Comunismo

Conceito

Comunismo. Trata-se de um sistema teórico que estava destinado a obedecer à fórmula: "De cada um conforme suas capacidades a cada um conforme suas necessidades". Referia-se a uma possibilidade longínqua, porque supunha um tal desenvolvimento das forças produtivas que a escassez seria totalmente abolida e todas as pessoas teriam acesso direto e gratuito a todas as coisas de que tivessem necessidade, deixando de lado até mesmo a moeda.

"O que é comunismo? É o seguinte: se você comeu o suficiente para matar a fome e ainda assim sobra comida — ela pertence a outro homem." (A. R. Murugados) 

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Comunismo. De um modo geral, o termo comunismo designa qualquer organização (política, econômica e social cujo fundamento é a propriedade coletiva dos bens ou dos meios de produção. 

Num sentido mais restrito, o comunismo é em Marx o resultado final da revolução proletária. Sucede o perecimento do Estado, que coloca um fim na fase socialista, e é difícil definir sua natureza na medida em que o homem comunista será um homem "novo", cujas reações e afetividade serão totalmente diferentes das nossas. Pode-se todavia precisar que essa nova sociedade seria "sem classes" e que o homem novo seria a realização completa do ser humano, finalmente livre de qualquer alienação e capaz de desabrochar tanto em seu trabalho quanto em todas as atividades criadoras. O adjetivo comunista pode ser aplicado a um indivíduo ou a um partido que seja adepto (com mais ou menos fidelidade) do materialismo histórico de Marx e que tenha portanto como objetivo longínquo a passagem para o comunismo. 

Comunismo primitivo. Chama-se comunismo primitivo a propriedade coletiva das terras e dos bens que teriam existido nas sociedades arcaicas ou "primitivas". Essa concepção foi retomada particularmente no século XIX pelo etnólogo americano L. H. Morgan (1818-1831), cujos trabalhos foram utilizados por Engels que nele encontrava a prova da existência, anteriormente às sociedades históricas, animadas pela luta de classes, de sociedades harmoniosas  das quais o comunismo marxista deveria ser de certa forma o equivalente ao "final" da história. A noção de comunismo primitivo é hoje em dia fortemente contestada. 

Comunismo utópico. A expressão comunismo utópico designa o conjunto das teorias que, de Platão a More, Morelly a Babeuf, afirmaram a necessidade da comunização dos recursos e dos bens, às vezes dos próprios indivíduos (mulheres e crianças) para construir uma sociedade justa. A concepção levemente pejorativa da expressão deve-se à influência do pensamento marxista, cuja via rumo ao comunismo se pretende, por sua vez, "científica". 

DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.


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Comunismo é uma doutrina social cujo objetivo é restabelecer o que se chama "estado natural", em que todas as pessoas teriam o mesmo direito a tudo, mediante a abolição da propriedade privada e o fim da luta de classes. Nos séculos XIX e XX o termo foi usado para qualificar um movimento político.

Esta palavra tem origem no latim comunis, que significa comum. Ser comunista significa compactuar com as ideias de Karl Marx e Friedrich Engels e defender as mudanças políticas, econômicas e sociais necessárias à superação da sociedade capitalista por uma sociedade sem classes.

As  principais características da doutrina comunista:

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Marxismo: A Rota para o Comunismo

O comunismo tem várias acepções. Em seu sentido amplo, o termo designa toda a doutrina que concede à comunidade direitos e prerrogativas que, em força da lei natural ou de leis positivas comumente aceitas, se atribuem ao indivíduo. Historicamente, podemos percebê-lo no livro A República, de Platão, quando trata da educação dos guardiões. Tipos de comunismo encontramos, também, na primitiva comunidade cristã de Jerusalém e nas comunidades monásticas e religiosas da Idade Média.

O comunismo pode e deve ser visto de forma ampla. Contudo, quando falamos de comunismo, quase sempre queremos nos reportar à definição empregada por Karl Marx e Friedrich Engels. Para Marx e Engels, o comunismo é o estádio da sociedade humana onde não mais existiriam exploradores e explorados, onde a exploração do homem pelo homem tivesse chegado ao seu fim. O homem, a sociedade e a natureza formariam um todo harmônico; o sonho do Homem Integral estaria realizado.

