Canto I

Chegada de Eneias a Cartago

Juno:


JUNO: é a Deusa romana que corresponde a Hera na mitologia grega. Durante a guerra de Troia ela foi a principal defensora dos Aqueus, pois nutria um ódio intenso pelos troianos devido à uma disputa de beleza em que Páris (como grande sedutor seria o herói ideal para julgar) acabou escolhendo Vênus como a Deusa mais bela. Assim, nos versos da Eneida, Juno será vista como uma grande perseguidora de Eneias troiano. Além disso, ela será tida como a protetora das mulheres e símbolo da união conjugal já que é esposa do deus Júpiter.

Por Mércia Moura

A cidade de Cartago:


Verso 14 - Cartago :“Cidade antiga existiu, dos colonos de Tiro povoada,

Forte Cartago, distante da Itália e das bocas do Tibre,

rica de todo comércio, de grande maldade na guerra.

Contam que Juno a habitava e por ela especial preferência

manifestara, até mesmo em confronto com Samos dileta”


A cidade de Cartago, localizada segundo relatos na região mediterrânica, foi escolhida pelo protagonista desta epopeia como refúgio. Ao chegar lá, Enéias encontra a rainha Dido, também conhecida como Elissa, filha de Tiro, rei de Cartago.


Aquiles e Heitor:


Verso 99 - Aquiles e Heitor: “não ter eu tido a ventura, ao lutar nas campinas de tróia de parecer

sob os golpes dos teus fulminantes ataques,

no mesmo ponto em que Heitor sucumbiu sob a lança de Aquiles, onde Sarpédone ingente,

onde tantos escudos lascados

e capacetes e corpos de heróis o Simoente carrega!”

Neste trecho, o herói remete-nos a dois outros grandes heróis, guerreiros ferozes da guerra de Tróia e muito conhecidos na mitologia: Heitor e Aquiles. O primeiro, filho de Príamo e Hécuba, detinha poder efetivo sobre os troianos, apesar de não ser o rei. Segundo a épica, Heitor sempre retrocede seus passos ao ter ciência da presença de Aquiles entre os gregos; em contrapartida, quando a ausência deste era noticiada, a carnificina era uma certeza. Durante a narrativa, recebe interferências divinas de modo recorrente.

Outra personagem de extrema importância que aparece nesse verso é Aquiles, um semideus fruto da união entre Peleu - rei da cidade de Ftia- e Tétis, uma deusa filha de Oceano. Há várias hipóteses acerca da criação de tal herói, mas duas se destacam: uma narra a tentativa de Tétis de extinguir os traços humanos que seu filho herdou do pai, mergulhando-o assim em fogo. Ele é salvo desta tentativa por seu pai, mas seu calcanhar precisa ser reestabelecido; e assim o é feito por meio do osso do gigante Damiso, conhecido pela sua velocidade (isso explica o quão ágil Aquiles era nas guerras). Além desta, há uma outra lenda: ao banhar o filho no rio Ésfige, que torna qualquer um que ali entra invulnerável, Tétis o segura pelo calcanhar e esta parte em questão do herói é o seu único ponto fraco.

Vênus:


Verso 257 - Vênus: Há algumas controvérsias quanto ao mito de Vênus, pois numa das versões, ela seria filha de Júpiter, Deus dos céus, e Dione, Deusa das ninfas. Noutra versão da lenda, Vênus nasceu da espuma do mar e dentro de uma concha. Considerada durante muito tempo como presidindo à vegetação e aos jardins, é agora encarada por certos autores como um gênio mediador da oração, porém, tudo isto é muito incerto. É assimilada, no século II a. C., à Afrodite grega. É tanto que a gens Iulia, que pretendia descender de Enéias, tomava Vênus como antepassado.

Obs: Gens Iulia era uma das mais antiga gentes Patrícias da Roma Antiga, com membros que chegaram aos mais altos cargos da magistratura romana desde os primeiros anos da República. O primeiro a chegar ao consulado foi Caio Júlio Julo, em aproximadamente 489 a. C.. Está gente é, provavelmente, mais conhecida por causa de Julio Cesar.




O Nascimento de Vênus. obra de Sandro Botticelli, Retirado do site: www.infoescola.com/pintura/o-nascimento-de-venus/

Ascânio:


Verso 267 - Ascânio: Ascânio ou Iulo é filho de Creúsa e Eneias, em que o mesmo era neto de Príamo (lado materno) e Afrodite (lado paterno). Além disso, há uma outra hipótese sobre sua origem no qual sua mãe se chamava Lavínia, tendo-se que seu nascimento só ocorreu depois da chegada de Eneias à Itália. Desse modo, numa determinada tradição, Ascânio esteve ao lado do seu pai neste local, todavia, Eneias acaba retornando com seu filho durante o período de sua velhice para a Ásia. Neste sentido, após a morte de Eneias o reinado de Tróia ficou legado para Ascânio. Diante disto, reinou perante os latinos. Depois de Lavínio ser fundada pelo seu pai, Ascânio criou um novo lugar denominado Alba Longa.

Dido:


Verso 320 - Dido: Na mitologia grega, Dido ou Elissa é a rainha da cidade Antiga de Cartago. Ela é filha do rei de Tiro, e irmã de Pigmalião. Assim, de acordo com a versão mais antiga da lenda, Dido se casou com seu tio Sicarbas, porém seu irmão mandou matá-lo para ficar com os tesouros. Ele não conseguiu ter acesso aos bens, já que Dido entristecida com a morte de Sicarbas foge com os tesouros. Na Eneida, aparece que Dido é casada com Siqueu.

Referências:

Dicionário da mitologia grega e romana (Pierre Grimal) - 2005.


GRIMAL, Pierre. Dicionário da Mitologia Grega e Romana. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil Lida, 2005. 557 p. Tradução de Victor Jabouille.


VIRGÍLIO. Eneida. Tradução de Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Editora 34, 2018.