* - A Fazenda Do Meu Avô

A Fazenda do Meu Avô

Raul Santos

O que vou contar, é a mais pura verdade, até que se provem o contrário, naturalmente.

Pois, muito bom! Meu avô, nos idos de mil oitocentos e Adão e Eva, tinha uma enorme fazenda às margens do Jequitinhonha, que banha os Estados das Minas Gerais e da Bahia. Os acontecidos, eu não presenciei, porque não tinha nascido, mas quem me contou, deu tanta garantia que, mesmo querendo, não posso deixar de acreditar. Sendo assim, vamos lá:

Meu avô era fascinado por peixes. Não era fascinado por pescarias, não. Ele era fascinado pelos peixes, ao ponto de ter um enorme criatório de piaus, traíras e muitas outras espécies. Tinha até um tubarão que subiu o rio, pela cidade de Belmonte, quando soube do carinho ictíico do vovô. Uma baleia tentou subir também, mas a profundidade era pouca e a bichinha não conseguiu passar. Acontecimento tão lamentável que até hoje o povo chora desconsolado.

Os peixes eram tão amigos que pelo simples fato de ouvirem a voz do meu avô, todos, indistintamente, cem por cento, colocavam as cabecinhas para fora da água, de uma vez só, ou por espécie, ou mesmo um de cada vez, conforme o vovô ia chamando pelos nomes. Quando queria visitar a fazenda do outro lado do rio, não tinha necessidade de canoa, bastava um assobio e subiam todos de vez, formando uma ponte viva de peixes, que ia de uma margem à outra. Vovô atravessava com toda tranquilidade, tanto na ida quanto na volta, quantas vezes desejasse por dia.

Tinha também um criatório de patos, tão grande, que começaram a passar para o outro lado do rio e ainda não terminaram de passar. Os peixes faziam revezamento na ponte, e quando cansaram, desistiram. Foi quando os primeiros patos começaram nadar. E foi passando de geração para geração, que até hoje, quem anda por aquela região, ainda consegue ver os patos atravessando, porque quanto mais atravessam, mais a reprodução cresce e nunca terminam de passar, quer dizer, a ponte que era feita de peixes, hoje é feita só de patos.

A fazenda era tão grande que podia se dar ao luxo de repartir em agricultura, pecuária, criação de cavalos e outras atividades. Tinha um manga-larga de estimação e não havia um só dia que o vô não mandasse o negrinho Benedito, buscar no pasto para babaricar o cavalo.

Certo dia, porém, o Benedito foi pegar o Mangalhão, nome do cavalo, por causa do enorme pênis que, quando ereto o levantava do chão, e não encontrou. A coisa pegou fogo, o Benedito entrou no couro, ficou de castigo, mas não teve jeito, o Mangalhão desapareceu. Um mês se passou e certo dia vieram dizer ao meu avô que o cavalo tinha sido visto na fazenda do coronel Orozimbo, do outro lado do rio. Foi aí que a coisa ferveu! O coronel queria comprar o animal e meu avô não vendia por dinheiro nenhum. Quase deu briga, mas a dona Inhá Pimenta, viúva, fazendeira, vizinha e amiga dos dois, apaziguou, e o Mangalhão foi trazido de volta, porém ficou todo mundo intrigado, sem saber por onde tinha atravessado, se não foi de canoa ou na ponte dos peixes, por onde atravessava, mas só quando o vovô estava montado.

Um belo dia, o Benedito foi novamente pegar o Mangalhão e não encontrou no pasto. O rapaz começou a se preocupar com a peia, mas o seu Serafim disse que o tinha visto na roça de mandioca. Ele correu e teve tempo de ver o cavalo entrar por um buraco, no chão. Colocou o cabresto e contou pro meu avô, que foi investigar, mas qual não foi a surpresa ao entrar no buraco e constatar que era uma raiz de mandioca. Durante os trinta dias que estivera desaparecido, o Mangalhão tinha ficado debaixo do rio Jequitinhonha, comendo a mandioca, até que saiu do outro lado, na fazenda do coronel Zimbu. Bom, que a amizade continuou!...

