* - Do Tejo Ao Prata - Um Passeio Pela História

Do Tejo ao Prata, Um Passeio pela História

Se os Farrapos Houvessem vencido?!...

INTRODUÇÃO

Quem descobriu o Brasil? Foi Colombo? Foi Pinzon? Foi Cabral?

Como responder estas questões, se inúmeras alternativas podem ser apresentadas no decorrer da História?Como explicar a existência dos incas, astecas e maias nas Américas?

Como explicar a existência dos índios e esquimós, do Alasca à Patagônia?

Até porque se as inscrições rupestres no Brasil são milenares e se o Alasca foi vendido pela Rússia para os Estados Unidos, é bem provável que a migração inicial tenha ocorrido pelo Estreito de Bhering e não pelo Atlântico.

No seu livro “Caiari”, o rondoniense Emanuel Pinto Pontes busca provar que as Minas do Rei Salomão estão localizadas nas cabeceiras dos rios Negro, no Amazonas, e Madeira, em Rondônia e na Bolívia. Segundo o autor, o rei contratava os hebreus para fazer o transporte, cujo percurso demorava três longos anos, conforme a Bíblia, em 1Reis, “14 E era o peso do ouro que se trazia a Salomão cada ano seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro, 22 Porque o rei tinha no mar as naus de Tarsis, com as naus de Hirão; uma vez em três anos tornavam as naus de Tarsis, e traziam ouro e prata, marfim, e bugios, e pavões.” Ora, se o Oriente Médio limita-se com o Mar Mediterrâneo, que banha a Espanha, França, Itália, Grécia, Turquia, Lìbano, Israel, Egito, e o norte da África e Marrocos, não se encontra ali nenhum país que permita demorar tanto tempo de viagem. E,bugio não é um macaco do Brasil?!... Daí, não se pode acusar o autor de visionário antes de longos estudos e discussões, até porque consta no livro Eram os Deuses Astronautas? um mapa atribuído ao almirante Turco Piri Reis com os continentes europeu, africano e americano, datado de dez mil anos atrás.

Segundo ainda o autor, na travessia do Atlântico, os hebreus tinham como ponto de apoio o continente submerso de Atlântida, cujo referencial foi perdido após a submersão daqelas terras.

Antes que se possam apresentar acusações levianas, uma simples pesquisa no Serviço de Proteção ao Vôo vem provar que anualmente as cartas geográficas de navegação aérea entram em desuso e são substituídas porque o continente americano desloca-se um centímetro e meio de leste para oeste e afasta-se do africano, enlarguecendo o Atlântico e estreitando o Pacífico. Se naquela região fica o encontro de duas placas tectônicas e o Brasil está sobre uma delas, como provar que a Atlântida não tenha realmente desaparecido, engolida pela falha?

A PRÉ-HISTÓRIA EM PORTUGAL

Na Pré-História, onde hoje está Portugal, o Homem se instalava nas cavernas e reproduzia nas paredes o que via no dia-a-dia (arte rupestre). As tribos, de natureza nômade, começaram a fixar-se nos locais devido à descoberta da agricultura e a se preocupar com a religião.

Surgiram as primeiras estruturas de culto, como dólmenes ou menires, as rivalidades entre povoações conduziram à criação de estruturas defensivas, as aldeias e vilas cresceram dentro das muralhas e surgiram construções públicas tais como assembléias, balneários, bancos e pavimento nas ruas.

Os sítios arqueológicos estão concentrados na região de Lisboa e a arte das cavernas se destaca sobretudo com episódios do dia-a-dia, como uma caçada ou uma batalha.Há quinhentos mil anos, a região foi povoada pelos Neandertais, e dez mil anos antes de Cristo, por povos autóctones, sem parentesco aparente com quaisquer outros conhecidos, denominados Iberos, que deram o nome à região de Portugal com Espanha de Península Ibérica. No século VII a.C., entrando pelo sul, na região de Algarves, passou a ser habitada por um povo indo-europeu, os Celtas, que, segundo alguns historiadores, originários de uma região da Áustria, perto do sul da Alemanha, de onde expandiram-se pela maior parte da Europa Continental e Britania, atual Inglaterra, abrangendo áreas que vão da Espanha à Turquia, dividindo-a em Europa Central, Europa Ocidental e Europa Oriental, por milhares de anos, mas só mais recentemente influenciaram no seu desenvolvimento a nível cultural, linguístico e artístico. Na sociedade Celta, homens e mulheres eram iguais nos cargos e desempenhos, em termos de sexos. As mulheres eram excelentes guerreiras, mercadoras, governantes egozavam de liberdades e direitos, até de solicitarem divórcio. Nas batalhas, desprezavam as armaduras e iam para o combate de corpos nus. Entre eles, existiam os Druidas, palavra que está relacionada com o carvalho, por eles considerada uma árvore sagrada, homens e mulheres, grandes conhecedores da ciência dos cristais, bem instruídos em termos de religião, filosofia, geografia e astronomia, mas nunca escreveram a própria história, pois a transmitiam oralmente. Os Druidas foram membros de uma elevada estirpe de Celtas e ocupavam o lugar de juizes, doutores, sacerdotes, adivinhos, magos, médicos, astrônomos, etc., mas não constituíam um grupo étnico dentro do mundo Celta, enquanto que as mulheres tinham um papel preponderante, pois eram vistas como Deusas. Os personagens mais conhecidos dos Druidas que fazem parte da história são o mago Merlin da Côrte do Rei Artur, na Inglaterra, e Kardec, poeta esotérico celta, cujo nome inspirou o pseudônimo do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, o Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita, na França. A junção das tribos dos Celtas com os Iberos deu origem aos Celtiberos.

Por volta do ano 800 a.C., o rei Pigmalion, de Tiro (em 1984, declarada patrimônio da humanidade, pela Unesco, por causa dos vestígios arqueológicos), no Líbano, tomou conhecimento de que o sacerdote Siqueo, tinha muitos tesouros escondidos no templo de Hércules e obrigou a sua irmã Elisa, conhecida por Dido, a casar-se com Siqueo para descobrir o segredo dos tesouros, mas ela disse ao irmão que estavam debaixo do altar, quando na verdade estavam no jardim. Em 814 antes de Cristo, o rei ordenou a morte do cunhado e a viúva conhecendo os planos do irmão, desenterrou-os e fugiu na liderança dos fenícios semitas, para a Líbia, depois de fazer escala em Chipre. A rainha comprou um pedaço de terra na Tunísia e fundou a cidade de Cartago, que um século depois se transformaria em uma grande potência agrícola, comercial e marítima.

Com a expansão comercial, Cartago implantou uma colônia na Sicília e a concorrência com a Grécia e Roma foi a causa da Primeira Guerra Púnica, que durou vinte e três anos, entre 264 e 241 a.C., cuja vitória foi alcançada pelos romanos, após copiar os barcos cartagineses. No tratado de paz, Roma tomou posse da Sicília e Cartago ficou com a Sardenha e a Córsega.

Roma seguiu com as conquistas em direção aos Alpes, mas os mercenários a serviço de Cartago que viviam na Sicília, deslocados para a África, insatisfeitos por não recebrem o soldo optaram pela libertação das terras conquistadas, além do interesse pela Península Ibérica devido às enormes reservas de metais e possibilidades de alistar os celtiberos no exército cartaginês, causa da Segunda Guera Púnica, que durou dezesseis anos, de 218 a 202 a.C. No período, Roma expandiu as conquistas, invadiu o Leste e o Sul da Península Ibérica, dominou o comércio do Mediterrâneo e grande parte da Europa, aumentou a quantidade de escravos e provocou o consequente desemprego das classes inferiores, mas por volta de 193 aC, encontrou resistência no Norte e Oeste (atualmente Portugal) sob o domínio dos Celtiberos. De 147 a 139 aC, liderados por Viriato, filho de Comínio, nascido em 179 aC,em Lorica, posteriormente homenageado por Camões:

Este que vês, pastor já foi de gado

Viriato sabemos que se chama

Destro na lança mais que no cajado

Injuriada tem de Roma a fama,

Vencedor invencibil, afamado

Não tem co'ele, nem ter puderam

O primor que com Pirro já tiveram.

Os Lusíadas, VIII, 6

Perito em táticas de guerrilha e em iludir o adversário, Viriato derrotou sucessivamente os vários generais romanos enviados contra ele e conseguiu conter a expansão durante alguns anos, fazendo com que a região fosse dos últimos territórios a resistir à ocupação. Não obstante, seria morto à traição, 139 anos antes de Cristo, por três companheiros de armas, comprados pelos romanos. A sua morte enfraqueceu a resistência dos Celtiberos, porém a conquista definitiva da península só ocorreu no tempo do imperador Octávio Augusto, no final de 25 aC, com a fundação de Mérida, capital da Luzitânia.

Embora o Imperador Júlio César tenha reconhecido a coragem que os Celtas e Druidas tinham em enfrentar a morte em defesa de seus princípios, desde o domínio romano, mas instigadas pelo catolicismo, as suas culturas foram alvos de severa e injusta repressão, que fez serem apagados quaisquer tipos de informação a respeito delas. Por outro lado, Catagineses, Fenícios e Gregos deixaram pequenas feitorias comerciais costeiras na península.

Uma variante do Latim Vulgar passou a ser o idioma dominante da região, surgiram novas cidades e desenvolveram-se outras, segundo o modelo de colonização romana. Em 29 antes de Cristo, o imperador Augusto criou a província da Lusitânia, que correspondia a grande parte do atual território português. No final do século III dC., o imperador Diocleciano subdividiu a região denominada Tarraconense em outras províncias, que integrava o norte do atual Portugal e foi introduzido no território.

Em 409 dC, os chamados povos bárbaros, de origem germânica, fixaram-se na Hispânia. Em 411, estes povos dividiram entre si o território: os Vândalos Asdingos ocuparam a Galécia, os Suevos o norte do Douro, os Alanos a Lusitânia e a Cartaginense, e os Vândalos Silingos a Bética. Algum tempo depois, os Visigodos entraram na península a serviço do Império Romano com o objetivo de subjugar os anteriores invasores. De todos estes povos, os Suevos e os Visigodos seriam aqueles que teriam uma presença mais duradoura no território que é hoje Portugal.

Com a capital em Braga, os Suevos dominaram o território que inclui a Galiza e chegaram a dominar a parte oeste da Luzitânia.

A partir de 470, cresceram os problemas do reino suevo com o vizinho reino visigodo e em 585 o rei visigodo Leovigildo tomou Braga e anexou ao reino suevo. Toda a Península Ibérica ficou unificada sob o reino visigodo, com exceção de algumas zonas do litoral sul e leste, controladas pelo Império Bizantino, até a queda deste, em 711, quando a Península Ibérica foi invadida pelos muçulmanos Berberes e Árabes, os quais dominaram partes da península por mais de quinhentos anos, no início como uma província do império omíada, o Al-Andalus e mais tarde sob a forma de um emirado e califado. A estabilidade interna foi sempre difícil, pois os Visigodos eram arianos e a maioria da população era católica. Recaredo, filho caçula de Leovigildo, converteu-se ao catolicismo e facilitou a união das duas populações, mas questões dinásticas reacenderam os conflitos e vieram a estar na origem do colapso final.

Os povos bárbaros eram numericamente inferiores à população hispano-romana, e foram obrigados à miscigenação étnica e cultural com esta. Cidades foram destruídas e houve a ruralização da vida econômica.

Devido ao colapso dos Bizantinos, o reino foi subdividido em pequenas taifas. As Astúrias resistiram aos árabes e desenvolveu-se um movimento de reconquista da Península, culminando com a tomada de Granada pelos Reis Católicos, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, em 1492. Os muçulmanos que não foram expulsos ou mortos tiveram de aderir aos costumes, incluindo o Cristianismo.

O NASCIMENTO DE PORTUGAL

A retomada da península foi bastante lenta e gradual e originou o surgimento de pequenos reinos. Estes iam sendo alargados à medida que a reconquista era bem sucedida. Primeiro foi o Reino das Astúrias, que viria a dividir-se entre os filhos de Afonso III, quando morreu. Assim nasceram os reinos de Leão e Castela e, em seguida, de Navarra, Aragão e Galiza. Mais tarde, Afonso VI de Leão e Castela, autodenominado Imperador de toda a Espanha, entregou, por mérito, ao seu genro D. Henrique de Borgonha, o governo do Condado Portucalense. Deste condado, que fazia ainda parte do reino de Leão, mas que dele tinha grande independência, nasceria o reino de Portugal. D. Henrique governou no sentido de conseguir uma completa autonomia para o seu condado e deixou uma terra portucalense muito mais livre do que aquela que recebera.

Por morte de D. Henrique, em 1112, sucedeu-lhe a viúva D. Teresa, durante a menoridade do filho Afonso Henriques, nascido em 1111. Ela fortaleceu a vida portucalense e pensou conseguir a independência para o condado. Começou em 1121 a intitular-se “Rainha”, mas os muitos conflitos diplomáticos e a influência concedidos a alguns nobres galegos, principalmente a Fernão Peres na gerência dos negócios públicos prejudicou o seu esforço. Aos catorze anos de idade, em 1125, o jovem Afonso Henriques armou-se a si próprio cavaleiro, segundo o costume dos reis, tornando-se assim guerreiro independente. A posição de favoritismo de D. Teresa em relação aos nobres galegos e a indiferença para com os fidalgos e eclesiásticos portucalenses originou a revolta destes, sob a chefia do seu filho, D. Afonso Henriques.

AFONSO I – REI DE PORTUGAL

A luta entre D. Afonso Henriques e sua mãe durou até 1128, quando se travou a Batalha de São Mamede. D. Teresa foi expulsa da terra que dirigira durante 15 anos e D. Afonso Henriques tomou conta do condado, declarando-o principado independente. Continuou, no entanto, a lutar contra Afonso VII, de Leão e Castela, inconformado com a perda das terras portuguesas, enquanto paralelamente travava lutas contra os muçulmanos. Em 1139, conseguiu uma importante vitória contra os Mouros na Batalha de Ourique, e declarou a independência com o apoio dos chefes portugueses, que o aclamaram como soberano. Nascia, pois, em 1139, o Reino de Portugal e a primeira Dinastia da Casa de Borgonha, com o Rei Afonso I de Portugal, mas só em 1143 foi reconhecida a independência pelo rei de Castela, no Tratado de Zamora e, posteriormente, pelo Papa.

A partir de 1139, Portugal foi governado pela Dinastia de Borgonha, substituída pela de Avis, em 1385, devido a uma série de acontecimentos, quando o Mestre da Ordem de Avis, D. João, filho natural de el-rei D. Pedro I, de Borgonha, foi aclamado Rei nas cortes de Coimbra. Esta dinastia governou Portugal de 1385 até 1580, quando D. Henrique I, Prior do Crato, coroado em 1562, e, por ser religioso, não deixou herdeiro e foi substituído por Filipe II de Espanha, após ter derrotado o primo D. Antonio na batalha com o duque de Alba, passando Portugal para o domínio da Espanha até 1640.

A TOMADA DE CONSTANTINOPLA

Desde a invasão da Europa pelos árabes no terceiro século da nossa era que os europeus se preocupavam com os vestígios pagãos, inconvenientes no império cristão. Assim, Constantino, o Grande, imperador de Roma, decidiu construir uma capital no baixo Danúbio, região européia da Turquia, cujo nome original era Bizâncio, deu o nome de Constantinopla, que significava “cidade de Constantino”, em 11 de maio de 330, e tornou-se o centro político econômico do império e o principal porto nas rotas que iam e vinham entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo.

Em 1204, durante a Quarta Cruzada, denominada Cruzada Comercial, por ter sido desviada de seu intuito original pelo duque Enrico Dandolo, de Veneza, Constantinopla foi capturada, saqueada e incendiada por três dias, e nem os tesouros das supostas relíquias cristãs, riquezas acumuladas por quase 1000 anos, foram poupados. Em 1261, foi recapturada pelos bizantinos, porém a cidade não conseguiu resgatar o antigo esplendor e iniciou a decadência que quase dois séculos depois levaria ao fim definitivo do império, mas mesmo assim, nos séculos que se seguiram, Constantinopla foi assediada por muitas lutas e tentativas de invasão.

Naquela época, não existia eletricidade e muito menos geladeiras, e por isto os alimentos tinham um gosto horrível de comida velha. Para aliviar o cheiro e sabor das comidas armazenadas, os europeusprecisavam comprar as especiarias (cravo, canela, noz-moscada, pimenta do reino, anis estrelado, gengibre e coentro), vindos das ilhas do Oceano Pacífico e da Índia, e a pimenta malagueta, vinda da África, para conservar esses alimentos.

Quem fazia o comércio das especiarias eram os árabes, que as traziam de navios pelo Golfo Pérsico até o Iraque, e em caravanas de mulas, camelos ou elefantes, passando por Bagdá, até Constantinopla, entre o Mar de Mármara e o Mar Negro. Antes da queda, Constantinopla era uma das cidades mais importantes do mundo. Era o principal porto nas rotas que iam e vinham entre o Mar Negro e o Mar Mediterâneo, onde eram negociados por tecidos e perfumes europeus.

