Exposição "Criação Simbólica e Construção do Real na Fotografia Documental", de Maria Klart (RS)


Criação Simbólica e Construção do Real na Fotografia Documental.

Criação Simbólica e Construção do Real na Fotografia Documental

Se o real é aquilo que retrata a realidade sem pormenores, o simbólico faz uso da subjetividade para que seja transmitida uma mensagem e a fotografia documental acompanha a trajetória do indivíduo ou objeto a ser explorado, até que ponto a fotografia contemporânea reflete uma representação da realidade?

Sendo a tecnologia uma constante na história da arte, a produção simbólica interfere nos processos artísticos. As notícias reforçam o conceito que se cristalizou entre a crítica fotográfica e no círculo acadêmico, que vêem a fotografia não posada, a documental - como um retrato da realidade. Refiro-me a fotografia documental como uma tendência narrativa da atualidade, como uma inserção subjetiva do fotógrafo, o que vê o olho daquele que fotografa e cria, o fazer artístico/simbólico e a interferência na pós-produção. Da intersecção que resulta dessa tecnologia com a criatividade.

A obra ao ser revelada no desejo da interatividade entre os mundos real X simbólico, enuncia um posicionamento que se diferencia na forma e no resultado que se vincula pelos meios tecnológicos.

O processo evolutivo da fotografia esbarra em determinados momentos na própria autocrítica da manifestação artística, e aqui, a obra procura repensar o urbano, busca identificar a produção documental não necessariamente como um espelho da realidade mas principalmente como mediador na busca de discussões na sociedade, que dêem significados àquilo que se convencionou chamar de realidade. O que se diz da realidade constitui outra realidade, a simbólica. É cada vez mais importante a constituição de um fio condutor universal, para compreender a fotografia documental atual, essa que constitui uma nova experiência prática e simbólica com a realidade pois representa ou reelabora os campos simbólicos que lhe dão aderência;

Nesse sentido, tomo como caminho de estudo as condições de produção simbólica que norteiam o processo de representação na produção fotográfica documental unida à intervenção artística, para entender o que se fala da realidade como outra realidade, a simbólica. Nesta fotografia constitui-se, também, como um núcleo gerador de identidade para indivíduos e grupos à medida com os quais estes, se reconhecem e se identificam. Precisamos entender que o espaço é um local que congrega camadas de uma sociedade, este também contribui para moldar a produção simbólica do real.

As intervenções são processos reais que reproduzem a própria população, que expressam através do simbólico sua vivência sócio-cultural. Sem pensarmos sobre as questões da ''verdade" e do “real” percebemos como é que o significado das imagens é coordenado e por que razão necessitamos das imagens. Assim como a filosofia, a fotografia documental

contemporânea problematiza a própria ideia da “realidade” sugerindo que tudo é representação e subjetividade.

Com esta produção das fotografias documentais urbanas e o trabalho de pós-produção artística, nota-se uma linguagem distinta e específica que interfere na construção do olhar que constitui a realidade. Essa linguagem dá à fotografia documental liberdade de movimento, que por fim, ao enveredar-se pelos procedimentos digitais, demonstra de que modo somos afetados pela tecnologia digital e de que modo a interação atua no posicionamento do sujeito face aos aspectos da criatividade e da realidade como um documento.

A fronteira entre real e irrealidade é tênue, o olhar de quem fotografa um documento da realidade é munido de conceitos que na contemporaneidade estão em constante mutação. A realidade na contemporaneidade se dissolve, torna-se outra, transforma-se em pós-representação. Da fotografia documental, temos o olhar de quem a realiza, a concepção de cultura e a ação do homem que busca aperfeiçoar suas qualidades e sua realidade.



FICHA TÉCNICA

1 - MariaKlart; Paredes ao céu; 2022; Fotografia Digital; 3264x2448; Acervo Pessoal - Caxias do Sul.

2 - MariaKlart; Nasce assim, a cidade; 2021; Fotografia Digital; 3264x2448; Acervo Pessoal - Caxias do Sul.

3 - MariaKlart; Caminho diário; 2022; Fotografia Digital; 6000x4000; Acervo Pessoal - Caxias do Sul.



4 - MariaKlart; Reflexos; 2022; Fotografia Digital; 4000x6000; Acervo Pessoal - Caxias do Sul.

5 - MariaKlart; Céu no chão; 2022; Fotografia Digital; 3264x1836; Acervo Pessoal - Caxias do Sul.

6 - MariaKlart; Tangran urbano; 2022; Fotografia Digital; 3264x2448; Acervo Pessoal - Caxias do Sul.

Maria Klart

É uma fotógrafa e artista contemporânea que deseja compartilhar arte como uma tentativa de interrogar, inquietar, aquele que a expecta, para que assuma um “eu lírico” que seja auto consciente, auto reflexivo e capaz de distinguir entre a versão romantizada da vida e a versão real de sua própria casca. Como uma ferramenta, MariaKlart deseja que o ser humano vá além da imaginação, que incorpore e experimente a si mesmo como um conglomerado de histórias inconstantes.










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Site: https://www.mariaklart.com

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