Outro dia o coronel foi visitar meu avô e durante o papo, disse que tinha um negrinho bom de mandado. O vovô retrucou, dizendo que não era melhor do que o Benedito, e se puseram a discutir. Na dúvida, chamou o menino e disse:

– Benedito, pega a canoa e vai no compadre Mané buscar uma pinga!...

– Sim, senhor, Padrinho, é pra já!...

Benedito saiu voando. O vô marcou o tempo, e disse:

– Tá pegando o remo!... Tá descendo a ladeira!... Tá desamarrando a canoa!... Agora, pra subir o rio, vai gastar uns quinze minutos!... – (marcou o tempo) – O compadre Mané sabe que não gosto de demora, e já está despachando!... Tá descendo a ladeira!... Tá desamarrando a canoa!... Vai descer o rio em dez minutos!... – (marcou o tempo) – Tá amarrando a canoa!... Tá subindo a ladeira!... Tá chegando, quer ver?!...

– Benedito?!...

– Senhor, Padrinho?!...

– Trouxe a pinga?!...

– Já vou, Padrinho, tô procurando o remo!...

O Benedito tinha podado uma laranjeira muito frondosa e os galhos ficaram no chão, secando por um bom tempo. Certo dia, um galo saiu correndo atrás de uma galinha, que achou de se esconder debaixo da galhada, deixando somente a cabecinha de fora. No afã sexual, o galo veio atrás, pulou de qualquer jeito e quando sentiu ser o momento, abaixou para a cópula, mas acertou bem na ponta de um espinho. É de se imaginar o pulo e o grito que o pobre coitado deve ter dado, mais ou menos assim:

– Quiáááááááááááuuuuuuuu!!!!!!!!!!........

– Não é para sentir?!...

– Qualquer um sente!...

– Cuidado com os espinhos das laranjeiras!...

– Principalmente os secos!...

O Vô tinha um coqueiral muito bonito, porém um coqueiro, especificamente, era da sua preferência, mas parecia haver uma conspiração contra ele. Sempre que um cacho estava no jeito para beber a água, aparecia um engraçadinho e colhia todos, ficando ele na saudade. Certo dia, não agüentou mais, se aborreceu, marcou um, e disse:

– Aquele coco é meu!... Quem beber, vai se ver comigo!...

Foi o bastante!... Ninguém colheu, e o fruto cresceu. Certo domingo, saiu todo mundo para a missa e ele ficou sozinho, em casa. Por volta das nove ou dez horas, quando o sol estava bem bonito, resolveu tomar a água. Mal saiu na porta, no entanto, duas araras bicavam o seu coco. Aborrecido, pegou a espingarda, mas viu uma paca embaixo, comendo os farelos que caiam. Daí, ficou na dúvida, entre atirar nas araras ou na paca,

Enquanto vacilava, as araras enfiaram as cabeças no buraco do coco e debateram tanto que que se soltou e caiu sobre a paca. No susto, a espingarda caiu da mão, disparou e o chumbo acertou um veado que passava, perseguido por um bando de cachorros.

Tinha também um milharal, mas os macacos não davam trégua: atacavam todos os dias. Certa vez, escondeu-se dentro da roça e na hora que a macacada chegou, saiu na perseguição, mas fugiram. Um dos bichos perdeu o rumo e em vez de ir para a mata, foi para o campo aberto e subiu num coqueiro. Meu avô estava com muita raiva e perseguia o bichinho, que pulava de um para o outro. Em dado momento, começaram a ficar mais distantes. O macaco saltou de um coqueiro, e o vovô com a espingarda, acompanhando o lance, pronto para atirar. Quando o mico viu que não conseguiria alcançar o outro coqueiro, parou no meio do salto e, num impulso, voltou para o que estivera antes e se perdeu para os lados do brejo.

O vovô estava desistindo de brigar, pois não conseguia superar as artimanhas dos símios, mas certo dia, um burro velho que ele usava para a cangalha, pediu:

– Se você prometer não me colocar mais carga, eu vou te livrar dos macacos!...

