* - Os Satélites do Banco do Brasil na Aeronáutica

Os Satélites do Banco do Brasil, na Aeronáutica

Entrei na Aeronáutica em 17 de fevereiro de 1964, quando o Presidente da República ainda era o João Goulart¸ e a exatos quarenta e três dias ele era deposto e substituído pelo Marechal Castelo Branco.

Muitas coisas aconteceram, como a Deposição do Presidente pelo Congresso Nacional, sendo substituído pelo Marechal, trinta e oito sargentos foram presos com suspeita de serem comunistas, até que em julho de sessenta e cinco fomos para Recife fazer os Cursos de Cabos da P.A. e Radiotelegrafistas, e depois estagiamos na Estação Rádio de Recife e fui designado para prestar serviço em Caravelas, em abril de sessenta e cinco.

O objetivo deste texto porem, é informar a forma de pagamento que nos era efetuado na época, através de Satélites, não como os que vemos agora, mas através de Ordens de Pagamento Bancárias, do seguinte modo:

O Banco do Brasil disponha de máquinas CODIFICADORAS que submetiam as mensagens a um sistema de CRIPTOGRAFIAS que somente poderia ser DECODIFICADO por outra máquina semelhante na Agência de destino. Desta forma, o Quartel General da Aeronáutica em Recife expedia a Ordem de Pagamento para os Destacamentos; por sua vez, a Agencia do Banco, em Recife, criptografava a Mensagem em uma média de vinte grupos de CINCO LETRAS DESENCONTRADAS e a enviava para a Estação Rádio de Recife; esta, por sua vez, retransmitia a mensagem para Salvador, que a repassava para as Estações de Caravelas e Ilhéus, que, por suas vezes, as encaminhavam para as respectivas Agencias Bancárias.

A Agência do Banco submetia a Mensagem Cifrada à máquina decodificadora, e, se a criptografia estivesse correta, o Banco pagaria aos militares, mas se houvesse um pequeno erro, a Agência de Caravelas a devolveria para a Estação Rádio da FAB de Caravelas, que a transmitia para a Estação de Salvador, que a repassava para Recife a devolver à Agencia do Banco recodificar, devolver à Estação Rádio de Recife e recomeçar todo o procedimento, o que poderia demorar uns quinze dias.

Durante a recepção das mensagens, nós, operadores de telegrafia, tínhamos a obrigação de COTEJAR a mensagem, isto é, retransmití-la de volta, e, sem falsa modéstia, os operadores da Estação Rádio de Salvador perguntavam aos de Caravelas quando eu entraria de serviço, pois nunca ocorrera de minha recepção apresentar algum erro.

Um detalhe interessante na época em que estávamos fazendo o curso, o Sargento Davino que era economista e Professor da Faculdade e nosso mestre de História e Telegrafia, nos havia informado que a telegrafia era a única profissão no Brasil proibida de ser sindicalizada, pois poderia tomar o País em CINCO MINUTOS.

Raul Santos

Eunápolis/BA,

15 de

dezembro

de 2020.