Para que a humanidade atinja esse estádio, há necessidade de uma fase intermediária, denominada de socialismo científico, em que a ditadura do proletariado se incumbiria de realizar a transformação – do capitalismo para o comunismo. Tirou essas conclusões observando a luta de classes no processo histórico e, mais especificamente, aquela travada na Revolução Francesa, em que os ideais de liberdade ecoavam por toda a parte.

A mais-valia é a sua tese central. Nela está implícita a distinção entre valor de uso e valor de troca. O valor de uso de uma mercadoria é o grau de satisfação de uma necessidade. Exemplo: um par de sapatos atende à necessidade dos pés. Valor de troca é a avaliação monetária da referida mercadoria. Marx achava que o trabalhador recebia menos do que o seu valor de uso. Havia um excedente que ficava nas mãos dos proprietários, que por direito pertencia ao trabalhador. A isso deu o nome de mais-valia. Aí residiria a luta de classes, o germe que acabaria com o próprio capitalismo.

O comunismo, sendo a última etapa do desenvolvimento de uma sociedade, não comportaria mais luta de classes, pois o sistema de produção tornou-se coletivo, onde todos os bens eram divididos igualmente. Nesse ponto, surge uma questão: como conviver com esse estado de coisas, se o ser humano não se preparou interiormente para tal aquisição? É por isso que o comunismo não prosperou no mundo todo. Faltou-lhe uma maior compreensão do psiquismo humano. Lênin, por exemplo, tentou aplicar a teoria marxista na Rússia, mas ateve-se somente à ditadura do proletariado, o qual ficou sujeito a um partido político.

Antes de implantarmos ideias novas, devemos preparar o ânimo daqueles que serão por elas influenciados. Sem isso, a derrocada é quase certa.


A Queda do Comunismo

Linha do tempo

1985 — MARÇO Mikhail Gorbachev torna-se líder soviético e inicia um processo de liberalização e de reformas econômicas

1988 — MAIO Liderança comunista linha-dura na Hungria é substituída por reformadores JUNHO Intervenção de forças soviéticas para reprimir violência étnica na Armênia, no Azerbaijão e no enclave armênio de Nagorno-Karabakh NOVEMBRO Partidos políticos legalizados na Hungria

1989 — JUNHO Eleições livres na Polônia AGOSTO Na Polônia, a Solidariedade forma uma coalizão com os comunistas; milhares de refugiados da Alemanha Oriental começam a chegar ao ocidente através da Hungria e da Tchecoslováquia SETEMBRO Os comunistas são derrotados nas eleições livres da Hungria; início das manifestações de massa na Alemanha Oriental OUTUBRO A Hungria se declara república democrática NOVEMBRO Renúncia do governo da Alemanha Oriental; queda do Muro de Berlim; renúncia do líder comunista da Bulgária; manifestações em massa na Tchecoslováquia DEZEMBRO governo não comunista assume o poder na Tchecoslováquia ; derrubada violenta do regime comunista na Romênia

1990 — O Partido Comunista Soviético concorda em abrir mão de seu monopólio no poder. MARÇO A Lituânia declara sua independência da União Soviética; eleições livres na Alemanha Oriental MAIO Letônia e Estônia declaram sua independência da União Soviética; Boris Yeltsin é eleito presidente da Federação Russa, que se declara estado soberano JULHO Parlamento ucraniano vota pela independência OUTUBRO Reunificação da Alemanha Oriental e Ocidental

1991 — JUNHO Eslovênia e Croácia declaram a independência da Iugoslávia; surgem conflitos com o exército iugoslavo dominado pelos sérvios, levando à guerra civil AGOSTO Fracasso do golpe contra Gorbachev, que suspende o Partido Comunista; as Repúblicas Soviéticas restantes declaram sua independência e, no final de 1991, a União Soviética deixa de existir

1992 — JANEIRO Interventores da ONU para garantir a paz na Croácia; Macedônia e Bósnia-Herzegovina declaram independência da Iugoslávia ABRIL Sérvios iniciam o cerco de Sarajevo, capital da Bósnia JUNHO início da violência separatista no Cáucaso

