NASF

NÚCLO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA

Na perspectiva de ampliar a abrangência, a resolutividade e o escopo de ações da Estratégia de Saúde da Família, o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), mediante a Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008, com inserção no município do Recife a partir de 2010. Composta por profissionais de diferentes campos de conhecimento, deve atuar de maneira integrada e apoiando às equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Saúde Bucal (eSB) e compartilhar as práticas e saberes em saúde nos territórios sob responsabilidade dessas equipes.

O processo de trabalho é desenvolvido por meio do apoio matricial, com atividades que abrangem tanto a dimensão clínica direta aos usuários, quanto a pedagógica (ou ambas ao mesmo tempo), como: atendimento compartilhado com profissionais das eSF/eSB, intervenções específicas do profissional do Nasf com os usuários e/ou famílias, intervenções no território e em outros espaços da comunidade, atendimentos domiciliares, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo de trabalho das equipes, entre outros.

Em relação à atenção às mulheres no pré-natal de risco habitual, as consultas compartilhadas constituem uma das primeiras oportunidades do profissional Nasf em conversar diretamente com a gestante, oportunizando momentos de discussão sobre o caso antes e após o atendimento.

Tais atendimentos servem a vários propósitos: fortalece o vínculo preexistente de confiança do usuário com a eSF e Nasf; facilita a comunicação e a coleta de dados por parte do profissional; e possibilita ao Nasf contato com a realidade da gestante sem a necessidade de estabelecer uma relação terapêutica inédita.

As demandas mais comuns para o Nasf estão relacionadas às condições socioeconômicas e ambientais, idade materna e assistência prestada no pré-natal; desnutrição/obesidade; aleitamento materno; internações, doenças congênitas e/ou adquiridas; gravidez não planejada/indesejada; uso abusivo de álcool e outras drogas; entre outros.

O processo de integração dos profissionais de saúde deve considerar o desenvolvimento de capacidades gerais da equipe (dimensão campo) e as especificidades de cada profissão (dimensão núcleo). As atribuições relacionadas à atenção a mulher no pré-natal de risco habitual estão dispostas nos Quadros XX e XY.

Competências Gerais da equipe Nasf para Atenção às Mulheres no Pré-natal de Risco Habitual

a) Participar das reuniões com as eSF com o objetivo de identificar as necessidades da população adscrita para garantir o acesso e atenção, promovendo o cuidado seguro e de qualidade na gestação, parto e puerpério;

b) Conhecer o perfil epidemiológico local, identificando as situações de risco e de vulnerabilidade social para gestantes;

c) Apoiar as eSF nas ações do pré-natal para acompanhamento do desenvolvimento gestacional, preparação para o parto e puerpério, assim como nas ações voltadas para o planejamento sexual e reprodutivo;

d) Apoiar as eSF na criação de grupos de gestantes e realizar ações de educação em saúde e promoção (sala de espera e grupos) visando discutir questões relativas à gravidez, ao planejamento reprodutivo, mudanças corporais e rotina diária, cuidados com o recém-nascido, desenvolvimento do bebê e relação mãe-bebê/vínculos familiares;

e) Fomentar a criação de espaços de Educação Permanente junto às eSF para discussões de casos clínicos e aspectos gerais relacionados à gestante contribuindo com a construção de projetos terapêuticos singulares e o fortalecimento das ações realizadas pelas equipes. identificação de sinais de risco para transtornos mentais e comportamentais na gestante;

f) Apoiar as eSF na identificação, fortalecimento e articulação junto aos equipamentos sociais disponíveis no território.

Competências Específicas dos Profissionais da Equipe Nasf para Atenção às Mulheres no Pré-natal de Risco Habitual

  • Assistente Social

- Identificar e intervir nos aspectos socioeconômicos e psicossociais que interferem no acesso e no cuidado à saúde das gestantes;

- Informar as gestantes sobre os direitos de cidadania, ou seja, o acesso aos serviços públicos existentes;

- Desenvolver com as eSF técnicas de abordagem às gestantes com problemas vinculados à violência, abuso de álcool e outras drogas;

- Realizar atividades que envolvam os familiares da gestante, estimulando a reflexão sobre a dinâmica familiar;

- Contribuir para a integração do serviço de saúde com os demais serviços das Redes de Proteção Social para o desenvolvimento de ações intersetoriais no cuidado às gestantes;

- Realizar encaminhamentos das gestantes em situação de vulnerabilidade a outros serviços das Redes de Proteção Social.

  • Farmacêutica (o)

- Coordenar e executar as atividades de Assistência Farmacêutica na atenção às gestantes;

- Acompanhar e avaliar a utilização de medicamentos e insumos, inclusive medicamentos fitoterápicos e homeopáticos, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e melhoria do cuidado às gestantes;

- Enfatizar a importância, não só do tratamento medicamentoso, como de outros recursos terapêuticos em conformidade com a clínica apresentada pela gestante;

- Explanar os possíveis efeitos colaterais do medicamento e suas interações com outro(s) medicamento(s), alimentos e plantas medicinais;

- Orientar quanto ao correto armazenamento e descarte dos medicamentos;

- Esclarecer os riscos da automedicação;

- Desenvolver atividades educativas, visando à promoção do uso racional de medicamentos.

