Socialismo

Socialismo. O Oxford English Dictionary define socialismo como “teoria ou política que defende a posse ou o controle dos meios de produção — capital, terra, propriedade etc. — pela comunidade em conjunto, e a sua administração no interesse de todos”. (1)

Socialismo. Concepção política e econômica que, animada por um ideal de justiça e de fraternidade, tende a subordinar o indivíduo à sociedade, que, submetida a uma organização funcional, atribuir-se-á como fim o triunfo do bem geral sobre o interesse individual.  O socialismo opõe-se ao mesmo tempo ao individualismo e ao liberalismo econômico (capitalismo) por sua recusa da propriedade privada dos meios de produção e da livre concorrência, enquanto a socialização visa a comunização dos meios de produção e a distribuição igualitária dos bens de consumo.

Os socialistas associacionistas (Proudhon Saint-Simon ou Fourier) preconizam a apropriação coletiva dos meios de produção sem passar pelo Estado, ao contrário de Marx, no qual o socialismo designa a fase histórica de consolidação definitiva dessa mesma apropriação, enquanto o Estado começa a se tornar supérfluo, preparando a passagem para o comunismo e à sociedade sem classes. Por sua vez, a democracia social pretende chegar ao coletivismo transformando aos poucos o sistema capitalista por intermédio de reformas. (2)

As ideias socialistas, em várias formas, expressam-se em séculos anteriores, mas o socialismo como doutrina e movimento característicos só apareceu na década de 1830, quando o próprio termo entrou em uso corrente. Logo se propagou rapidamente pela Europa sobretudo depois das revoluções de 1848, e no final do século grandes partidos socialistas já se tinham desenvolvido em numerosos países, mormente na Alemanha e na Áustria ao mesmo tempo em que o pensamento socialista era largamente difundido em todo o mundo. (3)

Os primeiros pensadores socialistas foram gregos, destacando-se Platão, que pregou uma sociedade ideal, a ser criada (República), onde haveria comunidade de bens entre as classes superiores, isto é, a de governantes e de defensores (militares). A classe inferior, dos trabalhadores, poderia ter alguns bens. Na Renascença, o pensamento socialista se manifestou pelas diversas utopias, da qual a mais famosa é a de Thomas More (Utopia). Com a Revolução Industrial e as alterações surgidas na ordem social (urbanização, desemprego em consequência de crises, miséria nos bairros operários etc.), desenvolveu-se o pensamento socialista, que teve na França o seu principal corpo de doutrinas. O principal socialista francês dessa época, que se chamou de socialismo utópico, é de Charles Fourier, que propôs um sistema onde a fantasia e imaginação do autor se fazem presente. O socialismo associacionista de Proudhom e Louis Blanc, o socialismo de Estado de Sismondi, Rodbestres e Lassele e o socialismo cristão de La Mennais tiveram grande importância na ideologia do século XIX, preparando o terreno para o socialismo marxista, ou socialismo científico e para as movimentações de massa como a revolução de 1948. O socialismo marxista surgiu pelos estudos de Karl Marx e Friedrich Engels em torno da filosofia clássica idealista alemã, do pensamento socialista francês e da economia política clássica capitalista inglesa e que desenvolveu a ação que levaria à fundação da primeira sociedade internacional de trabalhadores. O socialismo marxista surgiu dos trabalhos de Karl, bastante extenso, pois contém inúmeras divisões muitas vezes antagônicas e conduziu a ação que levaria diversos países ao regime prescrito por Marx. O marxismo analisa e critica a doutrina e o regime capitalista, propondo por outro lado a ação contra o Estado capitalista, para a conquista do poder, a fim de instalar no Estado que não atuará como árbitro entre as classes mas sim como um instrumento do proletariado (a ditadura do proletariado), levando à sociedade socialista sem classes. Os socialistas chamados revolucionários pretendem o poder por via revolucionária, enquanto os socialistas chamados reformistas pretendem chegar ao socialismo por progressivas reformas, até a instalação quase que automática no poder por via pacifica. (4)

(1) SILVA, B. (Org.) Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1986.

(2) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

(3) OUTHWAITE. W. e BOTTOMORE, T. Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro, Zahar, 1996.

(4) EDIPE - ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 3. ed. São Paulo: Iracema, 1987.