Até 1500, o reino de Portugal, na Península Ibérica, vivia da pesca do bacalhau, o de Castela, da agricultura e criação de ovelhas e o de Aragão dedicava-se aos negócios com a Itália e a África, comercializando ouro, peles, cavalos, lãs, tecidos e especiarias. Os centros comerciais eram as cidades onde se vendiam produtos orientais e europeus como gengibre, cravo, canela, noz-moscada, jóias, perfumes, tapetes, tecidos, etc., transportados por mulas, cavalos ou camelos , por terra, e em navios, por mar.

Os preços cobrados na revenda dos produtos para Portugal e o restante da Europa eram altíssimos, já que sua posição geográfica permitia monopolizar todo o Mar Mediterrâneo.

Até o final do século XV, as terras exploradas pelos europeus eram as que compreendiam o chamado Velho Mundo, abrangendo a Europa, parte da Ásia e o norte da África. A maior parte da África, o continente americano e a Oceania, bem como os povos que habitavam essas áreas eram desconhecidos dos europeus. Os italianos compravam os produtos por preços baixos das Índias e os vendiam aos países europeus por preços muito altos. O grande consumo provocou a procura de outros fornecedores e a abertura de novos caminhos para ampliar o comércio e o desenvolvimento de conhecimentos ligados à navegação. Foram inventados a imprensa, instrumentos como a bússola e o astrolábio e as caravelas, barcos preparados para longas travessias.

Muito antes da Quarta Cruzada, os muçulmanos já vinham tentando conquistar Constantinopla. Por volta do ano 1300, um clã sob o comando de Osman I, ou Othman, que migrava do norte da Pérsia para oeste se defrontou com uma batalha entre turcos e mongóis, em Anatólia. Entraram na batalha ao lado dos turcos, venceram e o sultão deu-lhes um pequeno território montanhoso no noroeste do império bizantino. Em virtude do nome do comandante, este clã ficou conhecido como otomanos.

Além destes problemas, Constantinopla enfrentava também as divergências entre a Igreja Católica e a Ortodoxa. No século que se seguiu, os otomanos conquistaram as cidades próximas e em 29 de maio de 1453, tomaram Constantinopla. A partir daí, começaram a cobrar altíssimos impostos pelo comércio das especiarias e outros produtos.

Em outubro de 1469, o rei Fernando, de Aragão, e Isabel, de Castela, casaram-se e formaram o poderoso reinado da Espanha.

Com essa união, o reino de Portugal ficou preso num cantinho do Oceano Atlântico, perto do Mar Mediterrâneo, e começou a sentir dificuldades econômicas. Graças, porém a um dos filhos do rei Afonso V, o infante-cardeal dom Henrique que reunia no seu castelo à beira-mar, na cidade de Sagres, geógrafos, astrônomos e capitães de navios, todos bem experimentados no mar por causa da pesca do bacalhau, procurando descobrir um caminho marítimo pelo Oceano Atlântico. À atividade náutica chamaram de “Escola de Sagres” e a dom Henrique de “O Navegador”.

Portugal e Espanha eram dois reinos obscuros, mas, localizados no Oceano Atlântico, disputavam o poder mundial, e ficaram na vanguarda da procura de outros caminhos para a Índia. A partir de 1474, o futuro rei João II, irmão de D. Henrique, com apenas 20 anos de idade, começou a perseguir os navios da Espanha e o resultado foi uma guerra, na qual o próprio papa interferiu e em 4 de setembro de 1479, D. Afonso V de Portugal e os Reis Católicos assinaram o Tratado de Alcáçovas, ratificado em 6 de março de 1480, na cidade de Toledo. Pelo tanto, ficou conhecido como Tratado das Alcáçovas-Toledo, em cujas cláusulas Portugal obtinha o domínio sobre a ilha da Madeira, o Arquipélago dos Açores, o de Cabo Verde e a Costa da Guiné. Castela ficaria com as ilhas Canárias até o Cabo Bojador, no paralelo 27, Trópico de Capricórnio, para norte, a partir de onde não poderia navegar para o sul das terras africanas.

AS GRANDES NAVEGAÇÕES

Portugal deu início à colonização das terras africanas em 1482, no reinado de D. João II, e enviou a primeira expedição sob o comando deDiogo Cão, escudeiro da casa real. Nas duas viagens que realizou, ele chegou quase ao trópico de Capricórnio, no paralelo 27° ao sul do Equador. Vendo a riqueza com que se vivia na região, os portugueses empenharam-se em descobrir mais e mais territórios. Começaram uma longa jornada por Madeira, Açores, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola e Guiné. Diogo Cão foi o primeiro navegador a deixar os "padrões dos descobrimentos" – pilares de pedra com uma cruz, gravados com as armas reais e uma legenda cronológica que ainda hoje existem. (História da Literatura Portuguesa).

A determinação do rei João II possibilitou a exploração de um caminho para a Índia. ContratouBartolomeu Dias para encontrar a rota, e mandou construir duas caravelas especialmente para ele, em Lisboa, de onde partiu em 1487. O navegador percorreu o continente e no ponto extremo das terras africanas encontrou dificuldades no contorno onde hoje fica a África do Sul, local que era denominado Cabo das Tormentas ou Cabo Não (quem chegar ao Cabo Não, retornará ou não).

Em dezembro de 1488, Bartolomeu Dias chegou a Portugal e transmitiu as noticias a D. João II de que havia conseguido contornar o obstáculo. O rei sabia que tal cabo assinalava a ponta extrema do continente sul-africano e constituía a promessa da abertura de uma rota marítima para a Índia. Por isto, batizou-o com o nome de cabo da Boa Esperança. Em 8 de julho de 1497, o navegador Vasco da Gama saiu de Lisboa comandando a esquadra formada pelos navios Nau São Gabriel, Nau São Rafael e Nau São Miguel, dos mantimentos, e a 9 de Maio de 1498, chegou a Calicute, realizando o intento dos europeus de descobrir o caminho marítimo para a Índia.

Consta porem, segundo o Historiador Heródoto, que no ano 600 AC os Fenícios já construíam navios movidos a remo de 80 a 100 pés de comprimento, com capacidade de 50 a 100 toneladas, desenvolviam velocidade aproximada de oito quilômetros por hora e foram contratados pelo Faraó Egípcio Necho para saírem do Mar Vermelho, contornarem o Sul da África e retornarem para o Mar Mediterrâneo pelo Estreito de Gibraltar, no sentido contrário ao que fizeram Bartolomeu Dias e Vasco da Gama.

O DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

Portugal buscava uma passagem marítima para a Índia, contornando o continente africano, mas houve um brilhante cartógrafo e navegador italiano nascido em Gênova chamado Cristóvão Colombo que convenceu o rei da Espanha ser a Terra de formato esférico e que os mares eram formados por uma única massa. No dia 23 de maio de 1492, chegou à cidade de Palos, na Espanha, a determinação real para que duas caravelas fossem cedidas para Cristóvão Colombo partir em missão especial a mando de Sua Alteza. Era uma aventura duvidosa e o mandato real provocou descontentamento entre os administradores do porto. Quando Martín Alonso Pinzón, um navegador muito experiente e de grande prestígio, chegou de Roma, o guardião dos padres franciscanos do mosteiro de La Rabida fez a aproximação entre o genovês e o marinheiro palense. Pinzón decidiu incorporar-se à expedição de Colombo e houve uma radical mudança na posição dos palenses em relação ao projeto. Logo que se propagou a notícia de que ele participaria da viagem, amigos e familiares se apresentaram, o que permitiu completar a tripulação.

Iniciaram a viagem na madrugada de 3 de Agosto de 1492, com Cristóvão Colombo comandando a nau Santa Maria, Martín Alonso de Pinzón como capitão da caravela redonda Pinta e a caravela latina Nina comandada por seu irmão Vicente Yáñez Pinzón. A tripulação era composta por um total de 90 a 120 homens, segundo divergências de autores. Devido a uma avaria, a caravela Pinta regressou e atracou em Las Palmas, a 6 de Agosto, para reparos.

Em 7 de Outubro, Alonso Pinzón corrigiu o rumo para sudoeste, o que foi providencial para evitar as correntes do golfo do México. Ao pôr do Sol de 11 de outubro foram detectados sinais evidentes da proximidade de terra e, na madrugada do dia 12, foi avistada terra pela caravela Pinta. Tinham chegado às Bahamas, na ilha de Guanahaní para os Índios, mas denominada por Colombo por ilha de S. Salvador. Estava assim descoberta a América.

Outros navegadores fizeram várias viagens às Américas do Norte e Central, mas a do Sul apareceu pela primeira vez em 1500, numa carta de Juan de La Cosa com o Brasil, as três Guianas e a Venezuela, apesar de as possíveis expedições de Duarte Pacheco Pereira em 1498 e Vicente Yáñez Pinzón em 26 de janeiro de 1500 afirmarem o contrário.

O DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Divulgado o descobrimento da América por Cristóvão Colombo, os cosmógrafos portugueses argumenta-ram que a descoberta se encontrava em terras portuguesas. Desta forma, a Espanha, aproveitando-se do fato de ser o Papa Alexandre VI castelha-no, solicitou um imediato tratado para substituir o de Toledo. Assim, em 3 de maio de 1493, a Bula Inter Coetera estabelecia um meridiano que separaria as terras de Portugal e de Castela, passando a cem léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As novas terras descobertas, situadas a Oeste pertenceriam a Castela e as terras a leste, pertenceriam a Portugal. D. João II propôs cem léguas a partir das ilhas Canárias e, numa reunião na cidade de Tordesilhas, em 7 de junho de 1494, ficou caracterizado o meridiano que demarcava 370 léguas (1.770 km) a oeste das ilhas de Cabo Verde e à Espanha as terras que ficassem além dessa linha. A 2 de julho de 1505, Castela ratificou o tratado e Portugal reconheceu-o em 5 de setembro. Embora contrariassem a Bula de Alexandre VI, as medidas foram aprovados pelo Papa Júlio II, em uma nova Bula de 1506, que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas.

Com bases no conflito gerado pelo Tratado de Tordesilhas, ficou claro que os Portugueses e Espanhóis sabiam da existência de outras terras, pois em 1500 o Rei de Portugal, D. Manuel, o Venturoso, organizou uma esquadra de 13 caravelas comandada por Pedro Álvares Cabral, com dois objetivos principais: estabelecer o comércio entre Portugal e as Índias e fundar feitorias, tomando posse oficial das terras pertencentes a Portugal pelo Tratado.

A esquadra partiu do Rio Tejo, em Lisboa, no dia 09 de março de 1500 e avistou alguns sinais de terra no dia 21 de abril. No dia 22, avistaram um monte ao qual deram o nome de Monte Pascoal, porque era semana da Páscoa. No dia 24, ancoraram perto da terra e deram o nome de Porto Seguro. No dia 26, domingo de Páscoa, no Ilhéu da Coroa Vermelha, frei Henrique de Coimbra celebrou a Primeira Missa. Outra missa, em terra firme, foi celebrada em 1º de maio. Nesse mesmo dia, a posse da terra foi oficializada e no dia seguinte seguiram em direção às Índias. O escrivão da frota, Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta para o rei D. Manuel relatando o descobrimento a qual foi levada para Portugal por Gaspar de Lemos em uma das naus.

Logo que chegaram, os navegan-tes encontraram nativos que andavam totalmente despidos e chamavam ao local de Pindorama, cujo significado é terra das palmeiras.

Por suporem que se tratasse de uma pequena faixa de terra, deram o nome de Ilha de Vera Cruz. Pouco tempo depois, fizeram uma expedição e ao perceberem que se tratava de uma área continental, mudaram o nome para Terra de Santa Cruz. Em 4 de outubro de 1501, Américo Vespúcio e André Gonçalves participando de uma expedição de reconhecimento, chegaram à foz de um rio a que deram o nome de São Francisco, por ser dia de São Francisco de Assis. Em 22 de janeiro de 1502, a expedição de Gaspar de Lemos chegou a uma ilha e deram o nome de São Vicente.Em 1511, os portugueses descobriram uma madeira que soltava tinta cor de brasa, denominada pelos nativos de orabutã, ibirapitanga, ibirapitã ou muirapiranga, mas batizaram-na de pau-brasil e, em consequência, à terra, de Brasil. Na exploração da árvore, para conseguir mão-de-obra barata, usavam o trabalho dos nativos a que chamaram de índios por pensarem que estavam nas índias, dando-lhes como pagamento chocalhos, espelhos, apitos, e mais insignificâncias.

Temendo invasões, Portugal deu início à colonização e administração do Brasil. Piratas e corsários holandeses, ingleses e franceses saqueavam as riquezas e os portugueses continuaram navegando ao longo da costa.

Em trinta anos, a Espanha espoliou astecas e maias no México, e incas no Peru e na Bolívia, cujas cidades eram recobertas com toneladas de ouro e prata puros, enquanto Portugal apenas conseguiu retirar daqui o pau-brasil para a fabricação de tintas.

Em 3 de dezembro de 1530, partiu de Lisboa Martim Afonso de Souza com quatro naus, transportando cerca de 400 pessoas. Percorreram o litoral brasileiro até a foz do Rio da Prata, onde atualmente fica a fronteira entre a Argentina e o Uruguai. Martim Afonso de Souza sobreviveu a um naufrágio e retornou à região de São Vicente em 21 de janeiro de 1532, com a ajuda de João Ramalho e Antonio Rodrigues, moradores da região que haviam feito amizade com os caciques Tibiriçá e Caiubi. No dia 22, fundou a vila de São Vicente, a primeira do Brasil, à qual chamam de “cellula mater” dos municípios brasileiros.

AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

De 1530 a 1536, D. João III incumbiu Martim Afonso de Souza a dividir a colônia em 15Capitanias Hereditárias, partindo do litoral até a linha imaginária do Meridiano de Tordesilhas, as quais foram doadas para 12 nobres da confiança do rei. Os que recebiam as terras eram chamados de donatários e tinham a função de desenvolver a região, combater os índios e, em troca, recebiam regalias como a permissão de explorar riquezas minerais e vegetais e transmitir as capitanias de pai para filho. As dificuldades de administração eram enormes e o expediente não deu muitos resultados por falta de dinheiro ou de capacidade administrativa, e muitos donatários desistiram e, ou foram mortos pelos índios ou regressaram a Portugal. Com exceção das capitanias de Pernambuco e São Vicente, todas fracassaram.

Em 1549, Portugal criou o sistema de Governo-Geral, centralizador, cabendo ao governador geral as funções antes atribuídas aos donatários.

PORTUGAL SOB O DOMÍNIO ESPANHOL

Na Europa, as batalhas de conquista de terras eram constantes. Em 04 de agosto de 1578, o jovem rei D. Sebastião, contando apenas 24 anos, no desejo de anexar Marrocos, no norte da África, a Portugal, desapareceu na batalha de Alcácer Quibir sem deixar descendentes diretos, e o trono foi assumido pelo tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que faleceu dois anos depois, em 1580. Abalado nas finanças pelos altos resgates exigidos por Marrocos, Portugal não teve condições de constituir uma nova casa real. Apesar dos esforços de D. Antonio, Prior do Crato, para dar continuidade à dinastia de Avis, em 1580, caiu nas mãos de Filipe II, da Espanha, por ser o parente mais próximo na linha sucessória, e foi proclamado monarca de Portugal, sob a forma de monarquia dual (dois reinos, um rei).

Filipe II tentou preservar a imagem de Portugal, tratando-o como um país que se uniu à Coroa espanhola. Esse tratamento foi assegurado com a assinatura, em 1581, do Juramento de Tomar, uma série de compromissos assumidos pela Espanha em relação a Portugal.

A quebra das promessa feitas e a instabilidade social fizeram Portugal viver um período de guerra interna pela restauração da Independência, até conseguir a Paz, que elevaria D. João IV ao trono, em 1640, e com ele nasceu a dinastia de Bragança, terminando o domínio espanhol.

A grande vantagem de Portugal nesse período foi que pôde extrapolar o Meridiano de Tordesilhas e conquistar novas terras, sem que a Espanha se importasse, considerando também que a inacessibilidade da Cordilheira dos Andes e a densidade da Floresta Amazônica muito auxiliaram as explorações portuguesas no Brasil. Afinal, eles jamais imaginariam que Portugal fosse retomar o domínio da Coroa.

