* - Fantasia - José Luis Soares
FANTASIA
José Luis Soares
Na Beira do Charco, bem Guapo,
O Gargarejo do Sapo,
Uma partícula sua talvez tenha assistido a Glória
De Napoleão, em Austerlitz,
Ou sua ruína em Trafalgar...
Que lhe importam o Rumor da Cidade,
As Luzes coloridas, Alacridade,
Falsidade,
Quem sabe, tenha, talvez, conseguido integrar
As rendas das vestes pomposas de Maria Antonieta,
A Dança que cansa,
Se nela corre a Natureza
E brotam em Cascata,
Uma das penas venturosas de Shakespeare,
A Arma de um Flibusteiro,
A Lança de Átila, o Guerreiro,
Ao coaxar a sua Serenata,
O Manto de Confúcio ou a Pele desnuda
Do grande pensador que foi Buda???...
O Silêncio, a Paz, a Pureza,
Do Bem que vem da Vida,
Da Paisagem colorida,
Talvez encerre num Raio de Luz
Um átomo que participou do Sangue
Que gotejou de Nosso Senhor, na Cruz...
Do Ignorantismo que desconhece a Sorte?
Quem sabe, talvez comporte
Numa Molécula de Proteína,
Na Língua, no Papo, na Retina,
Longe, piscam as Luzes da Cidade,
Na Noite langue, sem veleidade,
Na Pele verde, úmida e fria,
Na Baba que solta, escorregadia,
Numa Célula qualquer da Tripa,
À beira do Charco imundo,
Canta o Sapo, meditabundo:
Um Átomo que agora participa
Da Estrutura Orgânica de um Sapo imundo,
Mas que já rodou pelo Mundo
E ajudou a fazer História???...
Nada é Novo!!!... Nada é Novo!!!...
Afinal, TUDO É ETERNIDADE!!!...