Gurgel Supermini

Criado como uma evolução do BR800, o Gurgel Supermini surgiu para enfrentar os novos modelos 1.0, tais como o pioneiro Uno Mille, que também se aproveitavam da alíquota de IPI reduzida para veículos com motores de até 1000 cm³. Lançado em fevereiro de 1992 nas versões L (Luxo) e SL (Super Luxo), tinha uma distância entre-eixos 10 cm maior que a de seu antecessor, mas mantinha o comprimento total em 3,19m. O acesso ao porta-malas foi melhorado através da adoção de uma terceira porta traseira e o sistema de vidros corrediços na horizontal foi substituído pelo tradicional sistema vertical acionado por manivela. Entretanto, o novo carro ainda possuia algumas das falhas do BR800, como o elevado nível de ruído e o reduzido espaço interno.

Gurgel Motomachine, que serviu de inspiração para o Supermini. Foram fabricados 177 desses veículos.

O design carregava forte inspiração do Motomachine, conceito apresentado dois anos antes, durante o Salão do Automóvel de 1990, com amplas áreas envidraçadas e uma traseira com caída mais leve. Os pará-choques prateados contrastavam com as opções de cores vermelho, azul e verde, enquanto o interior passou por um redesenho completo, com novo design do painel acrescido de relógio e conta-giros, comandos posicionados de forma mais ergonômica e bancos traseiros bipartidos e rebatíveis para aumentar a capacidade do pequeno porta-malas, que agora também abrigava o estepe (no BR800 o estepe ficava em um compartimento específico na traseira).

O pequeno Supermini passou pela maratona de 60 mil quilômetros da revista Quatro Rodas, mas foi considerado reprovado devido aos problemas que apresentou durante o teste.

O motor Enertron de 2 cilindros ganhou potência, passando de 32cv a 5000rpm para 36cv a 5500rpm, mantendo as boas soluções encontradas pela Gurgel, como a bomba d'água acionada diretamente pelo comando de válvulas independentemente da correia do alternador e a ignição direta com impulsos tomados diretamente do volante do motor. Apesar disso, o motor apresentava flutuação de válvulas (elas não se fecham completamente) ao atingir 5800rpm, exigindo cuidado por parte do motorista. O câmbio (importado da Argentina) apresentava engates fáceis, mas possuia uma relação de diferencial muitlo longa, prejudicando o desempenho do veículo. Versões Plus e Cross chegaram a ser planejadas, a versão Plus contando com capota de lona removível que abriria até metade do teto (semelhante ao Motomachine), bancos traseiros correndo sobre trilhos (como no Fox), volante de madeira e itens de personalização como rodas de liga leve com pneus mais largos e faróis de milha, enquanto a Cross contaria com suspensão elevada, quebra-mato, rack no teto e pará-choques pretos.

Para 1995 a linha iria passar por mudanças, com o lançamento de uma van ao estilo Asia Towner e com uma reestilização do Supermini, passando de hatchback para uma configuração mais próxima a uma perua, com o lançamento das versões BR-SLX e Supercross. Esta última, era uma variação com apelo off-road sobre a plataforma do Supermini, com rodas de maior diâmetro que as originais e pneus 175 do tipo cidade/campo, o que fazia a altura em relação ao solo aumentar para 17 centímetros. Além disso, possuia faróis de milha, rack no teto, estepe externo e uma pequena entrada de ar sobre o pará-brisa. Contudo, com o decreto da falência da Gurgel o projeto foi cancelado, mais demonstrou uma última vez a genialidade do engenheiro João do Amaral Gurgel, ao antecipar a tendência iniciada pela FIAT 6 anos depois com o lançamento da linha Adventure.

Ficha Técnica