Exposição "LAUDO", de Coletivo MARDfilms (PR)

LAUDO

Queremos mostrar a simplicidade da vida de uma pessoa, mas em seu período pandêmico, lhes restando dúvidas cruéis sobre coisas simples no simples fato de ir ao mercado, mas não conseguindo viver sem o seu café, e no finzinho de tarde sempre vem o trago no seu cigarrinho de palha, tomando o seu café em uma vista da varanda do morro em que habita que por vias muitos não têm, morar no morro tem suas vantagens. Muito além das fotos, seus pensamentos estão neuroticamente afetados pela solidão causada pela COVID.

Texto da exposição:

“O desespero da mente solitária'', lhes restando apenas o trago do cigarro de palha e seu cafezinho no finzinho de tarde. Para alguns ainda resta uma vista bonita mas e aqueles que a vista da sua janela é apenas uma parede? Mas mesmo assim com essa vista lhes resta um questionamento final: Afinal de contas… Quem é Deus?“

L A U D O

Laudo é um roteiro de Mardem Carvalho(MARD) e Denner Rodrigues(Denn), dirigido e fotografado por Mardem Carvalho, esse projeto que já foi gravado mas ainda em processo de pós-produção. Laudo conta a história de todos nós, mas agora diagnosticados, nos levando a solidão dentro do maior universo que existe que é nossas mentes, mostrando a loucura dentro de um dos maiores eventos catastróficos chamado pandemia causado pelo maior vilão o COVID-19.

Esse projeto foi escrito no período pandêmico nos fazendo encontrar com outro vilão que é mais tenebroso, a solidão. Uma narrativa de zero a cem nos fazendo lembrar que nosso amor pela rua é desde de sempre, e sentir saudade de poder sair por aí mas agora temos dúvida sobre ir ao mercado pela falta, e nosso cérebro nos levando a questionamentos maiores ainda pela revolta desse governo opressor que não ta nem ai para a vida, a arte de expor, de falar, de escrever, e principalmente de recitar a poesia, nos levando a um questionamento final: Mas afinal das contas… Quem é Deus? Poesia:

Sozinho mais uma vez,

Agora com diagnóstico de solidão,

Isolado, com laudo

Confinado a não ter confiança

ACREDITAR, sempre foi meu forte

Mas ontem não tinha certeza sobre ir ao mercado comprar café

Pensei várias vezes, planejei o simples. O simples, da morte do normal

Sempre me considerei diferente

Sempre busquei ser o que ninguém é

Hoje me deparei com a minha normalidade.

Sentado pensando se devo ir ao mercado.

Estranho.

Tenho um amor pela rua desde de criança, e a hora de ir para casa sempre foi a melancolia do final de domingo. Nunca gostei da rotina, mas tenho saudades até dos horários de dormir. “Acorda” é meu cérebro tentando me acordar com sussurros, enquanto meu corpo continua cansado…

Do padrão. Do padrão imposto ao qual lutei até aqui.

Hoje peço ela de volta igual ao andarilho que ao ganhar uma morada, mas foge com saudade da estrada.

A rua, o ar, o barulho.

Entendi mais que tudo que sossego não tem haver com a ausência de agitação externa.

Estamos ilhados, presos cada um a sua realidade medíocre do seu ego inflado…

XIIIIUUUUU, eles pedem silêncio, sendo que permanecemos calados a décadas, acabamos de começar a barulheira, é o cansaço, já deu, é hora de pôr para fora tudo que tá aqui.

Mas dentro do peito tem um turbilhão de desespero, um vazio de insegurança.

E a mente? Como organizar os pensamentos quando não sabemos o que pensar, quando tudo foi silenciado, menos sentir.

(Mardem Carvalho e Denner Rodrigues)