– O vô vacilou, quis discutir, mas o burro foi taxativo:

– É pegar ou largar!... Pensa no milho!...

Aceitou! O burro se deitou num ponto estratégico, como se estivesse morto. Os macacos chegaram e foram tampando os narizes, praguejando:

– Vamos tirar esse bicho fedorento daqui, pra a gente poder comer!...

Cortaram rodas de cipó do mato, amarraram na cintura do burro e nas deles, para arrastarem. O burro sentiu que estava sendo deslocado, levantou-se e saiu em desabalada carreira pela mata. Os macacos agarravam as folhas de capim tiririca, cortavam as mãos e soltavam. Em determinado momento, um macaquinho bateu com a cabeça num toco e ficou com os dentinhos de fora, morto. O que estava mais próximo, gritou:

– Chico! Chico! O assunto é sério, Chico! Não é pra rir, não, Chico!...

A fazenda tinha um pé de jaca mole que era a paixão da região. Os frutos eram tão doces que mais pareciam de mel de abelha. Certo dia, o Benedito subiu na jaqueira para se deliciar com uma delas. Colheu a maior e mais macia, sentou-se num galho e devorou. Quando descia, esqueceu que a barriga estava cheia e os braços não alcançavam a circunferência da árvore. Despencou da altura de uns quatro ou cinco metros, e foi estatelar-se de barriga sobre uma raiz que estava exposta. Quando o encontraram, desmaiado, os bagos que voaram mais próximos estavam a uma distância aproximada de dois a três metros da boca do coitado.

O vovô foi pioneiro na técnica de criar gado confinado. Com muitas estacas, arame farpado, muitos grampos de cerca pregados e perdidos e muitos calos nas mãos, repartiu as pastagens em centenas de áreas de um hectare. Uma das cercas passou dentro do brejo próximo da roça de milho, e foi lá que certo dia o Benedito saiu para caçar patos, mas era tão desastrado que levou o chumbo e esqueceu da pólvora. Da beira do banhado, pelo capim alto, viu na água vinte e dois patos nadando confortavelmente. Não vacilou! Enfiou a mão na capanga, contou vinte e dois caroços de chumbo, colocou o pouco de pólvora que tinha, pela boca da espingarda, socou a bucha, derramou o chumbo, socou de novo a outra bucha, apontou e disparou em leque, mas teve a surpresa de ver que somente vinte e um patos ficaram na água e um saiu voando. Mergulhou para retira-los e, enquanto enfiava num saco, notou um macaco boiando junto da cerca. Em casa, descobriu que o vovô tinha ido perseguir os macacos na roça de milho e um tinha se afastado do grupo para o coqueiral e se perdera para os lados do brejo. O pobre coitado escapou do vô, mas foi atravessar por cima da cerca, exatamente na hora que o Benedito disparou a espingarda para caçar os patos, e levou chumbo.

A propósito, quando o Benedito estava fazendo a cerca, o vô percebeu que estava gastando muitos grampos, e perguntou:

– Benedito, você não tá perdendo grampo, no mato, não?!... – E ele respondeu:

– Não senhor, padrinho, quem tá perdendo é o senhor. Foi quem comprou!...

De uma gincana na escola da vila, uma das tarefas era vestir alguém de palhaço e contar a mais recente fofoca do local. O escolhido, muito lógico, foi o Benedito que tinha tomado uns conhaques e quando chegou no palanque, perguntou:

– Que qui eu tenho de fazer, agora, hein?!...

– Agora, vai contar a mais recente fofoca da cidade!... – Respondeu o coordenador.

– Só uma?... Tem um monte!...

– Não!... Basta uma!...

– Ta bom!... Cês tão vendo aquele cara naquele fusca vermelho, lá em cima?... Pois é, ele é metido a machão, mas agora mesmo o professor Jorge tava alisando as pernas da mulher dele, aqui no palanque!...

O fusca sumiu tão depressa que ninguém viu para onde foi...

