Grupos Sociais

Grupos Sociais

GRUPO. a) Qualquer coleção de objetos que constitua um todo unitário.

b) Indivíduos que se associam. Vide Grupos sociais.

c) Na Gestaltheorie é a configuração de elementos, na qual a existência e propriedades de cada um dependem da natureza da configuração em sua qualidade de totalidade.

GRUPOS SOCIAIS. Diz-se da conjunção de indivíduos humanos ligados, de qualquer modo, por um termo comum, como a relação de mãe-filho, cujo termo comum é a maternidade, a da família que é o bem da totalidade; uma fila de ônibus que é a utilização do mesmo veículo, etc. O termo comum é um termo médio, e indica a participação de vários indivíduos a um interesse (vide) ou a um fim comum.

Os grupos sociais são mais ou menos coerentes, segundo a intensidade de valor do termo comum: interesse, finalidade, coação. Quanto à coerência, podem ser classificados em: a) grupos consistentes; b) grupos não consistentes ou efêmeros.

Os grupos efêmeros são verdadeiras nebulosas sociais, desprezados muitas vezes pelos sociólogos. Há os que se formam à base de simpatizantes; outros tem o seu núcleo em torno da propaganda dirigida. Os contornos são pouco definidos. Eles surgem na vida social e se caracterizam por girarem em torno de algumas pessoas (à base de simpatia, por exemplo). Nos formados em torno da propaganda dirigida, temos os constituídos pela opinião pública, mas que facilmente se desfazem.

Nos grupos consistentes podemos observar uma série de condições que revelam sua maior ou menor coerência, nas polêmicas e discussões que se travam, sem romper sua estrutura, como numa família ou entre amigos. São inegavelmente as relações complementares positivas que fundamentam tais grupos. Podemos considerar os grupos sob dois ângulos: 1) o da intensidade — o grau de coerência de sua estrutura, que é mais ou menos coerente; 2) o da extensidade — o número de elementos componentes e a extensão que abrange, que é maior ou menor.

Em ambos os casos eles podem sofrer modificações (de grau e de extensão) sem deixar de existir. Por exemplos: uma seita perseguida pode crescer de intensidade; num casal após o casamento pode haver diminuições na sua intensidade afetiva; uma multidão, de mínima intensidade, pode ser coordenada pela ação de um homem ou de um grupo ativo, que formem o núcleo de coerência, dando-lhe um grau maior de intensidade.

O grau de existência de um grupo social, a sua coerência (a consistência) revela a sua tensão. Essa tem uma gradatividade; é o grau de coerência da estrutura. E aumenta ou diminui segundo as relações sociais positivas sejam maiores ou menores e, nos grupos numerosos, segundo o grau das relações sociais complementares. Um grupo social coeso, ao crescer, ao aumentar de extensidade, tem sempre o perigo de sofrer mudanças na intensidade, que ora pode aumentar, ora diminuir. Há casos em que os grupos que se estendem se intensificam; noutros se dá o contrário. Também há casos inversos; diminuição de extensidade, aumento de intensidade. A extensidade é sempre a tensão ex, para fora. Extensão; intensidade é sempre a tensão para dentro, in, in-tenção, intensificação.

Um grupo social, reunido por acaso, manifesta sua emoção. É capaz de atitudes extremas, mas o grau de sua existência é mínimo. A intensidade, portanto, pode ser momentânea ou perdurável. Uma multidão, que forma um grupo social, é de grande intensidade, mas momentânea, porque lhe faltam relações positivas complementares que a estruturem. Se ela estiver estruturada em núcleos partidários, poderá ser mais durável, como a formação de grupos de opinião pública, com um núcleo em grupos partidários de consistência maior.

As grandes sociedades vivem intensamente nos momentos de perigo e de agitação (guerras, revoluções, dissidências internas, etc.), porém não oferecem a constância das pequenas sociedades. Se ela oferece vantagens, no entanto, há mais facilidade de dissipar ou conter os dissentimentos.

Os graus de uma tensão social são dados pelos seguintes elementos, cuja cooperação oferece maior consistência ao grupo social: complementaridade — relações sociais complementares positivas; positividade — relações sociais positivas; consciência — favorece a intensidade, mas a sua ausência, nos casos fortuitos, nos grupos momentâneos, não impede que estes alcancem um grau elevado, mas a sua presença dá-lhes maior perdurabilidade; finalidade — um grupo social tem perdurabilidade quando tende a realizar algo; isto é, quando tem intencionalidade, quando se organiza para atingir um fim; ação — os grupos sociais inativos perdem a consistência, enquanto, na atividade, temos maiores possibilidades de formação de um grau de consistência (tensão) maior; teorização — é outro elemento importante na consistência de um grupo que, tendo bases éticas, ou morais, ou religiosas ou doutrinárias de qualquer espécie, contribui para sua maior consistência; antagonismo — a rivalidade com outros grupos pode aumentar ou não o grau de tensão de um grupo social; indivíduos — a presença de tais ou quais indivíduos, num grupo social, pode atuar em proveito de maior ou menor consistência; força e persuasão — são elementos importantes na formação da consistência, ora aumentando-a, ora diminuindo-a; subordinação, independência — nestes casos podem atuar positiva ou negativamente quanto à tensão; coordenação — é capaz de auxiliar para maior consistência do grupo social; contorno e circunstância — no estudo da intensidade de um grupo social, o contorno é formado pelo ambiente histórico-social e ecológico daquele, bem como as circunstâncias nas quais se formam, que podem cooperar para maior ou menor coerência tensional do grupo.

