espanha cristã e o reino de Granada que era, então, mouro, é um local interessante para ser visitado.

Há muitos pontos de interesse, mas a Catedral destaca-se pela sua monumentalidade. 

Para recarregar as baterias fui jantar à Taberna Jerez. Excelente escolha, excelente atendimento e principalmente excelente comida.

A repetir um dia...quem sabe!

O regresso

O objectivo da viagem foi atingido e o regresso a casa era uma realidade que tinha de ser conseguida em tempo útil.

Assim e por forma a chegar à hora de jantar,  foi apertar o punho de Jerez de La Frontera até Braga.

Neste dia não houve lugar a visitas, a paisagens distintas....apenas Rolar Pelo Asfalto até ao ponto de partida inicial que era o destino.

O grande choque foi quando tive de abastecer e, como foi na auto estrada, 0,42 euros de diferença é algo que nos deixa triste e pensativos sobre a corrupção do nosso país.

Cerca de 750km depois e de cerca de 9 horas de viagem, o projeto foi concretizado com êxito.

A RT portou-se como uma verdadeira gigante. Não teve qualquer problema e demonstrou-se versátil e sempre predisposta a qualquer solicitação que lhe fizesse.

Não podia estar mais satisfeito. Recomendo e volto a recomendar.

O consumo foi de 5,1 l/100km para o percurso todo tendo auto estrada e estradas secundárias.


Como  nota final tenho de citar Miguel de Cervantes

Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe.

 

Até à próxima e boas curvas...

O vídeo pode ser visto aqui

Um pouco de Sentenil de Las Bodegas