Na fazenda tinha uma cadela bull-dog, que era a coisa mais incrível que eu já vi, quer dizer, que me contaram, porque eu não tinha nascido ainda. Não tinha um touro que ela não agarrasse e dominasse. Certa vez, um nelore que não deixava ninguém encostar, embrenhou-se na mata e virou o terror da região. Por mais de mil léguas nas redondezas, era o que se ouvia falar. As onças, com medo dos enormes chifres do monstruoso touro, fugiram da floresta, depois que ele se apossou do pedaço. O Benedito, quando viu que não tinha mais o que fazer, chamou a Priquitona, era o nome da cadela, por causa do tamanho avolumado da vulva, e soltou na floresta. Em menos de dez segundos, desapareceu das suas vistas e ele passou setenta e duas horas rodando pelo mato, em busca dos dois animais.

Depois de três dias de busca incessante, subitamente, deu com uma clareira, que era uma derrubada diferente, porque as árvores estavam todas reviradas de raiz para cima. O Benedito estranhou, pois não tinha ouvido falar de nenhuma tempestade, mas lá no meio do estrago estava a causa do furacão: a Priquitona tinha encontrado o Matador e depois de muita luta, ela agarrou-lhe o focinho e passou os três dias com os dentes cravados. Com as sacudidelas, tinha arrancado os dois chifres, que, desde essa época, nunca mais se viu um nelore chifrudo. O bicho não agüentou o peso da cachorra e baixou a cabeça, até encostar no chão. Daquele dia em diante, ele passou a ser o mascote das crianças da fazenda, de tão manso que ficou. Dizem que só de ver a Priquitona, deitava e rolava, como um cachorrinho de estimação.

Mas, por falar em cachorrinho, ela tinha um ponto fraco. Era apaixonada por um cãozinho pequinês, da minha avó, que, coitado, em época de cio, por mais que tentasse, somente conseguia alcançar com as patinhas a enorme e desejável vulva, exageradamemente aumentada pelo processo fecundatório. Fascinante foi a maneira que ela encontrou para solucionar o impasse. Lá tinha uma casa com uma escadinha na entrada, de uns cinco degraus. Pois bem, ela se posicionou embaixo da escada, de maneira que ficava quase sentada. O cachorrinho subiu os degraus e, incrível, mas através desse pequeno expediente, puderam copular e dali nasceu uma ninhada dos mais belos filhotinhos que se pôde ver nas redondezas. O problema foi a vergonha, quando souberam que o pai deles era um pequinês. Ficaram tão revoltados que até hoje se têm notícias dos estragos feitos pelos cães da raça pitbull, oriunda desse cruzamento.

Também foi da fazenda do meu avô que ouvi a história da mais romântica declaração de amor, entre a Ritinha, caboclinha fogosa de quinze para dezesseseis anos, cabelos negros e lisos que escorriam pelos ombros, quadris em franco desenvolvimento que prometiam ancas desejáveis e seios pequenos mas acusadores que mais tarde seriam visivelmente volumosos, e Docácio, caboclo magro e um pouco desdentado, cabelos crespos mais parecidos com telhas de amianto, quando penteados, e só ia à cidade de vez em quando, aos sábados, vender farinha de mandioca e fumo de rolo, mas que por isto mesmo se considerava um expert na arte de conquistar. Um dia, ela estava sentada em uma pequena colina, trajando um belo vestido de chita, caído displicente no meio das pernas, ligeiramente entreabertas. O Docácio aproximou-se, armou a mão direita em concha, e sem mais rodeios, pediu:

– Ô, minha fiinha, mim dá um tiquim?!...

Como se esperasse o pedido, ela arriou lentamente o corpo para trás, levantou a saia das pernas entreabertas, deixando a bela vulva, com a pelagem ainda em formação exposta à visão extasiada do conquistador, que, sem titubear, penetrou-a, copulou por alguns minutos, ejaculou, retirou o pênis e disse:

– Depois eu quero mais, viu, minha fiinha?!...

– Tá certo!...

De uma moita próxima, saiu o Benedito que a tudo tinha presenciado e disse:

– Eu tomém quero, viu dona Ritinha?!...

– Ta bom, podo vim!...