INVASÕES FRANCESAS NO BRASIL

No período dos sessenta anos que Portugal esteve sob o domínio espanhol, o Brasil foi invadido pela Holanda, a partir de 13 de setembro de 1598, a qual se estabeleceu em Pernambuco e desenvolveu a produção açucareira, sob a administração do conde Maurício de Nassau. Arruinado financeiramente, porém, Portugal não teve condições de expulsar os holandeses e assinou um acordo de paz, estabelecendo que a Holanda não pudesse ampliar seus domínios sobre posses portuguesas, o que não foi cumprido, pois invadiram possessões na África. Em 26 de janeiro de 1654, formalizaram um tratado na campina do Taborda, em Recife, mas a rendição total só ocorreu após a assinatura da Paz de Haia, em 6 de agosto de 1661, quando Portugal concordou em pagar oito milhões de florins, correspondentes asessenta e três toneladas de ouro, em quarenta anos.

Com todo o empenho de Portugal e Espanha em colonizar o continente, as nações européias se sentiram prejudicadas com o Tratado de Tordesilhas. Apesar do pau-brasil ter seu valor de comércio, o das especiarias com as Índias ainda era muito mais lucrativo. Portugal tinha dificuldades financeiras e designou aos principais nobres o privilégio de explorarem o pau-brasil, mediante pagamento de impostos. Nesse período, as riquezas brasileiras eram cobiçadas por franceses, holandeses e ingleses e enviavam navios com o objetivo de também explorarem o pau-brasil. Portugal criou as expedições guarda-costas, mas os franceses se sentindo prejudicados, optaram pela invasão das terras e autorizavam os navios atacarem os portugueses como forma de indenização, além de mandar os corsários aportarem em busca do pau-brasil.

Em 1555, os protestantes franceses fugiam das perseguições religiosas, e fundaram a França Antártica no Rio de Janeiro, mas foram rechaçados pelos portugueses depois de anos de luta, em 1567, sob a liderança de Estácio de Sá. Não perderam a esperança e procuraram estabelecer colônias na região Nordeste. A seguir, entre 1582 e 1615, num período de 33 anos, quando Portugal já se encontrava sob o domínio da Espanha, sangrentas batalhas foram travadas com os franceses desde a Paraíba até o Maranhão, conforme resumo a seguir:

1. 1567 – Portugal expulsou os franceses do Rio de Janeiro.

2. 1582 – Portugal expulsou os franceses da Paraíba.

3. 1597 – Portugal expulsou os franceses do Rio Grande do Norte.

4. 1602/1603 – Portugal tentou conquistar o Ceará e o Maranhão.

5. 1612 – Franceses fixaram residência na Ilha do Maranhão.

6. 1613 – Portugal expulsou os franceses do Ceará.

7. 1613 – Portugueses ocuparam a Ilha do Maranhão.

8. 1615 – Jerônimo de Albuquerque fundou o forte de São José na Ilha do Maranhão. Em 17 de outubro, o General Alexandre Moura no comando de nove navios e 900 homens invadiu a fortaleza dos franceses, enquanto Jerônimo de Albuquerque atacava por terra. Em 3 de novembro os franceses se renderam definitivamente. Alexandre Moura nomeou Jerônimo de Albuquerque governador do Maranhão e determinou que Francisco Caldeira Castelo Branco fosse explorar o Pará.

9. 1615 – No comando de 150 homens e três embarcações, Francisco Caldeira deixou a baía de São Marcos, em 25 de dezembro e em 12 de janeiro de 1616 aportou na baía de Guajará. Fundou o Forte do Presépio, marco da fundação da cidade de Belém, construiu a igreja de Nossa Senhora de Belém com algumas habitações e deu o nome de Feliz Luzitânea.

10. 1617 – Chegaram os primeiros padres franciscanos na Baía de Guajará.

11. Ao longo do século XVII, os fortes de S. Pedro de Nolasco, de Nossa Senhora das Mercês da Barra, de Santo Antônio de Macapá, de Nossa Senhora de Nazaré, da embocadura do rio Tuerê, do Rio Paru, do Tapajós, e do Pauxis e Casa Forte foram construídos para proteger as terras da invasão de conquistadores.

12. 1618 – Portugal agrupou algumas capitanias e criou o Estado do Maranhão, com capital em São Luís, subordinado ao governo de Lisboa. A Colônia ficou administrativamente organizada em Estado de Maranhão, com capital em São Luís, e Estado do Brasil, com capital em Salvador.

13. 1637 – Pedro Teixeira partiu de Belém, no Pará, e alcançou o Alto Madeira, no Mato Grosso. Em 2 de janeiro de 1639, redigiu uma Relação da jornada Amazonas acima, endereçada ao presidente da Audiência de Quito.

ROTEIRO CRONOLÓGICO

DAS HISTÓRIAS DE PORTUGAL E DO BRASIL

I – PENÍNSULA IBÉRICA

1. Século II a.C. – Romanos na Península Ibérica.

2. Século V – Visigodos na Península Ibérica.

3. Século VIII – Árabes na Península Ibérica.

4. Século XI – Cruzados franceses, ingleses, e alemães a-tacam os árabes.

5. 1111 – Nasce D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.

6. 1139 – Formação do Reino de Portugal.

7. 1139 – D. Afonso Henriques dá inicio à dinastia de Borgonha.

8. 1385 – D. João I cria a dinastia de Avis.

9. Século XIV – Gênova, Florença e Veneza monopolizam as especiarias.

10. Século XV – desenvolvimento da construção de caravelas.

II – AS GRANDES NAVEGAÇÕES

1. 1410 – D. Henrique estimula a ida de navegadores para Sagres.

2. 1415 – Portugal conquista Ceuta, ao norte de Marrocos.

3. 1434 – Portugal atinge o cabo Bojador, na Mauritânia.

4. 1453 – Tomada de Constantinopla.

5. 1460 – Portugal atinge Serra Leoa.

6. 1472 – Portugal atinge a Guiné.

7. 1480 – Assinatura do Tratado de Toledo.

8. 1482 – Portugal atinge o Congo.

9. 1485 – Portugal atinge Angola.

10. 1488 – Bartolomeu Dias contorna o cabo das Tormentas.

11. 1492 – Os árabes são expulsos da Península Ibérica.

12. 12/10/1492 – Cristóvão Colombo descobre as ilhas do Caribe.

13. 17/06/1494 – Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas.

14. 1498 – Portugal atinge Sofala, Mombaça e Melinde.

15. 1498 – Vasco da Gama chega à Índia.

16. 22/04/1500 – Cabral chega ao Brasil.

17. 1501 – Uma expedição portuguesa percorre o litoral de Pernambuco.

18. 1502 – Portugal coloca em leilão a exploração de pau-brasil.

19. 1503 – Outra expedição portuguesa deixa 24 homens em Cabo Frio.

20. 1504 – Navios franceses começam a aportar no Brasil.

21. 1506 – Cristóvão Jaques entrega três navios franceses aos índios.

22. 1511 – Portugal conquista Málaca, na China.

23. 1519 – Ferdinando Cortez derrota os astecas.

24. 1520 – Os astecas se rebelam contra Cortez.

25. 1520 – Portugal faz grandes negócios com especiarias.

III – COLONIZAÇÃO DO BRASIL

1. 1520 – D. Manuel I divide o Brasil em capitanias heredi-tárias.

2. 1524 – O Espanhol Aleixo Garcia organiza uma “Entra-da”.

3. 22/01/1532 – São Vicente torna-se oficialmente a primeira vila fundada na Colônia.

4. 1532 – Martim Afonso de Souza cria o primeiro engenho de açúcar.

5. 1534 – No Foral, D. João III estipula o pagamento do “quinto”.

6. 1536 – Francisco Orellana (espanhol) percorre pela primeira vez toda a extensão do Rio Amazonas (Rio Orellana). Orellana julgou ver mulheres guerreiras e as chamou deamazonas, o que deu nome ao rio. Foi nomeado governador da região do Rio Amazonas, pela Espanha, mas foi morto por um motim, e ficou a região como “terra de ninguém”. A partir daí, os franceses foram tomando conta de todo o litoral norte do Brasil.

7. 1548 – D. João III cria o cargo de governador-geral, auxiliado por 3 funcionários, que eram o ouvidor-mor, o provedor-mor e o capitão-mor.

8. 1549 – Tomé de Sousa, nomeado primeiro governador-geral do Brasil, funda a cidade de Salvador, primeira capital do Brasil, até 1763, quando é transferida para o Rio de Janeiro.

9. 1549 – Tomé de Souza traz os primeiros jesuítas para catequizarem os índios, usando crianças brincando para as primeiras aproximações.

10. 1550 – O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar do mundo.

11. 1553 – Duarte da Costa, segundo governador-geral chega a Salvador e não consegue expulsar os franceses que se houveram instalado no Rio de Janeiro. Seu filho teve conflito com o bispo D. Pero Fernandes Sardinha, que foi depois devorado pelos índios.

IV – OS BANDEIRANTES

1. 25/01/1554 – Os jesuítas fundam o colé-gio em torno do qual surgiu a vila de São Paulo de Piratininga. São Paulo era uma vila “pobre” e distante. Seus moradores se reuniam em bandos (Bandeiras) e rumavam para o interior em busca de riquezas.

2. 1555 – 600 franceses desembarcam no Rio de Janeiro.

3. 1555/1556- Em São Paulo são organizadas defesas dos brancos contra a Confederação dos Tamoios. O padre José de Anchieta consegue a paz dos portugueses com os índios. Os índios aprisionados eram vendidos como escravos, e os brancos os provocavam para serem atacados, e aprisioná-los.

4. 1558 – Mem de Sá, terceiro e ultimo governador-geral, chega ao Brasil, em Salvador, e incentiva a importação de escravos africanos para mão-de-obra na agricultura. Mais de 20 milhões de coitados foram barbaramente arrancados dos seus lares, homens, mulheres e crianças, e atirados nos navios, durante 60 dias. 30 a 40% morriam de calor, frio, vômitos e fezes, onde “dormiam” e “comiam”, acorrentados.

5. 1560 – Os Tupinambás e outras nações indígenas não queriam ser escravos e entraram em guerra contra os portugueses.

6. 1561 – Uma das expedições exploradoras traz alguns grãos de ouro e algumas turmalinas, que pensaram serem esmeraldas.

7. 1567 – Os franceses são expulsos do Rio de Janeiro por Mem de Sá, Estácio de Sá e o índio Ararigbóia.

8. 1572 – Morre Mem de Sá, em Salvador, encerrando o cargo de governador-geral.

9. 1578 – D. Sebastião, Rei de Portugal, desaparece no Marrocos, na Batalha de Alcácer Quibir, deixando o trono para o tio-avô.

10. Século XVII – Com a morte de Mem de Sá, o Brasil passa a ser governado pelas Câmaras Municipais que tinham funções executivas, subordinadas às Ordenações Manuelinas, que eram um conjunto de leis. A partir do inicio do século XVII, passaram a vigorar as Ordenações Filipinas.

11. 1580 – Morre em Portugal o cardeal D. Henrique, sem deixar herdeiros para a Coroa portuguesa e encerra-se a dinastia de Avis.

12. 1580 – Filipe II, da Espanha, assume a Coroa portuguesa, conquistada com o ouro da América para os nobres e com balas de canhão para os rebeldes.

13. 1580 – Francis Drake, pirata (corsário) inglês, saqueia 327 mil libras-ouro de navios espanhóis, no Peru. A rainha o transformou em duque, e por isto, outros o seguiram. Os piratas eram clandestinos e os corsários eram como funcionários da Coroa.

14. 1580 – Algumas esmeraldas são encontradas no interior de Minas Gerais.

15. 1582 – Portugal invade Filipéia, na Paraíba, e expulsa os franceses.

16. 1590 – Surge em São Paulo o “bandeirantismo ofensivo”, que durou todo o século XVII. Atacavam as missões jesuítas, porque os índios eram mansos, profissionalizados e indefesos.

17. 1597 – Portugal expulsa os franceses do Rio Grande do Norte.

18. 1602/1603 – Primeira tentativa dos portugueses em conquistar o Ceará e o Maranhão, ocupados pelos franceses, incentivada pelo governador-geral Diogo Botelho.

19. 1608 – Foi encontrado ouro entre o Paraná e Santa Catarina.

20. 1612 – Franceses fixam residências na Ilha do Maranhão e fundam um núcleo, hoje São Luís.

21. 1613 – Portugal expulsa os franceses de Fortaleza, no Ceará.

22. 1613 – Portugueses ocupam a Ilha do Maranhão, mas não enfrentam os franceses.

23. 1615 – Jerônimo de Albuquerque recebe reforços e consegue a rendição dos franceses, no Maranhão, dois anos depois da ocupação.

24. Natal de 1615 – Francisco Caldeira Castelo Branco sai do Maranhão comandando uma expedição em direção ao Rio Amazonas.

25. 10/01/1616 – Caldeira funda o Forte do Presépio, constrói a igreja de Nossa Senhora de Belém e algumas habitações, na Baía de Guajará.

26. 1617 – Chegam os primeiros padres franciscanos na Baía de Guajará.

27. 1618 – Portugal agrupa algumas capitanias e cria o Estado do Maranhão, com capital em São Luís, subordinado ao governo de Lisboa. A Colônia ficou administrativamente organizada em Estado de Maranhão, com capital em São Luís, e Estado do Brasil, com capital em Salvador.

28. 1624 – A Holanda ataca o Brasil.

29. 1625 – Portugal e Espanha armam 12 mil homens em 52 navios e expulsam os holandeses do Brasil.

30. 1627 – Piet Haydn, corsário holandês, captura 38 navios, no Brasil.

31. 1628 – Piet Haydn captura vários navios espanhóis, com ouro, prata, peles, pérolas, etc., e entrega para a Companhia de Comércio das Índias Ocidentais.

32. 1629 – A expedição de Antonio Raposo Tavares e Manoel Preto sai de São Paulo, ataca e destrói as missões de Guaíra, às margens do Rio Paraná, no Paraná, Argentina e Paraguai. Era uma “bandeira apresadora” e se compunha de 69 brancos, 900 mamelucos (batedores e intérpretes) e 2000 índios. Tinha um capelão e só saíam após a missa.

33. 1630 – 77 navios holandeses com 7000 homens invadem Pernambuco.

34. 1630 – O Quilombo dos Palmares, em Alagoas, surgiu inicialmente com 40 negros, e cresceu tanto que em 1699 foram necessários quase 8 mil homens, por várias semanas para destruí-lo.

35. 1637 – Maurício de Nassau chega ao Brasil, em Pernambuco, nomeado governador-geral, pela Holanda.

36. 1637 – Pedro Teixeira parte de Belém, no Pará, e alcança o Alto Madeira. Primeira delimitação do Brasil com os países andinos (Bolívia e Peru).

37. 1640 – Portugal separa-se da Espanha, pela guerra.

38. 1640 – Com a separação da Espanha, Portugal começa a ser governado pela dinastia de Bragança, com D. João IV.

39. 1640 – Portugal atravessa a fase da “restauração”, após se libertar da Espanha, com a situação econômica bastante difícil.

40. 1640 – Os padres jesuítas instauram missões de catequese pelo Rio Amazonas e seus afluentes, por milhares de quilômetros rios acima, chegando à região do Peru, Roraima e Bolívia, com a contribuição militar, construindo fortificações.

41. 1644 – Maurício de Nassau expande suas atribuições pelo litoral norte do Brasil e áreas fornecedoras de escravos, na África. Não é bem visto pelos seus diretores e é demitido.

42. 1645 – Os luso-brasileiros, aproveitando a demissão de Nassau, atacam os holandeses, em Pernambuco, e conseguem a primeira vitória.

43. 1647 – Antonio Raposo Tavares sai de São Paulo, percorre os rios Tietê, Paraná, Paraguai, Grande de La Plata (Mamoré) e Caiari (Madeira), até o Forte de Santo Antonio do Gurupá, na foz do Rio Xingo com o Amazonas, na capitania do Grão-Pará. Segunda delimitação do Brasil com os países andinos (Bolívia e Peru).

44. 1649 – Portugal cria a Companhia Geral de Comercio do Brasil, com monopólio do azeite, vinho, bacalhau e farinha e proibição de cachaça, sal e ferro.

45. 1650 – A escravização de índios é substituída pelos negros africanos.

46. 1654 – Os holandeses deixam o Brasil depois de 24 anos e passam a produzir açúcar nas Antilhas, tomando a clientela, na Europa.

47. De 1500 a 1650, o preço do açúcar faz a fortuna de muita gente.

48. 1667 – Em Recife, Mendonça Furtado foi derrubado, mas não afetou o rei, porque ele roubava as rendas da Coroa.

49. De 1560 a 1670, o açúcar superou o interesse pelo ouro, até a expulsão dos holandeses.

50. 1674 – Fernão Dias Paes Leme conhecido como “O Caçador de Esmeraldas”, experiente como apresador de índios, recebe do rei de Portugal, D. Pedro II, a incumbência de descobrir minas. Seu filho José Dias foi executado por ter sido acusado de traição.

51. 1680 – O rei de Portugal assina Decreto proibindo a escravização de índios, estimulado pelos jesuítas.

52. 1682 – O rei de Portugal cria a Companhia Geral do Maranhão.

