O suicídio em tempos de pandemia do coronavírus


Você perdeu comemorações importantes durante a pandemia? Você não está só. A conexão social é uma necessidade humana básica. E você provavelmente sente falta de interagir com pessoas da forma como fazia em outros anos. O contato presencial em 2020 foi privado pela quarentena que se arrasta desde o final de março. De lá pra cá, a nossa vida se resumiu em ficar em casa:

  • estudando;

  • vendo filmes;

  • trabalhando;

  • pedindo comida por apps;

  • batendo papo de forma virtual;

Porém, essa falsa presença tem se mostrado nociva a saúde e alarmante.

Estudos feitos em outras pandemias mostram que as taxas de suicídio nesses momentos de crise aumentam vertiginosamente. A privação social pode levar a uma depressão mesmo em quem nunca teve a doença e assim acometer uma pessoa a pensar em suicídio.

O cenário apocalíptico noticiado diariamente em jornais cria a sensação de desesperança nos indivíduos e então outros fatores se somam a isso: crise econômica, desemprego, crises conjugais, etc. Os especialistas apontam que isolados, as pessoas tendem a aumentar o consumo de álcool e drogas, de se automutilarem e apresentarem sintomas de ansiedade.

Setembro foi o mês da prevenção do suícidio mas os tempos atuais complexificaram a demanda e a abordagem do assunto

Neste ano, as instituições de saúde mental precisaram redobrar os cuidados para que a campanha do Setembro Amarelo fosse mais efetiva. Thomas Niederkrotenthaler - pesquisador de suicídio e tesoureiro da IASP (Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, em português) - afirma que "esta é uma crise única, também uma pandemia bastante singular, porque, pela primeira vez, temos realmente a oportunidade de usar serviços online”. Ou seja, os meios digitais possibilitam que a distância entre especialistas e potenciais suicidas se aproximem usando a internet ou o telefone.

Segundo o Conselho Federal de Medicina, ocorrem por volta de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. É um número alarmante, sobretudo por acometer a camada mais jovem da população. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a algum transtorno mental:

  • em primeiro lugar está a depressão;

  • depois o transtorno bipolar;

  • e em terceiro o abuso de substâncias;

A atuação da família e dos amigos nesse momento de pandemia deve ser no sentido de reforçar a busca por um profissional de saúde mental como um psicoterapeuta e um psiquiatra, além de atividades recreativas, esportivas, de lazer, etc.

Esses profissionais se adaptaram a realidade de isolamento e ofereceram seus serviços de forma remota pela Internet, o que possibilitou que os atendimentos acontecessem. Os canais de YouTube e páginas de Instagram voltados a exercícios em casa cresceram de forma significativa: todos com o intuito de manterem as pessoas ativas e mais próximas de sua rotina antiga possível. Também vimos as pessoas criarem novos hobbies que fossem possíveis de serem feitos sem sair de casa. Positivamente, a sociedade se mobilizou para manterem entretidos todos aqueles que precisavam ficar em isolamento social.

O Poder Público continuou atuante com seus serviços de saúde mental. No Brasil, há o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) que são serviços públicos para saúde mental. O CVV atende 24 horas por dia pelo telefone 188, e também por e-mail, chat e pessoalmente. Já os Centros de Atenção Psicossocial podem ser encontrados pelo site https://www.gov.br/saude/pt-br.


A entrevista com a psicóloga Nicoleta Simões no nosso Foca Talk aborda justamente esse assunto tão delicado mas necessário em nossos tempos. Confira na nossa homepage! Cuide de sua saúde mental e ofereça suporte a pessoas próximas de você! Toda vida importa!


por Bruno Ferreira Asséf Valente

4º período