Todo, Todo O
Modernamente, no Brasil, mais do que em Portugal, nota-se uma diferença semântica entre toda família e toda a família. Distingue-se um caso de outro apenas pela inserção do artigo definido: de “qualquer família” o sentido passa para “a família inteira”. Exemplo:
Revistavam todo homem que ali passasse. [= todos os homens]
Revistaram todo o homem. [= o homem por inteiro, de cima abaixo]
O pronome indefinido TODO + substantivo traduz a ideia de “qualquer, cada”. Implica o conjunto dos seres em questão. Igual ao plural: todos os. Trata-se de fenômeno linguístico em que o singular vale pelo plural, pela totalidade.
Todo ser humano tem alma.
Nem todo terreno é fértil.
O coração de todo brasileiro está com a seleção canarinho.
Toda atividade que os órgãos judiciais exercem, excluindo a função jurisdicional propriamente dita, é administrativa.
Toda autoridade administrativa deve respeitar as leis.
O adjetivo TODO + O + substantivo tem o sentido de “inteiro, completo”. Implica inteireza ou plenitude. O artigo é obrigatório.
Todo o terreno (que pretendemos comprar) é fértil.
Disse nosso diretor que toda a escola receberá pintura nova e outras benfeitorias.
Queimou toda a casa.
Nestes casos é até mais comum a posição inversa: “Queimou a casa toda, capinaram o terreno todo, a escola toda desfilará, viajou o ano todo, dorme o dia todo” etc.
Por admitirem dupla interpretação (qualquer ou inteiro), é optativo o uso do artigo nas seguintes
expressões:
Em todo (o) caso, me submeterei ao teste.
Encontramos lixo em toda (a) parte, a toda (a) hora, todo (o) tempo.
Estaremos lá a todo (o) custo, todo (o) preço, todo (o) risco.
A bem da verdade, é facultativo o artigo no emprego de todo = qualquer. Também seria correto
Fonte de Consulta
NÃO TROPECE NA LÍNGUA, nº 010, por Maria Tereza de Queiroz Piacentini