53. 1684 – Revolta no Maranhão contra o Decreto de proibição, chefiado por Manuel Beckman, Tomás Beckman e Jorge Sampaio. Tomás foi preso, Manuel e Jorge foram enforcados.

54. 1693 – Antonio Rodrigues Arzão encontra sinais de grande quantidade de ouro no rio Casca, em Minas Gerais, mas é atacado por índios. Informa ao cunhado Bartolomeu Bueno de Siqueira, que vai ao local e volta carregado. Começa aí a corrida do ouro.

55. De 1700 para 1800, durante a corrida do ouro, a população brasileira sobe de 300 mil para 3 milhões, num acréscimo de 900%.

56. 1699 – Domingos Jorge Velho é contratado em Pernambuco para combater o Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Após derrotá-lo, torna-se criador de gado no Piauí, colonizando-o do interior para o litoral.

57. 1703 – Portugal e Inglaterra assinam o Tratado de Methwen, no qual Portugal se obriga a comprar produtos ingleses.

58. 1707 – Os paulistas chamavam os estrangeiros de “emboabas” e queriam o monopólio das riquezas, por serem os descobridores do ouro. Começaram as lutas e os emboabas elegeram Manuel Nunes Viana como chefe.

59. 1708 – Nunes Viana e Frei Francisco de Meneses tentam monopolizar o ouro e o gado de corte. Borba Gato, intendente das minas, intima Nunes Viana a abandonar as Minas, quando Frei Francisco usa de artimanhas e dá início à Guerra dos Emboabas.

60. 1709 – Explode a guerra dos Emboabas.

61. 09/11/1709 – D. João V pacifica a guerra com a Carta Régia criando a capitania de São Paulo e Minas.

62. 1710 – Os pernambucanos se revoltam contra os mascates portugueses que compravam da Coroa portuguesa o direito de cobrarem impostos.

63. 1711 – A revolta em Pernambuco contra os mascates portugueses é sufocada por uma esquadra portuguesa.

64. 11/07/1711 – D. João V assina Carta Régia elevando a vila de São Paulo a cidade.

65. 1713 – Portugal e França assinam o Tratado de Utrecht, delimitando o Brasil com a Guiana Francesa, entre os rios Oiapoque e Amazonas.

66. 1715 – Portugal e Espanha assinam o Tratado de Utrecht, definindo a Colônia do Sacramento como limite, ao sul da Coroa portuguesa.

67. 1718 – A bandeira apresadora de Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro nas margens o rio Coxipó-Mirim, afluente do rio Cuiabá.

68. 1719 – A bandeira de Pascoal Moreira Cabral é transformada em mineradora, funda o povoado que deu origem à cidade de Cuiabá e se transforma em núcleo de mineração.

69. 1720 – Novas minas são descobertas onde hoje é o Estado de Mato Grosso, com produção de 8 a24 gramas de ouro por bateia.

70. Durante 50 anos o ouro saiu em bateias nos leitos dos rios. Depois, era extraído das barrancas. As datas (áreas doadas para extração) tinham no máximo 60 metros quadrados (tamanho de uma quadra de vôlei).

71. 1720 - A capitania de São Paulo é reestruturada e é criada a capitania das Minas Gerais, para melhor distribuir as sedes das Intendências.

72. 1720 – São criadas as Casas de Fundição nas sedes das capitanias, para facilitar a cobrança do “quinto” (20%).

73. 1720 – Depois das Casas de Moedas ou de Fundição, na Bahia e no Rio de Janeiro, para cobrança do “quinto”, no início do século, é criado a Casa da Moeda em Vila Rica.

74. 1721 – Primeiros sertanistas chegam ao rio Coxipó-Mirim.

75. 1722 – Miguel Subtil descobre outra grande jazida.

76. 1722 – Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera ou “diabo velho”, por ser muito violento, penetra no sertão rumo oeste em busca da Serra dos Martírios, partindo de São Paulo.

77. 1725 – Bartolomeu Bueno da Silva descobre ouro e funda o povoado onde surge a cidade de Goiás, hoje Goiás Velho, terra de Cora Coralina.

78. 1727 – Outras minas são descobertas onde hoje é o Estado de Goiás.

79. 1729 – São descobertos diamantes na região do Tijuco, depois Distrito Diamantino, na atual cidade de Diamantina.

80. 1730 – Grandes Jazidas de diamantes são descobertas na região das minas de ouro.

81. De 1700 a 1770, em 70 anos, mais ouro foi retirado no Brasil do que os espanhóis retiraram em 300 anos dos incas e astecas. Portugal repassou quase todo para a Inglaterra. O poderio inglês se firmou após a guerra dos sete anos, contra a França, de 1756 a 1763.

82. 1748 – Da capitania das Minas Gerais são desmembradas outras duas: a capitania de Cuiabá e Mato Grosso e a Capitania de Goiás, para ser feita a cobrança do “quinto real” nas áreas mineradoras.

83. 1750 – D. Jose I, rei de Portugal, nomeia Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal, Primeiro-ministro, para organizar a política e retirar o país da dependência da Inglaterra. Suas medidas acarretaram maior exploração e opressão aos habitantes do Brasil, até 1777.

84. 1751 – O estado de Maranhão passa a formar o Estado do Grão-Pará e Maranhão, com capital Belém.

85. 1755 – É criada a capitania de São José do Rio Negro, atual Estado do Amazonas, que pertencia à Espanha.

86. 1755 – O Marquês de Pombal cria a Companhia Geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão para explorar as culturas de arroz e algodão.

87. 1762 – O Estado de Brasil é elevado à categoria de Vice-Reino por D. João I.

88. 1763 – Reestruturação do Estado do Brasil com a transferência da capital, de Salvador para o Rio de Janeiro, por d. Jose I, rei de Portugal, a fim de controlar melhor a saída de riquezas e proteger os interesses da Coroa.

89. 1771 – A fazenda Real passa a explorar os diamantes diretamente, por uma Intendência própria.

90. 1772 – O Estado do Grão-Pará e Maranhão é subdividido em Estado do Maranhão e Piauí com sede em São Luis e Estado do Grão-Pará e Rio Negro com capital em Belém, ambos subordinados diretamente a Lisboa.

91. 20/06/1776 – Início da construção do Real Forte Príncipe da Beira no Estado de Rondônia, para reprimir o avanço dos espanhóis que vinham da região do Peru e da Bolívia.

92. 1777 – Morre, em Portugal, D. José I e assume D. Maria I.

93. 1777- Com a morte de D. José I, o Marquês de Pombal é destituído do cargo de primeiro-ministro de Portugal.

94. 1789 – Em Minas Gerais é orquestrada a Inconfidência Mineira, mas o Coronel Joaquim Silvério dos Reis que devia muito dinheiro à Fazenda Real denuncia e Tiradentes é preso no Rio de Janeiro, em 10 de maio de 1789.

95. 14/07/1789 – Na França, o povo cansado de ser oprimido pela tirania dos nobres se revolta e toma a prisão da Bastilha.

96. 21/04/1792 – Depois de três anos de investigações, Tiradentes é enforcado, esquartejado e sua cabeça colocada num poste alto em Vila Rica, para servir de exemplo a outros revoltosos.

97. 12/10/1798 – Nasce em Lisboa Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, futuramente D. Pedro I, Imperador do Brasil.

98. 1799 – D. Maria I enfraquece das faculdades mentais e d. João VI assume a Coroa portuguesa.

99. 1808 – Após a tomada da Bastilha, na França, Napoleão Bonaparte tenta dominar o mundo. Portugal estava preso à Inglaterra pelo tratado de Methwen, se recusa em apoiá-lo e a Família Real portuguesa é obrigada a fugir para o Brasil.

100. 20/03/1816 - Morre no Rio de Janeiro a rainha D. Maria I.

101. 1820 – Derrotado Napoleão pelos ingleses e temendo perder o trono, D. João VI volta para Portugal e deixa o filho D. Pedro no Brasil.

102. 26/04/1821 – A família real retorna a Portugal, deixando D. Pedro como Príncipe Regente do Brasil.

103. 09/01/1822 – As Cortes portuguesas pressionam D. Pedro a retornar, para Portugal, suspendendo o pagamento dos seus rendimentos, e ele cria o famoso “Dia do Fico”.

104. 07/09/1822 – 16h30min, D. Pedro dá o grito de “Independência ou Morte”, à margem do riacho Ipiranga, em São Paulo, e separa o Brasil de Portugal, 30 anos depois do enforcamento de Tiradentes.

105. 02/12/1825 – Nasce na Quinta da Boa Vista, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, futuro Imperador do Brasil.

106. 10/03/1826 - Morre D. João VI, rei de Portugal, em Lisboa.

107. 24/09/1834 - Morre em Queluz, D. Pedro, I do Brasil e IV de Portugal, no mesmo quarto e na mesma cama onde nascera 35 anos antes, em 12 de outubro de 1798.

108. 05/12/1891 - Morre em Paris, D. Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga (Pedro II do Brasil), nascido no Rio de Janeiro em 02/12/1825.

109. 17/11/1903 – Brasil e Bolívia assinam o Tratado de Petrópolis, à Rua Westphalia, nº. 05, no Rio de Janeiro, no qual o Brasil fica de posse do território do Acre e se compromete a construir a Estrada de Ferro Madeira Mamoré para o escoamento da borracha produzida pela Bolívia.

110. 12/04/1904 – O Congresso brasileiro aprova o Tratado de Petrópolis.

A FAMÍLIA REAL NO BRASIL

Napoleão Bonaparte pretendia dominar a Europa, mas a Inglaterra além de estar numa ilha possuía a maior esquadra da época e monopolizava o comércio mundial. Napoleão atacou Portugal em 1807, a Espanha em 1808, e nomeou José Bonaparte, seu irmão, rei da Espanha. Na sequência, proibiu as nações européias de manter relações comerciais com a Inglaterra, que foi chamado de Bloqueio Continental. Portugal tinha vínculo com a Inglaterra pelo Tratado de Methuen, de 27 de Dezembro de 1703, que rezava: (“de sorte que em tempo algum (haja paz ou guerra entre os reis de Inglaterra e de França) não se poderá exigir de direitos de alfândega nestes vinhos, ou debaixo de qualquer outro título”), no qual a Inglaterra se comprometia em consumir o vinho português e Portugal consumir “os panos de lã e mais fábricas de lanifícios ingleses”. Pelo tanto, não poderia obedecer ao Bloqueio Continental e Napoleão decidiu invadir Portugal. D. João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança assumiu o trono pela insanidade mental da Rainha D. Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança, A Louca, obedeceu ao Tratado e fugiu para o Brasil como única salvação da dinastia de Bragança, deixando o povo português à mercê das tropas de Napoleão. A esquadra de 16 embarcações de nobres, num total aproximado de 50, comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior saiu do porto de Lisboa em 29 de novembro de 1807 e chegou a Salvador na tarde de 22 de janeiro de 1808. No dia 28, o Príncipe Regente assinou o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas e partiu em 26 de fevereiro rumo ao Rio de Janeiro, tendo chegado em 8 de março, e utilizou os recursos da colônia, principalmente minerais, para amortizar a dívida que Portugal mantinha com a Inglaterra.

A Marinha Inglesa proibiu os espanhóis de chegarem às suas colônias, mas os ibéricos revoltaram-se e as tropas britânicas desembarcaram em Portugal, tendo sido forçadas por Napoleão a uma retirada para o norte da Espanha. As forças de guerrilha obrigaram Napoleão a manter um enorme exército na Espanha e o exército português aliado aos britânicos conduziu à vitória em 10 de abril de 1813. O projeto de Napoleão era estabelecer na Península Ibérica a sua real família, como tentou na Espanha, colocando seu irmão José Bonaparte.

A derrota de Napoleão teve como consequência a Revolução de 1820, em Portugal, que exigiu o retorno da Família Real. Pressionado, D. João VI voltou para Portugal em abril de 1821, deixando em seu lugar o filho D. Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, como príncipe regente.

Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro deu o grito de Independência ou Morte às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, e foi proclamado D. Pedro I, Imperador do Brasil.

A PROVÍNCIA CISPLATINA

Após os descobrimentos, o Império Espanhol controlava quase toda a zona costeira das Américas no Atlântico e no Pacífico, com exceção da área delimitada pelo Meridiano de Tordesilhas, pertencente a Portugal, desde o Alasca à Patagônia, incluindo a América Central, o Caribe e a Argentina, dividindo-as nos quatro Vice-Reinos da Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Rio da Prata e nas sete Capitanias Gerais da Guatemala, Chile, Santo Domingo, Porto Rico, Cuba, Yucatán e Venezuela, de altíssimo poder bélico, sujeitas a ataques de piratas e corsários.

A região ao sul do Brasil denominadaProvíncia Cisplatina ou Província Oriental, atual Uruguai, fazia parte do Vice-reinado do Rio da Prata, mas foram os portugueses quem primeiro navegaram por aquelas águas, de sorte que Américo Vespúcio pensava haver uma passagem ao Sul do continente americano para o oriente. Acredita-se que ele tenha sido o primeiro europeu a tocar a Província, em 1501.

Em 1514, foi a vez de Estevão Fróis e João de Lisboa, com duas caravelas e setenta homens ultrapassarem os limites do Meridiano de Tordesilhas e descobrirem a foz do Rio da Prata. Em janeiro de 1520, Fernão de Magalhães contornou o Cabo de Santa Maria e no dia 10 avistou uma colina à qual deu o nome de Montevidi, futuramente Motevidéu. Cristóvão Jacques descobriu o Rio Paraná, em 1521. Em 1527, Sebastião Caboto explorou os rios Paraná e Uruguai e fundou o Forte de San Salvador na confluência dos rios Uruguai e San Salvador, destruído pelos índios charruas, em 1529.Martim Afonso de Souza recebeu ordens para explorar a região, em 3 de dezembro de 1530, mas naufragou no estuário do Prata, em 21 de outubro de 1531. Outros navegadores tentaram conquistar a região, mas foi em 1679 que Portugal determinou ao governador do Rio de Janeiro, D. Manuel Lobo, fundar uma fortificação na margem esquerda do Rio da Prata. No desejo de expandir os negócios, os comerciantes auxiliaram e a 22 de janeiro deram início ao estabelecimento da Colônia do Santíssimo Sacramento, fronteiro a Buenos Aires, na margem oposta.

Os espanhóis colonizavam a América do Sul, vindos dos Andes, e a partir de 1554 fundaram as"reduções" jesuíticas nas bacias dos rios Paranapanema, Ivaí, Tibagi, Piquiri e Paraná, mas, a partirde 1620, os bandeirantes vindos de São Paulo infiltraram e destruíram os “pueblos”, escravizaram os índios e a região do Guaíra esteve quase totalmente no domínio português.

Em 1627, ao sul do Mato Grosso, houve o maior massacre de índios da história. Nos dois anos que se seguiram, por ódio aos jesuítas, Antonio Raposo Tavares, Manuel Preto, Antonio Pedroso, Pedro Vás de Barros, Brás Luna e André Fernandes, devastaram a região, com a conivência do governador do Paraguai, D. Luís de Céspedes e Xérias, cujo extermínio ocorreu em 1638.

De 1580 a 1640, Portugal esteve sob o domínio da Espanha e os desentendimentos entre os dois países atravessaram um período de tréguas e parcerias. Com a independência de Portugal, de parceria com indígenas, os espanhóis reagiram na retomada da província.

Marcos José de Garro Senei de Artola, governador de Buenos Aires, conquistou o núcleo entre 7 e 8 de agosto de 1679, no episódio que ficou conhecido como Noite Trágica. Negociações foram feitas e a Colônia foi devolvida a Portugal pelo Tratado de Lisboa, em 7 de maio de 1681, impedindo-o de construir fortificações ou casas de taipa, mas apenas repará-las e erguer abrigos.

Em 1680, Portugal fundou a Colônia Del Sacramento, primeiro assentamento europeu no Uruguai, tomou posse em 23 de janeiro de 1683 até 1705, retomada pela Espanha até 6 de fevereiro de 1715, quando houve o Segundo Tratado de Utrecht, definindo-a como limite sul da Coroa portuguesa. A partir de 1707, os espanhóis iniciaram o que hoje é chamado de “Os Sete Povos das Missões”, no Rio Grande do Sul. O primeiro foi São Francisco de Borja, atual cidade de São Borja, onde nasceu Getúlio Vargas, seguida de São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio.

De 3 de outubro de 1735 a 2 de setembro de 1737, novamente os espanhóis atacaram a Colônia, quando foi assinado um armstício. Visando conquistar Montevidéu, Portugal fundou a Colônia do Rio Grande de São Pedro, na Lagoa dos Patos. O Tratado de Madrid de 13 de janeiro de 1750 dava poderes a Portugal dispor da Colônia em troca das Missões Orientais até o Rio Ibicuy e o Rio Uruguai, mas os padres e os índios não queriam deixar as reduções nem os portugueses queriam deixar Sacramento, o que culminou em conflitos armados, na Guerra dos Guaranís. A seguir, veio a campanha difamatória contra os jesuítas e a Companhia de Jesus foi expulsa das terras portuguesas, em 1759, e das espanholas, em 1767. Portugal então decidiu integrá-las à Região Sul com as Capitanias de Santa Catarina e de São Paulo. Em represália, os espanhóis deram apoio aos jesuítas das Missões e destruíram Montevidéu para isolar a Colônia do Sacramento do Sul do Brasil.

