* - Acordo Comercial

ACORDO COMERCIAL

Raul Santos

O velho Zé Pipoqueiro

Dava duro todo dia,

Junto a uma agência bancária,

Atendendo a freguesia,

Quando, um dia, seu sobrinho

Foi chegando, de mansinho,

Como quem nada queria.

Ficou vendo o movimento

Que o pipoqueiro fazia,

Sai pipoca, entra dinheiro,

Enquanto a sacola enchia,

E o malandro, muito esperto,

Foi chegando mais pra perto,

Pra ver o que conseguia.

Quando viu que o movimento

Já estava bem avançado,

Resolveu jogar o bote

E disse: "Meu tio amado,

Tenha a piedade cristã,

O filho da sua irmã

Ta meio desempregado!"

" – Não tenha preocupação,

Pois pretendo lhe pagar

O dinheiro que o senhor

Puder agora emprestar,

Como estou desesperado,

Se o pedido for negado,

Acho que vou me matar!"

O pipoqueiro falou:

" – Entendo seu desespero,

Mas o gerente do banco

Fez a proposta primeiro:

Para não haver fofoca,

Nem ele vende pipoca,

Nem eu empresto dinheiro!"