Principais Intercorrências

PREVENÇÃO E MANEJO DAS PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À AMAMENTAÇÃO

PEGA INCORRETA

A pega incorreta da região aréolo-mamilar faz com que a criança não consiga retirar leite suficiente, levando à agitação e choro frequente. A pega inadequada, só no mamilo, provoca dor e fissuras e faz com que a mãe fique tensa, ansiosa e perca a autoconfiança, acreditando que o seu leite seja insuficiente e/ou fraco. Portanto deve ser feita observação da pega ainda na maternidade e a cada visita domiciliar ou consulta.

FISSURAS (RACHADURAS)

Geralmente as fissuras ocorrem quando a amamentação é praticada com o bebê mal posicionado, quando a pega está incorreta ou há suspeita de alguma disfunção oral do bebê, como a Anquiloglossia (língua presa). A técnica correta ao amamentar, não oferecer a mama ingurgitada, manter as mamas secas, não usar sabonetes, cremes ou pomadas, ajudam na prevenção de fissuras. Atualmente, recomenda-se tratar as fissuras com leite materno ao final das mamadas, não sendo mais recomendado o tratamento seco, devendo-se evitar banho de sol, luz e uso de secador de cabelos. O tratamento úmido, pela manutenção da umidade das camadas internas da epiderme leva a uma maior eficácia da cicatrização.

MAMAS INGURGITADAS

Acontecem, habitualmente, do terceiro ao quinto dia após o parto (Apojadura), entretanto pode acontecer a qualquer época da amamentação. Importante saber diagnosticar o ingurgitamento fisiológico que ocorre na apojadura e ocasiona uma sensação de inchaço das mamas, mas que ao serem drenadas o problema é sanado, do ingurgitamento patológico. Neste último, as mamas são dolorosas, edemaciadas (pele brilhante), às vezes, avermelhadas e a mulher pode ter febre, mal-estar e os mamilos ficam duros e achatados e o leite não sai.

Como forma de prevenção do ingurgitamento deve-se estimular mamadas frequentes e em livre demanda (sem horários preestabelecidos); evitar o uso de complementos; a pega e a posição para amamentar precisam estar adequadas. Quando as mamas estiverem cheias, com produção de leite superior à demanda, devem ser ordenhadas manualmente, para facilitar a pega, evitar fissuras e demais complicações. É necessário o uso de sutiã com alças largas e firmes; indicar o uso de compressas frias (ou gelo envolto em tecido) nas mamas nos intervalos ou logo após as mamadas, até no máximo 20 minutos, alternando os quadrantes a cada 01 minuto.

Uso de analgésico: preferencialmente o Ibuprofeno 300-600mg 6/6h OU Paracetamol 500 mg, VO, 6/6 h OU Dipirona 500mg- 1g, VO, 6/6h, se dor.


CANDIDÍASE MAMÁRIA

Candidíase Mamária

A Candidíase Mamária é derivada de um desequilíbrio da microbiota da mãe e do bebê, causada pelo fungo candida albicans. O uso de aparatos como bico de silicone, conchas, ou qualquer acessório que promova um aumento da umidade na região pode auxiliar na proliferação deste fungo, não devendo ser indicado para população em geral.

Os principais sintomas referidos pela mãe são: dor em agulhada ou facada, coceira, sensação de queimação que persistem mesmo sem o bebê estar mamando.

Os sinais mais comuns são: descoloração da aréola e/ou mamilo; região aréolo-mamilar mais clara e mais fina; pele dos mamilos e da aréola também pode apresentar-se avermelhada, brilhante ou apenas irritada ou com fina descamação; placas brancas na boca/linguinha do bebê.

No entanto, na maioria das vezes o diagnóstico se dá pelos sintomas de desconforto materno.

Deve-se orientar que a mãe mantenha os mamilos secos e arejados, utilize rolinhos de fraldas ao invés de absorventes. As chupetas e bicos de mamadeira são fontes importantes de reinfecção, por isso, caso não seja possível eliminá-los, eles devem ser fervidos por 20 minutos pelo menos uma vez ao dia.

O tratamento tópico deve ser prescrito pelo médico(a) ou enfermeiro(a) ou cirurgião(ã) dentista e devem ser tratados mãe e bebê, mesmo que o bebê não apresente sintomas. Inicialmente o tratamento tópico materno é com nistatina, miconazol, cetoconazol ou clotrimazol, por duas semanas. A medicação pode ser aplicada nos mamilos e aréolas após cada mamada e não precisa ser removida. Na criança, pode ser utilizado nistatina suspensão oral 100.000uI/ml, a cada 6h, durante duas semanas. Se o tratamento tópico não for eficaz, recomenda-se a prescrição do Fluconazol 150mg/dia, por 14 a 18 dias ou Cetoconazol, 200mg/dia de 10 a 20 dias.

Se dor, orientar o Paracetamol, 500mg, VO, 6/6h OU Dipirona 500mg-1g, VO, 6/6h OU Ibuprofeno, 300-600mg, 6/6h.

Não raro, a mãe também apresenta sinais e sintomas de candidíase vaginal, avaliar através do exame físico. Se presença de sintomas associados à candidíase vaginal, e já houver iniciado o tratamento oral para candidíase mamária, combinar com o tratamento de Nistatina ou Miconazol creme vaginal, por 7 dias.

MASTITE

É um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante, habitualmente a partir da segunda até a sexta semana após o parto ou a qualquer momento da amamentação, podendo ser um processo bacteriano. Geralmente, é unilateral e pode ser consequente a um ingurgitamento indevidamente tratado. Essa situação exige avaliação médica para o estabelecimento do tratamento medicamentoso apropriado. A amamentação na mama afetada deve ser mantida, sempre que possível e, quando necessário, a pega e a posição devem ser corrigidas. Esvaziar adequadamente as mamas. Caso não ocorra na mamada, realizar a ordenha manual. Oferecer suporte emocional, repouso da mãe, líquidos abundantes, iniciar amamentação na mama não afetada.

Se houver dor ou febre Paracetamol, 500mg, VO, 6/6h, OU Ibuprofeno, 300-600mg, 6/6h OU Dipirona 500mg-1g, VO, 6/6h.

Opções terapêuticas (antibioticoterapia):

Cefalexina, 500mg, VO, 6/6 horas – 7 a 14 dias – medicamento de escolha;

Amoxicilina, 500mg, VO, 8/8 horas – 7 a 14 dias;




ANQUILOGLOSSIA(FREIO LINGUAL CURTO/LÍNGUA PRESA)

Freio lingual curto pode ser uma causa anatômica infantil de lesão mamilar precoce.

O teste da linguinha é realizado em todas as maternidades e têm o intuito de verificar possíveis alterações no frênulo lingual do bebê. Entretanto, existem alguns tipos de posicionamento do frênulo que ocasionam casos duvidosos e podem dificultar a amamentação no decorrer dos dias pós-alta.

Podem ser sinais de frênulo lingual curto: Bebês que não elevam a língua na hora do choro, que não sustentam a boca na mamada, não drenam a mama de forma satisfatória, tem baixo ganho de peso, fazem estalidos ao mamar, compensam o corpo na hora da mamada, encovam as bochechas, apresentam padrão de pega mordedor; mães que referem dor ao amamentar, com sensação de lixa roçando nos mamilos; mamilo que sai da mamada em formato de batom, mamas frequentemente ingurgitadas.

A conduta diante da suspeita deve ser o encaminhamento ao Banco de Leite Humano para realização de novo teste da linguinha.