Pelas dificuldades encontradas, o Tratado de Madrid foi substituído pelo Tratado de El Pardo, em 12 de fevereiro de 1761. No mesmo ano, houve o Pacto de Família, unindo os Bourbon da França, Espanha, Nápoles e Parma, que aumentou a tensão entre Portugal e Espanha.

A Colônia estava em posses portuguesas, e a Espanha invadiu em 30 de outubro de 1762, devolveu no ano seguinte, pelo Tratado de Paris, voltando a invadir em 30 de maio de 1777 e a ilha de Santa Catarina em 3 de julho. O território pertencente à Espanha ao este do rio Uruguai chegava à indefinida linha do Meridiano de Tordesilhas, que de acordo com a opinião espanhola passava pela ilha Cananéia, mas Portugal situava-a mais ao oeste do rio Uruguai, porém o Tratado de Santo Ildefonso resgatou o Tratado de Madrid, cedendo a Colônia do Sacramento, o Território das Missões e parte do Rio Grande do Sul à Espanha e a ilha de Santa Catarina a Portugal.

Em 19 de junho de 1764, nascia em Montevidéu José Gervásio Artigas, terceiro filho do capitão Martin José Artigas e de Antônia Pascual, futuro político, militar e herói nacional do Uruguai.

Em 24 de junho de 1784, filho dos espanhóis Manuel Perez de La Valleja e Ramona Justina deLa Torre, nascia em Santa Lucía, Juan Antonio Lavalleja y de La Torre, futuro lider dos 33 orientais e presidente do Uruguai, em 1853.

Quatro anos depois, em 23 de setembro de 1788, filho do alferes português Joaquim Gonçalves da Silva e Perpétua da Costa Meirelles, em Triunfo, no Rio Grande do Sul, nascia Bento Gonçalves da Silva, que seria um dos líderes da Revolução Farroupilha com objetivos separatistas, na busca da independência da província, do Império brasileiro.

Em 1800, Portugal deu início à política expansionista com populações ao longo da fronteira do Rio Grande do Sul, e as Missões Orientais foram divididas pelos rios Ibicuy e Yaguarón e lagoa Merín. Em 27 de fevereiro de 1801, auxiliada pela França, a Espanha declarou guerra a Portugal e em 6 de junho assinaram o Tratado de Badajóz, que concedeu a Portugal a posse das Missões e a fronteira na linha Quaraí, Jaguarão, Chuí.

No início do século XIX, o Uruguai era conhecido como Banda Oriental del Uruguay, por estar na faixa leste do rio Uruguai, sempre disputada pelo Brasil que pertencia a Portugal e pela Argentina, pertencente à Espanha.

Em 1797, José Gervásio Artigas ingressou no Regimento de Lanceiros como tenente e, em 1801, no Prata, durante a guerra hispano-portuguesa, combateu os ingleses aliados dos portugueses. Na época, surgiu o movimento de libertação das colônias espanholas e Artigas foi nomeado tenente-coronel pela Junta de Buenos Aires. Em 1803, foi nomeado “Guardiã Geral de La Campana”, mas foi em 1810 que seu espírito revolucionário aflorou, quando passou a defender o idealismo da Revolução dos Orientais.

Em 1808, a Família Real já estava no Brasil e iníciou-se o movimento de libertação das colônias espanholas do México a Montevidéu, como reação à guerra entre Portugal e Espanha. José Gervasio Artigas político e militar uruguaio, futuro herói nacional, havia ingressado em 1797 no Regimento de Lanceiros do Exército Português como tenente, aderiu ao movimento e combateu os ingleses aliados de Portugal, no Prata, sendo nomeado tenente-coronel pela junta de Buenos Aires. Em 1810 muitas colônias espanholas tinham-se emancipado e após a de Buenos Aires, foram criadas as Províncias Unidas do Rio da Prata. Nos anos seguintes, em 1811 e 1812, as forças portuguesas e espanholas se juntaram para repelir os guerrilheiros argentinos sob o comando de Artigas, na ação denominadaPrimeira Campanha Cisplatina. Diogo de Sousa formou um exército com rio-grandenses de 16 a 40 anos, entrou em Paissandu em 2 de maio de 1812 e, com Bento Manuel Ribeiro, Francisco das Chagas Santos e o capitão José de Abreu arrasaram São Tomé e destruiram a vanguarda de Artigas, composta de índios guaranis. Na campanha tiveram batismos de fogo Bento Gonçalves, nascido a 23 de setembro de 1788, com 24 anos, para quem os pais desejavam a carreira eclesiástica, Antero José Ferreira de Brito e David Canabarro, futuros Farroupilhas.

Nomeado tenente-general por Buenos Aires, em 1811, derrotou os espanhóis na batalha de San José e no dia 18 de maio derrotou-os novamente em Las Piedras. Sitiados em Montevidéu, os espanhóis receberam reforços dos portugueses e conseguiram repelir as forças de Artigas, que permaneceram na região com a prática de guerrilhas. Em 1813, Artigas trocou o nome da região leste do Rio da Prata de Banda Oriental para Província Oriental, por estar situada na margem leste ou oriental do Rio da Prata. Desentendeu-se com o governo de Buenos Aires e foi para o interior, dedicando-se ao comércio de couro e gado.

Em 12 de março de 1814, o duque de Angoulême sobrinho de D. Luís XVIII, que se encontrava na Inglaterra, navegou para Bordéus, na França, e sua entrada na cidade foi o início da derrota de Napoleão Bonaparte e o resgate da dinastia dos Bourbon.

Restaurada a dinastia na Espanha, em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino, unido ao de Portugal e Algarves. Receiando a formação de um bloco político espanhol no Rio da Prata, em junho de 1816, pela morte de Dona Maria I, el Rei D. João enviou a Divisão dos Voluntários Reais comandados pelo general Carlos Frederico Lecor, primeiro e único barão de Laguna por Portugal e primeiro barão com grandeza e visconde com grandeza de Laguna pelo Brasil, contra Artigas, tomando Montevidéu em 1817. Entre 1816 e 1821, o futuro Faroupilha Onofre Pires da Silveira Canto combateu com o Regimento de Cavalaria de Milícias de Porto Alegre.

Em 9 de julho de 1816, foi realizado em Buenos Aires o Congresso de Tucumán que criou a República Argentina, com o objetivo de oficializar a proclamação da independência e organizar a constituição. Entusiasmadas com o sucesso, as outras colônias espanholas deram início ao movimento de libertação, de cujo cenário ressurgiu a figura de José Gervásio Artigas. Em 04 de janeiro de 1817, após o Congresso de Tucumán, voltou a guerrear contra os portugueses e espanhóis que invadiram a Banda Oriental, dando início a um período de guerrilhas que durou três anos. Como Artigas continuava com as guerrilhas, a vitória portuguesa somente se tornou definitiva na batalha de Tacuarembó, em 1820. Artigas não resistiu e asilou-se no Paraguai, onde viveu ainda por trinta anos.

No governo do Príncipe D. Pedro, a Província Oriental estava devastada, a desordem assolava e assim a região foi incorporada por Lecór ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 16 de abril de 1821, com Tratado assinado em 31 de julho, pouco antes de D. João VI retornar para Portugal com a Família Real.

Em 31 de julho de 1821, Lecor reuniu um Congresso e anexou-a ao Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves, com o nome de Província Cisplatina. Depois da Independência do Brasil, comandou as nossas forças contra a Divisão dos Voluntários Reais que antes comandava, pois pertenciam à Coroa portuguesa. A partir de janeiro de 1823, as Províncias Unidas do Rio da Prata propuseram a “restituição da Banda Oriental", mas encontraram resistência por parte de D. Pedro I. Em 1824, promovido a tenente-general, Lecor administrou a Cisplatina até 3 de fevereiro de 1826, substituído pelo tenente-general Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, futuro barão de Vila Bela. Entretanto, o povo da província de colonização espanhola jamais se sentiria de fato integrado ao Brasil. A língua e os costumes herdados da Espanha impediam a integração. Assim, os argentinos exigiam a reintegração como parte do antigo Vice-reinado, mas o Império brasileiro a mantinha como necessária para a defesa das províncias do Sul. Muitas lutas e articulações foram feitas pelo general Carlos Frederico Lecór que esteve à frente das negociações, no governo de Montevidéu e depois do resto do território oriental. A Coroa portuguesa exigia a anexação da província por estar do mesmo lado do Rio da Prata e servir de defesa. Desta forma, em 1822, após a independência do Brasil, passou a pertencer ao império.

Em 18 de abril de 1825, os Trinta e Três Orientais Agustín Velásquez, Andrés Cheveste, Andrés Spikerman, Atanasio Sierra, Avelino Miranda, Basilio Araújo, Carmelo Colman, Celedonio Rojas, Dionisio Oribe, Felipe Carapé, Francisco Lavalleja, Gregorio Sanabria, Ignacio Medina, Ignacio Núñez, Jacinto Trápani, Joaquín Artigas, Juan Acosta, Juan Antonio Lavalleja, Juan Ortiz, Juan Rosas, Juan Spikerman, Luciano Romero, Manuel Freire, Manuel Lavalleja, Manuel Meléndez, Manuel Oribe, Pablo Zufriategui, Pantaleón Artigas, Ramón Ortiz, Santiago Gadea, Santiago Nievas, Simón del Pino e Tiburcio Gómez, do movimento pró libertação da Província Cisplatina do Império brasileiro, comandados por Juan Antonio Lavalleja y de la Torre, que havia combatido contra os portugueses e brasileiros junto a Artigas, embarcaram em San Isidro no Rio da Prata, e desembarcaram no Arenal Grande no dia seguinte, onde desfraldaram a bandeira vermelha, azul e branca, usada desde o tempo de Artigas, em parceria com o General Fructuoso Rivera, financiados por Buenos Aires, através de Juan Manuel de Rosas que facilitou grande parte do dinheiro. Vale ressaltar que nem todos eram orientais, tendo em vista que vários deles eram argentinos e outros paraguaios. A ação despertou o interesse dos estancieiros, deixando o domínio brasileiro restrito às zonas urbanas.

Em 23 de agosto de 1825, foi organizado o movimento de libertação nacional do Uruguai e sua anexação às províncias argentinas, contra a política agrária em favor dos grandes proprietários de Montevidéu e do Brasil. No dia 25, no Congresso de Florida, foi declarada a independência, para juntar-se às Províncias Unidas do Rio da Prata, sob a aprovação do governo de Buenos Aires. No Rio de Janeiro, o embaixador Filipe Leopoldo Wenzel, Barão de Mareschal, da Áustria, propôs a intervenção britânica em busca da paz. A 12 de outubro, Bento Gonçalves da Silva, com 37 anos, comandou a cavalaria na batalha de Sarandi contra as Províncias Unidas, e o consulado brasileiro foi atacado em Buenos Aires no dia 29.

A Inglaterra sugeriu a independência da Província em fevereiro de 1826, mas D. Pedro I recusou e foi considerado inimigo da Grã-Bretanha, a qual chegou a temer uma aliança franco-brasileira e a oposição à política do Império cresceu. Em 24 de maio, os ministros das Fazendas da Argentina D. Manuel José García Ferreyra e do Brasil João Severiano Maciel da Costa, marquês de Queluz, assinaram um Tratado de Amizade que foi mal recebido em Buenos Aires. Naquele ano, faleceu a Princesa Leopoldina e D. Pedro entregou a Lecor o comando das tropas brasileiras, nomeando-o comandante em chefe do Exército do Sul a 11 de março. Em 26 de novembro, Lecor foi substituido pelo marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta, marquês de Barbacena, mas retornou em 22 de janeiro de 1828, permanecendo até o final da guerra.

Em 1825, no Reinado de Dom Pedro I, surgiu um movimento de libertação, porque os habitantes da Cisplatina não aceitavam pertencer ao Brasil, devido aos idiomas e costumes diferentes. Eles se organizaram para declarar a independência, liderados por Juan Antonio Lavalleja e da Torre. A Argentina ofereceu força política, alimentos e armas, mas na realidade, pretendiam anexar a Cisplatina, logo que se libertasse do Brasil. Dom Pedro I declarou guerra à Argentina e ocorreram muitos combates, que abalaram os cofres da Coroa, sem o apoio dos brasileiros, pois sabiam que refletiria nos impostos a serem pagos.

No transcurso das batalhas, destacava-se a figura de Bento Gonçalves em Sarandi, a 12 de outubro de 1825, e em 20 de fevereiro de 1827, na batalha do Ituizangó ou batalha do Passo do Rosário, dando cobertura às tropas brasileiras, sendo promovido a coronel de guerrilhas. De 1825 a1828, Brasil e Argentina lutaram pela posse daquelas terras. Entre 11 e 27 de agosto de 1828, assinaram uma "Convenção Preliminar de Paz", na qual a Província Cisplatina tinha sua independência reconhecida pelos dois países. No dia seguinte, o Brasil assinou com as Províncias Unidas do Rio da Prata o Tratado do Rio de Janeiro ratificado em 4 de outubro, acordando que a província estaria definitivamente independente e, se necessário, combateriam para assim permanecer, enquanto o Brasil recuperava o Território da Missões. A Inglaterra que tinha interesses econômicos na região, atuou como mediadora e o tratado foi firmado antes do retorno de D. Pedro I para Portugal.

Pelos bons serviços prestados, D. Pedro I entregou o comando do 4° Regimento de Cavalaria a Bento Gonçalves. Em 1829, nomeou-o coronel do Estado-Maior no comando do 4° Regimento de Cavalaria de Linha e depois da fronteira sul.

A província recebeu o nome oficial de República Oriental do Uruguai, depois de promulgada a constituição, em 1830, tendo sido eleito presidente Don Fructuoso Rivera, rival de don Juan Antonio Lavalleja, donde surgiram os partidos políticos Blanco, de Lavalleja, e Colorado, de Rivera, cuja rivalidade respingaria mais tarde na Guerra dos Farrapos, no Brasil.

Lavalleja tentou assumir o poder à força, quando descobriu que Rosas, ditador da Argentina estava disposto a ajudá-lo financeira e militarmente.

A partir de 1832, começou também a receber ajuda militar do Brasil com munições, armas, mantimentos e homens, através do coronel Bento Gonçalves da Silva. Rivera levou ao conhecimento de Manuel de Almeida Vasconcelos, encarregado de negócios do Império do Brasil, em Montevidéu, em setembro, o qual denunciou as atividades de Bento Gonçalves, inclusive com o propósito de integrar a provívicia do Rio Grande do Sul à Argentina. O governo brasileiro estava com dificuldades e detreminou que Bento Gonçalves não se envolvesse nas questões externas, mas em 1834 ele invadiu o Uruguai em companhia de Lavalleja, com 111 brasileiros e 50 uruguaios.

Em 1834, Bento Gonçalves foi acusado de rebeldia e conspirar para a emancipação do Rio Grande do Sul em parceria com Juan Antonio Lavalleja. Absolvido na Corte, foi recebido com júbilo, mas destituído do Comando Militar da Província do Rio Grande. Eleito deputado provincial em 1835, a 20 de abril, na seção de instalação da Assembléia Provincial, foi acusado pelo presidente da província Antonio Rodrigues Fernandes Braga de conspirar para a emancipação do Rio Grande do Sul.

Em 1835, Don Manuel Oribe assumiu a presidência do Uruguai fazendo oposição a Bento Gonçalves e Lavalleja, e disse a Vasconcelos que Rosas estava apoiando Bento Gonçalves. O Ministro oficiou ao governo brasileiro do acordo, mas Bento Gonçalves iniciou a rebelião que foi chamada de Farroupilha e três anos depois Oribe desistiu de ser aliado de Rivera e aliou-se a Rosas, Lavalleja e Bento Gonçalves. Rivera iniciou uma revolta mas foi derrotado, aliou-se aos farroupilhas e invadiram o Uruguai. Com a derrota, Oribe renunciou da presidência e foi para a Argentina.

No processo de libertação, o Paraguai foi emancipado em 1813, a Argentina em 1816, o Chile em 1818, o Brasil, o México e Nova Granada em 1822, Guatemala, San Salvador, Honduras, Costa Rica e Nicarágua em 1823 e a Bolívia em 1825.

