Canto XII

O ataque aos muros

Polidamante (Πουλυδάμας) - guerreiro troiano, filho de Pântoo e Frôntis (Prónome), irmão de Euforbo. Nasceu na mesma noite que Heitor (um duplo ou um oposto do herói?); seu valor nas decisões se igualava ao valor de Heitor nas batalhas. No canto 12, Polidamante atua como uma espécie de conselheiro: ele traça plano para atacar os muros que protegem as embarcações gregas (v. 61-79); é dele ainda o conselho para abandonar o ataque aos muros quando surge nos céus um terrível presságio (v. 211-29). A atuação de Polidamante revela a ignorância, a soberba e a cegueira de Heitor.

Deífobo (Δηίφοβος) - é um dos filhos de Príamo e Hécuba e irmão preferido de Heitor. Durante o combate entre Heitor e Aquiles, foi sob a forma de Deífobo que Atena enganou o primeiro e o incitou a resistir, o que causou a sua perdição. Deífobo também reconheceu Páris-Alexandre quando dos jogos fúnebres em que venceu os seus irmãos. Depois de Páris morrer pelas mãos de Filoctetes, Deífobo obteve a mão de Helena, em competição com seu irmão Heleno, um irmão mais velho que ele.

Ásio (Ἄσιος) - filho de Hírtaco, líder de aliados da cidade de Arisba. No canto 12, na companhia de Heleno e Deífobo, chefia a terceira coluna durante o ataque ao muros. Seus cavalos são muito elogiados no catálogo troiano (Il. 2.835-9). É um guerreiro valente, porém tolo: enquanto todos os troianos seguem o conselho de Polidamante e lutam a pé, Ásio luta em seu carro de guerra. Sua tolice ganha ênfase porque ele não deveria escapar das Parcas. No entanto, ele deverá morrer pelas mão de Idomeneu (cf. Il. 13.383-401).

Parcas ou Moiras (Μοῖραι) v. 113 - também chamadas de Meras (lit. “as partes”); são as deusas que personificam os destinos dos humanos. As leis das Moiras são impessoais, não podem ser alteradas nem mesmo pelos deuses. Elas são três irmãs: Átropo, Cloto e Láquesis; elas regulavam a vida (metaforizada por um fio) de cada mortal, do nascimento à morte, a primeira fiava, a segunda enrolava e terceira cortava. Uma versão do mito as coloca como filhas de Zeus e Têmis e irmã das Horas (Ὧραι), na linhagem dos deuses olímpicos; em outra versão, elas são filhas da Noite (cf. Hes. Theog. 217), portanto, pertencem à primeira geração dos deuses, verdadeiras forças primordiais do mundo.

Polípetes (Πολυποίτης) e Leonteu (Λεοντεύς) - Polípetes, filho de Pirítoo e Hipodâmia. Com Leonteu, líder de um contingente de guerreiros do norte da Tessália, os Lápitas. Leonteu, filho de Corono. Os dois se destacam no canto 12 por defenderem os muros gregos contra Ásio e matarem muitos guerreiros troianos. Nos jogos em honra à morte de Pátroclo, os dois disputam a prova de arremesso de disco, Leonteu perdeu para Polípetes.

Pirítoo (Πειρίθοος) - herói natural da Tessália, na Il, filho de Zeus e Día, por vezes apresentado como filho de Íxion e Día. Pirítoo e os Lápitas tomam parte na luta contra os Centauros, fato relacionado posteriormente ao seu casamento com Hipodâmia. Teseu participou do combate contra os Centauros e se tornou amigo de Pirítoo. A amizade entre os dois foi famosa na mitologia; como prova disso, cada um prometeu dar ao outro uma filha de Zeus com esposa, Pirítoo ajudou Teseu a raptar Helena (filha de Zeus e Leda), e este ajudou aquele a raptar Perséfone (filha de Zeus e Deméte e esposa de Hades) nos infernos. Os dois entraram no mundo do mortos, mas não conseguiram sair; ambos ficaram prisioneiros até a chegada de Herácles: Teseu foi levado à superfície; Pirítoo, no entanto, não teve a mesma sorte: quando Héracles estava prestes a tirá-lo do inferno, a terra tremeu, e o herói desistiu de salvar Pirítoo julgando que os deuses não queriam libertar o culpado. Assim, o companheiro de Teseu ficou no Hades para sempre.

Lápitas (Λαπίθαι) - povo da Tessália que pertence simultaneamente à história e à mitologia. Na origem habitavam os maciços de Pindo, do Pélion e de Ossa, de onde expulsaram os Pelasgos, que eram os primitivos habitantes. Os Lápitas encontram-se ainda referidos em Óteno e em Élis, em Rodes e em Cnido Os Lápitas, ou pelo menos a mais importante família de entre eles, passam a ter como antepassados o Deus-rio da Tessália, Peneu e a ninfa Creúsa (ou Filira).

v. 200-7: um sinal ou portento de mau agouro. Os pássaros são comumente relacionados à prática augural. Na épica homérica, a principal função dos pássaros era augural. Zeus envia águias portentosas à direita para gregos e troianos (cf. Il. 13.821-3, 24.315-21). A garça e a coruja também servem como sinal divino (cf. Il. 10.274-77). Além de Il. 12, outra famosa passagem augural é Od. 2.303-32, em que uma serpente e um pardal em Áulis são reportados por Odisseu

Menesteu (Μενεσθεύς) - Menesteu pertence à família dos Erectidas. Seu pai, Péteo, é neto do rei Erecteu. Estava exilado quando da expedição dos Dióscoros contra a Ática, enquanto Teseu se encontrava nos infernos com Pirítoo. Os Dióscoros trouxeram-no de volta e deram-lhe o trono de Atenas. Depois do regresso de Teseu, Menesteu retirou-se para Siro. No canto 2 da Il., aparece como chefe do contingente ateniense. Teria participado do episódio do cavalo de madeirataomando lugar entre os oe heróis que se esconderam. Após a guerra, teria ido a Melo onde reinou após a morte de Polianacte. A Menesteu é atribuída ainda a fundação de Cilécio. (cf. Grimal, 2005, p. 305).

Pandião (Πανδίων) - Pouco se sabe sobre Pandião. No contingente ateniense, o nome ecoa Pandião ou Pandíon, rei mítico de Atenas.