Décadas depois, um cantor humorista chamado Juca Chaves ouviu a história do Docácio com a Ritinha e ficou tão fascinado com o romantismo da declaração que a transformou em poesia de um lirismo impressionante, na rima, assim:

“Ó, Dama por quem me aflijo,

Vos suplico, permitais

Que intruduza o com que mijo

No por onde vós mijais?!...”

O Benedito estava tirando leite numa manhã chuvosa e a vaca abanava o rabo, enchendo o balde de lama. Ele pegou uma corda e amarrou-o numa viga do teto. Terminado o serviço, foi esvaziar a bexiga. Quando sacudia o bilau, atrás da vaca, a Ritinha entrou e gritou:

– Benedito, que q’cê ta fazendo com essa vaca?!...

Calmo, o negrinho respondeu:

– Ah, ela tava me encheno o saco e eu tava esvaziano a bexiga!...

Outro dia, o Benedito estava sentado numa pedra da cachoeira, descascando umazinha, e a Ritinha chegou bem devagarzinho, por trás dele, flagrando a cena, e gritou:

– Aí, né, seu safado?... Vô contá pra todo mundo!...

O negrinho, desesperado, implorou, com medo da vergonha:

– Ô, Ritinha num conta, não, qui ieu vorto!... – E virou a mão ao contrário, por cima do pênis, como se estivesse desfazendo a masturbação.

Um dia, o Benedito estava indo para a roça e no meio do pasto viu o estouro da boiada. Escondeu-se atrás de uma árvore, até que o perigo passasse. Em instantes, percebeu sobre o lombo de uma vaca a pata esquerda de uma pintadona, que tentava a todo custo colocar as outras três, mas com a velocidade, por mais que tentasse, não estava conseguindo. A boiada corria tanto, e a vaca passou tão perto, que a onça se chocou contra a árvore atrás da qual ele se escondia e caiu meio tonta, mas recuperou-se, e tentou continuar a perseguição. O azar foi a presença da Priquitona, que estava indo com o Bené para a roça e pulou sobre a onça, conseguindo abocanhar-lhe o rabo. Na velocidade em que a fera arrancou, saiu pelo buraco da boca e deixou o couro inteiro com a cadela, como alguém que tira um casaco. Meu avô mandou curtir, e minha avó encheu com roupas velhas. Depois que eu nasci, minha brincadeira preferida era cavalgar aquela beleza de decoração da sala.

O Benedito era metido a caçador de onças. Um dia, se preparava uma tocaia, e ele foi se aliviar de um incômodo intestinal, na beira do córrego. Subiu numa árvore caída e acocorou na forquilha. Estranhou um barulho, como galhos quebrando e verificou que eram as orelhas de uma pintadona preparando o salto nas suas costas. Sem pensar em folhas de mato, por falta de papel higiênico, despregou-se numa carreira tão desabalada, que os calcanhares fustigavam-lhe os glúteos, com a onça no seu encalço. Em determinado momento, ela deu um salto e foi cair bem nas costas do pobre Benedito, que, safado como era, valeu-se do dedo mindinho e siriricou a vulva da bicha, até que ela começou a rolar sobre a relva do caminho. Ele aproveitou a trégua sexual e deixando-a a ronronar, deu pernas a correr na direção do barraco dos peões. Quando ela sentiu a falta das carícias, retomou a carreira atrás do amante de momento, que, quanto mais ela corria, mais ele se despregava na estrada. A porta da cabana estava fechada, mas ele pulou a janela e gritou para os dez caçadores que se preparavam para sair:

– Vão tirando o couro desta, que vou buscar outra!...

Eles a agarraram na unha e notaram que o couro era muito superficial. Concluíram, então, que tinha sido a mesma que a Priquitona abocanhara o rabo, e estava com o couro novinho, quer dizer, havia regenerado.

Ela não deu mesmo sorte nos encontros com o Benedito!...

Pelo que me contaram, esta é a mais pura verdade!...

Início: 17/02/2007

Mutum Paraná, Porto Velho - Rondônia.

Término: 09/08/2007

Abunã, Porto Velho – Rondônia.