A REGIÃO SUL

PARANÁ

O Paraná no início foi colonizado pelos Jesuítas espanhóis. Domingo Martínez de Irala, Governador do Paraguai, fundou Ontiveros, em1554, a uma légua do Salto das Sete Quedas. Mais tarde, a três léguas de Ontiveros, fundou a Ciudad Real del Guayra, na confluência do Rio Piquiri, e em 1576, foi fundado à margem esquerda do rio Paraná, a Vila Rica do Espírito Santo. Com três cidades e diversas "reduções" ou "pueblos" a regiao foi promovida ao status de Província Real del Guaíra. No século XVII, os bandeirantes paulistas faziam incursões pelo território, capturando índios para escravidão, e, em 1629, tinham devastado os estabelecimentos Jesuitas, exceto Loreto e Santo Inácio. Vila Rica, o último reduto capaz de oferecer resistência, foi sitiado e devastado por Antonio Raposo Tavares, em 1632, mas somente em 1820, o Paraná passou definitivamente para o domínio da Coroa portuguesa, integrando a província de São Paulo e conhecido como "Comarca de Curitiba".

No século XVII, foi descoberta uma região aurífera, responsável pelo imediato povoamento do Paraná. Com o descobrimento das Minas Gerais, o ouro perdeu a importância e os fazendeiros se dedicaram à pecuária.

No fim do século XIX, a erva mate criou uma nova fonte de riqueza para a região e com as estradas de ferro que ligaram a região da araucária a São Paulo ocorreu novo crescimento.

A partir de 1850, o governo provincial de São Paulo empreendeu um amplo programa de colonização, especialmente de alemães, italianos, poloneses e ucranianos, que contribuíram decisivamente para a expansão da economia paranaense e para a renovação de sua estrutura social.

SANTA CATARINA

O Estado de Santa Catarina, foi batizado em 1514, de Ilha dos Patos pelos portugueses Nuno Manuel e Cristóvão de Haro. Um ano depois, em 1515, Juan Díaz de Solís, navegador espanhol e descobridor do Rio da Prata, deu o nome de baía dos “perdidos” às águas entre a ilha onde hoje fica a cidade de Florianópolis e o continente. Navegava na região, quando uma das caravelas separou-se das demais e, ao aproximar-se da ilha, na baía sul, naufragou. Onze sobreviventes dessa expedição foram bem recebidos pelos índios carijós cujas terras iam de Cananéia, no litoral de São Paulo à Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, com eles tendo iniciado intensa miscigenação. Viviam de caça, pesca e cultivo variado de milho, batata, mandioca e amendoins. Eram exímios tecelões de redes, esteiras e cestos, e trabalhavam objetosem pedra. Esses índios mantinham contato com os guaranis do interior do estado do Paraná e região do Paraguai, e por manterem intenso meio de comunicação através da rota do Peabiru, cujo destino era a região de Potosi, no império inca, despertaram interesse dos estrangeiros na procura da prata e do ouro. Ocupavam a região litorânea e tinham como limite pelo interior as matas habitadas por índios inimigos chamados botocudos ou guanana. Em 1526, Sebastião Caboto publicou os mapas referentes à sua expedição, no qual nomeou a Ilha de “porto dos Patos”, mas o nome de Santa Catarina só aparece em 1529, no mapa-múndi de Diego Ribeiro. A costa catarinense até Laguna e dois terços da do Paraná formaram a capitania de Santana, doada a Pero Lopes de Sousa. No começo do século XVIII as terras foram compradas pela Coroa portuguesa, mas várias expedições espanholas, insatisfeitas, ficaram no estado, porém dois anos depois, rumaram para o Paraguai sob ameaça de ataques indígenas. O português Manoel Lourenço de Andrade, em 1658, criou a primeira fundação estável da costa catarinense e o paulista Francisco Dias Velho estabeleceu-se por volta de 1675, tendo erguido uma igreja em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. O também paulista Domingos de Brito Peixoto organizou uma bandeira para tomar as terras desabitadas ao sul e fundou, em 1676, Santo Antônio dos Anjos de Laguna. Apesar de pequena e pouco habitada, o local tornou-se o núcleo mais importante da costa catarinense no início do século XVIII, posição que entrou em decadência por causa da abertura do caminho entre as pastagens do Rio Grande do Sul e o planalto paulista, em 1728.

O primeiro município a ser criado na Capitania de Santa Catarina foi o de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco do Sul, hoje São Francisco do Sul, no ano de 1660. Em 1714, foi criado o segundo, Santo Antônio dos Anjos da Laguna, atual Laguna. Em 1726, o município de Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, desmembrava-se de Laguna. Pelos caminhos foram se fixando povoações em direção ao Rio Grande do Sul e, em 1770, Lages emancipava-se da Capitania de São Paulo, anexando-se à Capitania de Santa Catarina. À medida que as comunidades iam se formando, novos municípios iam se emancipando para norte, sul e oeste.

RIO GRANDE DO SUL

Na época dos descobrimentos, o Meridiano de Tordesilhas ligava onde hoje ficam as cidades de Belém, no Pará e Laguna em Santa Catarina.Em consequência, toda a Região Norte a partir da ilha de Marajó, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, metade dos Estados de Tocantins, Goiás e São Paulo e quase a totalidade da Região Sul, com excessão dos litorais do Paraná e de Santa Catarina, pertenciam à Espanha. Até o fim do século XVIII, a Região Sul era habitada por povos indígenas catequisados por jesuítas espanhóis, destacando-se os Sete Povos das Missões, cuja história vem sendo assimilada a partir de poucos anos. O Rio Grande do Sul era região fronteiriça aos domínios espanhóis situados na região platina e por estar fora do Tratado de Tordesilhas, nunca fora uma Capitania Hereditária. No entanto, desde o século XVI, o Rio Grande do Sul já constava dos mapas portugueses com o nome de Capitania d’El-Rei, porque Portugal tinha desejos de estender seus domínios até a foz do Rio da Prata, até porque, no século XVII, os bandeirantes percorriam a região em busca de tesouros e escravizando índios. Assim, a Coroa portuguesa elaborou uma Carta Régia dividind0-a em duas capitanias que iam de Laguna até o Rio da Prata, e as doou ao Visconde de Asseca e a João Correia de Sá, cuja validade foi fortalecida pela bula papal Romani Pontificis Pastoralis Solicituto, com a criação do bispado do Rio de Janeiro.

No Rio Grande do Sul, os jesuítas espanhóis criaram missões próximas ao rio Uruguai, mas, em 1680, foram expulsos, quando a Coroa portuguesa assumiu seu domínio, fundando a Colônia do Sacramento. Na sequência, os jesuítas espanhóis estabeleceram os Sete Povos das Missões, em 1687.

Em 1737, Portugal enviou uma expedição militar comandada pelo brigadeiro José da Silva Pais para garantir a posse das terras conquistadas. Para ser bem sucedido, construiu no mesmo ano um forte na barra da Lagoa dos Patos, origem da cidade de Rio Grande, ponto de partida para a colonização portuguesa no Rio Grande do Sul. Em 1742, construíram a vila que seria mais tarde Porto Alegre.

Em 1801, os sul-riograndenses dominaram os Sete Povos das Missões, incorporando-os ao território brasileiro e elevando-os a capitania, com sede localizada em Viamão.

O MOVIMENTO FARROUPILHA

No final da guerra Cisplatina, o Rio Grande do Sul contava com 14 municípios e aproximadamente 150 mil habitantes brancos, escravos e índios, sem escolas, pontes ou estradas em condições de tráfego. A população masculina estava dizimada pelas guerras e as viúvas desprezadas pelas autoridades governamentais. As estâncias e charqueadas encontravam-se com os rebanhos totalmente esgotados, o império cobrava impostos altíssimos sobre o gado e o charque, além de comprá-lo do Uruguai e da Argentina, vendido em São Paulo e no Rio de Janeiro por um preço bem mais baixo que o rio-grandense. A Guerra tinha abalado a economia brasileira e os ideais separatistas eram para os gaúchos o melhor caminho para a prosperidade. A Revolução Farroupilha teve muitas causas e ajustificativa estava no conflito entre os Liberais que propunham um modelo de estado com autonomia para as províncias e o imposto pela Constituição de D. Pedro I, de caráter unitário. O movimento se apoiou nas posições econômicas e políticas da Província de São Pedro do Rio Grande, nos anos que se sucederam à Independência. A produção das outras províncias se voltava para o mercado externo e a do charque e do couro do Rio Grande do Sul para a alimentação dos escravos africanos e mineradoras, as plantações de cana-de-açúcar e atividades cafeeiras, na Região Sudeste. A fronteira com as Províncias do Rio da Prata era um entrave porque o charque uruguaio e argentino vendido no Rio e São Paulo era mais barato que o rio-grandense. Tinham uma indústria saladeira com a participação de Juan Manuel José Domingo Ortiz de Rozas y López de Osornio e, com os saladeiros do Uruguai, já independente, ofereciam o produto mais barato, pondo em risco as charqueadas sul-rio-grandenses que perdiam competitividade no mercado interno, além dos impostos sobre o gado em pé.

Entusiasmados com a independência, os brasileiros se dividiam em Liberais chamados “farroupilhas” cujo significado é “esfarrapados”, abrasileirado pelos gaúchos, “farrapos”, e Conservadores. Atraídos pelos ideais republicanos e adeptos da maçonaria francesa que antevia a soberania dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, os liberais gaúchos aceitaram a formação da república uruguaia como um Estado independente entre o Brasil e a Argentina.

Em 1808, após a tomada da Bastilha, na França, Napoleão Bonaparte tentava dominar o mundo e proibiu as nações europeias de manter relações comerciais com a Inglaterra, ao que chamou de Bloqueio Continental. Preso à Inglaterra pelo tratado de Methwen, Portugal se recusou em apoiá-lo e a Família Real portuguesa foi obrigada a fugir para o Brasil.

Em 1810, as colônias espanholas criaram as Províncias Unidas do Rio da Prata, depois de Buenos Aires. José Gervásio Artigas, político e militar uruguaio, futuro herói nacional, que havia ingressado no Regimento de Lanceiros do Exército Português como tenente, em 1797, aderiu ao movimento e combateu os ingleses aliados de Portugal, no Prata, em 1801, sendo nomeado tenente-coronel pela junta de Buenos Aires.

Filho do alferes português Joaquim Gonçalves da Silva e Perpétua da Costa Meirelles, nascido em Triunfo, no Rio Grande do Sul, a 23 de setembro de 1788, Bento Gonçalves da Silva, seria um dos líderes da Revolução Farroupilha com objetivos separatistas do Império brasileiro. Em 1811 e 1812, mostrou sua vocação para as guerrilhas na Primeira Campanha Cisplatina, com Antero José Ferreira de Brito e David Canabarro, futuros Farroupilhas. Diogo de Sousa tinha formado um exército com rio-grandenses de 16 a 40 anos, entrado em Paissandu em 2 de maio de 1812 e, com Bento Manuel Ribeiro, Francisco das Chagas Santos e o capitão José de Abreu arrasaram São Tomé e destruiram a vanguarda de Artigas, composta de índios guaranis. Quatro anos depois, na Segunda Campanha Cisplatina, entre 1816 e 1821, Bento Gonçalves lutou novamente contra Artigas ao lado de Onofre Pires da Silveira Canto, futuro Faroupilha, com o Regimento de Cavalaria de Milícias de Porto Alegre. Em 12 de outubro de 1825, comandou a cavalaria na batalha de Sarandi e na batalha do Passo do Rosário, em 20 de fevereiro de 1827. Em 1829, Bento Gonçalves foi nomeado por D. Pedro I coronel de estado-maior e Comandante do Quarto Regimento de Cavalaria de Linha e depois da fronteira sul, o que provocou ciúme do Marechal Sebastião Barreto Pinto, Comandante das Armas e feroz inimigo de Bento Gonçalves porque este não era do Exército, mas guerrilheiro.

A Corte de D. João VI partiu do Brasil em 26 de abril de 1821, deixando a administração a cargo do filho D. Pedro, como Príncipe Regente. Lisboa então despachou um decreto exigindo que ele retornasse. A decisão desagradou o povo brasileiro e em 9 de janeiro de 1822 D. Pedro tomou a decisão de permanecer, criando o famoso Dia do Fico. A Corte portuguesa suspendeu o pagamento dos rendimentos e rebaixou-o de Príncipe Regente a simples delegado da Corte.

Por ter sido rebaixado, em 7 de setembro de 1822, D. Pedro proclamou a Independência do Brasil, à margem do Riacho Ipiranga, em São Paulo.

Após a efetivação da Independência no eixo Rio-São Paulo, no Sul, José Fructuoso Rivera e Juan Antonio Lavalleja y de la Torre firmaram com Carlos Frederico Lecor, barão de Laguna por Portugal e barão e visconde de Laguna, em 17 de outubro do mesmo ano, uma ata de reconhecimento do imperador D. Pedro I. Em 1824, porém, quando Lavalleja passou para Buenos Aires, as autoridades imperiais o declararam desertor e lhe confiscaram os bens.

Pela necessidade da mão de obra, em 1822, na transição do processo de libertação da independência do Brasil, D. Pedro ofereceu passagens, 78 hectares de terra, cento e sessenta réis anuais e certa quantidade de bois, vacas, cavalos, porcos e galinhas para cada pessoa de cada família da Europa interessada na colonização brasileira. Em 18 de julho de 1824, chegou a primeira leva de 39 alemães a Porto Alegre e no dia 25 no Rio dos Sinos. De 1824 a 1830 chegaram ao Brasil 5350 alemães; dez mil de 1844 a 1850, dez mil de 1860 a 1889, ano da proclamação da República e um ano depois da abolição da escravatura, e 17 mil de 1890 a 1914, perfazendo um total de 42389 alemães.

Para se afastarem da Revolução Farroupilha, em 1830, apesar de Otto Heise, Samuel Kerst e Gaspar Stephanovsky, terem participado da ideologia de substituir a monarquia pela república, em Porto Alegre, os alemães se deslocaram para Santa Maria e em seguida dispersaram-se, criaram nos vales dos rios Taquari, Pardo e Pardinho as colônias de Santa Cruz do Sul, Santo Ângelo e Santa Maria do Mundo Novo. Na Lagoa dos Patos, criaram a colônia de São Lourenço do Sul. iníciaram o fabrico de sapatos, têxtil e algodão, em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Proclamada a República no Brasil, o governo do Rio Grande do Sul incentivou a colonização particular e o Estado do Rio Grande do Sul foi transformado em zona colonial, tendo eles atravessado o Rio Uruguai e migrado para Santa Catarina e Paraná, depois de ter criado, no século XX Ijuí, Santa Rosa e outras no norte da Argentina e no Paraguai. Depois da Segunda Guerra, um grupo de famílias que chegaram em Santa Catarina em 1930, fixaram-se em Bagé, entre 1949 e 1951, encerrando-se aí a migração alemã.

Em 23 de agosto de 1825, foi organizado o movimento de libertação nacional do Uruguai e sua anexação às províncias argentinas, contra a política agrária em favor dos grandes proprietários de Montevidéu e do Brasil. No dia 25, no Congresso de Florida, foi declarada a independência do território, para juntar-se às Províncias Unidas do Rio da Prata, sob a aprovação do governo de Buenos Aires. No Rio de Janeiro, o embaixador Filipe Leopoldo Wenzel, Barão de Mareschal, da Áustria, propôs a intervenção britânica em busca da paz. Em 12 de outubro de 1825, Bento Gonçalves da Silva, com 37 anos, comandou a cavalaria na batalha de Sarandi contra as Províncias Unidas, e o consulado brasileiro foi atacado em Buenos Aires no dia 29.

Em 7 de abril de 1831, nove anos depois da Independência, D. Pedro I abdicou da Coroa Imperial do Brasil em favor do filho de cinco anos Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, retornou para Portugal deixando a tutela com José Bonifácio de Andrada e Silva até 1833 e com Manuel Inácio de Andrade Souto Maior, marquês de Itanhaém, até 1840. Aclamado segundo imperador do Brasil aos seis anos, assumiu o trono em 18 de junho de 1841, quando contava quinze anos, com o título de D. Pedro II.

Aproximados pela maçonaria no Brasil, Uruguai e Argentina, em 1832, o coronel Bento Gonçalves da Silva muito amigo de Juan Antonio Lavalleja y de La Torre, fornecia ajuda militar com munições, armas, mantimentos e homens, no combate ao governo de José Fructuoso Rivera, o qual levou ao conhecimento de Manuel de Almeida Vasconcelos, encarregado de negócios do Império do Brasil, em Montevidéu. Vasconcelos denunciou Bento Gonçalves que tinha inclusive propósito de integrar a provívicia do Rio Grande do Sul à Argentina. O governo brasileiro estava com dificuldades e determinou que Bento Gonçalves não se envolvesse nas questões externas, mas em 1834 ele invadiu o Uruguai em companhia de Lavalleja, com 111 brasileiros e 50 uruguaios. Bento Gonçalves foi acusado de rebeldia e conspirar para a emancipação do Rio Grande do Sul em parceria com Lavalleja. Absolvido na Corte, foi recebido com júbilo, mas destituído do Comando Militar da Província do Rio Grande. Eleito deputado provincial em 1835, a 20 de abril, na seção de instalação da Assembléia Provincial, Antonio Rodrigues Fernandes Braga, presidente da província, acusou-o de conspirar para a emancipação do Rio Grande do Sul.