Podemos dividir estes elementos em positivos, os que cooperam para maior tensão do grupo, e negativos, os que cooperam para reduzir o seu grau de tensão. Na classificação consideramos como constantemente positivos: positividade, consciência, finalidade, coordenação e como ora positivos, ora negativos: complementaridade, ação, antagonismo, indivíduos, subordinação, independência, contorno e circunstâncias.

As sociedades podem ser: a) de fato; b) de intenção.

Um grupo social formado para alcançar um fim e que, depois de obtido, se dissolve, é uma sociedade de intenção. Por exemplo: um grupo que se reúne para editar um trabalho. Uma sociedade de intenção tem força quando é, também, uma sociedade cujo fundamento principal é de fato. (1)

Grupos Sociais à Base de Força

GRUPOS SOCIAIS À BASE DE FORÇA - O primeiro impulso, e o mais natural do homem é o emprego da força. A sociedade mostra-nos como se formam os grupos que a utilizam e como muitas instituições sociais são apenas "força organizada". A maior organização de força que a sociedade atual conhece é o Estado. É este o principal e o tenta, por todos os meios, ser o seu monopolizador.

Na sociologia, na política, no direito, na história estudam-se as origens da formação dos organismos sociais, que assumem a maior força de uma sociedade. Por ser Estado o poder que tende a monopolizar todo poder, é ele um órgão de manutenção da ordem estabelecida entre os grupos de uma sociedade humana. Por isso é sempre um órgão conservador, e assim se torna até quando dele se apossa um grupo político com ideias revolucionárias. A tendência natural do Estado quando organizado é ampliar seu poder de interferência na ordem social e nas relações entre os indivíduos e os grupos. Ele legisla, governa, intervém, dirige. (1)

Grupos Sociais à Base de Persuasão

GRUPOS SOCIAIS À BASE DE PERSUASÃO - Estes formam-se quando há valores comuns, e quando há relações sociais positivas, as quais implicam algo conforme às conveniências das partes. É que ambas as partes querem ser, e são favorecidas. Há um valor comum que interessa e determina a concordância dos atos e dos sentimentos de ambas as partes. É esse valor comum que dá unidade ao grupo.

Na sociedade podemos distinguir duas técnicas: a técnica social e a técnica industrial. A primeira refere-se aos meios sistemáticos empregados para alcançar, como fins, relações humanas como: a transmissão de ideias e opiniões, temores e esperanças (palavras, gestos, etc.). A técnica industrial é aquela que consiste nos meios sistemáticos de transformar os bens da natureza, a fim de satisfazerem necessidades humanas.

Entre as técnicas sociais temos a técnica de persuasão, que consiste em uma das partes usar meios capazes de convencer a outra de que não há razões de oposição nem de separação, e que o desejado por uma delas deve, por sua vez, ser desejado pela outra.

São bem variados os meios de persuasão. Entre eles os argumentos, gestos, palavras, atitudes, observações. Nessa entra o intuito de fazer ver à outra parte que há vantagens na troca como possibilidades de bens futuros a serem alcançados (no caso das religiões, etc.). É a persuasão o modo mais comumente usado. Quando um partido político oferece um programa ou homens capazes de executar os desejos das multidões, quer persuadir os eleitores. A habilidade da propaganda poderá aumentar a confiança de que realmente o partido é o que corresponde aos valores apreciados pelos eleitores. (1)

Grupos Sociais à Base de Trocas

GRUPOS SOCIAIS À BASE DE TROCAS - Na vida econômica é onde melhor se apresenta a formação de grupos à base de trocas de vantagens. Numa família, grupo social importante, já não assistimos essa troca de vantagens, pois são grupos fundados sobre outros valores, como os familiares, que incluem os éticos, afetivos, etc. Entre os grupos econômicos, que são os correspondentes a esta terceira classificação, encontramos:

a) empresas que tem um ganho como fim imediato, como verificamos numa exploração agrícola, comercial ou industrial;

b) os sindicatos profissionais, de patrões e de assalariados, que surgem das atividades econômicas e são estimulados por estas, bem como corporações, os partidos políticos com programas econômicos, e até classes sociais, mais ou menos estruturadas e com certa coerência tensional. São esses grupos fundados, sobretudo, em valores econômicos. E se a persuasão tem um grande papel, não é esta suficiente para caracterizá-los, pois os fins almejados são sempre o ganho em sentido econômico. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.