Escultura & Texto

Figuras 01 e 02 - São José de Botas e detalhe / Museu Mineiro, Minas Gerais

Foto: Maria Regina Emery Quites/2010

SÃO JOSÉ DE BOTAS E O MENINO JESUS DORMINDO, MUSEU MINEIRO, MG


Escultura: São José de Botas

Autoria/atribuição: Mestre Barão de Cocais

Técnica: Escultura em madeira policromada

Dimensão aproximada:70 cm altura

Origem: Região de Barão de Cocais, em Minas Gerais

Procedência: Museu Mineiro/ Minas Gerais

Época: Século XVIII/XIX


A obra escolhida é o São José de Botas do acervo do Museu Mineiro em Belo Horizonte, Minas Gerais. Pertencia à coleção Geraldo Parreiras e foi comprada pelo governo do Estado de Minas Gerais na composição do acervo de arte sacra do museu. A peça e mais duas outras obras de similares estilemas são atribuídas ao Mestre Barão de Cocais.

Esta atribuição faz referência à região de origem da escultura, que é a Capela de Nossa Senhora do Socorro em Cocais, no município de Barão de Cocais. Há outras esculturas com as mesmas características formais na capela e região adjacente. (Figura 1) A assinatura deste mestre é reconhecida na representação dos marcantes traços faciais e indumentária com características semelhantes. Segundo Nardi e Queiroz (2003) há documentos da fatura destas obras, no ano de 1775 e as autoras levantam a hipótese de atribuição ao nome de Antônio de Souza, único escultor com registro no livro de Fábrica, sendo pago em 1769 para confecção de retábulo da Capela de Socorro.

Dentro da representação iconográfica de São José, a mais comum é o santo carregando o menino Jesus sentado em um dos braços e na outra mão segura um lírio ou um cajado e veste botas, que tem relação com a fuga para o Egito.

A singularidade aqui apresentada é a representação do menino Jesus dormindo, que repousa em seu braço esquerdo sobre o manto do santo, com tamanha graciosidade que é impossível não cativar nosso olhar. Com feições semelhantes ao pai exibe refegos no pescoço e abdômen, sobressaindo o relaxamento dos braços e pernas soltos como um bebê em sono tranquilo. (Figura 02)

Há outras esculturas atribuídas ao Mestre, como Santo Antônio com o menino em pé e várias Nossas Senhoras cujos meninos estão sentados, mas nenhuma tem tanta graciosidade. Podemos fazer uma leitura hagiográfica de São José, o santo que acolheu a paternidade, com cuidado e proteção, para dar uma família ao Cristo Salvador. Esta escultura poderia ter uma função pedagógica como símbolo de valorização da família, no contexto da sociedade de fins do século XVIII, nas Minas colonial. Ou então, pensar que o menino Jesus dormindo nesta representação seja uma traço da sensibilidade do escultor.

Maria Regina Emery Quites

Santa Bárbara, 15 de abril de 2021.


Referências Recomendadas:


CIRCUITO CULTURAL PRAÇA DA LIBERDADE,

Museu Mineiro, 2017. Disponível em:

http://circuitoliberdade.mg.gov.br/pt-br/espacos-br/museu-mineiro

Consulta realizada em 31 de março de 2021

COELHO, Beatriz Ramos de Vasconcelos. (Org.)

Devoção e arte: imaginária religiosa em Minas Gerais.

São Paulo, Edusp, 2005.

NARDI, Carolina M. Proença, QUEIROZ, Moema N.

Mestre Barão de Cocais: uma assinatura revelada,

Imagem Brasileira, n.2, Belo Horizonte, 2003.

Disponível em:

https://www.eba.ufmg.br/revistaceib/index.php/imagembrasileira/article/view/41/29

Consulta realizada em 31 de março de 2021

RAMOS, Aline C. G. Mestre Barão de Cocais

Disponível em:

https://www.academia.edu/9144680/Mestre_Bar%C3%A3o_de_Cocais

Consulta realizada em 31 de março de 2021

Data de recebimento: 15/04/2021

Data de aprovação: 30/04/2021