Em 1835, Don Manuel Oribe assumiu a presidência do Uruguai fazendo oposição a Bento Gonçalves e Lavalleja, e disse a Vasconcelos que Rosas estava apoiando Bento Gonçalves. O Ministro oficiou ao governo brasileiro do acordo, mas Bento Gonçalves iniciou a rebelião que foi chamada de Farroupilha e três anos depois Oribe desistiu de ser aliado de Rivera e aliou-se a Rosas, Lavalleja e Bento Gonçalves. Rivera iniciou uma revolta mas foi derrotado, aliou-se aos farroupilhas e invadiram o Uruguai. Com a derrota, Oribe renunciou da presidência e foi para a Argentina.

O Dr. Antonio Rodrigues Fernandes Braga, primeiro rio-grandense a ocupar o posto de presidente da Província não tinha habilidade política e denunciou Bento Gonçalves como conspirador. Em 20 de abril de 1835, a recém empossada Assembléia Provincial substituta do antigo Conselho Geral da Província exigiu que o presidente Fernandes Braga apresentasse provas, o que naturalmente não pôde ser feito. Enquanto isto, Bento Gonçalves crescia em popularidade na posição de líder liberal, apesar de já ter sido denunciado também pelo Marechal Sebastião Barreto Pinto. Há que se acrescentar a ideologia existente no Rio Grande do Sul que pretendia substituir a monarquia pela república, com aval de diversos imigrantes alemães como Otto Heise, Samuel Kerst e Gaspar Stephanovsky, rapidamente sufocada.

A Revolução Francesa tinha como lema “Igualdade, Fraternidade e Liberdade”, em 1789, de inspiração maçônica. Na Revolução Farroupilha, os maçons dominaram o Partido Liberal no Rio Grande do Sul, adeptos da maçonaria francesa, de inspiração republicana, que influenciava os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Dizia-se que as decisões tomadas em público, já tinham sido tomadas em segredo, nas "Lojas" maçônicas. Líderes liberais mantinham contato com maçons no Uruguai e na Argentina, inclusive sendo muito conhecida a amizade entre Bento Gonçalves da Silva e Juan Antonio Lavalleja, caudilho uruguaio.

O termo “farroupilha” no português castiço significava esfarrapado, e assim foram chamados os que se revoltaram contra o governo imperial, mas os gaúchos abrasileiraram o termo, usando mais frequentemente a expressão "farrapos". O movimento liberal foi um dos muitos que sacudiram a Regência na 1ª metade do século XIX, na década de 30, e alcançou de fato ser a primeira experiência republicana em território do Brasil. Exaltados, os brasileiros se dividiam entre Liberais e Conservadores, havendo diversas subdivisões. Os gaúchos simpatizavam com a organização do Uruguai como uma república independente entre a Argentina e o Brasil.

Em 1835, os estancieiros, militares locais, industriais do charque e liberais, liderados por Bento Gonçalves reuniam-se em casas de particulares. Antonio Rodrigues Fernandes Braga tinha sido nomeado presidente da Província, mas se mostrou pouco digno de confiança, fazendo sérias acusações contra os estancieiros, que impediu a convivência pacifica com os governados.

Na noite de 18 de setembro de 1835, reuniram-se José Mariano de Matos, Gomes Jardim, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Paulino da Fontoura, Antonio de Souza Neto e Domingos José de Almeida, e, por unanimidade, decidiram que no dia 20 tomariam militarmente Porto Alegre e destituiriam o presidente provincial Antonio Rodrigues Fernandes Braga.

Bento Gonçalves reuniu uma tropa em Pedras Brancas, hoje Guaíba, e em várias cidades as milícias estavam alertas para deflagrarem a revolta. No dia 19, Gomes Jardim e Onofre Pires comandavam cerca de 200 homens no morro da Azenha, para interceptar quem passasse, a fim de evitar que o presidente fosse alertado. Manuel Vieira da Rocha comandava o piquete com 30 homens, na ponte da Azenha com o Cabo Rocha e aguardavam o amanhecer do dia 20 para investir. Os gaúchos achavam-se capacitados a enfrentar os imperiais enfraquecidos pela derrota na Cisplatina, porém Fernandes Braga ouviu comentários a respeito e mandou 9 homens comandados por José Gordilho de Barbuda Filho fazer um reconhecimento, à noite. Inexperientes, os guardas imperiais se deixaram perceber. Alertas, o piquete republicano os atacou e eles fugiram, resultando em 2 mortos e cinco feridos. Apesar de atingido, José Gordilho conseguiu alertar Fernandes Braga às 11 da noite.

Ao amanhecer, Braga estava junto ao arsenal de guerra, tentando reunir homens para a resistência, porém, até o meio da tarde somente 17 homens se apresentaram para defender a cidade. Com poucas armas e munição, fugiu para Rio Grande com todo o dinheiro dos cofres provinciais.

Os farroupilhas adiaram a investida, e somente ao amanhecer do dia 21 chegaram às portas da cidade, com Bento Gonçalves, os outros comandantes e as tropas. Sem resistência, Porto Alegre entregou-se aos revolucionários.

A Câmara Municipal convocou uma reunião extraordinária para ocupar o cargo de Presidente e na ausência dos vices-presidentes imediatos, assumiu o quarto vice, Dr. Marciano Pereira Ribeiro. Na sequência, expediram uma carta ao padre Diogo Antonio Feijó, Regente Imperial, explicando os motivos da revolta e solicitando a nomeação de um novo Presidente.

http://almanaquenilomoraes.blogspot.com.br/2014/03/carta-de-bento-goncalves-ao-regente.html

De Rio Grande, Fernandes Braga embarcou para o Rio de Janeiro no dia 23 e deu sua própria versão na Corte, bastante diferente da carta de Bento Gonçalves. D. Pedro decidiu esmagar a revolta e enviou José de Araújo Ribeiro muitos soldados, brigues, canhoneiras e armamento. Temendo o mal entendido, a prisão e a morte, como havia acontecido com Tiradentes 43 anos antes, os gaúchos demoraram a discutir a aceitação do novo indicado, o que ocasionou a assunção de Araújo Ribeiro à Presidência perante a Câmara Municipal de Rio Grande, em 15 de janeiro de 1836, formando dois governos “legítimos” e simultâneos na Província, até o final da guerra, em 1845.

Araújo Ribeiro reuniu os oficiais João da Silva Tavares, Francisco Pedro de Abreu, Manuel Marques de Souza, Bento Manuel Ribeiro e Manuel Luís Osório, gaúchos contrários aos farrapos, e contratou mercenários do Uruguai. Mandou fechar a Assembleia Provincial e destituiu Bento Gonçalves do comando da Guarda Nacional, nomeação feita por Marciano, e deu início à resistência e à perseguição aos revoltosos.

No comando da Primeira Brigada, com quatrocentos homens, designado por Bento Gonçalves, em setembro de 1836, o Coronel Antonio de Souza Neto foi para Bagé. Atravessaram o Arroio Seival e, no dia 10, encontraram Silva Tavares com quinhentos e sessenta homens, sobre uma coxilha. Silva Tavares desceu a coxilha em violento ataque e Neto ordenou a carga de lança e espada, sem tiros. O choque foi sangrento, Silva Tavares fugiu deixando 180 mortos, 63 feridos e 100 prisioneiros, compoucas baixas nos farrapos. Os farroupilhas comemoraram a vitória e cresceu a idéia separatista de conquistar e manter um país rio-grandense independente. À noite, para rever as questões ideológicas, Lucas de Oliveira, Joaquim Pedro e Teixeira Nunes concluíram que as únicas soluções seriam a independência, a abolição da escravatura, a democracia e a república. Em respeito ao grande comandante Bento Gonçalves, Souza Neto ofereceu resistência, mas contra-argumentaram que ele já havia decidido, que hierarquia rígida era coisa do Império e a república tinha bases fundamentadas nas vontades do povo e nas suas necessidades. Neto concordou e deram início à Proclamação da República Rio-Grandense, cuja leitura foi feita por ele diante da tropa, em 11 de setembro de 1836.

O tenente Teixeira Nunes desfilou por entre os companheiros com a bandeira verde, vermelha e amarela da República Rio-Grandense, durante as comemorações. Adotaram uma constituição republicana e convidaram outras províncias a unirem-se ao sistema republicano. Elegeram a pequena cidade de Piratini para capital, surgindo aí a República de Piratini. Naquele momento, desaparecia a Revolta Farroupilha e iniciava a Guerra dos Farrapos. Não queriam mais substituir o Presidente da Província de São Pedro. Queriam, sim, eleger o Presidente da República. A luta seria dos soldados do Exército Republicano do Rio Grande. Não era mais a luta de revoltosos, mas uma guerra de exército republicano contra exército imperial. A bandeira não era mais a imperial verde-amarela e não lutavam por reconhecimento, mas pela soberania do seu país.

No dia 12, foi lavrada a Ata de Declaração de Independência na qual declaravam não embainhar as espadas, e derramar todo o sangue, antes de retroceder dos princípios políticos. Várias cópias foram enviadas às câmaras municipais e aos comandantes do Exército Republicano.

Jaguarão, Alegrete, Cruz Alta, Piratini e outras províncias constaram em Atas Legislativas suas adesões. Na noite de 1° de outubro, Bento Gonçalves, levantou acampamento perto de Porto Alegrepara juntar-se a Neto e Domingos Crescêncio. Da lomba do Tarumã, seguiu a várzea do Gravataí, cruzou os rios dos Sinos e Caí, beirou o Jacuí, mas precisava atravessar na Ilha da Fanfa,em Triunfo, por causa das cheias. Na manhã seguinte, iniciou o cruzamento com dois pontões para 40 homens. De Triunfo, Bento Manuel, deslocou 660 homens a serviço do Império, para barrar a passagem de Bento Gonçalves. Alertou José de Araújo Ribeiro, que enviou o mercenário inglês John Grenfell, com 18 barcos de guerra, escunas e canhoneiras, guardando o lado sul. Os Farrapos só perceberam a armadilha depois que estavam na ilha. No dia 3, Bento Manuel fechou o cerco por terra, mas os farrapos resistiram valorosamente, na certeza de que as tropas de Crescêncio estavam próximas. Bento Manuel levantou a bandeira de “parlamento” e Bento Gonçalves aceitou negociar, entregou as armas e o acordo foi assinado na tenda de Bento Manuel, formalizando a capitulação no dia 4. Araújo Ribeiro chegou com John Grenfell, que ordenou a prisão dos Farrapos Bento Gonçalves, Tito Lívio, Pedro Boticário, José de Almeida Corte Real, José Calvet, Onofre Pires e outros, desprezando o combinado entre os dois Bentos. Outros líderes foram presos na Presiganga e encarcerados em Santa Cruz e no Forte Lage, no Rio de Janeiro. Apesar de preso, Bento Gonçalves recebeu visitas de amigos e simpatizantes do movimento e numa delas foi apresentado a Giuseppe Garibaldi, italiano, posteriormente cognominado “o Herói de Dois Mundos”.

A prisão dos líderes não alterou os planos dos revoltosos e no dia 6 de novembro de 1836, foi formalizada a votação na Câmara de Piratini para Presidente da República Rio-Grandense. Mesmo não estando presente, Bento Gonçalves venceu com José Gomes de Vasconcelos Jardim como primeiro vice-presidente. Vice interino, Vasconcelos assumiu com a incumbência de formar a Constituição da República Rio-Grandense. D. Pedro II mandou recrutar soldados paulistas e baianos e comprar armas e munições. Em 5 de janeiro de 1837, o imperialista Antero de Brito acumulou os cargos de Comandante das Armas e Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande, em Porto Alegre,prendeu civis, confiscou bens e puniu alguns com pena de desterro. Os Farrapos conheciam bem os pampas, tiveram o apoio de Lages de Santa Catarina, importante ponto da compra de armas e munições e recebiam adesões de militares descontentes com Brito. Bento Manuel não aceitou a auto-nomeação de Brito e continuou dando suas próprias ordens às tropas. Brito, saiu ao seu encalço e Bento fugiu, mudando de direção até 23 de março, quando deixou um piquete sob o comando de Demétrio Ribeiro que, de surpresa, caiu sobre as tropas de Brito e o prendeu.

A República Oriental do Uruguai oferecia suporte econômico, permitindo a exportação do charque produzido pelos rio-grandenses para o próprio Brasil, através do Porto de Montevidéu ou pelo Rio Uruguai.

Em 15 de março de 1837, Bento Gonçalves com os companheiros tentaram escapar da prisão, mas Pedro Boticário, muito gordo, não conseguiu passar na janela. Bento Gonçalves desistiu, mas Onofre Pires e Corte Real escaparam. Bento Gonçalves foi transferido para a Bahia em 26 de agosto e ficou preso no Forte de São Marcelo. Com o auxílio da Maçonaria, evadiu-se em 10 de setembro, ocultando-se em Itaparica. Chegou de volta ao Rio Grande do Sul, por Buenos Aires, no dia 16 e tomou posse como Presidente da República.

De 6 para 7 de novembro, pouco depois da fuga de Bento Gonçalves, houve um movimento em Salvador liderado pelo médico Francisco Sabino Vieira, com o nome de República Baiana ou Sabinada, que se aproveitara da reação popular contra o recrutamento militar imposto pelo Governo Imperial, rapidamente dominado, apesar de terem morrido por volta de mil pessoas.

A primeira conquista farrapa fora do Rio Grande do Sul foi em 9 de março de 1838, quando anexaram Lages à República Rio-Grandense com o apoio de alguns fazendeiros locais.

Bento Manuel Ribeiro e Antonio de Souza Neto, em 30 de abril de 1838, no comando de 1700 homens de infantaria e 800 de cavalaria, derrotaram Sebastião Barreto Pereira Pinto, Francisco Xavier da Cunha e Bonifácio Calderon, com 1200 homens de infantaria e cavalaria das forças imperiais, em Rio Pardo, deixando 71 mortos e mais de 130 prisioneiros, na chamada ex-tranqueira invicta. Rio Pardo e Rio Grande formavam a fronteira do domínio Imperial, ponto de apoio para a conquista do interior. Em Rio Pardo estava a Banda Imperial sob o comando do maestro mineiro Joaquim José Mendanha, que compôs o Hino Nacional da República Rio-Grandense, com letra de Serafim Joaquim de Alencastre, executado e cantado pela primeira vez na cerimônia de comemoração do primeiro aniversário da Tomada de Rio Pardo.

Em 29 de agosto, Bento Gonçalves lançou um importantíssimo manifesto justificando as decisões tomadas em favor da libertação do povo gaúcho, cujo teor refletiria mais tarde na assinatura doTratado de Poncho Verde. Concedeu a Giuseppe Garibaldi carta de corso para aprisionar embarcações imperiais e, em 1° de setembro de 1838, nomeou-o capitão-tenente, comandante da Marinha Farroupilha, porque a Marinha Imperial controlava os principais meios de comunicação da Província na Lagoa dos Patos, único acesso a Rio Grande, e rios navegáveis. Para burlar a vigilância dos imperiais, o objetivo era conquistar Laguna, em Santa Catarina, e ligar o Rio Grande dos Farrapos com o mar. Os farroupilhas criaram um estaleiro na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves, em Camaquã, junto a uma fábrica de armas, a fim de trazer os barcos até Capivari, com muitas dificuldades, sobre rodas, por terra, até a barra do Tramandaí, e o mar.

Sob o comando de Francisco Pedro de Abreu, o Moringue, mais de cem imperiais cercaram o galpão do estaleiro sob o comando de Garibaldi, com 14 trabalhadores, durante horas de heróica resistência. Moringue precipitou-se, levou um balaço no peito e seus companheiros fugiram.

O inglês John Pascoe Grenfell, comandante da Marinha Imperial, casado com a uruguaia Maria Dolores, perseguia os lanchões Seival com doze toneladas, comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como “João Grandão”, e o Farroupilha com dezoito toneladas, comandado por Garibaldi, com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna", na Lagoa dos Patos, mas eles entraram pelo Rio Capivari e, com dois eixos e quatro rodas imensas revestidas de couro cru, cada um, puxadas por cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos pelos campos alagados. Piquetes corriam os campos entulhando atoleiros e outros cuidavam da boiada, durante seis dias, até a Lagoa Tomás José, num percurso de 90 km, chegando a 11 de julho de 1839. No dia 13, foram da Lagoa Tomás José à Barra do Tramandaí e lançaram-se ao mar com 70 homens. Navegaram para Laguna no dia 14, sob o comando de David Canabarro, e próximo ao Rio Araranguá foram apanhados por uma tempestade que pôs a pique o Farroupilha, mas Garibaldi salvou-se com uns poucos farrapos. No dia 22, os imperiais esperavam o ataque pela barra de Laguna, porém com ajuda dos lagunenses, Garibaldi tomou a cidade com o Seival, entrando pela Lagoa de Garopaba do Sul e pelo Rio Tubarão, atacando também por terra com as forças de Canabarro. No dia 29, por estarem no mês de julho, proclamaram a República Juliana, ligada à República Rio-Grandense, com capital em Laguna, incorporando a vila de Lages e quase a metade do território catarinense, sob a responsabilidade de Canabarro. Em 7 de agosto, foi convocado o colégio eleitoral, tendo sido eleitos o tenente-coronel Joaquim Xavier Neves para presidente e o padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro para vice. Xavier Neves estava bloqueado pelas forças imperiais em São José e o padre Vicente Cordeiro assumiu a presidência. Os farroupilhas perseguiram as tropas imperiais por cerca de 70 quilômetros até a planície do rio Maciambu, mas foram contidos por uma trincheira dos imperiais protegidos pelo Morro dos Cavalos, que bloqueava o ataque a Desterro, hoje Florianópolis.

