Canto XXIII

Jogos em honra a Pátroclo

Esboço

v. 1-11: Toda a cidade lamentava a morte de Heitor, e logo os Aquivos alcançam a praia do vasto Helesponto, em busca dos barcos. Esses primeiros versos do canto anunciam os jogos em homenagem a Pátroco - amigo dileto de Aquiles - sempre cercado por seus companheiros armados que choravam seu corpo.

v. 12-19: Tétis põe no peito do Pelida uma vontade incontida de choro; as lágrimas molham a areia. Em lamento profundo, Aquiles realiza três voltas com os cavalos a volta do corpo. E todos que estão ali choram ao colocar a mão sobre o peito do morto.

v. 20-9: Aquiles cumpre o que prometeu e trás o cadáver de Heitor para atirar aos cães. E tem como pretensão, jogar sacrificar Teucros na fogueira sagrada. Os Mirmídones em seguida se retiram de perto do corpo com suas armas brilhantes, e junto com eles levam os cavalos.

v. 30-9: Muitas ovelhas, cabras e bois foram degolados, havendo sangue em abundância escorrendo ao redor do corpo de Pátroclo. Aquiles vai até a tenda de Agamémnone para aliviar-se da perca do amigo dileto.

v. 40-49: Agamémnone permite que o Pelida, limpe o sangue e a poeira que está no seu corpo, e de molhar a sua cabeça, mas ele se recusa, pois não que quebrar os costumes antes que o corpo de Pátroclo seja devidamente cremado quando a aurora raiar.

v. 50-59: Agamémnone manda trazerem a lenha para se queimar o corpo de Pátroco, pois segundo ele, é tudo que um corpo precisa para fazer a viagem para o mundo dos mortos. É comprida a ordem de Agamémnone, ficando cada um com a porção respectiva. Tendo a fome e a sede saciada, o Pelida deita-se na praia de mar sonoro.

v. 60-69: O Pelida está em um lugar limpo, de ondas espúmeas na areia; ali adormece e alivia suas dores, pois sentia os membros bastante cansados por perseguir Heito ao redor das muralhas de Tróia.

v. 70-79:O fantasma de Pátroclo aparece para Aquiles e lhe pede que façam o seu sepultamento o quanto antes, pois ele não está conseguindo ter o seu descanso no Hades.

v. 80-90: Pátroclo fala para Aquiles que o seu destino será o mesmo que o seu, pelo fato de ele ter sido escolhido pelos Deuses para lutar. Ele pede ainda que não deixe que seus ossos fiquem longe dos deles, por eles terem crescidos juntos no mesmo palácio.

v. 90-100: Pátroclo deseja que suas cinzas seja guardada junto a de Aquiles. Aquiles responde a Pátroclo: ele se empenhará em tudo de acordo com os pensamentos do amigo, falando triste e angustiado.

v. 100-110: Pátroclo desaparece e Aquiles não consegue tocá-lo. O Pelida levanta-se, que bate com uma mão uma na outra e com voz lamentosa. Aquiles diz que a alma de Pátroco passou a noite toda com ele, a gemer e a chorar, lhe dando orientações do que ele deveria fazer.

v. 110-20: Agamémnone ordena que saiam todos os guerreiros e mulos da tenda para que a lenha carregassem. E assim eles fazem. Saindo Meríones, escudeiro de Idomeneu. E na mesma direção sai os mulos, marchando na frente, que levam cordas de belo trançado, subindo e descendo morros em vários sentidos.

v. 120-30: Os Argivos levam a lenha por atalhos, ansiosos para encontrar a estrada da planície, carregando também vários troncos para sepultando Pátroclo em uma alta pira, seguindo ordens de Aquiles.

v. 130-40: Os combatentes levantam a envergam as armas luzentes, que são as armas que compõem o seus cabos de guerra, marcham e pelos meios dos amigos carregam o corpo de Pátroclo e o seu amigo Aquiles acompanha, suspirando e sustentando a cabeça donosa. Desse modo se despede do amigo para o Hades.

v. 140-60: Aquiles tem uma ideia, e corta o cabelo, que seria ofertado ao Rio Esperqueio, cumprindo uma promessa feita pelo seu pai, para o seu amigo Pátroco. Aquiles corta o cabelo e deposita sobre o companheiro, o que faz aumentar o choro dos que estão presentes ali; Aquiles ordena que a pira seja acessa; somente os cabo do exército deveriam ficar para a realização da seia.

v. 160-170: Agamémnone manda que os Aqueus retornem para as naves recurvas, e que permanecessem apenas os amigos mais próximos. A lenha é amontoada com cem pés de lado, formando uma pira gigante. O corpo do herói é coberto da cabeça aos pés por carnes de ovelhas pelo seu amigo Aquiles.

v. 170-180: junto ao funeral são colocados, duas ânforas de óleo e de mel, assim ao redor do corpo são soltados suspiros profundos.

v. 184-91: diante das ameaças de atirar o corpo de Heitor aos cães, Afrodite e Apolo protegem o corpo do troiano: Afrodite unge o corpo com óleo divino, Apolo impede que o sol resseque o corpo de Heitor.

v. 192-225: a pira não arde, faltam ventos favoráveis; Aquiles pede a Zéfiro e Bóreas ventos favoráveis em troca de sacrifícios; Íris leva a mensagem aos ventos. Zéfiro e Bóreas atendem ao pedido, e a pira arde durante toda a noite.

v. 226-56: Amanhece na praia, e Aquiles, cansado, dorme na praia. O herói se acorda com o diálogo entre Agamênone e os demais gregos. Aquiles orienta que apaguem o fogo e sepultem os restos mortais de Pátroclo em um túmulo, futuramente o mesmo de Aquiles.

v. 257-897: construído o túmulo, Aquiles convoca os gregos para os jogos e manda buscar muitos prêmios.

Por Maria Eduarda Gomes e Marina Fernandes

Hecatombe (ἑκατόμβη): era assim chamado na antiguidade o sacrifício de cem reses feitos aos deuses em cerimônias religiosas. Embora se referisse a reses bovinas, também poderiam ser oferecidas aos deuses cem animais de outra espécie. No Canto 23 da Ilíada, Aquiles faz menção ao voto feito por Peleu, seu pai, ao rio Esperqueio, de que se seu filho retornasse para sua terra natal, após a guerra, ele cortaria seus cabelos em sua honra e fariam hecatombe sagrada de cinquenta ovelhas ao rio Divino. Porém, o Pelida certo que não faria o retorno ao recanto paterno, resolve cortar seus cabelos e presentear ao dileto amigo.

Por Milton Nunes