Mentes Doentes
Todos nós sabemos que a pandemia proporcionada pelo vírus Covid-19 afetou vários segmentos da sociedade. Da economia ao lazer, o ser humano acabou tendo que se privar de muitas coisas que são primordiais para um desenvolvimento saudável e prazeroso. Mas como em toda crise (ou guerra) algum segmento sempre sai ganhando. E durante esse triste período da história mundial, o segmento que mais foi procurado foi a por ajuda psicológica. Triste constatação.
Um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) apontou um crescimento de 50% nos casos de depressão e 80% nos casos de ansiedade nos seis últimos meses de 2020. Logo, a procura por terapia online para tratar de questões emocionais e psicológicas teve IMENSA ascensão e procura durante essa fase.
Questões como o medo, a angústia, a frustração, além da impotência diante dessa situação acabaram agravando casos já existentes. E pessoas que se encontravam em condições de saúde, muitas vezes acabavam desenvolvendo patologias, crenças e comportamentos não muito agradáveis.
A verdade é que um mundo é um hospício. E independente de questões cronológicas ou sanitárias, viver sempre foi e sempre será um desafio. Dito isso, acho que podemos chegar à conclusão de que a saúde mental merece sim um olhar de atenção e precisa ser colocada como prioridade.
Mas aí iremos entrar em outro mérito. Quem são as pessoas que tem condições de priorizar a saúde mental? Muitos dos casos de deterioração da saúde mental partiram da fechada da economia. Pessoas sem dinheiro = pessoas tristes. Pessoas tristes num cenário catastrófico sanitário= Ilimitados casos de depressão. Outra triste constatação.
O que estou querendo dizer é que tudo gira em torno do financeiro. Absolutamente TUDO. Negar essa realidade é uma ingenuidade perigosa demais e precisamos nos ater a isso o mais cedo possível. A pandemia nos países de primeiro mundo teve um impacto significativo no psicológico das pessoas, mas aqui no terceiro mundo a selvageria é vigente amigo. Ninguém está salvo em um dos continentes (América do Sul) mais instáveis do mundo. E tendo isso como parâmetro, realmente fica difícil “cagar regra” sobre esse assunto. Nem sempre o ideal é a realidade. Tudo poderia ser mais simples ... mas infelizmente não é.
Acredito que precisamos discutir outras questões tão primordiais quanto a saúde mental, para que a mesma se torne um direito, e não um privilégio. Um estado atencioso com seu cidadão. Que veja nas crianças o futuro e a esperança. Que exalte a nossa autoestima. Que nos proporcione vontade de viver e nos devolva nossa ternura tupiniquim por meio de políticas públicas inclusivas e eficientes. Quando a dignidade se torna verbo, saúde mental vira adjetivo.
Escrevo esse texto em um cenário em que estamos “caminhando” para o fim da pandemia. Muita gente fez sua parte e se vacinou. O presencial voltou. O ar de “normalidade” já volta a rondar nosso olfato. Pode parecer otimismo? Talvez, mas em certos momentos vislumbrar o onírico se torna questão de sobrevivência. 2022 tá aí.