  • Fisioterapeuta

- Desenvolver atividades educativas junto às eSF abordando temáticas pertinentes à fase gestacional como: cuidados com a postura durante a gestação e práticas corporais, enfocando exercícios de relaxamento e respiração, conscientização e fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico e preparação para o parto, puerpério e amamentação;

-Apoiar as eSF no manejo das queixas recorrentes da gestação como: câimbras, falta de ar, inchaço, etc.;

- Realizar Avaliação funcional e plano terapêutico (com orientações, intervenções e acompanhamento) para gestante e familiares.

  • Fonoaudióloga (o)

- Desenvolver ações de promoção e proteção à saúde junto às ESF sobre cuidados infantis como: hábitos orais, amamentação, postura, saúde auditiva e vocal, controle do ruído, com vistas ao autocuidado.

  • Nutricionista

- Realizar atividades junto às eSF voltadas ao controle e prevenção dos distúrbios nutricionais, como carências por micronutrientes, desnutrição, sobrepeso e obesidade durante a gestação;

- Realizar atendimento nutricional e elaborar diagnóstico com base nos dados clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos, bem como prescrição de dieta e acompanhamento de gestantes;

- Realizar orientações prévias no incentivo e apoio ao aleitamento materno, bem como identificar o risco nutricional precoce para gestantes (baixo peso, ganho de peso irregular, sobrepeso/obesidade), incluindo situações de necessidade de alimentação especial;

- Realizar oficinas prático-teórico de higiene e manipulação dos alimentos;

- Orientar gestantes e familiares, sobre os aspectos relacionados a preparação de alimentos dentro dos padrões de segurança alimentar e nutricional;

- Elaborar juntamente às ESF rotinas de atenção nutricional e atendimento a doenças relacionadas a alimentação e nutrição, conforme protocolos da atenção básica e Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, organizar a referência e contrarreferência do atendimento nutricional à gestante.

  • Psicóloga (o)

- Apoiar as eSF na identificação de possíveis casos de Saúde Mental durante a gestação;

- Desenvolver ações que permitam a integração da gestante e do parceiro, prevenção e identificação da depressão pós-parto, baby blues e psicose puerperal;

- Criar, em conjunto com as ESF, estratégias para abordar gestantes com problemas vinculados à violência e ao abuso de álcool, tabaco e outras drogas, visando à redução de danos e à melhoria da qualidade do cuidado;

- Acompanhar gestantes e puérperas com transtornos mentais leves, depressão e ansiedade;

- Ampliar o vínculo com as famílias, tomando-as como parceiras no acompanhamento da gestante, buscando constituir redes de apoio e integração;

- Promover protagonismo relacionado a qualidade de vida;

- Identificar e orientar quanto a questões de sofrimento psíquico que possam aparecer neste momento;

- Orientar quanto ao autocuidado relacionado às questões emocionais como prevenção da saúde;

- Promover integração social visando a construção de vínculos afetivos;

- Atuar na prevenção e tratamento de problemas de origem psicossocial e econômica que interferem na saúde, no trabalho, e na família

  • Terapeuta Ocupacional

- Intervir individualmente à puérpera e/ou cuidadores visando a (re)construção de rotina em suas atividades de vida diária (alimentação, banho, vestir e autocuidado/higiene), vida profissional e de lazer.

- Acompanhar gestantes e puérperas com transtornos mentais leves, depressão e ansiedade;

- Orientar e incentivar o aleitamento materno, contribuindo com as adaptações de rotina familiar;

-Auxiliar na confecção de dispositivos de posicionamento para a gestante e puérperas realizar suas atividades diárias e as atividades mãe/bebê;

- Desenvolver atividades de promoção e proteção à saúde junto às ESF relativas à gravidez, mudanças corporais e rotina diária, desenvolvimento do bebê e relação mãe/bebê;

- Realizar atividades em espaços na comunidade, utilizando metodologias ativas (jogos cooperativos, rodas de conversas, atividades lúdicas e de expressão corporal) que promovam fortalecimento de vínculos e troca de saberes e experiências acerca do processo gravídico e tudo que o envolve.

É importante lembrar que mesmo fazendo parte da Atenção Básica, o Nasf não se constitui como porta de entrada com livre acesso para as usuárias, com unidades físicas independentes ou especiais. Logo, o acesso das gestantes (e dos demais usuários) é intermediado pela eSF que, ao identificar a demanda para o Nasf, discutirá o caso e as intervenções necessárias de maneira conjunta com a eSF.