1993 — JANEIRO Após um referendo, a Tchecoslováquia se divide em República Tcheca e Eslováquia

1994 — AGOSTO Guerra Civil na Chechênia entre grupos pró e anti-Rússia DEZEMBRO Forças russas entram na Chechênia

1995 — JULHO Massacre de milhares de mulçumanos bósnios por sérvios bósnios em Srebrenica AGOSTO Ataques aéreos da OTAN contra os sérvios da Bósnia NOVEMBRO Acordo de Dayton põe fim ao conflito na Bósnia   

1998 — MARÇO OTAN inicia ataques aéreos contra a Sérvia em resposta às atrocidades contra os albaneses em Kosovo

Fonte de Consulta

Crofton, Ian. 50 ideias de história do mundo que você precisa conhecer / Ian Crofton; [tradução Elvira Serapicos]. — 1. ed. — São Paulo: Planeta, 2016 


Por que o comunismo não é tão odiado quanto o nazismo, embora tenha matado muito mais?

Dennis Prager, em seu artigo publicado na Mises Brasil  de primeiro de julho de 2023, diz que as pessoas qualificam "nazistas" e "fascistas" como membros de regimes maléficos, mas não aos comunistas que mataram  muito mais.   

De 1917 a 1987, os regimes comunistas assassinaram aproximadamente 110 milhões de pessoas [China, União Soviética, Ucrânia, Camboja] . Isto sem contar a escravidão [Rússia, Vietnã, China, Leste Europeu, Coreia do Norte,  Cuba e boa parte da Ásia Central].

Motivos

Motivo número 1: Ignorância avassaladora sobre o histórico do comunismo.

Direita e esquerda desprezam o nazismo e estão sempre ensinando lições de seu odioso legado; entretanto, a esquerda jamais odiou o comunismo. E como ela domina o ambiente acadêmico, ninguém leciona sobre a história maléfica do comunismo.

Motivo número 2: Os nazistas fizeram o Holocausto, que é maldade pura.

A perseguição e a captura dos judeus — homens, mulheres, crianças e bebês e o envio para campos de concentração e trabalho forçado, onde em seguida eram assassinados, foi de uma perversidade extrema. Os comunistas mataram muito mais, mas o fenômeno "Holocausto" teve um peso maior na consciência das pessoas, dando uma reputação bem  pior que a do comunismo. 

Motivo número 3: O comunismo se baseia em teorias igualitárias; o nazismo, em teorias atrozes.

Intelectuais — historiadores — raramente atribuem aos comunistas a mesma responsabilidade que atribuem aos nazistas. Quando reconhecem as atrocidades dos comunistas, dizem que foram  perversões do "verdadeiro comunismo". Entretanto, afirmam (corretamente) que as atrocidades cometidas pelos nazistas foram as consequências lógicas e inevitáveis do arcabouço teórico do nazismo, o qual não foi deturpado nem pervertido.

Motivo número 4: Os alemães assumiram a responsabilidade pelo nazismo, expuseram completamente suas atrocidades, e tentaram reparar seus erros. Já os russos nunca fizeram nada similar em relação aos horrores perpetrados por Lênin e Stálin.

Lênin, o pai do comunismo soviético, ainda é amplamente venerado na Rússia. Mao Tsé-Tung, o maior homicida e escravizador dentre todos os comunistas,  continua reverenciado na China (moeda com seu retrato).  Rússia, China, Coreia do Norte... não reconhecem seus erros...

Motivo número 5: Os comunistas assassinaram seu próprio povo; os nazistas, relativamente poucos alemães.

A "opinião mundial" considera que assassinatos de membros pertencentes a um mesmo grupo são bem menos dignos de atenção do que o assassinato de quem está de fora.  

Enquanto a esquerda e todas as instituições influenciadas pela esquerda continuarem se recusando a reconhecer quão atroz, maléfico e desumano foi o comunismo, continuaremos a viver em um mundo moralmente confuso, no qual ideias abertamente comunistas são saudadas por intelectuais influentes e políticos declaradamente simpáticos a este regime são eleitos e respeitados.

https://mises.org.br/artigos/2479/por-que-o-comunismo-nao-e-tao-odiado-quanto-o-nazismo-embora-tenha-matado-muito-mais