Em 31 de outubro, uma escuna e um lanchão farroupilhas capturaram a sumaca Dona Elvira, mas os canhões da fortaleza da barra de Paranaguá os fizeram retroceder. O lanchão por ser pesado foi capturado por uma lancha com vinte homens comandados pelo alferes Manuel Antonio Dias, enquanto a escuna escapava para o norte.

Os farrapos retornaram ao Rio Grande do Sul e, para retomar Lages, o governo imperial enviou o brigadeiro Francisco Xavier da Cunha com um contingente de 1500 homens do Rio de Janeiro, Curitiba, Paranaguá, Antonina e Campo do Tenente, que reuniram-se em Rio Negro, acamparam em Santa Cecília, em 25 de outubro, com o objetivo de retomar Lages e combater os farrapos no cerco a Porto Alegre. Pelos Campos Curitibanos e Campos Novos, combatendo piquetes farroupilhas, em novembro, retomaram a vila de Lages e uma parte da coluna do brigadeiro Francisco Xavier da Cunha seguiu para o Rio Pelotas. O brigadeiro foi informado de que os farrapos se reuniam em um posto alfandegário para cobrar impostos sobre gado e mulas de Viamão para Sorocaba, no entreposto alfandegário em Santa Vitória, e para lá se dirigiu com dois mil homens, mas foi surpreendido por Teixeira Nunes, em 14 de dezembro, que dividiu a tropa imperial, derrotando-a. O brigadeiro foi ferido e morreu afogado no Rio Pelotas. Os farroupilhas retomaram Lajes, mas uma divisão de Cruz Alta comandada pelo coronel Antonio de Melo Albuquerque, o "Melo Manso", reforçou as forças imperiais. Garibaldi e Teixeira Nunes dividiram suas tropas e, em 12 de janeiro de 1840, os 500 homens que seguiram para o norte foram dizimados por uma tropa legalista e menos de 50 conseguiram voltar para Lages e Rio Grande do Sul.

Em 15 de novembro de 1839, o Almirante Frederico Mariath com 13 navios e o General Andréa no comando de três mil homens, por terra, retomaram Laguna e expulsaram Garibaldi com Ana de Jesus Ribeiro, sua inseparável companheira lagunense, abandonada pelo marido para alistar-se nos imperiais, Canabarro e os farrapos, que fugiram para Lages e para o Rio Grande do Sul. Garibaldi recebeu ordem de queimar os seis navios e juntar o que restou das tripulações ao exército de terra, para a retirada de Laguna. Na Itália ou nos pampas gaúchos, Anita lutou lado-a-lado com Garibaldi, onde é considerada heroína.

Em 1840, o General Andréa foi nomeado Presidente Imperial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e Comandante do Exército Imperial na Província. Os farroupilhas controlavam o interior, mas não tinham saída para o mar e Porto Alegre foi invadida pelos imperiais, obrigando-os a instalar a capital em Alegrete.

Onofre Pires foi preso com 250 farroupilhas, derrotados por João Propício Mena Barreto no combate de Tabatingaí, e levado para Porto Alegre. Em julho, perderam São Gabriel, Antonio de Souza Neto por pouco não foi preso pelo Moringue, até que Bento Gonçalves conquistou São José do Norte com Domingos Crescêncio de Carvalho e 1200 homens, numa batalha de quase nove horas, mas os farrapos se embriagaram e foram expulsos pelas forças vindas do Rio Grande. Por estes acontecimentos, em janeiro de 1841, Bento Manuel abandonou os revolucionários.

Em novembro de 1841, Chico Pedro fez 20 prisioneiros e tomou 400 cavalos dos Farroupilhas, perto de São Gabriel; em Rincão Bonito o coronel João Propício Mena Barreto provocou 120 mortes, fez 182 prisioneiros e tomou 800 cavalos; em 20 de janeiro, Bento Gonçalves e 300 homens atacaram Chico Pedro. 36 farroupilhas morreram, 20 foram presos e perderam a bagagem, enquanto os imperiais tiveram 3 mortes e 7 feridos.

Em 1842, Bento Gonçalves conseguiu a promulgação da Constituição da República. Em maio e junho, como protesto à declaração da maioridade e coroação de D. Pedro II, aos 15 anos, liderado pelo padre Feijó e Coronel Tobias de Aguiar, em São Paulo, e por José Feliciano Pinto, Cônego Marinho, Teófilo Otoni e outros, em Minas, houve a Revolução Liberal. Apesar da encarniçada Batalha campal que envolveu 4300 homens, foi rapidamente pacificada pelo Barão de Caxias, no Arraial de Santa Luzia do Sabará, resultando na prisão dos principais líderes, anistiados em 1844.

O fim das rebeliões trouxe novos reforços aos farrapos: Manoel Gomes Pereira, que financiou a fuga de Bento Gonçalves e dele recebeu o posto de coronel; Francisco José da Rocha, que teria vindo com Bento Gonçalves e era a maior autoridade maçônica na Província, recebeu o posto de tenente coronel, causa do abandono de Bento Manuel aos Farroupilhas e João Rios Ferreira e Manoel Gomes Pereira, que conseguiram evadir da Sabinada e juntar-se aos Farrapos. Além destes, vieram Daniel Gomes de Freitas, João Rebelo de Matos, Bento José Roiz, José Pinto Ribeiro, João Francisco Régis, militares transferidos da Bahia que se rebelaram na Fortaleza da Barra do Sul, na Ilha de Santa Catarina, entregando a fortaleza aos Farrapos e se juntando ao movimento, em 1839. De São Paulo, veio também Rafael Tobias de Aguiar.

Apesar destas vantagens dos Farrapos, o fim das rebeliões liberou também as tropas imperiais para os combaterem.

Diz o velho adágio que “Depois da onça morta, todo mundo é caçador!...”. Assim aconteceu com Bento Gonçalves!... Depois de sete longos anos de luta pela emancipação política da República, quando da instalação da Assembléia Constituinte em dezembro de 1842, publicada em fevereiro de 1843, surgiram políticos inteligentes disputando o privilégio de superar a maioria do grande líder contra a minoria de Antonio Vicente da Fontoura, no momento em que necessitavam de maior união para combater o poderoso inimigo do Império. Pelas intrigas geradas, Bento Gonçalves renunciou à Presidência em 4 de janeiro, passou o cargo ao vice Gomes Jardim, com o argumento de uma infecção pulmonar e assumiu o comando de uma divisão do Exército Rio-Grandense. Antonio Vicente da Fontoura e outros induziram Onofre Pires, refinado falastrão e primo de Bento, acusá-lo de ladrão e ter assassinado Paulino da Fontoura. Bento Gonçalves exigiu as acusações por escrito e Onofre atendeu. Após a confirmação, no dia 27 de fevereiro de 1844, Bento desafiou Onofre para um duelo à espada, feriu-o no braço direito e socorreu, mas quatro dias depois Onofre faleceu vítima de gangrena.

Em 1842, os Farrapos eram apenas 3500 homens e D. Pedro II enviou Luís Alves de Lima e Silva, Barão e futuro Duque de Caxias como Presidente da Província e Comandante Supremo Imperial, em 9 de novembro, com 12000 homens, para enfrentá-los. Versado em táticas de guerra, o barão empregava os conhecimentos com o objetivo de enfraquecê-los, mas não os conseguia atrair para a luta em campo aberto porque eles evitavam o combate e aplicavam apenas técnicas de guerrilha, refugiando-se no Uruguai. Para estrangular a economia, o barão atacou as cidades fronteiriças que permitiam o escoamento do charque para Montevidéu e Laguna, reorganizou o exército, chamou Bento Manuel Ribeiro, do Uruguai, para seu Estado Maior e comprou cavalos para os Farrapos não terem montaria.

Dois anos depois, Rivera ofereceu-se para intermediar as negociações entre republicanos e imperialistas, mas como o império temia a intervenção de Juan Manuel José Domingos Ortiz de Rozas y Lopez de Osornio a fim de propor anistia dos farroupilhas, incorporação no Exército Imperial, escolha do Presidente da Província pela Assembléia Provincial e taxação do charque importado do Prata, Caxias enviou Manuel Luís Osório para informar a Antonio Vicente Fontoura que recusava a proposta, mas poderia tentá-las sem a intervenção de terceiros. Além do mais, havia a questão dos escravos anistiados pelos republicanos, que não poderia ser reconhecida pelo Império.

Em novembro de 1844, Moringue aniquilou de surpresa 100 Lanceiros Negros de Teixeira Nunes que descansavam desarmados no acampamento do arroio Porongos, enquanto Canabarro e seus oficiais visitavam a viúva de um farrapo numa estância, quebrando o decreto de suspensão das armas, tendo prendido 35 oficiais, entre 300 republicanos brancos e negros. Em dezembro, Canabarro reuniu perto de 1000 homens e tomou Encruzilhada.

Depois de quase dez anos de guerra e 47829 mortes, em primeiro de março de 1845 foi assinado oTratado do Poncho Verde ou Paz do Poncho Verde com anistia plena para os republicanos, escolha de um presidente pelos farroupilhas e libertação dos escravos, dos quais uns foram exilados no Uruguai e muitos outros foram vendidos no Rio de Janeiro.

A atuação de Luís Alves de Lima e Silva foi tão nobre e correta para com os oponentes que a Província, novamente unificada, o indicou para senador. O Império, reconhecido, outorgou ao general o título nobiliárquico de Conde de Caxias, em 1845. Mais tarde, em 1850, com a iminência da Guerra contra Rosas, seria indicado presidente da Província de São Pedro do Rio Grande.”(Guerra dos Farrapos – Wikipédia, a enciclopédia livre.)

HIPOTÉTICAS CONJECTURAS ALTERNATIVAS

I – O MOVIMENTO FARROUPILHA

Considerando as convenções dos tratados entre as nações européias, especificamente os de Toledo e Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, vamos encontrar um Brasil delimitado pelo meridiano que vai de Belém, no Pará, a Laguna, em Santa Catarina, separando Goiânia de Brasília e outros afins, o que daria ao nosso país o formato limitado de um bodoque ou arco indígena.

Além disto, de 1582 a 1616, os portugueses lutaram bravamente para afastarem os franceses do Nordeste e, em 1670, os holandeses de Pernambuco.

Se não fossem as bravas lutas dos portugueses, dentro do território brasileiro teríamos o Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, metade do Tocantins, Goiás e São Paulo falando castelhano; Belém, no Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba falando francês; Pernambuco falando holandês; e Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, metade do Tocantins, Goiás e São Paulo falando português. Graças porém ao período de 1580 a 1640 que estivemos sob o domínio espanhol, à intrepidez dos bandeirantes que extrapolaram Tordesilhas, à inacessibilidade dos Andes, à densidade da floresta amazônica e à coragem indomável dos portugueses no combate aos franceses e holandeses,pudemos estender os nossos limites a dimensões continentais com quase nove milhões de quilômetros quadrados.

Nestas conjecturas, deparamo-nos também com as questões do Acre que deveria pertencer à Bolívia, mas graças à participação decisiva do gaúcho Plácido de Castro foi anexado ao território brasileiro, e do Uruguai e Região Sul, cujas epopéias foram basicamente o foco deste nosso enfoque.

Conjecturando hipoteticamente as alternativas dos desfechos inversos, quedam-se no imaginário as questões que jamais poderão ser respondidas:

1 - Naquele momento, desaparecia a Revolta Farroupilha e iniciava a Guerra dos Farrapos. Não queriam mais substituir o Presidente da Província de São Pedro. Queriam, sim, eleger o Presidente da República. A luta seria dos soldados do Exército Republicano do Rio Grande. Não era mais a luta de revoltosos, mas uma guerra de exército republicano contra exército imperial. A bandeira não era mais a imperial verde-amarela e não lutavam por reconhecimento, mas pela soberania do seu país.

No dia 12, foi lavrada a Ata de Declaração de Independência na qual declaravam não embainhar as espadas, e derramar todo o sangue, antes de retroceder dos princípios políticos.

Em 6 de novembro de 1836, foi formalizada a votação na Câmara de Piratini para Presidente da República Rio-Grandense. Mesmo não estando presente, Bento Gonçalves venceu com José Gomes de Vasconcelos Jardim como primeiro vice-presidente.

Se a República Rio-Grandense houvesse vigorado, o que teria sido das personalidades ou instituições do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a exemplo de Ana Rickmann, Berenice Azambuja, Brito Júnior, Canal Rural, Dunga, Elis Regina, Emílio Médici, Érico Veríssimo, Ernesto Geisel, Esperidião Amin, EUCATUR, Gaúcho da Fronteira, Getúlio Vargas, Gisele Bündchen, Graziela Massafera, Gustavo Kürtner, Itaipu, João Goulart, Leonel Brizola, Felipão, Luiz Fernando Veríssimo, Negrinho do Pastoreio, Nelson Gonçalves, Pedro Simon, Plácido de Castro, Rádio e TV Rural, Roberto Requião, Ronaldinho Gaúcho, Teixeirinha, UNIMED, Werner Schunneman, Xuxa, pois que fazem parte da nossa História, mas não seriam brasileiros ou brasileiras?!...

II – ALEMÃES NO BRASIL

Pela necessidade da mão de obra, em 1822, na transição do processo de libertação da independência do Brasil, D. Pedro ofereceu passagens, 78 hectares de terra, cento e sessenta réis anuais e certa quantidade de bois, vacas, cavalos, porcos e galinhas para cada pessoa de cada família da Europa interessada na colonização brasileira. Em 18 de julho de 1824, chegou a primeira leva de 39 alemães a Porto Alegre e no dia 25 no Rio dos Sinos. De 1824 a 1830 chegaram ao Brasil 5350 alemães; dez mil de 1844 a 1850, dez mil de 1860 a 1889, ano da proclamação da República e um ano depois da abolição da escravatura, e 17 mil de 1890 a 1914, perfazendo um total de 42389 alemães. Para se afastarem da Revolução Farroupilha, em 1830, apesar de Otto Heise, Samuel Kerst e Gaspar Stephanovsky, terem participado da ideologia de substituir a monarquia pela república, em Porto Alegre, os alemães se deslocaram para Santa Maria e em seguida dispersaram-se, criaram nos vales dos rios Taquari, Pardo e Pardinho as colônias de Santa Cruz do Sul, Santo Ângelo e Santa Maria do Mundo Novo. Na Lagoa dos Patos, criaram a colônia de São Lourenço do Sul. iníciaram o fabrico de sapatos, têxtil e algodão, em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Proclamada a República no Brasil, o governo do Rio Grande do Sul incentivou a colonização particular e o Estado do Rio Grande do Sul foi transformado em zona colonial, tendo eles atravessado o Rio Uruguai e migrado para Santa Catarina e Paraná, depois de ter criado, no século XX Ijuí, Santa Rosa e outras no norte da Argentina e no Paraguai. Depois da Segunda Guerra, um grupo de famílias que chegaram em Santa Catarina em 1930, fixaram-se em Bagé, entre 1949 e 1951, encerrando-se aí a migração alemã.

Com a chegada e colonização dos alemães na Região Sul, a exemplo das Ilhas Malvinas que pertencem à Inglaterra, teria sido ela uma sucursal que facilitaria o acesso do Terceiro Reich na América do Sul?!...

III – PROVÍNCIA CISPLATINA

De 1825 a 1828, Brasil e Argentina lutaram pela posse das terras do Uruguai. Entre 11 e 27 de agosto de 1828, assinaram uma "Convenção Preliminar de Paz", na qual a Província Cisplatina tinha sua independência reconhecida pelos dois países. No dia seguinte, o Brasil assinou com as Províncias Unidas do Rio da Prata o Tratado do Rio de Janeiro ratificado em 4 de outubro, acordando que a província estaria definitivamente independente e, se necessário, combateriam para assim permanecer, enquanto o Brasil recuperava o Território da Missões.

E, finalmente, se a Província Cisplatina não se houvesse desmembrado do Brasil e transformado na República do Uruguai, seria El Loco Abreu com suas cavadinhas mais um dos grandes craques da Seleção Brasileira?!...